História Revenge Girl - Eu estou no controle, querido

- Entre. - ele disse girando a maçaneta e abrindo a porta para mim.

Um grande sofá preto de couro foi a primeira coisa que vi. Depois uma televisão de 65 polegadas no mínimo, na frente de uma parede de vidro que transparecia uma maravilhosa vista de New York á noite. A sala era linda, cheia de fotos de Shaoran, de sua família, dos prêmios jornalísticos que ele já tinha recebido. Muitas das fotos pareciam não ter sido tiradas nos Estados Unidos e eu chutei que foram tiradas no seu país natal, a China.

- Nada mal. - disse enquanto ele fechava a porta e se colocava ao meu lado. - E quantas fotos... Você disse que não sabia tirar fotos.-  o olhei contestando a informação que vi em seu currículo há dias atrás.

- Disse que não sabia tirar fotos, não que não era fotografado. - ele sorriu. Peguei um porta-retratos em que ele parecia estar fantasiado com alguma roupa típica chinesa verde. Me interessei.

- Alguma festa a fantasia? – sugeri, mostrando-lhe a foto. Ele sorriu.

- Não, na verdade é a minha roupa tradicional de guerreiro. – arregalei os olhos. – Como você já sabe, eu sou estrangeiro que nem você, sou chinês. E por mais que me considere em parte americano, já que vivo há tantos anos aqui, nunca perdi minhas raízes. A minha família é muito tradicional e importante na China, somos o Clã Li. E dentre as diversas obrigações tradicionais dos homens do clã, está a de se tornar um guerreiro, por isso eu faço artes marciais desde muito pequeno. – ele contou com um brilho nostálgico nos olhos.

- Uau. – foi tudo o que pude dizer. Nunca adivinharia que o passado de Shaoran pudesse ser tão surpreendente. Ele não fazia o tipo tradicional. – Mas nessa foto aqui, - peguei outro porta-retratos – por que só a sua roupa é verde? A dos outros meninos é amarela. – ele sorriu mais uma vez.

- Quem diria, você interessada pela cultura chinesa. – ele brincou. – Bom, essa diferença de cores é porque eu sou “superior” a eles. – ele disse fazendo aspas com os dedos. – Eu sou o atual herdeiro do Clã Li. Trazendo um pouco para a cultura ocidental, pra você entender, é como se eu fosse um tipo de príncipe, por isso as roupas de cores diferentes.

- Nossa, então quer dizer que estou na casa de uma realeza? Oh, vossa alteza... – disse me curvando teatralmente esticando a ponta da minha saia.

- Há, há, há, que engraçado. – Shaoran passou por mim recolocando o porta-retratos em seu local de origem.

- Hmmm, e essas mulheres, quem são? – disse pegando outro porta-retratos. Eu realmente estava muito à vontade na casa de Shaoran.

- Minhas quatro irmãs mais velhas e minha mãe. Como pode imaginar, ser o caçula e o único homem da família tornou minha vida uma loucura. – ele riu.

- Mas você disse que era herdeiro do Clã, como? Se têm quatro irmãs mais velhas?

- Na cultura chinesa apenas os homens podem governar. As mulheres tem outras tradições a seguir, a maioria delas relacionada á família. Então, eu como o único herdeiro homem, sou o sucessor ao governo. – recoloquei o porta-retratos no local observando a semelhança das mulheres da foto com Shaoran. Realmente, a beleza era de família.

- Ainda bem que não faço parte desse Clã. Desculpe, mas obrigações relacionadas a família? Tô fora. – dei risada e ele me pegou pela cintura colando nossos corpos.

- Ah, mas se você fizesse parte do Clã com certeza ia ter muitos privilégios com o atual governante. – respondeu galanteador, traçando beijos pelo meu pescoço. Realmente tinha que admitir que seduzir Shaoran estava sendo a melhor parte.

- E quando você vai governar? – sussurrei eu seu ouvido. Ele me encarou um pouco sem jeito.

- Ah, eu já deveria estar lá, mas estou enrolando. Eles estão exigindo algumas coisas que bem, eu não posso fazer, pelo menos não agora. – Shaoran começou a ser vago pela primeira vez na conversa e percebi alí que era a hora de trocar de assunto.

