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História Revenge Girl - Todas as máscaras caem


Escrita por: MandsChan

Notas do Autor


Amorecos eu voltei =) Tive muitos problemas nos últimos dias com o meu computador, mas agora já tá tudo certo e acho que vou voltar a postar com a fequência de sempre! Este próximo capítulo tá enorme e cheio de revelações, espero que gostem ^^ E por favor, não esqueçam de me contar o que estão achando! Opiniões positivas, negativas, mas opiniões!

beijinhos :*

Mands

Capítulo 37 - Todas as máscaras caem


Comecei a sentir meus olhos arderem. Eu parecia confusa, mas eu sabia a resposta desde o início. Como Touya disse pra mim há uns meses atrás, o meu coração já sabia, sempre soube.

- Me desculpe. – disse um pouco alto, para que ele escutasse, já que estava um pouco longe. – Eu não posso. – encarei o chão. Segundos depois meu celular vibrou.

“O que está dizendo? Não te entendo...”

Respirei fundo.

- Tem alguém lá dentro que me impede. Tem alguém lá dentro que me tem por inteiro. Se eu der esses passos até você, vou magoar a última pessoa no mundo que eu quero machucada. – meus olhos estavam marejados, deixei uma lágrima cair. – Sinto muito por ter te chateado no último ano da escola e ter ido ao baile com Shaoran. É ótimo poder te ver ao vivo e finalmente tirar este peso das minhas costas, oficialmente. – sorri melancólica e mais lágrimas rolavam pelo meu rosto. Ele continuava imóvel, apenas me escutando. – Mas se eu tiver que escolher entre Shaoran e você... Sempre vai ser ele. Sempre foi ele. – fechei os olhos e respirei fundo. Encarei-o novamente. - Adeus, Awly. - disse dando lentos passos para trás.

No entanto a reação dele não foi como eu esperava. Ao invés de ir embora, ele começou a vir na minha direção. A passos largos e rápidos, quase uma corrida. Apressei meus passos para trás, mas sem tirar meus olhos do mosqueteiro que estava cada vez mais próximo.

Minhas costas bateram na porta. Quando fiz menção de me virar para girar a maçaneta, ele me alcançou. Awly estava ali, na minha frente.

Mais rápido do que pude perceber ele se desfez da capa, então do chapéu, por último sua máscara caiu ao chão.

Holly shit.

Depois disso alguns segundos se contaram até que eu apagasse por completo. Eu acabara de conhecer a verdadeira identidade de Awly, e a minha surpresa não podia ser maior.

...

Uma brisa fina passava sob meu rosto, mas tudo ainda estava muito escuro. Senti um tecido grosso sob minhas pernas descobertas pelo vestido. Minha cabeça estava apoiada em algo quente e macio. Pude perceber que estava deitada.

- Sakura... Sakura... – ouvia sua voz aveludada me chamar, em tom preocupado. Eu estava sonhando, era isso. Isso explicava o porquê estava deitada, de olhos fechados, escutando sua voz. Quando abrisse os olhos estaria em minha cama, rindo do sonho mais estranho que já tive. – Sakura... Acorda, por favor... – sua voz não parava de sussurrar meu nome... Ah, aquela voz. – Está me enlouquecendo. Por favor acorde minha flor. – e a brisa soprou mais uma vez. Senti minhas pernas arrepiarem de frio.

Eu queria acordar de tudo aquilo, agora. Queria sentar em minha cama e sentir-me aliviada ao assegurar-me que tudo não passava de um sonho. Que eu estava atrasada para a festa a fantasia que ainda estava para acontecer. Que eu estivesse completamente equivocada ao saber a identidade de Awly. Ele não podia ser Awly... Não ele.

Meus olhos foram se abrindo lentamente e focaram-se em seu rosto preocupado.

- Sakura? Você está bem? Está sentindo dor? Eu fiquei tão preocupado. Você desabou na minha frente e eu não soube o que fazer. – comecei a sintonizar novamente.

Eu não estava sonhando, tudo aquilo realmente tinha acontecido. Olhei ao redor e vi uma capa, um chapéu e uma máscara jogados no chão. Levantei-me de supetão, do sofá que há pouco estava deitada, e passei a encará-lo, nervosa.

