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História Revenge Girl - Em busca da verdade Parte 1


Escrita por: MandsChan

Notas do Autor


Eu... Eu... Eu...

Capítulo 22 - Em busca da verdade Parte 1


Arranquei as mãos de Shaoran de meu rosto, abri a porta e saí correndo do carro.

A chuva torrencial caía sobre meu corpo, eu corria somente de collant e saltos na rua, já que o sobretudo tinha ficado no banco do carro. Apertava minha bolsa contra o peito enquanto chorava feito louca e me sentia completamente perdida e só. Passei então na frente de uma placa de neon, “Grillis” ela dizia. Então como num flash lembrei-me de uma situação passada. Lembrei-me da chuva torrencial, da briga com Tomoyo, eu saindo correndo na chuva, caindo, indo para o hospital... Hospital. Olhei mais adiante e avistei a placa do Hospital Haddinson Burk. Precisava de meu médico, precisava de Eriol.

Passei reto pela recepção atraindo o olhar de todos. Não é todo dia que uma castanha encharcada adentra num hospital vestindo somente um collant decotado e saltos.

Subí até a sala de Eriol e entrei, sem ao menos bater. Ele estava digitando algo no computador quando virou-se para a porta e me avistou, olhou-me surpreso.

- Sakura? O que está fazendo aqui? – ele disse preocupado, levantando-se, se aproximando de mim. Corri até ele e o abracei forte, pouco me importando se estaria encharcando sua roupa. Abracei Eriol fortemente e me pus a chorar, estava me sentindo uma garotinha fragilizada. – Está me assustando... – ele dizia me apertando em seus braços.

- Me deixa chorar primeiro, depois eu te explico, juro. – disse entre soluços.

Minutos se passaram e eu já estava mais calma. Eriol me deu uma toalha, me enrolei nela e sentei na cadeira, na sua frente.

- Está mais calma agora? – ele me olhava preocupado. Assenti com a cabeça. – Pode me explicar o que diabos está acontecendo? – suspirei.

- É Shaoran... – disse sentindo meu coração apertar ao pronunciar seu nome.

- O que ele te fez?

- Me pediu em namoro. – o semblante de Eriol então passou a parecer mais confuso.

- E isto é um problema?

- É sim... – disse encarando o chão.

- Saki... Explica direito. – olhei seus olhos azuis preocupados.

- Eu sei de tudo Eriol. Sei da aposta. – disse surpresa comigo mesma por ter a coragem de dizer isto pra ele. Ele franziu o cenho confuso.

- Aposta?

- A aposta do ensino médio... Eu sei que ele me levou pro baile por causa de uma aposta. Pra me levar pra cama no final.  – continuei. Ele então pareceu lembrar-se.

- Ele te contou?

- Não eu descobri... E por isso... –

- Não confia nele? – ele sugeriu. Assenti.

- Você não sabe como me senti, um lixo, um nada. Mas agora estou apaixonada por ele também, só que não consigo confiar... E também tem Awly...  – ele me olhou como se não estivesse entendendo nada, já que a única pessoa que sabia de Awly era Tomoyo Não vou repetir, não quero que ele saiba. - Não consigo me entregar por inteiro para Shaoran, não consigo conversar com ele sem ter um pé atrás... – disse rápido. Ele apenas assentia e me escutava. – Sei que não pode fazer nada, mas eu o deixei no meio da rua, e não sabia o que fazer, então só pensei em você. 

- Quem disse que eu não posso fazer nada? – ele disse misterioso.

- Do que está falando? – estava confusa.

- Me acompanhe. Vamos fugir daqui. – pegou minha mão e me carregou para fora da sala.

Estávamos num táxi rumo ao aeroporto de New York. Eu ainda tentava arrancar de Eriol para onde iríamos, deixando tudo para trás. Ainda usava meu collant, mas Eriol tinha me emprestado um avental antigo seu, que cobria as devidas partes do meu corpo.

- Eriol Hiragizawa, vou te perguntar pela última vez, pra onde está me levando? – disse impaciente.

- Para o aeroporto de New York. – revirei os olhos.

- Disso eu já sei. – disse fria.

- Olha, se eu te disser, você pula desse taxi em movimento, e eu não quero arriscar.

- Eriol, é sério. Eu não posso simplesmente largar tudo e ir voando com você pra não sei onde. – iniciava meu discurso.  – Eu tenho um jornal para dirigir, além da TGZ Models, e Tomoyo? Vai pirar quando se der conta que eu sumi, sem falar em Shaoran, que... – parei de falar com o toque de meu celular. Olhei para a tela e a foto de Shaoran surgiu. Rejeitei a ligação, como tinha feito nas 8 vezes anteriores.

