Dois meses depois...
Em dois meses tudo pode mudar... E bem, tudo mudou em nossas vidas.
Desde aquele fatídico dia em que eu fiz meu primeiro trabalho como “modelo”, Eriol e Tomy quase romperam, eu fiz respiração boca a boca no Eriol e o arrastei para a minha casa para se resolver com minha amiga, muitas coisas mudaram, ou melhor, se confirmaram.
Tomoyo e Eriol estão namorando sério, como se alguém tivesse dúvidas de que isso fosse acontecer. Depois daquela noite em que obriguei os dois a se acertarem, eles reataram, bem, de uma forma bem animada, se é que me entende. Eriol teve que prometer que não iria procurar Phillip, já que assim que ficou sabendo da história toda queria ir diretamente matá-lo. E de agora em diante trombo com ele direto em meu apartamento, na verdade, ás vezes parece que ele mora lá.
Claro que a dúvida geral é sobre a minha relação com Shaoran. A primeira novidade é que Tomoyo descobriu meu plano. Ela “achou” (lê-se mexeu nas minhas coisas sem permissão) meu caderno “especial” e vive me enchendo a paciência para deixar o plano. Sempre me ameaça dizendo que vai contar para Shaoran, mas eu sei que ela não teria coragem de me prejudicar de tal maneira.
A segunda novidade é que eu e Shaoran estamos bem mais “próximos” do que há dois meses. Nós não namoramos, o que temos é uma caso não oficial, amizade colorida, chame como quiser. Então infelizmente, desde que comecei este plano, não posso me relacionar com outros homens, mesmo que eles apareçam em minha vida lindos, maravilhosos e de cabelos ao vento. Eu me pergunto todos os dias se os sacrifícios pessoais que sofro serão recompensados quando tudo isso acabar. Ás vezes penso em desistir, mas então olho para Shaoran e vejo o carinho com que ele me trata, o brilho de seus olhos quando me vê. Ele sente alguma coisa por mim, disto eu tenho certeza, então tenho que prolongar mais um pouco minhas ações para então dar a cartada final.
Awly continua muito bem obrigada. Continua me mandando mensagens no celular, e como agora são virtuais eu tenho como respondê-lo. Ás vezes ficamos horas trocando mensagens, cada dia me apaixono mais por Awly. Shaoran não sabe da existência de Awly, na verdade só sabe que eu troco mensagens com alguém, o que o deixa nervoso, mas ele jura que não é ciúmes.
Já liguei para Awly, para tentar escutar sua voz, mas ele nunca me atende, diz que eu não posso saber sua identidade. Eu não toquei mais no “assunto baile” com ele, mas tenho certeza que ainda está chateado comigo, ele não é como antes.
Outra grande novidade é que agora também sou modelo. Eu sei, inacreditável. Depois daquele dia de fotos, Todd conversou comigo e acabou por me convencer a me agenciar como modelo. Fiz um curso profissionalizante intenso e agora atuo ao lado de Tomoyo nos grandes anúncios de marcas famosas. Lógico que não tenho a modelagem como minha principal função, minha prioridade sempre vai ser o jornal, por que amo o que faço. Mas tenho que confessar que tirar fotos é um tanto quanto divertido.
Agora por exemplo, estou fotografando para a Prada a nova coleção de bolsas. Entre uma foto daqui, uma foto dali, avistei Tomy do outro lado do estúdio fotografando pra uma empresa de esportes. Ela já tinha usado vários modelitos, agora estava como uma jogadora de basquete. Esbocei um sorriso, me lembrando de Shaoran. Tenho feito muito isso ultimamente, me lembrar dele. Sei que é um erro, mas é inevitável. A convivência gera a intimidade, e Shaoran era louco por basquete. Quando pequeno ganhou inúmeros campeonatos. No colegial seguiu seu hobbie e virou capitão. Lembro de como todas suspiravam por ele, lembro também de uma vez na semana passada em que fomos na quadra do meu prédio, ele tentou me ensinar a arremessar me segurando com aqueles braços fortes, e...
- Sakura! – Todd me despertou de meus devaneios nada adequados para minha sanidade mental.
- Si- sim? – disse voltando a realidade.
- Foco. – ele disse simplesmente. Sorri a contra gosto e voltei às fotos. Se queria foco, Shaoran com certeza tinha que sumir da minha cabeça. Como se isso fosse possível.
...
- Para de ser teimosa! – Tomoyo gritava em meus ouvidos enquanto eu jantava, tentando ignorá-la.
- Me deixa comer em paz Tomoyo! – respondi com a boca cheia de massa.
- Mas que saco Kinomoto! Quando vai entender que está apaixonada por ele de novo? – ela revirava os olhos e andava de uma lado para o outro da sala passando na frente da televisão.