- Então não era um sonho... Era tudo verdade... Vo-cê... Você...- eu mal conseguia pronunciar seu nome.

- Sim, eu sou Awly. – ele disse calmo levantando-se também.

- Por que fez isso? Foi algum tipo de brincadeira? – eu despejava as perguntas passando de leve a mão em minha testa. Ainda estava um pouco tonta.

- Eu não sabia que você ia reagir assim. Ainda está muito abalada. Podemos conversar depois, e...-

- Nem pense nisso. Vamos resolver tudo isso aqui e agora. – ele hesitou e depois soltou um longo suspiro. Sabia que não poderia discutir com a minha teimosia.

- Tudo bem. O que quer saber primeiro? – ele disse dando um passo em minha direção. Dei um passo para trás.

- Mantenha uma distância segura, por favor.

- Sakura...

- Eu preciso assimilar tudo primeiro, a uma distância segura. – expliquei. Ele bufou.

- Tudo bem. Vou repetir. O que quer saber primeiro?

- Que tal tudo?

- Isso é muita coisa.

- Não, é o mínimo que eu mereço.

- Sakura...

- Eu juro que podia pensar em qualquer pessoa, qualquer ser humano para mim podia ser Awly, menos você.

- Eu sempre estive na sua cara, você que nunca me enxergou.

- Claro que não. Nunca conheci este seu outro lado. Para mim você era uma pessoa completamente diferente. – eu olhava-o intrigada. – Me explique, por favor, de uma vez por todas... Por que? Por que me fez passar por tudo isso? Por que estou me sentindo uma idiota agora? Por que Awly, este nome completamente sem sentido? Eu quero saber tudo, quero que me responda a todos os meus porquês Awly. Ou melhor dizendo. Quero que me explique tudo de uma vez por todas Shaoran Li. – ele respirou fundo e olhou em meus olhos. Uma brisa fina soprou novamente bagunçando seus cabelos castanhos. Espremi meu corpo de frio.

- Tudo começou no meu primeiro dia de aula no Phoenix High School.

Flashback on

Shaoran Narrando

Eu estava me mudando novamente de escola. Nunca fui um garoto muito comportado. Juro que tenho um pouco de pena de Eriol. Ele só me acompanha, nunca faz nada, e leva a culpa como eu. Pelo menos tenho uma companhia nesta migração de escolas que tenho feito ultimamente, Phoenix High School, já seria a terceira deste começo de ano.

A culpa não é minha se minha família não entende que internato é bom para meninas. Odeio usar uniforme. Odeio regras. Finalmente acho que vou poder me misturar um pouco, pelo o que eu saiba, Phoenix, é só mais uma comum escola americana.

Depois de enlouquecer toda a China com o meu comportamento um tanto, petulante, minha mãe me “exilou” nos Estados Unidos, Washington para ser mais exato. Aqui vivemos somente eu e meu mordomo Wei, numa desnecessariamente enorme e vazia mansão. Eriol também é estrangeiro, japonês. Nossas famílias fazem negócios juntas há muitos anos, o conheço desde criança, desde a China. Ele se mudou para cá há alguns anos com a família e já que queriam me exportar para os Estados Unidos, pedi que ao menos fosse no mesmo lugar em que Eriol estava.

- E aí, finalmente vamos nos fixar, ou ser nômade te agrada? – Eriol brincava enquanto entrávamos pela porta principal. Observei meninas lindas, de saias curtas e decotes enormes passarem por nós.

- Daqui não saio, daqui ninguém me tira. – brinquei, entramos.

Carne nova significa atenção total. Eu e Eriol ficamos completamente rodeados de pessoas, lê-se meninas, ao entrarmos na sala de aula. Os mais novos alunos já estavam começando bem.

Um papo completamente fútil estava rolando quando o silêncio se fez. Percebi que alguém tinha entrado na sala. As meninas se afastaram de nós então, dando passagem para um morena de cabelos longos, e linda, vir até nós.

