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História Revenge Girl - A velha Sakura


Escrita por: MandsChan

Notas do Autor


Máquina do tempo mode:ON

Capítulo 46 - A velha Sakura


Narrado por Sakura

Estava em meu horário de almoço, mas não pretendia voltar á redação, a mensagem de “Awly” era um convite, para almoçar em sua casa. Engraçado isso de eu ir à casa de Awly, até tempos atrás nem conhecia seu rosto, e agora, bem, da última vez que nos vimos foi um desastre, quase saímos no tapa. Espero que tudo se resolva agora, de uma vez por todas.

Minha falta hoje será bem justificada, ou estarei ocupada “comemorando”, ou aos prantos, jogada em minha cama. De qualquer jeito, voltar à redação estava fora de cogitação. Dessa vez pedi permissão ao senhor Macborth, para variar um pouco. O velho deu de ombros, sabia que de um jeito ou de outro eu sairia, só o estava deixando ciente, pela primeira vez.

Ao abrir a porta de meu apartamento me deparei com Tomoyo e Amanda se abraçando ternamente no meio da sala. As duas tinham lágrimas nos olhos.

- O que está acontecendo aqui? – disse confusa. As duas se separaram e Amanda veio ao meu encontro. Jogou-se em meus braços envolvendo meu corpo num abraço caloroso.

- Ah Sakura, eu consegui! Consegui! – ela dizia rindo. Apenas retribuí o abraço calmamente. Meu humor estava péssimo, mesmo que ela dissesse que tinha ganhado na loteria, minha animação deixaria a desejar.

- O que conseguiu? – disse separando-me do abraço.

- Ela vai para Londres! – Tomoyo disse alto, animada, ainda sentada no sofá.

Então comecei a me lembrar que Mandy sempre dizia sobre a tal filial da Houston na Inglaterra. Recebendo em libras e morando em Londres, sonho da senhorita meio modelo, meio jornalista.

- Ah. – disse tentando forçar um sorriso – Que ótimo! – foi o máximo que consegui, as duas perceberam.

- Sim. Muito... – Amanda disse meio cabisbaixa, deixando de ser a garota saltitante de segundos atrás.

- Ei, desculpa. – abracei-a novamente. – É que hoje aconteceram umas coisas, e... Bem, não estou num bom dia. – Tomoyo olhou-me significativamente.

- Ai não... A bomba explodiu? – bufei.

- Você nem sabe o quanto. – joguei minha bolsa no sofá e fui na direção de meu quarto. As duas me seguiram e sentaram na minha cama.

- Ei, ei, ei, pera um pouco. Que bomba?  - Amanda disse curiosa. Apenas revirei os olhos e contei toda a história. Tudo sobre a noite do pijama, menos a parte que ela era o assunto claro, e sobre hoje na redação.

- Eu disse que isso ia acontecer! – Tomoyo como sempre, ajudando muito.

- Ai Sakura, desculpa, eu aqui toda animada e você cheia de problemas, me desculpa mesmo.

- Ei, para com isso. A culpa não é sua, e eu fiquei muito feliz, apesar de não estar parecendo. – soltei um sorriso. – Então, me conta como isso aconteceu, até ontem estava firme e forte aqui em New York... – fui em minha penteadeira e peguei dois prendedores de cabelo. – Enquanto isso, Tomy, prende meu cabelo, deixa ele mais curto. – disse sentando-me na frente da morena para encarar Amanda. Esta me olhou interrogativa.

- Curto?

- Muito papo, pouca história. – a repreendi. Tomoyo nada disse, apenas começou a prender meu cabelo.

- Eddie finalmente me enxergou, assim que saí da redação ontem ele me chamou pra uma reunião e me fez a proposta. – ela contava com os olhos azuis cintilando de alegria. – Ah Kinomoto! Estou nas nuvens!

- E você sabe quando volta, ou se volta?

- Então... O contrato inicial é de um ano, se meu retorno for bom para a filial, posso renová-lo a cada ano... E então...

- Bye-Bye New York. – completei.

- Só se eles gostarem de mim. – ela reafirmou. Revirei os olhos. – Mas eu prometo ligar,, mandar e-mails, cartas, pombos-correios, e tudo mais. Não quero perder o contato com vocês... – ela disse chorosa. Nos abraçamos, meus cabelos caíram curtos sob meus ombros, já estavam prontos. Tomy usou alguns grampo e presilhas.

