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História Revenge Girl - Não se vá


Escrita por: MandsChan

Notas do Autor


Último da noite!
Não esqueçam de me contar o que estão achando!
Principalmente sobre a troca de narradores. Acham que funcionou?

Capítulo 47 - Não se vá


Amanda Narrando

Tomy fechou a porta. Finalmente, a sós. Aproximei-me de Peter, ele estava de costas para mim, há algum tempo.

- Será que... Agora, a gente pode conversar? – disse numa voz falha. Ele então se virou e conectou seus olhos doces nos meus. Aproximou-se a passos lentos e agarrou-me pela cintura.

- Vem comigo? Vem comigo pra Irlanda?  - arregalei os olhos de surpresa. O que?

- Mas... Do que... Do que está falando?

- Quero que viaje comigo... – colou sua testa na minha. – Eu sei que é independente, que fez novos amigos aqui, que nós não nos conhecemos há tanto tempo... Mas... Não quero me separar de você. – apertei os olhos com força, sentindo-os umedecerem. Não tinha contado a ele sobre Londres.

- Peter, você não entende... Eu-

- Você gosta de seu emprego, eu sei. Gosta de ser livre, ainda está esperando a chance de Londres... Mas... – roçou os lábios sobre os meus – Eu não quero deixar alguém para trás de novo. Eu não vou conseguir. – abracei-o forte, ele estava falando de Sakura, eu tinha certeza. – Principalmente alguém tão perto, alguém que eu sei que pode me fazer feliz. – apertei-o mais em meus braços como se para eternizar aquele momento. O calor de seu corpo, o cheiro de sua pele, o bater de seu coração. Estava gravando tudo na memória. Não sabia se o veria outra vez.

- Você a ama muito, não é? – disse cabisbaixa. Pelo jeito a história desses dois não é de hoje.

- Amo. – comprimi os olhos. – Mais do que eu pensei que fosse possível, eu a amo como nunca imaginei. – trinquei os dentes e passei a respirar mais rápido. Meus olhos se inundavam cada vez mais, estava tentando reprimi-los. Se chorasse, escancararia minha derrota. – Mas...

- Mas...? – incentivei-o.

- Não a amo do jeito previsível. – franzi o cenho. Tinha o rosto enterrado em seu pescoço, assim ele não veria minhas feições.

- Como assim?  - ele respirou fundo. Separou-me de seu corpo me fazendo encará-lo nos olhos. Um rubor tomou minhas bochechas ao olhá-lo com cara de choro. Ele acariciou minha bochecha.

- Vou te contar, a nossa história.

Sakura Narrando

A porta do elevador se abriu e meu coração já estava a milhão. Saí a passos curtos e lentos do elevador. Aos poucos a grande porta de madeira escura apareceu na minha frente. Respirei fundo.

Não sei por quanto tempo fiquei parada na frente da porta, anos, meses, minutos, segundos... Este era o momento por qual estava me preparando, desde a hora do penteado novo, até o adeus de Peter, o “empréstimo” dos patins, a indecisão do porteiro, o nervosismo do elevador, a confusão emocional da porta. A porta grossa e escura. A porta que me separava da solução, ou da desgraça total. A porta que eu nuca reparava, já que estava muito ocupada, me rendendo a certas caricias, toda vez que me punha em sua frente.

Eu tinha que tomar coragem, estava indo muito bem, pelo menos na frente dos outros. Não desmoronei, mantive-me fria, inteira. Vamos Sakura, bata logo neste raio de porta.

Meu braço direito levantou-se lentamente, minha mão se fechou num punho fraco. Aproximei-o da porta.

Eu estava tremendo. Será que isso era possível? O que estava acontecendo comigo?

Finalmente bati na porta, fracamente duas vezes. Respirei fundo e encarei meus pés descalços. Os patins estavam em minhas mãos.

Comecei a ouvir passos em direção à porta. Fixei mais meus olhos em meus pés. Ouvi o girar da maçaneta. Prensei meus dedos nos patins. Meu coração batia acelerado, minha mente estava a mil. A porta, então, se abriu, percebi ao encarar dois pés cobertos por meias, se aproximarem lentamente dos meus.