- Muito prazer. – ela disse abrindo um belo sorriso e focando as orbes azuis em mim. – Eu sou Tomoyo Daidouji e esta é minha amiga, Sakura Kinomoto. Sejam bem vindos. – então eu percebi que atrás do monumento moreno popular tinha uma pequena garota. Tinha os cabelos curtos, castanhos e lisos, enfeitados com uma presilha brilhante. Ela não era como as outras. Ao invés de saias curtas e blusas apertadas e decotadas, usava um vestido florido, acinturado e um pouco rodado. Seus olhos estavam fixos no chão e suas bochechas cheias de cor. Comecei a sorrir abobalhado para aquela menina. Ela era diferente e tinha chamado a minha atenção. Não parecia ser fácil, ou fútil. Ela parecia ser... Interessante.

As semanas passaram e eu não conseguia parar de notar Sakura. Cada sorriso, cada rubor de bochechas, cada olhar... Ela começou a se tornar cada vez mais presente em mim.

- Cara, será que dá pra parar de falar dela, por um segundo que seja? A prova é amanhã, e eu realmente preciso estudar. – como disse antes, Eriol só me segue. Ele até que é um tanto quanto responsável.

- Estou falando só dela de novo? Achei que estava falando de Harriet.

- E estava, mas como sempre o assunto acabou na Sarakura. – ele disse revirando os olhos.

- Cara, eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu nunca troquei mais de duas palavras com ela... Mas ela não sai de minha cabeça.

- Acho que finalmente fisgaram você Li. – Eriol disse monótono, encarando o livro de física.

- O que quer dizer com isso?

- Você sabe, acho que está apaixonado. – ele encarou-me por um instante, sorrindo maroto, e voltando sua atenção para o livro.

Como é? Eu, Shaoran Li, apaixonado? Só podia ser brincadeira. Eu não sou dos caras que se apaixona, não. Sou daqueles por quem todas se apaixonam. Não sou só de uma, sou de todas, e gosto muito de viver assim.

- Está maluco? Eu não me apaixono e você sabe bem disso.

- Todo mundo está sujeito a isso Li, você não é uma exceção.

- Claro que sou!

- Por que? Se acha melhor do que os outro neste quesito? O único com o superpoder de não se apaixonar nunca! – ele riu sarcástico. – Li Xiaolang, herdeiro do Clã mais poderoso da China! Pode fugir de suas responsabilidades e agir que nem um irresponsável pelo resto da vida, mas isso não te blinda de se apaixonar de verdade. – revirou os olhos. - Faça-me o favor. Eu tenho que estudar. – e voltou a atenção para seu livro.

- Você não está entendendo Eriol. Não é só a questão da possibilidade de estar apaixonado. É a possibilidade de estar apaixonado pela Sakura. – constatei indignado.

- Acha engraçado se encantar por uma ninguém? – ele riu.

- É mais que isso. Ela não tem o tipo Li, se é que me entende. É completamente tímida, retraída, gosta de estudar, usa vestidos que realmente cobrem as suas coxas...

- Vai ver, é exatamente isso que te chamou a atenção. Ela é diferente.

Depois dessa conversa com Eriol, mais algumas semanas se passaram e Sakura continuava mais presente do que nunca em minha mente. Apesar de ser um dos populares da escola, por causa de Sakura, não conseguia ficar com várias meninas, como estava acostumado. Nunca namorei, óbvio, mas sempre tinha alguém com quem passar a noite. No entanto, isto estava ficando cada vez mais difícil a partir do momento em que comparava todas á Sakura.

Nenhuma parecia ser boa o bastante. Ou eram muito atiradas, ou muito vulgares, ou muito magras, ou muito altas, ou muito encorpadas... Nenhuma era boa, nenhuma me satisfez, já que nenhuma era Sakura.

Decidi tomar uma atitude.

Eu já estava a poucos meses sentindo, calado, alguma coisa realmente forte por uma menina completamente diferente. Eriol estava certo, eu estava apaixonado por Sakura, mas não era tão corajoso como parecia. Não ia dar a minha cara á tapa. Pelas poucas palavras que troquei com Sakura, ela não parecia ser do tipo que se interessaria por mim. Mas eu não iria deixar de tentar.

Passei alguns dias pensando, até que o clichê bateu em minha porta. Bilhetes anônimos no armário.

- Tem certeza disso? – Eriol me perguntava pela centésima vez, enquanto íamos à direção do armário de Sakura.

- Não. Mas não consegui pensar em outra saída. – ele parou de andar e me encarou.

- Que tal falar com ela? – bufei.

