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História Revenge Girl - A flor de cerejeira mais linda do meu jardim


Escrita por: MandsChan

Notas do Autor


Aqui vai o primeiro ;)
A fic é minha, antiga, e eu estou adaptando ela para os personagens de Sakura Cardcaptor. Por isso ela se passa nos EUA e não no Japão. A história é UA sem magia!
PS: Os personagens de Sakura Cardcaptor NÃO me pertencem e sim à CLAMP! Esta é apenas uma adaptação livre de um texto meu.
Espero que gostem :*

Capítulo 1 - A flor de cerejeira mais linda do meu jardim


Buzinas, pessoas gritando e carros freando bruscamente no asfalto. “Bem vinda à New York”, lembrei-me das palavras de Tomoyo quando me mudei para cá há 3 anos. Olhava cansada para a tela do computador sem saber mais o que escrever. Minha coluna desta semana no New York Times, um dos mais famosos jornais do mundo, não seria tão elogiada como sempre. Poderia culpar as buzinas, ou ao barulho das pessoas lá fora, mas seria a pior desculpa do mundo, já que estava tão acostumada a esses sons como ao teclar do meu computador.

- Srta. Sakura? - Claire, minha secretária apareceu na porta.

- Entre Claire. E lembre-se, somente Sakura. - eu já havia pedido para deixar as formalidade há muito tempo, mas ela tinha uma certa dificuldade em acatar ao meu pedido.- O que quer? - perguntei a menina de 20 anos, com cabelos loiros compridos e olhos azuis ofuscantes escondidos atrás de um par de óculos grossos demais para seu rosto delicado.

- Desculpe, er, Sakura, você não estava atendendo ao telefone, queria avisar que Lisa está na linha 4, quer saber sobre sua coluna.

- Obrigado Claire. - e ela se retirou.

Que ótimo, a chefona querendo saber do meu fiasco de coluna que até agora não tinha nenhuma linha digitada. Peguei o telefone e atendi.

- Lisa?

- Sakura! A colunista mais cobiçada de New York! - Lisa, apesar de chefe, era uma ótima pessoa. Não combinava com aqueles típicos chefes mandões e mal humorados. - Como vai a coluna querida? O que tem a dizer aos leitores depois de entrevistar o primeiro ministro francês? - ah, o que tenho a dizer? Que ele é extremamente pervertido e tentou usar aquele sotaque francês pra me chamar pra sair. Claro que não ia dizer isso! O que ia dizer então? Que por causa deste daí estava totalmente bloqueada a escrever?

- Estou construindo o texto ainda, Lisa... Mas está muito bom. – menti óbvio.

- Tudo bem querida, não se esqueça de entregá-lo amanhã ok? E quando for entregar, quero lhe falar sobre novas contratações, certo? Beijos. – e desligou o telefone. Lisa era a chefe mais doce do mundo.

Olhei para a tela do computador novamente, e meu celular vibrou: uma nova mensagem.

“Sarakura! Pode comprar o jantar hoje? Vou me atrasar aqui no estúdio! Beijos Tomy.”

Tomoyo e seus adjetivos dispensáveis. Só porque era uma supermodelo, atrasada como sempre para o jantar, acha que pode sair por aí me chamando de Sarakura? Odeio que me chamem assim. Odeio mesmo. Esse nome me faz lembrar do pior período da minha vida: a escola.

Flashback on

Acordei ao som do canto de passarinhos. Abri os olhos lentamente e olhei o rádio relógio, estava bem cedo, como sempre. Apertei o botão do despertador e a cantoria de pássaros cessou. Hora de levantar.

Fui para o banheiro, me higienizei e fui para meu closet. Tudo parecia tão igual. Vestidos, blusas e calças coloridas, decoradas com flores e em tons claros e vivos... Amo meu closet. Acho que as roupas devem mostrar seu astral, e como raramente me chateio com algo, minhas roupas são sempre assim, alegres e vivas, como eu sou. Escolhi um vestidinho azul claro, acinturado, até o joelho, coloquei um lacinho azul na cabeça e deixei meus cabelos curtos e castanhos soltos. Desci para o café.

