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História Reflection - Capítulo Único


Escrita por: yuukielf

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Reflection - Capítulo Único

Saber que todas as pessoas são previsíveis, poder descobrir cada passo que uma pessoa vai tomar a partir de certa atitude ou tal ocorrência... descobrir sua personalidade apenas por observá-la algum tempo, mas olhar no espelho e se perguntar...

 

               — Quem é você?

 

“ Fale comigo, honestamente. Me diga, honestamente. Por favor, não esconda. Não esconda, por favor . . . “

 

Kim Jae Joong, mais conhecido como Hero, um cara de pouco papo, pouco visto, e quando visto, sempre pelos cantos, quieto, apenas a observar.

 

Acostumado a passar nas ruas e receber os olhares assustados ou curiosos das pessoas, minha face branca, cabelos e roupas pretas e a expressão vazia. Uma pessoa comum ao olhar... porém a baixa atmosfera transbordava-me em cada gesto, e era isso o que as pessoas sempre notavam.

 

Pessoas... sempre as mesmas coisas, mesmos pensamentos, mesmo que divergentes. Mesmas atitudes, mesmo que de formas diversas. Todas tão cheias... de tantas coisas vazias.

Chega a ser cansativo, olhá-las e saber seu perfil completo, saber o que talvez nem elas mesmas saibam. Conhecer a cada uma, mesmo sendo completamente estranha.

 

Já era rotina, acordar e não tomar café, ir ao trabalho no meio da multidão, observar as pessoas enquanto se esforçam em coisas que odeiam, e então caminhar de volta a casa ao anoitecer. A mesma coisa, a mesma rotina, apenas sempre assim...

 

Um dia, algo foi diferente, talvez... especial(?), quando eu resolvi usar o elevador ao invés de escadas ao entrar no prédio onde trabalhava. Uma coisa talvez inútil, eu sei, porém pra alguém observador e vazio como eu, em uma rotina tão comum... eu vi algo diferente, um tanto quanto estranho.

 

“ Meu reflexo é projetado na porta fechada do elevador, parecendo esgotado, mas mesmo assim... “

 

Sim, era meu o reflexo... um vazio não esbanjado em nenhuma das pessoas que observara durante toda a vida, algo que conheço tão bem sendo tão pouco conhecido. Então comecei a pensar, o que sou? Por quê? Por que essa fisionomia me parece tão estranha? Por que esse rosto diferente dos outros, é tão sem vida? Ah, sim... me lembro.

 

Tanto tempo, tantos anos sem pensar profundamente, sem refletir, como olhos atentos e mente vazia, era isso tudo o que eu era. O meu "eu", minha essência de vida como a das outras pessoas, havia ido embora já há muito tempo, em mim não havia atos previsíveis, perfil traçado, simplesmente por eu ser apenas... um saco vazio.

 

“ A razão pela qual ainda pisco meus olhos e respiro, é por mim ou estou sendo perseguido? “

 

Estranho dizer, mas como dizem muito... estar apenas existindo, e por que? Minha capacidade de raciocinar foi se esvaindo conforme me matava, apenas isso. Como uma autodefesa humana, meu cérebro baniu o que me destruía... meus próprios pensamentos e memórias. Me pedir opinião sobre algo? Me desculpe... eu não consigo mais opinar. O dia está bonito? Está fazendo frio demais? Me desculpe, eu não sei... eu não sei... eu realmente não sei responder.

 

Coisas simples, perguntas simples, atitudes simples, eu não conseguia mais realizar, então tudo virou simplesmente... automático.

Mas aquele dia, aquele reflexo, aquelas perguntas vindo a minha mente...

 

— Quem é você? O que faz aqui?

 

Me desculpe, eu não sei...

 

“ Olá 〜 olá, diga olá para o meu reflexo abatido; olá 〜 olá 〜 diga olá 〜 “

 

— Há quanto tempo está a frente de meus olhos sem eu perceber?

 

Me desculpe, eu não sei...

 

Pouco a pouco as memórias das noites passadas em claro, as bebidas quebradas ao chão junto aos cacos de espelhos hoje inexistentes em casa, a fumaça preenchendo todo o cômodo, todas as lágrimas, sangue...

 

Pequenos reflexos de memórias perdidas, uma sombra dentro da outra, se afastando e envolvendo a outra entre correntes... seria mesmo isso possível? Uma sombra se separar em duas? Ah, não... era um flash de luz, deixando sua escuridão para trás.

 

Um lugar vasto com várias portas, pequeno espaço de grande loucura, todas trancadas... seria esse um pedaço escondido de minha memória?