Levantei e comecei a remexer no armário. Avistei uma caixa de papelão bem no fundo, ela estava dominada pela poeira. Retirei-a de lá com dificuldade, ela estava realmente pesada. Coloquei-a no chão e Tomoyo engoliu seco.

- O que está fazendo? – ela perguntou perplexa. Retirei um vestido rosa e cheio de flores. Ele estava embalado num plástico, portanto, livre do pó. Corri para o banheiro.

O vestido deslizou com facilidade, só insinuava mais o busto. Era incrível como um penteado e uma roupa nos fazia voltar no tempo. Olhando-me no espelho parecia que seis anos não tinham se passado, que meu coração nunca fora quebrado, que minha essência continuara intacta.

Saí do banheiro e o olhar de Tomoyo não podia ser diferente, surpresa total. Ela tinha feições de susto.

- Sakura! – a morena exclamou levantando-se depressa.

- Que roupa é essa? – Amanda questionou. – Alguma festa a fantasia? – brincou, mas no segundo seguinte se calou, ao encarar Tomoyo completamente abismada, percebeu se tratar de um assunto mais sério. Não pude deixar de sorrir ao ouvir seu comentário. Hoje realmente parecia uma fantasia, mas há anos atrás, não era nada mais comum, meu “uniforme” de todos os dias. Encarei-me no espelho e observei as ondas do vestido rosado e florido. Sua barra era rendada e beirava meus joelhos. Que vestido meu de hoje beirava meus joelhos!

- Não. Apenas uma roupa antiga. – respondi alisando nostalgicamente o tecido que parecia novo, de tão conservado.

- Você... Costumava se vestir assim? – ela perguntou doce. Apenas assenti. – Eu tinha roupas diferentes também, quando mais nova... Algo relacionado a moletons largos e tênis masculinos. – ela sorriu. Tentei imitá-la, mas a dor que me assolara mais cedo ainda tinha meu humor em mãos, trancafiando-o, abafando-o cada vez mais.

- Sakura, o que pretende com isso? O que acha que está fazendo, o que Shaoran... – então ela parou seu interrogatório, percebeu que eu nem ao menos a encarava. – Sakura! – ela aumentou seu tom de voz. Encarei o pálido rosto de Tomoyo começar a ganhar cor, suas bochechas estavam avermelhando-se de nervoso.

- Querem vir comigo na casa de Peter? – perguntei ignorando as perguntas de Tomoyo. Ela piscou os olhos, perplexa.

- Depois de tudo... Como você pode-

- Ele vai embora hoje. – disse encaminhando-me para a porta. Passos alcançaram-me em poucos segundos.

- Então ele... Aceitou a proposta? – Mandy disse melancólica. Apenas assenti com a cabeça em reposta. Ela e Peter estavam tendo algo, nada oficial, mas algo. Ela iria para Londres, ele para a Irlanda, nada podia nascer dali.

- Vocês vêm? – perguntei pegando as chaves da porta apenas, minha bolsa não iria comigo. Mandy apressou-se a passar pela porta e tocar a campainha da frente. Tomoyo passou pela porta encarando-me carrancuda.

- Não sei o que está tramando, mas vê se dessa vez, pra variar, não faz besteira.

Mandy tinha tocado a campainha inúmeras vezes, sempre ouvíamos o “pera aí” de Peter, mas ele nunca atendia. Finalmente, depois de alguns minutos ele abriu, vestindo uma calça moletom e uma toalha jogada nos ombros como um cachecol. Gotas de água escorriam em seu abdômen definido. Devia ter acabado de sair do banho, seus cabelos molhados e o cheiro delicioso que emanava de sua pele o denunciavam.

Peter me encarou profundamente, arregalando levemente os olhos, entreabrindo os lábios de surpresa. Meu visual antigo estava fazendo-o retroceder no tempo e lembrar-se da época da escola, quando éramos do velho clube de xadrez, quando ninguém sabia meu nome, quando eu era a excluída e ele, o estranho coberto de espinhas.

- Sa-Sakura? – ele disse ainda mantendo o semblante surpreso. Engoliu seco e ficou me encarando, da cabeça aos pés.

- Você também? – Amanda disse estupefata. Empurrou de leve o peitoral de Peter forçando a passagem para entrar em seu apartamento. Ele continuava estático, sem tirar seus olhos de mim. – Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Por que todo mundo fica assim quando vê ela? São só roupas antigas! – ela se indignava. Tomy olhava para mim e eu para Peter, que ainda tinha seus olhos cravados em meu corpo. Ninguém deu atenção para a garota de olhos azuis cintilantes. – Gente? Vão entrar ou não?  - ela disse um pouco mais alto, tirando todos de seu transe pessoal. Entramos em silêncio, Peter fechou a porta e voltou-se para as três mulheres que estavam paradas, em pé, no hall de sua casa. Parou ao lado se Tomy e continuou a me encarar. Amanda revirou os olhos. Resolvi tomar uma atitude.