- Acordou cedo hoje, monstrenga! – Disse Touya, meu irmão irritante.

- Bom dia pra você também! – peguei um bolinho em cima da mesa e  fui em direção à porta. – Estou indo pra casa da Tomy, pai! Tenho reunião com o clube de xadrez hoje antes da aula. - falei enquanto  colocava meus patins. Meu pai me encontrou na porta e entregou meu lanche.

- Bom dia filha, e não se esqueça. Você...-

- Eu sou a flor de cerejeira mais linda do seu jardim. – completei sorrindo a frase que meu pai me dizia todos os dias. Dei-lhe um abraço de despedida, abri a porta e comecei a patinar.

Washington DC é muito mais do que o lar da Casa Branca. Apesar de bem visada, a parte da cidade onde eu moro possui ruas largas e vazias, com diversas árvores para dar sombra. Perfeita para patinar. Eu patino desde que me entendo por gente e adoro fazer dos patins o meu principal transporte pela cidade. Tomy me chama de louca por ser a única aluna do Senior Year que não tem um carro. Até os mais esquisitos da sala têm, nem que seja um fusca. Eu sempre discuto com ela que ter um carro é só dor de cabeça. Além de ficar horas no trânsito, gasta muita gasolina e polui muito. Sou mais meus patins mesmo. Não demorou para que eu chegasse na casa de Tomoyo, que era só umas quadras distante  da minha.

A governanta abriu a porta pra mim e eu, como já era de casa, fui encontrar minha amiga em seu quarto. Nunca vou me acostumar com o tamanho daquela mansão.

- Cheguei! – disse entrando no cômodo e não encontrando ninguém.

- Tô no banheiro! – ouvi sua voz abafada responder.

Sentei na cama de Tomy e me pus a observar o quarto que ia todos os dias. Todo pintado em tons de roxo, desde o lilás mais claro ao roxo uva, tinha muitos pôsteres de modelos famosas nas paredes. Uma porta imensa ao lado do banheiro dava lugar ao closet. Lá dentro podíamos encontrar roupas de todas as marcas femininas do mundo. Tomy era viciada em roupas. De todas as cores e estilos, até peças que ela mesma costurava.

- Vamos logo Sarakura! Quero tomar meu café! - ela disse saindo prontinha do banheiro.

- Há há. Você e seus apelidos sem noção. – mostrei a língua a ela. A maioria das pessoas na escola, quer dizer, a maioria que sabia meu nome, me chamavam assim: Sarakura, só por causa das minhas perninhas finas, que pareciam ainda mais finas quando eu patinava.

Chegamos na escola, no carro de Tomy claro. Ela sempre me obrigava a entrar em seu conversível e guardar os patins todas as manhãs.

Pessoas olhavam para nós por todo lado, afinal Tomoyo Daidouji tinha acabado de chegar. Descemos do carro e os “seguidores” que Tomy odeia a rodearam. Tomoyo era a mais popular do colégio. Com seu jeito despojado e sempre na moda, a chefe das líderes de torcida era idolatrada por toda Phoenix High School, uma das referências do ensino de Washington.

Mas ao contrário de Tomy, eu não era popular. Quer dizer, todos sabiam que eu existia, alguns arriscavam meu nome, mas eu era mais conhecida pela garota fora de moda que anda com a Tomy. Sinceramente? Não me importo. Pra que me importar com pessoas que não se importam comigo? A Tomy e meu clube de xadrez sabendo meu nome já estão de bom tamanho.

- Obrigada meninas, vejo vocês depois!- ela disse com o sorriso mais falso que conheço, mas como ninguém a conhece de verdade aqui, ninguém percebeu. – Ah, que saco.- ri dela.- Pelo menos meu dia vai ficar melhor agora.- ela disse encarando o final do corredor. Olhei na direção em que seus olhos encaravam e tive a visão do paraíso.