- Enfim, algum lugar onde posso me secar? – separei-me rapidamente dele, o que o assustou.

- Segunda porta á esquerda. – apontou para um corredor escuro.- É o banheiro. Tem alguns moletons meus lá, estão limpos se quiser usar. - acenei com a cabeça e fui para o banheiro.

Assim que liguei a luz, o horror apareceu em minha face. Eu estava horrível. Desde a tempestade, não tive tempo de me ver no espelho. Tomy me enxotou tão rápido da casa de Eriol que nem pude perceber minha maquiagem arruinada, meu cabelo lambido e espigado, e minhas roupas em trapos. Arranquei a roupa e fui ao chuveiro, quente e gostoso. Comecei a pensar em tudo que tinha acontecido nesta noite. Eu não poderia perder o controle como perdi esta noite. Meus sentimentos estavam completamente descontrolados e eu tinha de me recompor. Pro meu plano dar certo, ele tem que sair do controle e não eu. Outra coisa que me interessou muito foi a história da família de Shaoran. Vou pesquisar mais sobre isso.

Depois de uma meia hora me recompondo, me enrolei numa toalha e achei os moletons de Shaoran. Peguei o menor que tinha, que mesmo assim me vestiu como um grande saco e saí do banheiro. Meu Deus, como aquele moletom cheirava bem... Cheirava a Shaoran.

É desse jeito meu plano de revanche vai por água a baixo. Não paro de cair em encantos pelo cara.

- Está linda. - ele sorriu.

- Sempre, meu querido. - disse notando que ele estava sem camisa atrás do balcão da cozinha. Que corpo era aquele? Lembrava de tê-lo visto sem camisa nos treinos de basquete da escola, mas não tinha comparação. Os bíceps estavam bem mais definidos assim como seu abdômen. Ele estava de tirar o fôlego. Acho que fiquei tempo demais perdida no corpo de Shaoran.

- Alõ? Tá me ouvindo? – ele balançou a mão no ar, chamando minha atenção. - Seu celular apitou enquanto estava no banho. - apontou para minha bolsa, em cima de sua mesa, na sala de estar. Dei um sorriso enorme, e fui correndo ver, afinal, podia ser Awly. - Que sorriso é esse? Algum namoradinho é? - arqueou uma sobrancelha.

- Talvez... - disse ainda sorrindo. Ele fechou a cara.

- Diga a ele com quem passou a noite hoje. Aposto que te larga. – então entrou na sala, com dois copos de chocolate quente nas mãos. Ignorei seu comentário e abri meu celular apreensiva.

”Sakura, acabo de ser informada que a neta do chefe do Times, faleceu, e o senhor Hadigan decretou luto amanhã. Nós não fomos convidadas para o funeral, então terá um dia de folga.

Desculpe a mensagem tão tarde, mas precisava te avisar.

Claire.”

Fechei a cara. Tudo bem, coitada da menina que morreu, mas, eu bem que queria que fosse Awly.

- Que foi? Ele terminou contigo? – o rapaz riu e deu um gole no chocolate.

- Não. A neta do chefe morreu. Amanhã vai ser luto da empresa. - ele ficou boquiaberto.

- E como não estou sabendo disso?

-Por que sua secretária é uma incompetente. - disse sorrindo e dei o primeiro gole no líquido quente. Estava delicioso.

- Mas é gostosa. - ele respondeu num sussurro. Mas eu ouvi claro.

- Homens. - revirei os olhos. Terminei o chocolate em poucas goladas e deitei no sofá.

- O que está fazendo?

- Indo dormir, horas. - respondi com os olhos já fechados.

- Já ouviu falar de cama? - abri os olhos. Ele estendeu a mão para me levantar.

- Não precisa. - fechei os olhos mais uma vez e me encolhi de frio. Então de repente, senti braços fortes e nus me envolverem. Ele estava me pegando no colo. Mordeu a isca. O cheiro que emanava de sua pele era tão hipnotizante, que demorei um pouco para começar a espernear. - Me ponha no chão! - depois de andar pelo corredor, Shaoran me colocou numa cama, quente e fofinha. Os travesseiros eram tão perfumados, tinham cheiro de Shaoran.

- Boa noite - ele beijou minha testa e sorriu. Em seguida, desceu os beijos para meus olhos, meu nariz, até chegar a minha boca.