Amanda Narrando

Aquilo era bem mais complicado do que eu imaginava, Peter era completamente fascinado por Sakura. Ele a seguia a todos os lugares e escrevia-lhe poemas e textos românticos, sonhava com ela, colecionava fotos dela... E a recompensa mais próxima de todo o amor que exalava, foi uma breve dança num baile da escola. Uma dança desajeitada e coberta de olhares repreendedores. Realmente, eu que pensava que a gente tinha algo especial... Não imaginava o que era ser querida por alguém como Sakura sabia. Fala sério, Peter, Shaoran, até aquele admirador secreto... O que ela tem?

- Então, o colegial acabou e bem, as coisas passaram a ser muito diferentes.  – Peter segurava minhas mãos e olhava-me fundo nos olhos enquanto desabafava sobre seu passado com Sakura. Estava contendo as lágrimas, afinal, saber que o cara por quem você nutre sentimentos gosta de outra e ainda por cima está se mudando para a Irlanda, no mesmo dia, é muito pesado.

- Diferentes? Vocês só se afastaram, suas vidas profissionais o fizeram. Mas e o sentimento? O dela cresceu, e o seu, continua intacto. – disse com o semblante duro, Peter soltou uma risada de escárnio.

- Você tem razão, continua intacto. – abaixei a cabeça. – Mas como disse, não da maneira previsível. – levantei o rosto com o cenho franzido, aquela confusão já estava me irritando.

- Como assim “não da maneira previsível”? Que merda! Me conta de todo o passado com ela, que fazia tudo por ela. Agora que se reencontraram, parece que nada mudou. Continua atrás dela, apoiando, sempre por perto, com um sorriso no rosto e os braços abertos... Como isso não pode ser considerado algo previsível? Amava ela no passado e a ama agora. – disse alto, apertando a garganta na tentativa de engolir o choro. Peter largou minhas mãos e me pegou pelos ombros colando seu nariz no meu.

- A amo sim, muito, mas não como antes! Será que não entende?

- Como entender? Você não vai direto ao ponto e se contradiz! Acabou de dizer que seu sentimento por ela estava intacto! – Peter apertava meus ombros colando meu corpo no seu. Pude sentir seu batimento acelerado contra meu peito.

- Eu a amo Thompson, mas, de um jeito como jamais pensei em amá-la. Assim que tudo mudou na minha vida, quando cresci, mudei, só pensava no dia em que a encontrasse de novo, ver o que ela acharia do novo Peter, pedir outra chance... Mas foi tudo tão diferente! Eu reencontrei Sakura, mas meu coração não agiu como eu esperava, como o previsível. No início eu teimava em esbarrar com ela pra tentar me convencer de que ainda a queria como antes, até que pouco antes de você aparecer em minha vida... O óbvio apareceu. Tudo que você disse é verdade, eu sempre estou por perto, com um sorriso no rosto e de braços abertos para recebe-la sem pestanejar, como um irmão. É esse amor que passo a nutrir por ela, demorou, mas eu caí na real. O amor platônico existiu, mas ficou lá no Phoenix High School. – tirou as mãos de meus ombros e apossou-se de minha cintura, causando-me calafrios. – O amor real está bem aqui, em New York... Pena que logo mais vai voar pra Londres. – então seus lábios apossaram-me dos meus e meus braços envolveram seu pescoço numa velocidade absurda. Nossos corações batiam em um só ritmo, pareciam ser um só. E na verdade, eram.

Shaoran Narrando

Ela não ia vir... Claro que não. Depois de tudo, eu passo sobre meu orgulho, como sempre, e ela se afunda no seu. Eu não sei por que eu ainda tento, não sei por que ainda dou ouvidos à Meiling. Ela é muito boazinha para uma briga Shaoran/Sakura, não entende que o óbvio e o sensato não funcionam, não conosco. Nós poderíamos ser menos complicados, poderíamos simplesmente ser complacentes um com o outro, ceder... Bem, eu cedo, e muito, pelo menos ultimamente. Mas o problema que estamos a enfrentar não depende só de mim... Sabia que não podia contar com o senso da dona Kinomoto.