Como que em câmera lenta, os dois garotos mais lindos do colégio, desfilavam de encontro a nós. Quer dizer, ao encontro de Tomoyo. Atraindo todos os olhares, Eriol, um menino moreno de cabelos curto e olhos azuis, piscava pra todas que lhe dirigiam o olhar. Tomy se referia a ele com o “pelo menos meu dia vai ficar melhor agora.” Ele pode ser muito bonito, apesar de ser igualmente galinha. Costuma ter duas meninas por dia. Mas por milagre, ou alguma outra coisa divina está em um rolo sério com a Tomy atualmente. Ele é realmente bonito, mas para mim, incomparável ao seu amigo do lado.

Shaoran Li, ou simplesmente Shaoran. Ele sim era o menino mais lindo do colégio, quem sabe até de toda a Washington! Mesmo tendo todas as garotas a seus pés, não ficava com todas. Por isso que as meninas que eram beijadas por ele se sentiam tão especiais, se sentiam praticamente únicas. Tenho que confessar que desde que chegou com Eriol há dois anos na escola, ele chamou muito a minha atenção, mas Tomy sempre diz que ele é um otário, e que sou muito ingênua para um garoto desses. Ela sempre me enche com suas preocupações baratas. Qual é! O que Shaoran poderia fazer comigo? Além de me encantar com aqueles olhos âmbares maravilhosos?

- Saki... O Shaoran tá falando contigo, para de encarar desse jeito... - Tomoyo cochichava em meu ouvido me despertando de meus pensamentos profundos.

- Ah! Er.. erm.. Oi meninos! Eriol... Shaoran...- disse com a maior vergonha do mundo. Que droga! Devia estar lá há um tempão encarando o garoto.

- Oi...- Eriol respondeu como se quisesse dizer meu nome mas tinha esquecido.

- Sakura. - Shaoran completou ajudando o Eriol esquecido.- Como vai? - ele me perguntou sorrindo. Ai ai ai meu deus! Ele sabe meu nome!

- Er... Bem, muito bem, otimamente bem, extremamente bem, estupendamente...-

- Você tá bem, a gente já percebeu Saki. - Tomy disse cortando meu papo. Que vergonha. - Agora vamos? A aula vai começar.

...

Semanas se passaram e o papo na escola toda era o grande baile de formatura.

- E aí Saki? Muitos pretendentes para o baile? - Tomoyo dizia enquanto fechava seu armário.

- A tá claro. 70% da escola não tem a menor idéia do meu nome, 29% arriscam algum nome com S, já que eu sou a “que anda com a Tomoyo Daidouji”. E o 1% restante que sabem quem eu sou, é composto por você, o Shaoran – ai ai ai! - E as 4 pessoas do meu clube de xadrez.- eu dizia emburrada. - Então, Tomy. NInguém me convidou, além, claro, de Peter Castle. - eu dizia torcendo o nariz.

Peter fazia parte do meu clube de xadrez. Ele era uma ótima pessoa, muito inteligente e muito legal... Mas até eu, que me acho uma pessoa gentil, não aceitava os convites de Peter. Se somente 1% das pessoas da escola sabiam meu nome, de Peter acho que só eu sabia. Nem o clube de xadrez acertava. Ele era aquele típico nerd de óculos, cabelo desgrenhado, um pouco gordinho, roupas fora de moda e muitas e muitas espinhas. Acho que não tinha mais pele pra tanta espinha que ele tinha, era meio nojento.

Ele SEMPRE me chamou pra acompanhá-lo a qualquer evento que a escola proporcionasse. Pra bailes de primavera, de inverno, outono, pra reuniões de veteranos, festas dos alunos, até pra sentar ao lado dele no ônibus em passeio escolar... Claro que o baile de formatura não iria passar em branco né? Assim que começaram a rolar os primeiros panfletos do baile pela escola, ele veio correndo me chamar... Correndo... Como se precisasse correr pra saber que eu ia estar livre.