- Eu já mandei uma mensagem para Tomoyo explicando o essencial, e é melhor não dizer para Shaoran para onde vamos, continue rejeitando as ligações, ou ele vai nos seguir.

- Não dizer a Shaoran para onde vamos? Como vou dizer se nem eu mesma sei? – disse exaltada. – E o hospital? Vai largar tudo por minha causa? – o carro estacionou na frente do aeroporto, descemos em direção ao check-in. Eriol me olhou carinhoso.

- É isso que os melhores amigos fazem. – ele disse beijando o topo de minha cabeça e entramos abraçados no aeroporto.

...

- WASHINGTON? – eu gritei. – O que diabos vamos fazer lá? – eu tagarelava andando de um lado para o outro, com o cabelo bagunçado, a maquiagem praticamente nula, e o salto alto tilintando no assoalho, iniciando uma irritante melodia.

- Eu disse que se te contasse no taxi você pulava... – ele brincava. Ele está descompensado? Ainda tinha senso de humor numa hora dessas?

- O que você tem em mente Hiragizawa? O que pode fazer por mim em Washington em relação á minha história com Shaoran? – dizia confusa. Já estávamos esperando o voo da meia-noite na sala de embarque. Meu celular tinha tocado tantas vezes que tive que desligá-lo. Shaoran parecia estar desesperado por me encontrar.

- Por agora só posso te dizer que lembrei de algo que vai lhe fazer refletir... – ele dizia misterioso.

- Você tem noção de como vai ser pra mim voltar aquela cidade? – disse num sussurro. – Eu jurei que nunca mais iria por os pés lá. É por isso que minha família sempre vem à New York e não o contrário. – disse séria. Ele acariciou meu rosto com as costas das mãos.

- Assim como jurou nunca mais falar com Shaoran? - ele respondia na mesma moeda. Puxei-o para um abraço. – Não vai chorar de novo vai? – ele questionou preocupado.

- Já fiz cena de mocinha por muito tempo, minhas lágrimas já secaram. 

Shaoran narrando

Eu estava completamente frustrado e sem saber como agir. Sakura tinha me abandonado no carro rejeitando-me, fazendo-me sentir uma dor avassaladora corromper o peito, uma carência enorme. Ela tinha desaparecido, e não estava atendendo o celular. Flashes do dia do baile vinham a minha mente enquanto dirigia nervoso, a sensação de perda que estava sentindo quando percebi que ela nunca retornaria do banheiro da festa, voltou. O desespero sentido nas semanas seguintes quando não conseguia falar com ela... O arrependimento por ter feito parte de um ato adolescente inconsequente.

Já tinha passado horas que eu estava em casa sem saber o que fazer, ou pensar. Agora estava dirigindo feito um louco rumo á casa de Sakura. Esperava encontrá-la, ou iria perder a pouca sanidade que me restava.

Estacionei o carro ás pressas e adentrei no prédio, acelerado, sem nem mesmo me identificar, todos já me conheciam. Não podia esperar o elevador, então subi os sete lances de escada pulando, de dois em dois degraus, com a visão prejudicada pelas lágrimas que começavam a brotar em meus olhos. Limpei o rosto, não iria chorar, não na frente dela. Parei na frente da porta que tinha um grande e dourado número 76 na frente. Bati insistentemente até que ela foi aberta.

Minha respiração estava descompassada e meu coração acelerado. Olhei para a pessoa que tinha aberto a porta, e a decepção não podia ser maior.

- Cadê ela? Onde ela está? – disse empurrando Hiro para o lado e adentrando na casa furiosamente.

- Ei, calma! – Hiro disse fechando a porta indo a minha direção. Calma? Que absurdo. Segurei Hiro pela gola da camisa esporte, irado.

- ESTÁ ME PEDINDO CALMA? ACHO QUE VOU FICAR TE DEVENDO! – disse histérico chacoalhando o primo de Sakura. Minhas mãos envolveram então seu pescoço. Tomoyo logo adentrou o cômodo e gritou desesperada tentando me separar de Hiro.

- Shaoran! O que pensa que está fazendo? – ela disse assustada. Larguei Kinomoto bruscamente que passou a acariciar o pescoço avermelhado.

- Eu quero saber onde ela está Tomoyo! – a morena me encarava com olhos vidrados. Pude ver medo neles. Mantive meu olhar sobre o dela esperando uma resposta. Minha respiração continuava pesada. Eu estava em estado de fúria.