 

“ Há quanto tempo você esteve chorando? Você... Você sabe que cara está fazendo? Você... “

 

Um reflexo... é só um reflexo...

Reflexo esbanjado em tristeza profunda, silenciada pela alma matando toda uma mente.

 

Aqui não é um lugar para algo como você, o que está fazendo? Por que não pode aparentar como as outras pessoas? Você não pode sorrir ao menos por alguns segundos?

 

O desespero de todas as lembranças voltando, a dor silenciada, porém nunca esquecida... por favor, não volte, não, não mais uma vez... por favor.

 

— Isso são lágrimas?

 

Desde quando isso sai de meus olhos?

 

Então começou... o desespero me sufocando a garganta, a agonia tomando conta de meu corpo, a falta de ar. Há quanto tempo... mas, me parecia uma sensação comum, meus joelhos postos sobre o chão, os gritos rasgando minha garganta e as lágrimas apenas caindo e caindo sem cessar.

 

Deplorável, apenas isso, deplorável.

O que era aquilo? Por quê? Maldito reflexo, maldita mente, maldito pensamento. Ah... é verdade, então me lembrei, o amor pela minha tristeza na qual acabei me apaixonando.

 

Minha sombra, minha luz, minha felicidade, minha tristeza... a ti a minha alma, ao vento e vazia, minha mente, cheia de informações e tão desconhecida. Você, quem me tomou tudo, meu silencioso desespero.

 

“ Eu acredito conhecer todas as histórias insignificantes do mundo, mas você, com quem eu compartilhei minha respiração por toda uma vida, eu não conheço... eu não conheço... “

 

Meus órgãos parecendo estar sendo arrancados pouco a pouco de meu corpo, enquanto facas perfuram meus pontos vitais; a corda apertando cada vez mais minha garganta, minhas lágrimas virando um mar e minha voz rouca sem conseguir mais nada falar.

 

Então finalmente abri meus olhos, ah, meu reflexo... estava a mesma coisa de sempre? Mas, não estava eu tão deplorável? Realmente, eu havia fechados meus olhos assim que me deparei com esse elevador, deplorável já é apenas olhar em meus olhos, toda a sensação constante e escondida em um simples olhar vazio.

 

O elevador finalmente se abriu, eu permaneci imóvel, e então nesse dia eu parei de observar as pessoas, perdi meu emprego, meu dinheiro que nada valia, minha comida inutilizada e meu único lugar para dormir.

 

“ Me diga honestamente, você está se sentindo tão sozinho, me diga, você sabe que não pode continuar assim „

 

Sim, até o automático a partir de tal momento já me era insuportável, porém eu não o odiava, apenas não o fazia. Sem mais observar, sem mais rotina, sem mais nada, apenas então, a paralisação em frente a um reflexo.

 

Um reflexo que nunca irei descobrir de quem é, um reflexo tão perto e tão longe, tão certo e tão errado.

 

” Há quanto tempo esteve sozinho? „

 

Sozinho comigo mesmo? Não... no mundo, todos estão sempre a sós consigo mesmos, mas... eu? Eu simplesmente não me tinha ali, nem comigo, nem perto, nem longe.

 

Eu? O que seria essa palavra? Eu?...

O que seria eu? Algo que sou? O que sou? Eu sou.. eu? Não.... Um corpo? Uma alma? Um vazio? Uma máquina? Um ser feito pela natureza? Ah, me desculpe...

 

Eu não sei como responder, eu não sei.

Eu não sei de nada, o que sei?

Eu sei que é estranho,  esse reflexo, esse reflexo... não me é estranho, mas, é tão... estranho, esse simples reflexo.

 

“ É estranho para mim encontrar meus próprio olhos no espelho, para mim... „

 

Algo me vem ao longe, me parece estranho, porém reconhecível. Ah, novamente! Esse reflexo, mais conhecido como meu reflexo! Dessa vez... não me parece um elevador ou um espelho. Ah, sim! É curto, mas vejo, ele chega cada vez mais e mais perto, reflexo, meu reflexo, se aproximando... isso seria um vidro? Minha sombra no chão, ah, sombra, você novamente! Uma luz forte, luz... minha luz. Então o reflexo, querido reflexo, se aproxime, quero vê-lo melhor, nesse lindo... caminhão(?) Ah, isso bem perto, eu mal posso enxerga-lo pelas luzes dos... faróis(?) Ah, isso, venha... escuro.

 

Tudo, nada.

            —    Sim, sou eu, a morte. Tão cheia e tão vazia como você.



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