A questão é. Não quero ir ao baile com Peter. Já o acompanhei na primeira vez que me chamou ao baile da primavera do primeiro ano. Foi horrível, o pior encontro da minha vida. Acho que ele estava nervoso, aí começou a suar, sempre tropeçava, e pisou no meu pé umas milhares de vezes na dança. Prometi a mim mesma que jamais passaria por coisa parecida, então Peter estava fora.

Por isso que prefiro ir com a Tomy, quer dizer, ela tem um milhão de convites todos os dias até o baile, então eu sempre vou com ela e seu par no carro, a todos os eventos. Às vezes, me sinto meio que uma vela quando ela começa a dar uns beijos no garoto, mas viro o rosto e tudo bem. Melhor só do que mal acompanhada, certo?

- Ele não desiste? - Tomy disse indignada. Fechei meu armário e nos pusemos a caminhar.

- Acho que talvez ele faça a mesma faculdade que eu só pra me chamar pra sair! - eu ri.

- Credo! Que medo! - ela dizia assustada. E entramos na cantina.

Até que existem umitas vantagens de sua amiga ser a pessoa mais popular do colégio. Todos nos deixam passar na fila da cantina, nossa mesa é a melhor, aquela limpinha, com as cadeiras perfeitas. Diferente do meu clube de xadrez que senta numa mesa com 2 cadeiras ao lado do latão de lixo. Eles são 4, então revezam as cadeiras. Sempre peço pra eles sentarem conosco. Tomy não se importa. Na verdade, gosta de conversar com eles. Mas eles nunca aceitam, acho que se sentem incomodados com a presença de Tomoyo. Ela é uma popular por acaso. Não liga a mínima pra “manter a popularidade” andando com os populares e esnobando os outros. Ela é uma pessoa ótima. Na verdade, não tem a menor idéia por que todos a idolatram deste jeito. Eu tenho certeza que o motivo está ligado a Tomoyo ser herdeira da maior empresa de brinquedos do país, logo, tem muito dinheiro.

- Chamei Eriol e Shaoran para comerem conosco hoje.- engasguei com meu suco.- Ei,  calma ok? Eu sei que você gosta de Shaoran, vai que ele te convida pro baile? Seria uma oportunidade perfeita! - ela ria.

- Ah claro, até parece que Shaoran Li vai querer estar ao meu lado na sua foto de formatura! - disse irônica. - E pensei que não gostasse de Shaoran, quer dizer, não comigo.

- Não gosto mesmo, mas fazer o quê se seus olhinhos brilham quando ele chega? E ele faz parte do seu 1% certo? Então você tem chance! - ela disse me convencendo. - Agora fica quieta que eles estão vindo aí. - engoli seco e encarei Tomy. Ela olhava para eles, que estavam atrás de mim com um grande sorriso no rosto.

- E aí meninas? – Eriol cumprimentou sentando ao lado de Tomy e selando seus lábios com um rápido beijo.

- Tomy, Sakura... – Shaoran disse sentando do meu lado. Tomy me encarou tipo “tá vendo, ele sentou do seu lado!” E eu encarei de volta tipo “É o único lugar que sobrou.” É, a gente conversa por olhares.

- E aí meninos, já têm par pro baile? - vou matá-la.

- Você vai comigo certo, Tomy? - Eriol a olhava.

- Não sei, você ainda não me convidou. - ela dizia se fazendo de difícil.

- Tá, tá. - ele revirou os olhos. - Você quer ir comigo ao baile de formatura Tomoyo Daidouji? - ele a olhava pegando na sua mão.

- Vou pensar...

- Tomy! - ele disse indignado. Ela riu.

- Claro que aceito! - e eles se beijaram. Mesmo vindo de Eriol Hiragizawa, senti uma invejinha. Nunca ninguém fez isso por mim, sabe? Quer dizer, o Peter não conta porque na realidade eu nem gosto dele. Queria que alguém que eu realmente gostasse fizesse isso. Queria que o Shaoran fizesse isso.

- E você Shaoran, já tem par?- ela disse me encarando. Nossa ele nem ia perceber né?