- Ela não está aqui. – respondeu seca.

- Então vou ficar aqui até ela aparecer! – gritei sentando no sofá. Tomoyo negou com a cabeça.

- Nem pensar, você não vai ficar esperando até sei lá eu quando no meu sofá. – ela disse me levantando pelo braço e encaminhando-me para a porta. Desvencilhei-me de Tomoyo com facilidade, confuso com sua última frase.

- Como assim? Onde é que ela está? – perguntei confuso e apreensivo.

- Se ela quisesse que você soubesse, já teria lhe dito. – disse séria e firme.

Ao ouvir esta frase saí como um furacão do apartamento batendo a porta com força. Cambaleei até as escadas de emergência e deitei-me nos degraus, chorando compulsivamente. Ela tinha feito aquilo de novo. Tinha ido embora.

Tomoyo narrando

Respirei fundo enquanto minha mão trêmula mexia a colher em um copo de água com açúcar.

- Respira Tomoyo, fica calma. – Hiro repetia pela milésima vez.

- Calma é a última coisa que eu vou ficar até aqueles dois voltarem! – tomei um gole e olhei para Hiro que ainda massageava seu pescoço. – Tem gelo no freezer. Pega lá e bota no pescoço.

- O Li é muito forte. Olha isso aqui, vai ficar marca, certeza. – disse observando o seu reflexo pela porta do microondas espelhada. - Tem certeza de que fez a coisa certa? Não contar pra ele que Eriol e Sakura estão em Washington pode ter sido um erro. Ele parecia bem transtornado.

- Não sei. – disse pensativa. – Só espero que ele não faça uma besteira.

Sakura narrando

 “Atenção senhores passageiros apertem os cintos de segurança. Estaremos aterrissando na capital de Washington em minutos.”

A voz da aeromoça me despertava do cochilo que tirava repousando minha cabeça no peito de Eriol. Apesar do voo curto, de apenas 28 minutos, não tive outra alternativa a não ser dormir para tentar esquecer do turbilhão de problemas que estava passando.

O avião pousou e pude perceber que Eriol ainda dormia do meu lado. Dei-lhe um beijo estalado na bochecha despertando-o do cochilo. Ele se espreguiçou e desembarcamos. Fomos ao grande saguão do aeroporto de Dulles e vimos todos os passageiros irem em direção á esteira de malas para pegarem suas bagagens. Um estalo então aconteceu em minha mente.

- Malas! Nós não temos malas! – disse preocupada. – E agora? Só tenho a roupa do corpo, que convenhamos não é nem uma peça completa. – disse segurando o avental que ele tinha me dado.

- Faz o seguinte, compre algumas peças aqui, para passar bem esta noite. Amanhã vamos num shopping e resolvemos este problema.

- Mas e você? Não vai comprar nada para você? – estranhei. Ele riu.

- Nós estamos indo para a minha antiga casa Saki, tenho roupas lá. – encarei-o. Realmente, era de se esperar.

O taxi parou na porta do Dulles DC hotel, nossa antiga escola, e nossas casas ficavam num bairro um pouco distante deste lado as cidade. E como já passava da 1 da manhã não dava para simplesmente chegar na casa de Eriol e dizer “Boa noite senhora Hiragizawa, posso dormir aí?”

Pegamos o primeiro quarto disponível, troquei-me com um pijama que tinha comprado no aeroporto, muito caro por sinal, e pulei cansada na cama. Amanhã, quer dizer, daqui a pouco, seria um longo dia.

...

Já estava reconhecendo minha antiga cidade, estava de volta a Washington DC. Começava a identificar as ruas, os parques... Passamos em frente á pizzaria do Earl, da floricultura da Dona Jenny... Passamos em frente á minha casa. Ela estava a mesma de sempre. Amarela e pequenininha, com seu vasto quintal verde e vivo que destoava dos outros. Minha antiga casa da árvore ainda estava de pé.

Uma nostalgia enorme invadiu meu coração, e a saudade começou a doer. Saudade de meu pai e meu irmão. Saudade de minha tia, mãe de Hiro, que morava aqui perto. Mas a pior saudade era de mim mesma. Da Sakura de 17 anos, que tinha como lema de vida o carpe diem e só tinha certeza de que o sol nasceria no dia seguinte. Da Sakura alegre e despreocupada que amava andar de patins. Da Sakura de roupas floridas. Da Sakura de coroa na cabeça.



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