Já fazia mais de uma hora que o horário de almoço tinha começado. Na verdade, se ela estivesse mesmo interessada, não respeitaria horários ou regras, estaria aqui quinze minutos depois que eu apertei a tecla “enviar”. Pelo jeito o interesse era zero, assim como a minha paciência no momento.

Olhava o celular de cinco em cinco segundos, a tentação de ligar para ela me consumia cada vez mais. Eu não podia, tinha que aguentar firme, ela não ia ter mais esse gostinho. Já tinha cedido à Mei uma vez, não cederia mais, não até ela se colocar na minha frente, de uma vez por todas.

As luzes de minha casa estavam todas apagadas, queria me inebriar da escuridão já que qualquer foco de luz me lembrava a ela. Ela que apesar de tudo sempre iluminava tudo por onde passava, principalmente a minha vida.

Sentado no chão, de frente para a porta de entrada do apartamento, tinha os braços jogados sobre os joelhos altos. Encarava a porta e o celular freneticamente, não sabia qual me causava mais expectativa. Tudo parecia uma mesmice mórbida, até que eu vi. Sombras projetadas pela fresta inferior da porta, graças à iluminação do corredor e a escuridão do meu apartamento. Sombras que pareciam um par de pés, parados.

Será que era ela? Só podia ser ela! O porteiro não anunciou, os únicos que entravam sem serem anunciados eram Sakura e Tomy... Bem podia ser Eriol, ele morava no apartamento da frente. Podiam ser as sombras de seus pés. Mas por que Eriol estaria aqui uma hora dessas? Era ela, tinha que ser ela...

Fiquei refletindo freneticamente muitas possibilidades para a verdadeira identidade do dono das sombras em minha porta. Já estava ficando ridículo, eu estava deitado, com a bochecha no chão, tentando espiar o que conseguisse, identificar o tipo de sapato, algo que fosse.

Estava passando-me por um idiota. Por que raios não abria aquela porta de uma vez por todas? Dane-se que não tenham batido. A porta é minha e eu tenho o direito de saber quem está parado diante dela.

Desencostei meu rosto do chão e levantei-me, então, quando dei o primeiro passo, ouvi alguém bater na porta. Soltei um sorriso irônico e caminhei apressado, ansioso por tocar a maçaneta, quando a girei não imaginava o que estava por vir.

Uma garota de cabelos curtos desajeitados encarava os pés descalços. Ela usava um vestido acinturado e rodado, coberto de estampas florais. Ela tinha as delicadas mãos entrelaçadas num aperto acanhado em um par de patins. Patins! Eu estava de queixo caído, não pode ser. Será que estou tendo uma visão do passado?

- Sakura? – instiguei depois de uma longa observação. Ela que mantinha a cabeça baixa, levantou-a, conectando seus olhos nos meus. Eles estavam brilhantes demais, provavelmente contendo lágrimas. Suas bochechas tinham um rubor forte.

- Oi. – ela disse sem sorrir. – Desculpe a demora, eu-

- Não precisa, explicar. – dei um passo para o lado, convidando-a para entrar. Ela passou por mim e seu perfume me tirou os sentidos por um segundo. O mesmo perfume de sempre, desde a primeira vez que a vi, e nunca me canso de senti-lo.

Sakura entrou e foi em direção ao sofá. Além do figurino, claro, estranhei que o aparador estava vazio, não possuía sua bolsa como sempre. Presumi então que, mesmo se ligasse para seu celular, ela não atenderia.

- Você quer uma água, um suco? – ofereci educadamente ao sentar na poltrona em sua frente. Ela bufou irônica.

- Por favor, pare de me tratar como se eu fosse uma estranha.

- Bem, você está estranha. – disse insinuando seu figurino – E eu só estava querendo ser gentil, apesar de tudo. Suas bochechas estão em fogo.