- Prefiro o anonimato. – voltamos a andar e pouco tempo depois lá estava ele, o armário de Sakura, na minha frente.

- Enfia logo isso pela fresta e vamos sair daqui. – ele me apressou.

- Claro que não, eu vou abrir o armário e colocar num local estratégico. Se não corro o risco dela nem ver o bilhete. E depois do trabalho e da reunião extrema de coragem que ele me custou, se ela nem perceber ele, eu juro que me mato. – disse dramático. Eriol suspirou impaciente.

- Tudo bem, faça o que quiser, mas rápido, por favor. – assenti e encostei o ouvido na porta do armário. Comecei a girar a roleta de números prestando muita atenção. Em segundos sua combinação foi revelada e o armário aberto. Nenhuma tranca nunca me deteve.

Coloquei o bilhete em falso, para que caísse assim que a porta fosse aberta. Fechei a porta do armário e corri com Eriol para o próximo corredor.

- Você ainda não me disse como assinou o bilhete... Se não é com seu nome, é com o que? – apenas sorri.

- Você não iria entender. – disse simplesmente. Nem eu sei como bolei aquele nome... Awly.

Seu significado era ainda mais surpreendente. Principalmente para mim.

O tempo foi passando e Awly foi crescendo. Sakura começou a se acostumar com meus bilhetes diários, e até mesmo a gostar deles. Posso dizer isso por que espiava sua reação ao ler meus bilhetes. Para a minha sorte, ela não era tão perspicaz como eu imaginava. Sempre tentava descobrir quem eu era, mas nenhuma tentativa teve sucesso.

Sakura não era muito popular na escola, e isso me beneficiava por um lado. Não teria que aguentar os brutamontes do time de basquete dando em cima dela. Mas por outro lado, tinha um certo nerd esquisito que me tirava do sério as vezes. Peter Castle era completamente apaixonado por Sakura, mas por sorte ela não retribuía. Ele a convidada para todas as festas, bailes, passeios, talvez até para ir até a esquina. Este moleque não se toca.

O final do último ano do colegial finalmente chegou, e com ele, o famoso baile de formatura. Eu já estava tomando esta decisão há alguns dias, iria convidar Sakura para o baile, ou melhor, Awly iria convidar Sakura para o baile. Já estava perdurando este segredo por muito tempo e a escola estava acabando. Que chance teria se esperasse que tudo tivesse fim? Já estava ficado sem tempo. Deixei um bilhete hoje no armário de Sakura com a proposta, dei meu e-mail para que respondesse. Eu realmente esperava que fosse um sim.

Tudo estava saindo como o planejado, até que a bomba estourou em meu colo. Dois idiotas, mais conhecidos como Jake Simons e Brad Ackerman me desafiaram, com a pior aposta possível.

- Hey, Li! – Jake me chamou enquanto entrávamos no vestiário. O treino de basquete tinha terminado.

- O que foi Simons? – disse monótono.

- Já tem par pro baile? – olhei-o curioso.

- E isso te interessa? – soltei uma risada de escárnio. – Por acaso quer me convidar? - sugeri.

- Há há, que engraçado. – ele ironizou. Então Brad entrou na conversa.

- A questão é que... Queremos te propor algo... – eles trocaram um olhar cúmplície.

- Não quero nada que venha de vocês. – disse fechando o armário, encaminhando-me para a porta.

- Ei, ei, mais devagar. – Jake disse se colocado a minha frente.

- Você pode sair da frente? Tenho coisas a fazer. – o treino já tinha acabado, queria ir o mais rápido possível para casa e ver a resposta de Sakura.

- A gente sai, depois que nos ouvir. – Brad disse também se colocado na minha frente. Revirei os olhos. Podia tirá-los dali com um só golpe, mas me contive.

- Vocês têm dois minutos. – eles sorriram céticos.

- É o suficiente. – Jake disse. – Bem, você se acha o maior pegador do colégio, não é? Aquele que tem todas as garotas aos pés? – ele riu. – Temos um desafio para você.

- Mais especificamente uma aposta. – Brad completou.

- Apostamos que você não consegue levar certa garota pro baile, e depois para a cama. – eles riram. Olhei-os sério.