- Então... Viemos nos despedir... – disse dando um passo na sua direção. Ele entreabriu os lábios tentando balbuciar algo, mas nenhum rastro de voz pode ser ouvido. Amanda se irritou.

- Chega. – ela disse imperativa. - Você, vem comigo. – pegou a mão de Peter e começou a arrastá-lo para seu quarto. Provavelmente querendo entender o estado de choque em que ele se encontrava. Esta conversa podia demorar, e eu não estava disposta a esperar.

- Espera. – disse segurando a outra mão de Peter virando-o para mim novamente. – Eu só queria me despedir, mesmo, rápido. – puxei-o para um abraço caloroso. Seus braços fortes custaram, mas depois de um tempo retribuíram o abraço. – Boa sorte, tudo de bom lá na Irlanda, você merece, viu? – disse com a voz fraca e baixa em seus ouvidos. Tentava trancar meu queixo em seu ombro com força, estava segurando o choro.

- Ele já viu as fotos não viu? – Peter disse com a voz séria, ignorando tudo o que tinha dito. Apenas suspirei pesadamente e ele, com isso, já obteve a resposta. – Por isso você está assim? Essas roupas, esse olhar vazio?

- Peter, eu só quero me despedir, quero te dar um abraço, um beijo de despedida, essa história...-

- É da minha conta também. – desencostei meu rosto de seu ombro para encará-lo. Ainda participávamos do abraço.

- Esquece isso. Eu vou dar um jeito. – disse tentando parecer convincente.

- Mas Sakura...-

- Mas nada. – abracei-o forte mais uma vez e beijei-lhe a bochecha. – Vê se manda notícias.

- Obrigada por tudo, vou sentir a sua falta. – Peter disse olhando-me terno. Sorri fracamente e saí de seu apartamento, apressada, sem falar com mais ninguém. Ou eu saía correndo, ou as lágrimas cairiam na frente de todos.

Tomoyo Narrando

- Gente, eu vou atrás dela, vocês têm muito o que conversar, e eu só vou atrapalhar. – virei-me para a porta quando alguém segurando meu braço me deteve.

- Ei, não vai nem me dar tchau?  - Peter pediu com um sorriso de canto. Sorri abertamente e me joguei em seus braços.

- Sei que no passado não éramos tão próximos, mas...-

- Shhh.  – ele disse acariciando meus cabelos. – O que importa é hoje. Vou sentir sua falta morena. – abracei-o mais forte. – Vê se cuida da descabelada... Ela está precisando. – deixei que uma lágrima rolasse por minha bochecha e pingasse em sus ombro desnudo.

- Pode deixar, já faço isso há um tempo. – sorri fraco. Separei-me do abraço. – Agora tenho que ir... – peguei minha bolsa que tinha largado na cadeira e me dirigi para a porta. – E Mandy, depois temos que conversar mais. – a mulher apenas assentiu a cabeça com o semblante assustado. Presenciou cenas desconexas para ela até o momento.

Saí porta a fora com um destino. Hospital Haddison Burk. Sakura provavelmente estaria com Eriol.

Cheguei na recepção e nem olhei para a recepcionista, muito atirada por sinal, fui direto na direção dos elevadores. Ao finalmente escancarar a porta do consultório de Eriol, a decepção abateu meu corpo.

- Ah não. Ela não está aqui? – disse vasculhando o local com os olhos.

- Meu amor... Ela quem? – surpreso ele fez menção de levantar, mas eu gesticulei para que se sentasse novamente.

- Sakura, ela estava estranha, saiu abalada da cada de Peter, parecia que ia chorar... Bem então achei que estivesse aqui. É só com você que ela chora. – Eriol esticou-se sobre a mesa e selou carinhosamente meus lábios.

- Mas você acha que ela tá escondendo alguma coisa? – Eriol dizia enquanto alisava minha bochecha.

- Claro que está. Eriol, você não viu como ela estava... Ela me pediu para dar um jeito de deixar seus cabelos mais curtos, pegou “aquela” caixa e tirou um vestido da época da escola... Ela estava idêntica á antiga Sakura, só não tinha um sorriso no rosto. E bem, ela saiu a pé, seu carro estava na garagem, deixou a bolsa em casa... Achei que ela estivesse aqui.  – Eriol olhou levemente para baixo, como se lembrando de algo. - No que está pensando?