- Bem... Muitas meninas me chamaram, mas acho que já tenho quem convidar. - droga, quer dizer, não que eu tivesse chance, mas sei lá... Agora que a esperança acabou mesmo.

- Hum... Ok. Quero saber quem vai ser a sortuda! – a morena respondeu ironizando e não deixando de olhar para mim.

- Na hora certa, Tomoyo. Na hora certa. - ele disse misterioso. O sinal tocou.

As aulas acabaram e eu e Tomoyo fomos em direção ao nossos armários.

- Que foi? Por que essa carinha triste? O seu estranho das cartas não falou com você hoje?

- Ei, ele não é estranho ok? É romântico, uma espécie em extinção. E não... Ele não falou nada comigo hoje. - disse triste.

Desde o começo do Ensino Médio, eu sempre recebo cartas de uma pessoa que insiste em não se identificar. Quer dizer, ela até se identifica, mas com um nome muito incomum: Awly (se pronuncia Óli). Parece até que está escrito errado, né? Awly. Nunca vi esse nome na vida. Ele costuma me escrever cartinhas, todos os dias, com poemas e frases misteriosas. É mais um pra minha lista de quem sabe meu nome, certo? Mais um pra minha lista do 1%.

Sempre na última aula, quando vou ao armário para guardar as coisas, a cartinha dele está lá. Já tentei descobrir quem ele é de todos os jeitos.  Já procurei alguém com seu estranho nome na ficha de alunos da escola, mas tudo que achei foi uma Awlice, acho que era pra ser Alice, mas digitaram errado. Teve um dia que até me escondi atrás da lixeira que tem na frente do meu armário pra ver se alguém colocava algo nele, mas não veio ninguém, e quando abri o armário, a carta já estava lá.

 “Quando vai parar de tentar descobrir quem eu sou? Sou um ótimo espião. Vai ter que melhorar as técnicas! Pra começar, troque de esconderijo, a lixeira não combina com você.

Beijos minha flor,

Awly.”

 Fiquei pasma com o bilhete. Como ele conseguiu? Eu não tirei os olhos do armário, juro que ninguém se aproximou. E nem preciso dizer que minhas pernas ficam bambas quando leio “minha flor”. Nunca vou esquecer de uma das primeiras cartas que recebi, ele fez um poema com o significado do meu nome Sakura, que em japonês é flor de cerejeira. Como eu queria descobrir quem era Awly!

Já levei em consideração, muitas possibilidades, na realidade, o Peter é um grande candidato a ser meu “admirador secreto”. Além de ser muito inteligente, e o único humano interessado por mim nesta escola, já o vi com um livrinho de poemas pelos cantos. E tenho que dizer, que Awly é muito poético. Já cheguei até a pensar que ele é uma grande brincadeira de mal gosto de alguém que não tem mais o que fazer, mas depois, quando leio de novo as palavras que ele usa, me derreto em sorrisos e suspiros. Como queria que ele fosse real. Como queria que ele saísse das cartas e se materializasse aqui, na minha frente. Tudo bem que tenho um tombo pelo Shaoran, porque quedinha não é mais, mas o Shaoran é como se fosse um ator famoso, sabe? Aquele que você vê nas revistas e cola os pôsteres nas paredes do quarto. Já o Awly, mesmo que nunca o tenha visto , me parece ser mais real, algo mais próximo de mim, que eu posso alcançar.

Bati a porta do armário com força e raiva. Queria um bilhete que fosse.

- Nossa, olha o escândalo! - Tomy zombava da minha nunca vista estupidez. - Ei, o que é isto? - ela se abaixou e pegou um papel. - Hum... Acho que seu estranho não te esqueceu. - peguei o papel com a maior rapidez e me pus a ler.

“Pensou que tinha esquecido? Conheço bem seu armário, só te dei um susto. Com quem vai à formatura? Não me diga que se rendeu aos encantos de Peter Castle? Você pode não saber quem sou mas tenho roupas bem melhores que as dele.

O que acha? Eu e você no baile? Vai finalmente me conhecer.

Pra saber da sua resposta, vou te dar meu e-mail. Conversamos por lá.