- Qual o problema de vocês? Não vou brincar deste jeito com garota alguma. – olhei no relógio da parede. – Se me derem licença, seus dois minutos já passaram. – forcei minha passagem pela porta, mas os dois me seguraram pelo braço.

-Calminha Li, a gente nem falou qual garota era. – Brad apertou mais meu braço. Soltei-me dos dois sem dificuldade.

- Não interessa quem seja, não vou ser sujo como vocês. – eles riram.

- Isso pula fora, seu fracassado. Até por que aposto que essa garota não ia cair de amores por você. – a curiosidade então me atiçou. Não quero me gabar, mas posso conquistar quem eu quiser.

- Quem é então?- disse aproximando-me de Eriol.

- Aquela estranha que segue a gostosa da Tomoyo pelos cantos. Uma tal de Samanta, sei lá, a maior perdedora. – trinquei os dentes. Eles se referiam à Sakura, minha Sakura. Eles queriam envolvê-la numa trama suja... Não conseguiria fazer isto com ninguém, imagine com ela.

- Esquece. – disse e me virei rapidamente para a porta conseguindo finalmente alcançar o corredor a passos largos e duros. Eles só podiam estar enlouquecendo.

- Hey, não fuja Li! – Brad berrou me seguindo rapidamente, Jake veio atrás.

- Me errem seus imbecis. – apressei os passos, finalmente saí do ginásio e entrei nos corredores da escola novamente.

- Imbecis nós? E você? Covarde. – Jake disse cético. Parei de caminhar e virei-me para eles.

- Covarde? Por não ser escroto como vocês? Por me importar em não usar alguém deste jeito? – eles riram.

- Qual é Li, pensei que fosse menos certinho. De badboy só tem a fama.

- Cala essa boca.

- Está muito veadinho pro meu gosto...

- Já disse para calar porra!

- Cagão.  – não aguentei e dei um soco na cara de Brad. Ele cambaleou para trás apertando as mãos contra o rosto.

- Isso, agora está melhorando. – Jake ria. Brad agonizava ao seu lado.

- Já disse que preciso ir embora, não me encham mais. – olhei sério, e me virei para andar rumo as ruas novamente.

- Que pena... Amanhã a escola inteira vai ficar sabendo a farsa que você é. – Brad disse se recuperando de meu soco. Seu nariz estava sangrando.

- Como é que é? – virei-me novamente para encarar os dois idiotas.

- Tá vendo isso aqui? – ele me mostrou um gravador. – Amanhã esta conversa toda estará no áudio do treino. O que nossos amiguinhos vão pensar quando ouvirem que Shaoran Li nega fogo? – Brad riu sarcástico.

- Vocês sabem que não foi nada disso que eu disse.

- Nunca ouviu dizer em edição? Ninguém vai ouvir a conversa completa, só as partes que nós acharmos... Conveniente. – eles cruzaram os braços em cima do peito, com ar superior. Malditos.

Eu não podia deixar que arruinassem minha reputação, parece ser fútil, mas não quero ser conhecido como brocha por aí. Mas também não posso usar Sakura a esse modo. E além do mais Awly já tinha a convidado... O que eu ia fazer?

- Se isso não parece ser incentivo o bastante, que tal um prêmio? Apostamos quinhentas pratas que você não consegue levá-la para a cama depois do baile. – Jake sugeriu.

Eu ia ter que arriscar, ia chamá-la para o baile. Lógico que não ia fazer nada com ela, mas os idiotas um e dois não precisavam saber desta parte.

- Fechado. – disse a contragosto. – Agora me deem este gravador. – ordenei.

- Até parece, e a nossa garantia? – eles riram e finalmente desapareceram da minha frente.

Corri para o estacionamento, tinha que pegar Sakura antes que ela fosse embora. Se ela chegasse em casa e aceitasse o pedido de Awly, eu teria problemas. Droga, droga, mil vezes droga. Tudo estava certo, Awly estava a um passo de ser revelado e agora tudo que construí está se esvaindo pelos meus dedos. Avistei Sakura colocando os patins e ela não estava com um dos semblantes mais doces que já vi.

- Posso falar com você um momento?- perguntei da melhor forma possível, mas acho que minha cara de enterro não ajudou muito. Estava puto.

- Er... Claro... - ela disse começando a esboçar um sorriso. E que sorriso...