- Se me der licença, estou tentando ver o programa. – disse colocando outra garfada na boca.
- Me dá isso aqui, e presta atenção. – ela disse tirando o meu prato de comida, desligando a televisão e sentando na minha frente.
- Ei! – disse em protesto.
- Cala a boca e me escuta. – revirei os olhos. – Para de ser teimosa Sakura, isso só vai te machucar mais. Eu sei que você ainda está magoada, mas se não tentar superar seu passado, ele nunca vai sair de seu presente, te impedindo de ter um futuro!
- Que lindo filósofa Daidouji. – respondi sádica.
- Presta atenção. Vocês estão super próximos, já estão namorando! Vê se esquece desse plano que só vai machucar ele e você. – ela me explicava como se eu fosse uma criança de três anos.
- Eu não estou namorando ele!
- A não?
- Claro que não. É um caso não oficial, não temos nenhum sentimento envolvido, não da minha parte pelo menos.
- Não da sua parte? Você morre de ciúmes do cara! – ela falava mais alto – Faz ceninha toda vez que a Hayden faz gracinha! – eu ri, não tinha como. – Para de rir!
- É Halley, não Hayden! E outra, a “ceninha” é falsa, ele tem que acreditar e...-
- CHEGA! Para de ser cabeça dura e acorda! – ela gritava. Eu comecei a me assustar. – Sakura, eu te conheço desde sempre, você pode enganar quem for, até a você mesma, mas a mim, não.
- Tomoyo...-
- Me deixa terminar. – ela me olhava séria. – Você é a minha melhor amiga e é por você e por mim que eu te digo. Não acho que nenhuma de nós duas vai suportar que você volte a ser aquela louca varrida de cabelos enormes recém chegada de Paris. Você sumiu, não falou com ninguém, com sua família, comigo... O Touya e toda a sua família surtaram quando você sumiu no mapa por meses e depois voltou totalmente diferente, fria. Levei anos para te amolecer, mas acho que aquela Sakura da escola nunca vai voltar. – ela tinha lagrimas nos olhos. – Agora, você está tendo uma prova de fogo e tanto... Revivendo o passado, convivendo com ele... Aproveita Sakura e passa por cima! Se mostre melhor, seja melhor, esqueça tudo e tente ser feliz. – a morena chorava. Que merda, odeio quando ela chora, me desestabiliza inteira.
- Não dá pra esquecer! – eu dizia emocionada. – Tomy, ele me fez sentir um lixo, ele me fez rever os conceitos de ética, de humanidade que eu tinha, ele me mostrou a crueldade do homem e em certa parte eu o agradeço. Agradeço por ter me aberto os olhos para o mundo real. Mas ao mesmo tempo em que ele me fazia um favor, me destruía por completo. Ele acabou comigo, e eu quero a minha revanche. – disse convicta. Tomoyo secava suas lágrimas e suspirava derrotada.
- No que isso vai te levar? – ela questionou cruzando os braços.
- A vitória. – respondi séria.
- Que vitória Sakura? Você vai ver que no final disso tudo quem vai perder é você.
- Para Tomoyo, chega! Parece que está do lado dele e não do meu! – eu andava de um lado para o outro atordoada.
- Eu estou sempre do seu lado, por isso tô te dizendo essas coisas!
- Não está parecendo, devia me apoiar a dar o troco naquele canalha!
-Troco de que Sakura? Você nunca soube se tudo isso foi verdade, só ouviu uma conversa estúpida de dois adolescentes estúpidos! – mentira que isso tá acontecendo... MENTIRA!
- Eu não tô acreditando nisso... Você realmente acha que ele não fez nada... – murmurei, sentindo meus olhos queimarem com as lágrimas quase caindo. Odeio chorar na frente dos outros.
- Você nunca falou com ele pra confirmar. Simplesmente fugiu. – ela sussurrou. Não aguentei mais. Virei-me de costas e corri para meu quarto. Tranquei-me e chorei a noite toda. Você nunca falou com ele pra confirmar... a voz de Tomoyo invadia a minha mente.
...
- Será que dá pra parar? - Shaoran questionava pela milésima vez, entediado, com as mãos apoiando o rosto, sobre a mesa do restaurante.
- Juro que é a última. – repeti a mesma resposta de sempre.
- Que saco Sakura, eu estou a fim de conversar, pode ser? – ele disse arrancando o celular de minhas mãos, sem me deixar enviar a mensagem.
- Ei! Devolve! – disse avançando sobre a mesa na tentativa de recuperar o celular. Estava falando com Awly, que saco. Ele apenas negou com a cabeça e olhou para a tela do meu celular. – Para de olhar! Privacidade pelo amor de Deus! – avancei mais sobre a mesa e ele me afastou com as mãos.