- Vim patinando. – ela disse rápido, largando os patins no chão. Franzi o cenho.

- Mas você não tem...-

- Vamos parar de rodeios e ir direto ao assunto?  - a roupa podia ter mudado, mas a língua afiada continuava intacta.

Ela se levantou do sofá e veio a passos lentos na minha direção. Pousei meus olhos sobre seus joelhos cobertos. Realmente, um vestido que passasse das coxas hoje em dia era raridade. Ela então parou na frente da minha poltrona. Apertei o braço do móvel com a ponta dos dedos pelo nervosismo. Hesitei em levantar, mas ela me empurrou, me fazendo sentar novamente. Passou um joelho de cada lado das minhas coxas, sentando-se no meu colo, olhando-me fixamente. Seus olhos esmeralda penetravam de tal forma nos meus que eu podia até sentir meus pensamentos revelados.

- Eu não quero te perder. – ela disse num tom baixo e rouco. Completamente diferente do utilizado anteriormente. – Pode parecer mentira, considerando tudo que está acontecendo ultimamente... Mas, eu não posso ficar sem você. – ela disse numa voz falha, agora olhando para baixo. Suas mãos se apossaram das minhas. Pude sentir seus joelhos tremerem ao lado das minhas coxas.

- Acho que você não tem noção do quanto significa pra mim.  – eu disse finalmente, quebrando o meu silêncio. – Parece que a cada deslize seu eu me atiro de um precipício diferente. A dor é parecida. – disse melancólico. Ela levantou a cabeça e pude ver seus olhos marejados. Na verdade estavam quase transbordando. Se ela piscasse, lágrimas escorreriam por suas bochechas quentes e rosadas.

- Shaoran, eu prometo que...-

- Que isso nunca mais vai acontecer, que você vai mudar, que me ama e vai pensar duas vezes antes de agir... Eu sei. – disse displicente. Sakura continuou me encarando, agora, um pouco mais perplexa. – Eu acredito em você, eu sempre acredito, não é? – ironizei.

- Não fala assim comigo. – ela murmurou. Não aguentei e bufei com escárnio.

- O que eu estou falando demais? Disse alguma mentira por um acaso? – ela apenas continuou me encarando, como se concordasse a contragosto comigo. – Viu? Eu te joguei a real no dia em que você descobriu quem era Awly, chega de mentiras, enganações, chega. Não vou passar a mão na sua cabeça pra te ver quebrar a cara e se machucar. – olhei o vazio por um momento. – E me machucar.

- Sou eu Shao, olhe para mim. A velha Sakura de volta. – ela está tão linda. As orbes esmeralda úmidas me olhando tão profundamente, me hipnotizando. Mas ela não é a velha Sakura.

- Não se engane. Essas roupas não te fazem diferente, suas atitudes sim. – ela respirou fundo, parecia estar decepcionada. Piscou e as lágrimas que teimava em segurar, escorreram pela sua bochecha.

- O que eu posso fazer então? O que eu faço pra deletar tudo isso, passar uma borracha, te fazer esquecer da dor que te fiz sentir?

- Não é essa a pergunta que tem que ser feita Sakura. – ela olhou-me interrogativa.

- Como... Mas como-

- A pergunta é, tem como você esquecer? – a expressão de seu rosto era de confusão total.

- Mas, Shaoran...

- Tem como você esquecer tudo o que sentiu, todas as mentiras que viveu, todas as mudanças que sofreu? – Sakura apertou mais suas mãos nas minhas e abaixou a cabeça. Senti algo quente e úmido pousar sobre meu polegar. Uma lagrima sua. – Foi o que pensei. Não peça para eu fazer algo eu você também não consegue. – eu realmente não sei de onde estava tirando forças. Forças para olhá-la fixamente, para não fraquejar com seu corpo tão próximo do meu, para não acalentá-la em meu peito e fazê-la parar de chorar. Ela estava aos prantos, na minha frente.


Notas Finais


T.T


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