- Vou ser direto. – disse tentando acabar com tudo o mais rápido possível. - Quer ir ao baile de formatura comigo? – disse sustentando meu olhar no seu. Ela devia estar me achando um otário, mas o que eu podia fazer? Queria que ela fosse ao baile com Awly, não comigo. Tudo bem que eu e Awly somos a mesma pessoa, mas... Ela mal me conhece, mal sabe o que sinto por ela... Já Awly, diz todos os dias que a ama.

- Er... - ela estava enrolando demais, torturando-me a cada segundo.

- E então? - apressei-a apreensivo. Eu estava sendo um grosso, mas não tinha como evitar, estava sendo pressionado, e odeio me sentir assim. - Sakura? Pode me responder? – chamei-a mais uma vez. Ela parecia estar em outro mundo.

- Claro. – ela disse sem graça. - Vou sim. – ao invés de apenas sorrir e acenar, deixei que meus olhos baixassem um pouco, demonstrando mais do que devia de meu desapontamento. Aqueles idiotas iam me pagar, estavam destruindo Awly por completo.

 - Tudo bem então... - disse encarando o chão. - Agente se fala amanhã. – me virei e fui embora.

Merda, ela deve me achar um idiota. Brad e Jake que me aguardem.

Depois dessa gafe fui me desculpar no dia seguinte, logo após de escrever “tudo bem por ter me dado um fora” como Awly. Dei-lhe uma rosa e pude ver seu sorriso no rosto novamente. Aquilo me iluminou.

O mais engraçado foi ver a sua cara ao quase me deixar ver um dos bilhetes de Awly em seu armário. Tadinha.

- Obrigada. – ela sorriu ao receber a rosa. Virou-se então para seu armário e hesitou. Contive o riso. - Er... Importa-se de me deixar sozinha agora?

- Er... Tá bom... Algum problema com seu armário? – perguntei cínico. Merecia o Oscar.

- Hum... Não, problema nenhum... É só que... Você sabe... Armário de garota, coisas de garota, né?- ela tentava sorrir convincente.

- Certo... – então pensei, por que não brincar um pouco? - Já sei o que tem no seu armário... – ela praticamente petrificou-se a minha frente. Sou um cara mau.

- O que? Você sabe? Mas como? Quem te contou? Desde quando sabe? – ela começou a tagarelar sem parar. Não conseguiu segurar um pequeno sorriso que brotou em meu rosto.

- Ei, ei. Calma Sakura. – segurei-a pelos ombros tentando impedir seus movimentos. - Sei o que você tem aí. – repeti.

- Aé? O que é então? - ela disse preocupada.

- Uma foto minha, claro. – pisquei galanteador e saí andando pelo corredor. Hoje de manhã, quando coloquei o último bilhete de Awly, resolvi interagir um pouco mais com o armário de Sakura. Provavelmente seria a última vez que o estaria invadindo, então, por que não dar uma olhada?

Encontrei tudo o que uma garota do tipo Sakura poderia ter. Roupas extras, muito livros de poesia, CD’s de bandas antigas, um diário, que eu não me atrevi a ler, mas o mais importante foi o que estava dentro de uma caixinha, no bolso do avental de química. Uma mini foto minha. Na verdade era meu corpo recortado da foto do campeonato de basquete do ano passado, que vencemos. Ela tinha cortado apenas a mim, e me levava no bolso. Sorri instintivamente. Eu tinha uma chance então, como Shaoran, e não só como Awly... Mas ainda me sentia péssimo por envolvê-la numa aposta sem cabimento.

O baile chegou e eu não podia estar mais apreensivo. Ela estava linda, e parece que todos os caras resolveram notá-la hoje. Idiotas.

Tudo correu até melhor do que eu esperava, por incrível que pareça, nós ganhamos a piegas eleição de Rei e Rainha do baile, e então aconteceu. Nos beijamos. E naquele momento eu finalmente comprovei o que sempre imaginava. Sentir o gosto de seus lábios, o calor de sua pele, tão perto da minha, foi fantástico... Finalmente, por alguns segundos eu consegui esquecer os imbecis e a estúpida aposta, consegui esquecer de tudo, do mundo lá fora. Tudo que minha concentração focava era nela, e no beijo que trocávamos.

Flashback off



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