- Ah, claro, privacidade. – ele riu com escárnio. – Olha quem fala! Você sempre lê as minhas mensagens!
- Eu posso! – disse com a feição de “não é óbvio”?
- E por que você pode e eu não?
- Por que eu mando nessa relação, meu bem. – disse com um sorriso malicioso nos lábios. Levantei-me da mesa, dei a volta e sentei ao seu lado, ainda tentando pegar o celular de suas mãos. Ele desviava.
- Desde quando, posso saber?
- Desde sempre. Só deixo você pensar que manda em alguma coisa pra não ficar enchendo o meu saco. – respondi divertida. Ele então deixou meu celular na mesa, pegou a minha mão e me arrastou pra área externa do restaurante, um pequeno bosque, com bancos. – Shaoran! A comida vai chegar, e eu estou morrendo de fome! - protestei sem entender o porquê de estarmos ali.
- Vai demorar, vai por mim, a gente tem tempo. – ele riu da minha cara confusa. Fomos para trás de uma árvore, nos fundos do pequeno bosque. Ele me encostou no tronco e me prendeu entre seus braços.
- Tempo pra que, seu louco?
- Pra você me deixar pensar que mando um pouquinho... – ele mordeu meu lábio inferior, agarrou minha cintura e me beijou. Sorri entre o beijo, agarrei sua nuca e o puxei para mais perto de mim.
Isso era uma cena muito típica. E tenho que confessar que eu as adorava. O simples fato de tê-lo perto de mim... Já me reconfortava. E em momentos como aquele, eu nem lembrava que tinha um plano, na verdade não me lembrava de mais nada. Pra mim eram só eu e Shaoran, no nosso mundinho particular, entre tapas e beijos, em um mundinho que só a gente entendia.
Já estávamos há mais de vinte minutos na mesma posição, fazendo a mesma coisa, já que meu corpo não tinha forças suficientes para interrompê-lo e sair correndo. Eu não queria sair correndo, eu queria estar ali, do seu lado, com seu corpo colado no meu, sentindo o gosto de seus beijos para sempre. Eu me punia por esses pensamentos tão melosos, mas eu não podia negar que estava muito envolvida com Shaoran, envolvida de um jeito que eu não sabia se era reversível, ou mesmo saudável. As palavras de Tomy da noite passada ainda pairavam em minha mente, e uma nova possibilidade começava a surgir. E se ele realmente não tivesse feito nada? E se foi tudo um grande mal entendido? Eu podia estar delirando, mas queria que Tomy estivesse certa, queria que eu fosse a louca da história, queria que eu fosse a que precisasse se explicar, se desculpar. Aceitar um pedido de desculpas é bem mais difícil pra mim do que fazer um.
Shaoran parou o beijo e me encarou sereno. Senti meus olhos marejarem. Malditos pensamentos inconvenientes.
- O que está... – ele iniciou a frase, mas eu não deixei que terminasse. Colei meus lábios nos seus e continuei o que estávamos fazendo. Explicações seriam muito difíceis agora, e eu realmente não queria dá-las a Shaoran.
Mais alguns minutos se passaram, já tinha esquecido de tudo, da fome, da sede, de Awly, só queria que aquele momento fosse prolongado cada vez mais e mais... Meu deus, eu estou ficando muito piegas, eca.
Até que todo o nosso “entrosamento” foi quebrado por um pigarro envergonhado. Separei-me de Shaoran e olhei o garçom com um sorriso divertido nos lábios, Shaoran estava sem graça.
- Senhores, estaremos fechando o estabelecimento em quinze minutos, com licença. – ele disse encarando o chão e saiu. Eu tive um ataque de risos.
- Que vergonha, para de ser louca. – ele disse envergonhado enquanto se dirigia para nossa mesa me carregando pela mão.
- Relaxa, para de ser encanado. – disse divertida. – É impressão minha ou você está fazendo o papel da mocinha envergonhada e eu do cara safado que acha graça da situação? – me sentei em sua frente, ele apenas revirou os olhos. O local estava completamente vazio, a nossa mesa era a única posta. Olhei para nossos pratos e não me atrevi a dar uma garfada. A comida estava com cara de velha e gelada. Olhei então meu celular na mesa, estendi a mão para pegá-lo, mas Shaoran foi mais rápido.
- Nada disso. – ele balançou o dedo indicador – Esquece esse cara pelo menos o resto da noite. – ele pediu se levantando da mesa indo em direção ao caixa. Íamos pagar a conta, mesmo sem ter encostado na comida, mundo injusto.
- Por que acha que é um cara? Nunca te disse nada. – provoquei.
