1. Spirit Fanfics >
  2. Revenge Girl >
  3. Cartas na mesa

História Revenge Girl - Cartas na mesa


Escrita por: MandsChan

Notas do Autor


Será que esses dois finalmente se entendem? Ou se separam de vez? Façam suas apostas!

Capítulo 28 - Cartas na mesa


Tomy estava dirigindo seu carro, e Eriol estava no banco da frente. Eles conversavam animadamente, tentando sanar as saudades que sentiam um pelo outro. Eu e Shaoran estávamos no banco de trás. Apesar de odiar o banco de trás, ele não se pronunciou ao saber que Eriol ia na frente. Eu estava encostada no canto direito, observando a paisagem pela janela, ele estava na mesma posição que a minha só que no canto esquerdo do carro. Estávamos separados e não nos tocávamos mais.

Desde nosso beijo, encaramo-nos por um instante, eu desci de seu colo e passamos a andar separados, sem dizer ao menos uma palavra. Parece que o carinho trocado foi apenas a maneira que os dois concordaram em ceder para recarregar as baterias. Sentir o toque do outro bastou para aliviar um pouco da tensão, mas não o bastante para resolver tudo que estava pendente. Ainda teríamos uma longa conversa, da qual eu perdia a ansiedade a cada minuto que se passava. Tomy entrou na garagem do prédio dos meninos estacionando na vaga de convidados. Eu, Shaoran e Eriol descemos do carro. Tomy nos acompanhou.

- Vai descer? – questionei-a.

- Quero matar as saudades, e com o Hiro em casa, não dá. – ela disse risonha. Forcei um sorriso. Estava com saudades de Hiro. Provavelmente iria fazer uma festa sozinho em casa.

- Como ele está? – disse enquanto os quatro iam em direção aos elevadores.

- Bem preocupado e sem entender nada. – ela justificou. Entramos, Eriol apertou o andar 8.

- Ele não é o único. – disse a voz rouca de Shaoran que eu ainda não tinha ouvido pessoalmente. Senti um frio percorrer minha espinha. O silêncio instalou-se, só foi quebrado pelo abrir das portas do elevador. Eriol e Tomy foram para uma porta de mogno e eu e Shaoran para a outra, de frente a primeira. Ele destrancou a porta e entrou. Antes de entrar virei-me e vi Tomy sussurrar “boa sorte”. Assenti, e entrei suspirando.

Sentei-me no grande sofá preto. Ele sentou na minha frente e passamos a nos encarar. Um silêncio constrangedor instalou-se no local.

- Quem começa? – disse tentando quebrar o clima.

- Não fui eu quem fugiu. – ele dizia sustentando seu olhar sério. Suspirei.

- Tudo bem, então, acho que é minha vez. – olhei um pouco minhas mãos e depois voltei a encará-lo. – Eu não consegui te responder aquilo que me perguntou no carro por que, apesar de admitir estar apaixonada por você – ele abriu mais os olhos, como se não acreditando. – eu não conseguia confiar em você. – disse numa voz mais baixa.

- Isso eu já tinha percebido. Só não entendo até agora o motivo. – segurei suas mãos que estavam jogadas no sofá e entrelacei nossos dedos.

- Eu sabia da aposta Shaoran. – disse olhando-o com cautela. Ele hesitou e respirou pesado.

- Como assim? Desde quando? Eriol te contou? – ele estava visualmente nervoso.

- Desde o baile. E não, Eriol não me contou nada, apenas esclareceu tudo. – ele continuou a me olhar confuso.

- Vocês voltaram de Washington... O vídeo. – ele disse engolindo seco.

- Sim, eu o assisti. – ele desencaixou seus dedos dos meus e passou a caminhar de um lado para o outro da sala, visualmente nervoso.

- Eu não acredito nisso. Você não podia, devia ter conversado comigo, me dito que sabia... Tudo seria tão mais fácil. – ele lamentava. Levantei e olhei-o incrédula.

- Como queria que eu tivesse uma conversa civilizada com você exatamente sobre o assunto que destruiu minha antiga vida? Se não percebeu eu não sou mais a mesma de antes.

- Eu já disse que você ainda tem a mesma essência, só está mais dura por fora.

- Que seja, eu não tinha como introduzir este assunto. Por isso que no início fingi que não te conhecia, queria te excluir da minha vida pessoal, para não sofrer mais. Já bastava te encontrar no trabalho. – dizia aproximando-me dele, um pouco alterada. – Mas as coisas foram se misturando, nós fomos nos aproximando... E quando eu fui ver, tudo estava perdido. – ele me olhou incrédulo.

- Perdido? Estar apaixonada por mim é uma derrota?

- Em parte sim. É uma derrota a tudo que estava construindo. Aos muros que me davam segurança e me separavam de você. – pude ver a raiva em seus olhos.