- Eu sei onde ela está. – arregalei os olhos.

- Onde?

- Ela está com Awly.

Sakura Narrando

Chamei o elevador apertando diversas vezes o botão. Tudo estava prestes a desmoronar em meus olhos e eu estava ali, onde qualquer um podia ver, qualquer um podia me fazer sentir fraca e vulnerável. Apertei o botão com mais violência. Irritei-me e fui para as escadas de emergência. Descia os degraus rapidamente, com lágrimas incontidas rolando pelas bochechas. Em minha mente apareceu a imagem de Eriol, como queria abraça-lo para ele conter meu choro como sempre fazia. Não, já o importunei mais cedo e prometi que iria melhorar.

Promessas... São algo a se pensar. São tão fáceis de fazer, mas tão difíceis de cumprir. Prometi a mim mesma que jamais me aproximaria de Shaoran, e vejam só, estou agora mesmo aos prantos por tudo o que aconteceu, já que meu coração dói só de pensar na possibilidade de magoá-lo. Possibilidade essa que estava cada dia mais real, cada dia mais dolorida. No final das contas eu consegui cumprir com meu plano, mesmo sem querer, consegui machucar Shaoran, um pouquinho por vez, um pouquinho a cada acontecimento, sem perceber. A cada dor que lhe causava, acrescentava um espinho em meu coração. Parece que sua cota passou da conta hoje mais cedo, e meu coração já estava tão perfurado que não aguentaria mais.

Cheguei ao subsolo, no estacionamento. Observei meu carro de longe mas não pensei em dirigi-lo. Além de estar sem as chaves, queria ser a Sakura de antes, por completo. Vasculhei o local com os olhos e avistei, na bicicletaria da garagem, os patins da filha dos Hastings. Ela teria que me emprestá-los.

Por ser pequena, não fiquei desconfortável ao calçar os patins rosa, cheios de flores. Patinei algumas vezes até o portão e sinalizei para que o porteiro abrisse. Ele hesitou um pouco por não me reconhecer, e arregalou os olhos ao perceber quem eu era.

Ao ganhar as ruas patinei rápido em direção á casa de Awly. Era realmente gostoso sentir os ventos nos cabelos novamente. Percebi que estava fora de forma ao sentir as bochechas em fogo rapidamente. O cansaço começava a percorrer minhas pernas, mas eu não me renderia. Chegaria ao meu objetivo, firme e forte.

O Sol ainda se escondia, em um dia nublado, se igualando ao meu humor. Já estava patinando a mais de quinze minutos, quando virando a última esquina do caminho, finalmente entrei na rua de Awly. Claro que no percurso até aqui, quase caí e atropelei pessoas várias vezes, a falta de prática me fazia parecer uma iniciante.

Cheguei esbarrando no portão, apressadamente e forçando a entrada. Estranhei do portão continuar fechado, o porteiro me conhecia.

- Sim? Em que posso ajuda-la garota? – um senhor robusto de longos bigodes negros disse ao me analisar da cabeça aos pés: uma castanha de cabelos curtos, num vestido acinturado e rodado, coberto de flores, em cima de patins rosa. Entendi, ele achava que eu era uma garota.

- Sou eu Bob, Sakura. – disse acenando com os dedos. O homem franziu o cenho, tentando acreditar no que seus olhos viam.

- Dona Sakura? – ele confirmou. Apenas assenti com a cabeça. Ele então, a passos lentos, voltou a guarita. Ouvi a porta destrancar-se. Entrei.

A espera pelo elevador foi tortuosa. Olhei no relógio de parede, ele já estava esperando há muito tempo... Isso se estivesse esperando. Será que ainda estava em casa? Ou se cansou e me deixou sozinha? Eu devia ter perguntado a Bob... Vou lá, agora mesmo.

Andei alguns passos em direção a portaria, quando ouvi o sinal do elevador. Ele tinha chegado. Dei meia volta, contrariada, e entrei no elevador. Apertei o oitavo andar e me encolhi num canto. Não queria me olhar no espelho, o reflexo ainda não era usual para meus olhos. Olhei para meus pés e percebi que ainda estava de patins. Sentei e comecei a tirá-los.

Os andares foram passando, mais lentos do que nunca. Era uma benção e ao mesmo tempo uma tortura.

Tomara que ele ainda esteja lá, tomara que ainda seja meu.



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