- Te conheço, acha mesmo que eu acredito que passa vinte e quatro horas por dia conversando com uma mulher? – ele revirava os olhos. – Faça-me o favor Sakura. – pagamos e fomos em direção ao meu carro. Resgatei-o no dia seguinte da confusão Tomy/Eriol. Tive que pagar 350 dólares, um assalto. Sentei-me no banco do motorista, leguei o carro e fui em direção á casa de Shaoran. Ele ficou calado o caminho todo, encarando a paisagem noturna pela janela. Estacionei na garagem, na vaga de convidados, desliguei o carro, e me virei para ele, que tirava o cinto de segurança.
- Desembucha. – disse chamando sua atenção.
- Sobre?
- Você, calado, nem me olhou ou tentou me agarrar quase causando um acidente, como sempre...
- Ah, isso. – ele riu sem humor.
- É isso. – sustentei meu olhar preocupado.
- Não é nada, só estava pensando. – ele colocou uma mecha de cabelo meu atrás da orelha, acariciando minha bochecha.
- Em...?
- Você. – ele selou meus lábios e continuou a me encarar. Odiava quando ele fazia isso. Na verdade odiava o fato de amar quando ele fazia isso. Quando ele ficava todo carinhoso e gentil, fofo, romântico, enfim, quando era o Shaoran de sempre.
- E o que estava pensando?
- Nada que te interesse, oras. – ele disse debochado.
- Se é sobre mim, é claro que me interessa.
- Não, nem sempre. Tem coisas sobre nós, que ás vezes são guardadas no presente indeciso, para serem descobertas no futuro certo. – ele filosofou e eu me perdi em seus olhos.
- Uau, depois dessa eu volto pra escola. – disse quebrando o clima. Ele sorriu, segurou minha nuca e me beijou.
- Até amanhã. – ele disse selando meus lábios e saindo do carro. Saí do carro, seguindo-o. Shaoran me olhou confuso.
- Eriol está dormindo lá em casa. – disse simplesmente. – Não sou obrigada a ficar ouvindo a festinha dos dois. – revirei os olhos.
- É, tem razão. Por que ao invés de ouvir a festinha dos dois... Você vai ter sua própria festinha... Comigo. – ele me olhou pervertido.
Entramos no elevador aos beijos, e fomos o caminho todo assim, sem nos desgrudarmos, derrubando tudo que víamos pela frente. A porta de seu quarto já estava aberta, e a luz apagada. Perfeito.
Deitei-me na cama com o corpo de Shaoran sobre o meu, ele beijava meu pescoço intensamente e eu revirava os olhos de prazer. Amava tê-lo assim comigo.
Shaoran começou a deslizar as mãos sobre o meu corpo, acariciando cada parte, sentindo cada pêlo meu se arrepiar. Eu também o acariciava, sentindo seus músculos se enrijecerem ao meu toque, e os beijos em meu pescoço aumentarem. Troquei as posições, ficando por cima, arranquei sua gravata frouxa e sua blusa ferozmente arranhando seu peitoral. Ele sorria malicioso me puxando para outro beijo de tirar o fôlego. Durante o beijo eu embaraçava meus dedos em seus cabelos puxando-o para mais perto de mim, se é que ainda fosse possível.
Shaoran então puxou o zíper de meu vestido e atirou-o aleatoriamente no ar, desabotoei suas calças e a deslizei vagarosamente por suas coxas, arranhando-as e apertando-as. Quando estávamos somente de roupas íntimas, como em uma dança sincronizada, colamos nossos corpos ao mesmo tempo, caindo na cama aos beijos e carícias. Senti o pé de Shaoran coberto por sua meia roçar em minha panturrilha. Não pude evitar em soltar uma leve risada durante o beijo. Ele nunca tirava aquelas meias, ficava completamente nu, mas de meias. Vai entender.
Senti suas mãos acariciarem minhas costas como em procura de algo, o feixe de meu sutiã. Ele tateava minhas costas em um carinho gostoso, mas apressado, enquanto me beijava. Separei-me do beijo, no meio de uma gargalhada.
- Viu por que eu sou a que tem que controlar as coisas por aqui? – disse ainda rindo. – Você não sabe nem abrir meu sutiã Li. – tirei suas mãos de minhas costas e as coloquei na frente de meus seios. – Esse aqui fecha na frente. – sorri de lado, divertida. Ele riu malicioso, abriu meu sutiã, jogou-o no chão e colou seu corpo no meu.
- Vamos ver quem vai controlar as coisas a partir de agora. – então me beijou, ficando por cima de mim, escorregando a mão pelo meu corpo até minha última peça de roupa. Fiquei brincando com o elástico de sua boxer branca enquanto seus beijos desciam pelos meus seios.
E como num passe de mágica, nossas duas peças restantes (as meias de Shaoran não contam) tiveram o mesmo destino das outras, o chão. E Shaoran cumpriu suas palavras e controlou tudo a partir dali, me deixando completamente frágil e fora de foco.
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