- Tomoyo Daidouji! – esbravejei ao entrar em casa. – Como pode fazer isso comigo? – a morena apareceu em suas pantufas de panda e uma cara de sono.
- Sakura, eu estava dormindo. – ela murmurou.
- Que se dane! Você não tinha o direito de mentir pra mim! – ela pareceu cair em si.
- Ah, isso. Sakura, a Mei..-
- Que raiva que eu estou de você.
- Que seja, a Meiling é ótima. Só quis seu bem o tempo inteiro, e eu confiei nela, por isso ajudei. Nem me venha com broncas, você a adora também.
- Adoro mesmo, fazer o que! – Tomoyo apenas revirou os olhos e virou-se para a porta de seu quarto novamente. – Onde está indo?
- Voltar ao que estava fazendo antes de ser rudemente interrompida. Vou dormir. – ela disse seca. E fechou a porta na minha cara.
- Tomoyo, não são nem sete da noite! – disse batendo na porta. Ela não respondeu. Bufei e saí do apartamento em direção a garagem.
Será que ninguém ia me dar razão? Shaoran disse que exagerei, Tomoyo bateu a porta na minha cara, isso por que já tinha me chateado antes. Liguei para Hiro e ele não atendeu. Só faltava uma pessoa, meu amigo doutor, um tanto quanto sumido de nossa rotina ultimamente. Dei uma curva fechada e inesperada para a direita, estava a caminho do Hospital Haddinson Burk.
- Eriol, acha que estou enlouquecendo? – disse entrando bruscamente em sua sala, encontrei meu amigo sumido imerso em papéis.
- Nunca te achei normal, e obrigada por bater. – sentei-me em sua frente.
- É sério, eles acham que eu estou exagerando, mas poxa, ela me confundiu, e agora estou chateada e ainda tem a Tomoyo que fez parte de tudo isso, mas o Shaoran não sabia de nada... – eu desenrolava meu dilema como uma matraca, meu amigo me encarava sem entender nada. Eriol levantou-se da cadeira e ficou ao meu lado, segurando-me pelos ombros, para que parasse de falar e o encarasse.
- Sakura, calma. Respira. – fechei minha boca e voei em seu colo, abraçando-o fortemente.
- Eu sinto sua falta, só você me entende. – disse apertando-o cada vez mais contra meu corpo.
- Me desculpe, o hospital está me prendendo esses dias... Parece que ando perdendo muita coisa, certo? – assenti com a cabeça. – Que tal me contar? – suspirei e voltei a sentar na cadeira. Eriol agachou-se ao meu lado, segurando minhas mãos.
Eu contei tudo, e diferente de todos que me cercavam, Eriol era paciente e compreensivo. Não me interrompeu nenhuma vez, apenas assentia e escutava. Sem demonstrar sentimentos, ou feições comprometedoras. Ele ouviu tudo com o semblante neutro.
- E então eu vim correndo para cá, procurando alguém que me entendesse... – terminei, encarando nossas mãos entrelaçadas. Ele suspirou.
- Posso começar, agora? – encarei-o.
- Quando quiser.
- Você exagerou. – revirei os olhos. – Mei me pareceu realmente preocupada com você. E eu esqueci de te dizer, mas quando Shaoran me explicou quem era a Mei, me lembrei, a conheço desde criança também, ela é ótima. Meio maluca, mas ótima. – ele riu. Suspirei.
- Que droga, odeio me sentir errada. – bufei. Ele acariciou meus cabelos.
- Já devia estar acostumada, a maioria das vezes está. – olhei-o cabisbaixa, ele tinha razão.
- Você está certo sobre Meiling. – disse surpresa ao me ouvir concordando com Eriol.
- Estou ficando maluco? Ou você acabou de concordar comigo? – revirei os olhos.
- Bestão. – abracei-o de novo e senti um cheiro diferente. - Hum... Perfume novo, Hiragizawa? – ele sorriu malicioso e soltou-me do abraço. Correu para sua mesa e pegou algo que escondeu atrás das costas. – O que tem aí?
- Vou te marcar Kinomoto. – ele disse sapeca, e começou a borrifar perfume em meu rosto.
- Pare com isso! – disse tentando estapeá-lo. Consegui arrancar o frasco de suas mãos. – No que está pensando, seu louco! – disse rindo. – Estou cheirando a homem agora. – torci o nariz.
- Só para descontrair marrenta, estou precisando, e você também. – abracei-o de lado.
- Que tal sair pra jantar comigo doutor? – sorri maliciosa.
- Desculpe, estou trabalhando. – ele revirou os olhos.
- Por favor, há pouco tempo atrás você largou tudo isso aqui por dias. Lembra de Washington?
- Não só lembro, como pago por ele todos os dias. Quando voltei minha supervisora estava uma fera, quase perdi o emprego. – arregalei os olhos.