Beijos minha flor,

Awly.

[email protected]

Soltei o papel e ele escorregou de meus dedos pousando levemente no chão. Eu encarava fixa o vazio com cara de espanto.

- Saki? Tá tudo bem? – a morena estalava os dedos na frente de meu rosto. E eu não reagia. - O que esse cara fez? Ele te xingou? Te maltratou? Olha que eu arrebento ele! - ela dizia se abaixando e pegando o papel pra ler.

- Ele me convidou pro baile, Tomy - eu disse saindo de meu transe. - Alguém nessa escola, que não é Peter Castle, me chamou para sair. - eu dizia ainda perplexa. Tomoyo me encarou por um minuto e depois fechou a cara.

- Você não vai.

- O que? E por que não?- coloquei minhas mãos na cintura em ato de reprovação.

- É perigoso Sakura! Sair com estranhos!

- Ele não é estranho!

- Você nem conhece o cara! E se for um maníaco velho pronto pra te atacar? Você é muito ingênua e - foi aí que cortei seu discurso.

- Chega, Tomy. Você não pode me tratar feito criança. Já cresci e sei o que faço da vida. Pra você pode não significar nada, já que é cobiçada por todos os garotos de Washington. Mas pra mim, esse convite significa muito. - eu a encarava nervosa.

- Saki...

- Sabe como eu estou me sentindo sabendo que outro ser humano respirando está por aí, pela escola, perdendo o tempo escrevendo cartas para mim todos os dias e me convidando pro baile? Estou me sentindo MUITO bem! – disse animada. - E nem você, nem ninguém vai tirar essa oportunidade de mim. - ela só me encarava. Nunca tinha explodido daquele jeito com ninguém, principalmente com minha melhor amiga.- Agora com licença.- peguei meu bilhete de sua mão. - Quanto mais cedo chego em casa, mais cedo digo sim ao Awly. - me virei e a deixei, parada, feito um dois de paus.

Andei rápido para o estacionamento e  peguei meus patins que estavam no banco de trás do conversível de Tomy. Calcei os patins e coloquei as proteções de joelhos, cotovelos e mãos. Mas fui impedida de dar a primeira passada já que alguém parou na minha frente bem na hora.

- Posso falar com você um momento? – Shaoran disse. Ele mantinha um semblante carregado. Meu Deus, o que ele queria? Comigo?

- Er... Cl-Claro. - disse confusa.

- Vou ser direto. - ele me encarou. - Quer ir ao baile de formatura comigo? - ele disse com olhos profundos e tristes. Até parecia que estava achando um saco me chamar pro baile. Meu Deus. Baile. Shaoran Li queria que EU fosse seu par pro baile? Eu? A estranha que é conhecida por 1% da escola? Então eu era a garota que ele ia convidar. A que ele comentou hoje no almoço!

- Er... - mas e Awly? Hipoteticamente falando, ele tem mais direitos, me pediu primeiro. Não acredito que estava numa situação dessas, com dois convites e uma resposta. Quando eu achava que ia passar por isso na vida? Nunca, claro.

- E então? - ele disse me apressando, apreensivo. Não estava sendo nada romântico. Seu pedido soava como um “me empresta um lápis?” Era vazio e direto. Talvez ele estivesse nervoso certo? Ou com pressa. Mas se ele estivesse com pressa... - Sakura? Pode me responder? - ele me despertava de meus devaneios.

- Claro. - disse sem graça. - Vou sim. - pude jurar que sua expressão foi de desapontamento. Mas como assim? Ele me convida e espera que eu diga não? Como quando agente oferece comida por educação e odeia quando as pessoas aceitam um pedaço?

- Tudo bem então. - ele disse encarando o chão, e depois me olhou. - Agente se fala amanhã. - e foi embora. Foi a situação mais esquisita da minha vida. Eu sempre sonhei com esse momento, mas em meus sonhos ele não era, nem de perto, desse jeito.

Comecei a patinar e logo já estava em casa. O que diria a Awly agora?



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