- Você é impossível! Eu nunca tive a intenção de te machucar com aquela maldita aposta! Eu fui praticamente intimado a participar, não tive como negar já que-

- Sua reputação estava em jogo, eu sei. Assisti ao vídeo inteiro.

- Não. Era mais o orgulho de não negar uma aposta. Eu nunca te usaria simplesmente pra depois expô-la como um troféu. Não sou um crápula. – disse entre dentes. Suspirei.

- A questão é. Apesar de assistir ao vídeo, e perceber que poderia começar a confiar em você, de uma vez por todas, uma dúvida ainda paira em minha mente. Depois que deixei o baile, ao ouvir a conversa de seus dois amiguinhos sobre a maldita aposta – ele cerrou os punhos – O que aconteceu? Quero dizer, o que disse a eles?

Shaoran me olhou pensativo por alguns segundos.

- Bem...

Flashback on

Narrado por Shaoran

Tudo estava saindo fora de minha expectativa. Eu achava que não ia aguentar ficar ao lado dela, que apesar de estarmos muito mais próximos, o “objetivo” da noite não pararia de me perseguir, a aposta não sairia de minha cabeça. Mas por incrível que pareça este maldito acordo não pairou em minha mente por nenhum minuto, bem a não ser agora.

Eu estava realmente me divertindo. Apesar de ter que aguentar os olhares masculinos para o corpo de Sakura, Peter, o nerd que nunca desiste. Apesar de tudo, estava sendo emocionante. Nós tínhamos nos beijado, na dança de rei e rainha do baile, posições que nós ganhamos. Eu estava com um sorriso de orelha à orelha, esperando ansiosamente ela voltar à mesa para puxá-la para outra dança, depois outra, até o fim da festa.

- E aí? – Eriol disse sentando-se ao meu lado na mesa. Tomoyo não o acompanhou.

- Cadê a Tomoyo?

- Foi ao banheiro. – disse bebendo um gole de ponche.

- Sakura também está lá. Será que mesmo sem combinar essas garotas vão ao banheiro juntas? – brinquei. Ele riu.

- Está todo feliz, nem parece aquele coitado de hoje mais cedo. Aquele com medo de ver a Saki. – parabéns Eriol, conseguiu tirar o sorriso de meu rosto. – Como vai fazer? Ainda não me disse. Vai contar a verdade pros caras? – tomei um gole de ponche.

- Vou. Dane-se o que eles vão falar, essa história já foi longe demais. – disse convicto. Eriol sorriu e deu dois tapinhas em meu ombro.

- Esse é o meu garoto. – sorri de volta.

O tempo foi passando e nada de Sakura. Ela já tinha saído a mais de meia hora, e nada.

- Oi gente. – Tomoyo disse sorrindo, sentando-se ao lado de Eriol.

- Demorou, viu? – ele reclamou.

- Você sabe, arrumar o cabelo, retocar a maquiagem... – ela começou. Então virou-se para mim. – Cadê a Saki, Shaoran? – arregalei os olhos em surpresa.

- Eu é que te pergunto, não encontrou ela no banheiro?

- Não. Eu fiquei sozinha esse tempo todo por lá. – levantei-me preocupado. – O que aconteceu?

- Ela disse que ia ao banheiro alguns minutos antes de você, e não voltou até agora. – ela se levantou.

- Vamos procurá-la.

Eu, Eriol e Tomoyo procuramos por Sakura em todos os lugares daquele salão. Ela tinha evaporado. A morena voltou ao banheiro das meninas algumas vezes para checar, e nada. Já estava ficando realmente preocupado. Sua bolsa estava em cima da mesa, então estava sem celular, sem dinheiro. Não podia ter ido embora, podia? Mas se foi, por qual motivo? Eu tinha feito algo de errado que ela não tinha gostado?

Nós três tínhamos nos separado, eu estava agora indo em direção aos fundos da festa, um local escuro e que parecia desabitado. Só parecia. Duas sombras surgiram de lá, e uma delas estava segurando algo brilhante em uma das mãos.

- Olha quem vem lá! O mais novo abandonado da noite! – Jake brincava com um sorriso irônico nos lábios. Cerrei os punhos ao perceber o que tinha em mãos. A coroa que Sakura usava há pouco.

- Onde conseguiu isto? Onde está ela? – berrei nervoso partindo pra cima de Jake. Brad entrou no meio de nós dois.

- Ei, ei, ei. Muita calma nessa hora. Saiba perder com dignidade Li. – empurrei-o pra longe.

- Perder? Acha que estou ligando pra esta porra de aposta? – ri cético. – Quero saber onde está Sakura. É a única coisa que me interessa. – eles se encararam e riram. Gargalharam na minha cara.

- Ah, claro. Agora que ela fugiu você vem com essa de “não ligar para a aposta”.  – Jake ria chacoalhando a coroa em suas mãos. Eu já estava completamente sem paciência. – Admita, você perdeu. – ele ria vitorioso.