- Eriol, me desculpa, eu não devia...-
- Ter desabafado comigo? Não tem por que se desculpar, quem te arrastou numa viagem direto para o passado fui eu. – ele se justificava.
- Mesmo assim, você quase perdeu o emprego, e agora vive trabalhando feito um louco para mantê-lo, tudo por que eu surtei. – ele riu sarcasticamente
- Vamos mudar de assunto? Já percebi que com este não vamos chegar a lugar nenhum...
- Só mudo de assunto se me acompanhar para jantar... – insisti mais uma vez.
- Sakura...-
- Eriol...- imitei-o. – Por favor. – insisti, numa voz doce. Eriol olhou brevemente para a pilha de papéis da mesa e depois pousou seus olhos sobre os meus, que imploravam para que ele dissesse sim.
- Você e Tomoyo têm a péssima mania de conseguirem tudo o que querem de mim. – ele disse revirando os olhos. Colocou rapidamente todos os papéis que estavam em cima da mesa, numa pasta e colocou-a no braço. – Vamos logo, antes que eu perceba realmente o que estou fazendo. – e saiu da sala. O acompanhei feliz por poder passar mais um tempinho com ele.
...
Já eram quase onze da noite quando voltávamos do restaurante. Eu e Eriol estávamos no meu carro, a caminho do seu prédio, em meio a risadas e brincadeiras. Só falamos besteiras o tempo todo, esquecendo completamente o mundo aqui fora. Era muito bom estar com Eriol, estava sentindo sua falta.
Entrei na garagem de seu prédio rapidamente, o porteiro já me conhecia. Estacionei na vaga de convidados e desci do carro, junto com Eriol.
- Você vai subir? – ele perguntou surpreso.
- Bem, não para o seu apartamento. – respondi maliciosa. É óbvio que eu vou passar a noite com o vizinho gostoso de Eriol, que no caso, é meu namorado. Ele revirou os olhos.
- Só me façam um favor, usem camisinha. – olhei-o monótona. Sem graça.
Despedi-me de Eriol e toquei a campainha de Shaoran. Poucos segundos depois a porta se abriu e um ser descabelado, com os olhos inchados de sono, e só de cueca boxer preta e meias da mesma cor, atendeu a porta. Por um segundo esqueci-me de fazer aquela coisa com os pulmões, sabe? Aquela tal de respiração fugiu de minha mente.
- Pensei que não ia mais te ver hoje – ele disse esfregando os olhos e abrindo um sorriso gostoso. Pulei em seus braços, empurrando-o porta adentro, esta bateu, pela força de meu ato.
- Acha que ia conseguir ficar longe de você? – disse com o semblante derretido. Ele sorriu bobo e se aproximou para me beijar, quando nossos lábios já estavam quase se tocando, ele se afastou, encarando-me curioso.
- Que perfume é esse? – então aproximou seu rosto de meu pescoço, cheirando mais uma vez, causando-me arrepios. – Perfume de homem Sakura? – ele disse afastando-se um pouco mais de mim.
- Seu amigo retardado resolveu despejar o vidro de perfume em mim. – disse rindo, lembrando-me da cena de mais cedo.
- Que amigo?
- O Eriol, oras.
- O perfume de Eriol não é esse. – ele afirmou.
- Desde quando conhece perfume de homem? – disse divertida. Ele não sorriu.
- Não começa. Quero saber de quem é o perfume impregnado no pescoço da minha namorada.
- Tá legal, então eu quero saber o que o meu namorado pensou estar fazendo ao atender a porta neste estado. – disse apontando para sua cueca.
- Não muda de assunto.
- E se não fosse eu? E se fosse uma vizinha oferecida pedindo para você “trocar a resistência do chuveiro”?
- Pare de drama, eu acabei de acordar, nem vi que estava só de cueca. De quem é esse perfume? – que saco. Era crime eu querer apenas beijar apaixonadamente meu namorado? Parece que sim, já que as forças divinas não facilitam as coisas.
- Shaoran, já disse, é de Eriol, ele mudou o perfume, e depois borrifou em mim. Fim de história. Se está duvidando, pergunta pra ele amanhã, idiota. – disse revirando os olhos.
- Amanhã? Por que não agora? – que ingênuo. Enrosquei a ponta de meus dedos no elástico de sua boxer e puxei-o para mim.
- Por que, apesar de ser um implicante, eu não vou deixar você sair agora, querido. – disse sedutora. Centésimos de segundos puderam ser contados até que eu tomasse seus lábios com os meus.
Aos poucos minhas peças de roupas foram tomando o rumo do chão, assim como vários móveis derrubados por nós, a caminho do quarto.
Tive pouco trabalho desta vez, já que Shaoran já estava somente de cueca. Em poucos segundos esta última peça também tomou o rumo do chão, e a última coisa que senti, antes de perder a sanidade, foi o roçar de meias em minhas pernas.
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