- Bom saber que é assim que você deseja boa noite para as pessoas. – sorri enquanto recebia mais selinhos.

- Que bom que gostou. Durma comigo mais vezes então. – ele me puxou para um beijo profundo e quente. Deitou ao meu lado da cama enquanto me abraçava e me trazia para cada vez mais perto de seu corpo. Não fiquei atrás e agarrei seus cabelos puxando-o para mim.

Shaoran começou a acariciar minha coxa por cima daquele moletom largo. Logo já tinha colocado a mão direita por dentro da minha blusa e estava acariciando minhas costas. Não fiquei para trás e acariciei suas costas nuas, chegando no elástico de sua calça larga. Sem cerimônias coloquei minha mão por dentro de sua calça e apertei sua bunda por cima da cueca. Ele soltou uma risada no meio do beijo, aproveitei para morder seu lábio.

Quando a mão de Shaoran já estava levantando parcialmente minha blusa, para tirá-la, eu recuei. Fiquei surpresa com meu absurdo autocontrole, mas apartei o beijo e subi em cima do corpo o rapaz, colando nossos narizes.

- Se você achava que sabia dar um boa noite querido, bem, você ainda não tinha recebido o meu. – sorri sedutoramente e rolei para o outro lado da cama, ficando de costas para ele. Fiquei alguns segundos ainda de olhos abertos tentando regular a minha respiração que estava ofegante.

Logo senti uma mão forte me abraçar pela cintura colando meu corpo no dele. Sua respiração estava em meu pescoço.

- Você não vai resistir por muito tempo Kinomoto. – ele sussurrou. Eu não ia me entregar no primeiro encontro. Tá doido? Vou te enlouquecer muito mais antes de lhe servir o prato principal Li. E pode apostar, quando você provar, vai comer na minha mão.

...

Acordei de manhã, com raios de sol em meu rosto. Tive uma bela noite de sono. Olhei para os lados e nem sombra de Shaoran. Saí do quarto e fui direto pro banheiro, pegar minha roupa que já estava seca. Troquei-me e encontrei o rapaz no sofá da sala comendo um omelete. Ainda sem camisa. O que ele tinha contra as camisas afinal?

- Bom dia. - ele sorriu. - Recebeu outra mensagem no celular. Acho que agora é ele. - revirei os olhos e fui ver meu celular.

 “Amiga, A-M-E-I a noite! Depois te conto tudo!

Mas agora... Estou aqui no estúdio, fotografando e morta de fome como sempre. Não vou ter horário de almoço hoje... Dá pra me trazer algo?

Beijos, Tomy”

Mas é uma folgada mesmo. Me expulsa da casa de Eriol e ainda quer que eu dê uma de delivery, para lhe entregar comida?

- Hey, pode me dar uma carona? - perguntei e pude então me perder no âmbar profundo que me encarou de volta. Droga de olhos. – Mas antes... -  aproximei-me do sofá e peguei o prato de omelete nas mãos. – Perdeu! – e saí correndo pela casa ouvindo as risadas de Shaoran atrás de mim.

...

- É aqui. - disse e o castanho parou o carro. Descemos e entramos no grande edifício que dizia TGZ Models. - Por favor, onde Tomoyo Daidouji está fotografando? - perguntei a recepcionista.

- Segundo andar, estúdio 7. – a moça respondeu sorrindo. Para Shaoran, claro.

Andando pelos corredores do segundo andar, finalmente encontrei o estúdio 7.

- Hey morena. - disse, e Tomy, que estava de costas em seu roupão branco, virou para mim com um grande sorriso.

- Saki! - me abraçou e cumprimentou Shaoran. - Salada? - apontou para a embalagem que lhe dei.

- Óbvio. - revirei os olhos. Ela então arregalou os olhos, como se tivesse lembrado algo.

- Ah! Não imagina com QUEM vou fotografar esse anúncio! - exclamou espantada, animada, ansiosa ao mesmo tempo... Então seus olhos passaram de meu rosto, para algo que estava atrás de mim.

- Sakura? - ouvi meu nome ser chamado por uma voz que nunca tinha ouvido antes. Então virei-me e vi... O que Tomy tanto olhava. Não acreditei.