- Perdi! Realmente perdi minha dignidade ao me envolver em algo tão sujo como isto! Eu nunca tive a intenção de seguir esta aposta até o final, só fui burro o bastante para ter medo de ser julgado... Quer saber? Eu espero que vocês tenham um bom proveito ao me difamarem pra Washington inteira, estou pouco me importando. Agora será que podem falar de uma vez por todas onde conseguiram esta coroa? – disse alterado. Eles se entreolharam com o sorriso cínico ainda nos lábios.

- Siga as pistas Shaoranzinho. – Brad disse apontando para a saída dos fundos. Saí em disparada para a porta arrancando a coroa das mãos de Jake. Abri a porta bruscamente e o vento gelado lambeu meu rosto. Olhei em volta e vi um caminho de grampos de cabelo darem até a echarpe que Sakura usava. Ela tinha ido embora. Tinha me deixado.

Segurei a coroa com mais força e me abaixei para pegar a echarpe. Virei-me e entrei no baile novamente. Jake e Brad alargaram um sorriso de escárnio ao me verem passar. Encontrei Tomoyo e Eriol no meio da pista conversando com uma desconhecida, provavelmente perguntando de Sakura. A morena me viu chegar com cara de enterro.

- E aí? Encontrou ela? – perguntou esperançosa. Então notou o que eu tinha em mãos.

- Ela foi embora. – disse coma voz baixa e triste. Eu realmente não estava acreditando.

Flashback off

Narrado por Sakura

Ele tinha acabado de me contar o pedaço que faltava. A peça restante do quebra-cabeça. Agora tudo se encaixava, todos os pedaços possíveis da história estavam montados. Eu não o interrompi, deixei que a história fluísse de seus lábios, eu precisava ouvir tudo de uma vez.

Ele me encarava, como se esperando uma resposta, e eu apenas tinha o olhar fixo em seu rosto, mas com a mente vagando longe.

- Você ouviu alguma palavra que eu disse? – ele finalmente quebrou o silêncio. Sua voz dura como a de antes.

- Sim, escutei tudo. – disse numa voz um tanto quanto, sem emoção.

- E aí? Aposto que não acreditou certo? Eu sou um idiota mesmo, ainda perco meu tempo me explicando para uma pedra como você. – como?

- Shaoran! Do que está falando? Eu não disse ainda o que decidi!

- Isso! Decidiu! Você, sozinha. Uma relação não se baseia na decisão de um Sakura, mas nas decisões dos dois. E não adianta você se decidir, se eu não estiver de acordo. Eu também tenho muito o que pensar em relação a você. – ele disse elevando o tom de voz. Estremeci.

- Muito o que pensar?

- Sim. Eu já admiti que estou apaixonado por você, e surpreendentemente você me corresponde. E isso é ótimo. Mas não é o bastante. – ele estava seco, e apesar de estarmos a apenas dois passos de distância, estava mais distante que nunca. – Você não confia em mim e eu não confio em você. Que tipo de relação pode dar certo desse jeito? – senti os joelhos enfraquecerem.

- Nã-não confia em mim? – gaguejei, demonstrando meu nervosismo.

- Depois de tudo o que passei... Como poderia? Como posso ter certeza que em uma briga você não vai sair correndo e pegar um voo para a Nova Zelândia? Como posso me assegurar que vai estar aqui por mim sempre que eu precisar? Você me machucou muito, e eu não sinto a estabilidade que me conforta perto de você. – o que ele estava querendo? Estava querendo me destruir, é isto? Pois de fosse, parabéns. Estava conseguindo.

- Shaoran, pare com isto! Eu... Eu amo você, tá legal? Eu confio em você, não quero voar para a Nova Zelândia sem você... – eu dizia rápido. Aproximei-me dele, segurando seu rosto com minhas mãos.

- Não me venha dizer que confia em mim só para...-

- Eu não estou mentindo. Eu confio em você. – disse olhando fundo em seus olhos. Ele pareceu vacilar um pouco, então se pronunciou.

- Teve que ir até Washington para ter certeza?

- Não. Tive que olhar agora, no fundo de seus olhos, para ter certeza. A certeza de que eu te amo, que confio em você, que quero ficar com você, pra sempre. – disse coma voz embargada.

- Sakura... - ele disse tentando afastar seu rosto do meu.

- Cala a boca. Você é um idiota mesmo se pensa que eu falaria tudo isso para um homem qualquer. – aproximei-nos novamente. - Eu estou revendo tudo o que me tornei, me abrindo, falando a verdade, e você parece não escutar. – revirei os olhos. – Eu. Amo. Você. E nada vai mudar isso, por mais que eu queira, esse sentimento me assola a oito anos, desde que você entrou na escola. – um sorriso pareceu brotar em seus lábios. – Então se aquela proposta que me fez ainda está de pé... Eu queria te dizer que... sim. Eu adoraria te dar satisfações. – disse sorrindo. Ele roçou seu nariz no meu.

- Eu também adoraria namorar você. – disse sorrindo, e então me beijou.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...