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História Revenge Girl - Beep... Beep... Beep...


Escrita por: MandsChan

Notas do Autor


Boa noite amorecos :*
Mais um!
Não esqueçam de me contar o que estão achando =)

Capítulo 50 - Beep... Beep... Beep...


Sakura Narrando

Meu corpo estava mole, minhas pernas cansadas. Onde estava? Tinha conseguido chegar em casa afinal? Senti um travesseiro macio em baixo da minha cabeça. Macio demais. Aquele não era meu velho travesseiro, e o cheiro do quarto estava diferente. Um barulho irritante de bipe tomava conta do lugar. Comecei a movimentar os dedos e senti que algo repuxava nas costas de minha mão direita, algo me prendia. Mas por que estava amarrada?

Com esforço abri os olhos e as imagens turvas começaram a fazer sentido. Um teto branco foi o que vi de início. Tentei virar a cabeça pro lado esquerdo, mas uma dor forte impediu que eu fosse à diante. Arfei. Virei minha cabeça para a direita, vagarosamente, então avistei a produtora dos bipes irritantes. Uma grande máquina que parecia analisar batimentos cardíacos. Olhei para minha mão que estava estirada sobre a cama e percebi que estava perfurada por canos transparentes. Ah que ótimo, eu estava num hospital, e não tenho a menor ideia de como vim parar aqui.

Será que alguém já sabe? Tomy foi a primeira que veio a minha mente. Ela entraria em pânico com a notícia. Mexi os dedos mais uma vez e percebi que tinha algo sólido na cama. Arrisquei a olhar e vi que era um dispositivo de alarme. Apertei o botão e uma luz se ascendeu na parede oposta à minha cama.

Segundos puderam ser contados até que a porta do quarto onde estava se abrisse.

- Sakura? – Eriol disse um tanto reticente, se aproximando devagar. Sorri fracamente e então ele suspirou aliviado. – Marrenta, ainda bem que acordou. Não sabe o susto que deu em todos nós. – queria realmente saber que susto foi esse. Ele disse “nós”? Então todos já estavam sabendo, e bem, Tomy já deveria estar aos berros. – Consegue se lembrar de alguma coisa? Falar alguma coisa? – descolei os lábios um do outro e respirei uma vez pela boca, minha garganta estava seca.

- Água. – disse baixo. Ele hesitou, mas sumiu de minha vista por um tempo, voltando em seguida com um copo d’água nas mãos.

- O acidente já foi há algumas horas. Um pouco d’água não vai fazer mal. – levantei o braço direito vagarosamente, aquele que estava conectado ao soro, e agarrei o copo de plástico. Eriol apertou o botão que elevava a parte superior da cama e então pude beber a água. Depois de beber senti uma pontada novamente do lado esquerdo da cabeça. Gemi. – O que foi? Está sentindo alguma coisa?

- O que aconteceu com a minha cabeça? – disse agora praticamente no tom de voz normal. – Parece que está aberta. – ele se aproximou mais.

- Me diga do que se lembra. – comecei a puxar a memória e meu coração começou a apertar novamente. Todas as cenas do pior dia de minha vida começaram a vir à tona.

- Eu... Estava andando de patins... Agora estou aqui. – disse querendo privar os motivos por eu estar patinando. Motivos esses que já devem estar estampando a primeira página do jornal de amanhã, já que todos devem estar sabendo.

- Só se lembra disso? – ele insistiu.

- Sim.

- E a fatos anteriores? Lembra-se de mim, de sua família, amigos, data de aniversário, idade, nome...?

- Eriol eu não estou com amnésia, só quero saber como vim parar aqui. – retruquei. Ele sorriu de canto.

- É, parece que fora o corte na cabeça, você está normal, marrenta como sempre. – gelei.

- Co-corte na cabeça?

- Você caiu na rua por uma queda de pressão. Parece que ficou muito tempo sem comer, e com o emocional abalado, seu corpo não aguentou. Na queda, você bateu a cabeça na calçada, por sorte não foi atropelada. Agora só tem que se preocupar em repousar e vir tirar os pontos semana que vem. – pontos?

- Quantos pontos?

- Oito.

- Meu Deus, eu abri minha cabeça mesmo? – Eriol sorriu.

- Foi um corte até que superficial, levanto em conta como bateu, podia ser pior. – então algo me veio à mente. Não pude evitar em perguntar.

- Você sabe se ele... Bem, ele sabe que estou aqui?

- “Ele” é o único que não comeu até agora e não para de andar de um lado para o outro na sala de espera. Quando acendeu o sinal de emergência da enfermaria, assim que você apertou o botão, Hiro e as meninas tiveram que segurá-lo para não me seguir. – olhei-o surpresa. Então ele estava ali, esperando pelo jeito, horas, até que eu acordasse. Sem comer, andando de um lado para o outro.

- Eu já posso receber visitas?

- Vai ser removida para um quarto agora e aí sim aquele bando de desesperados vai poder te ver. – ele riu.

- Eu tenho um recado pra “ele”, se você puder dar.

- Claro, o que quer que eu fale?

- Bem...

Shaoran Narrando

- Calma cara, ele já deve estar voltando. – Hiro dizia pela milésima vez. Eriol tinha sumido há no mínimo uns vinte minutos, desde que aquela luz de emergência acendeu. O que tinha acontecido afinal? Ela tinha acordado, ou seu quadro tinha piorado? Eu martelava hipóteses e mais hipóteses em minha mente e não parava de andar de um lado para o outro. Hiro ainda estava a postos, preparado para me segurar se eu tentasse entrar naquela maldita sala a força, coisa que estava considerando em fazer, assim que ele se distraísse. – Aí, não disse. – ouvi ele dizer olhando para o lado. Pude ver então Eriol vindo em nossa direção, finalmente.

- O que aconteceu? - fui o primeiro a perguntar, correndo ao seu encontro.

- Ela acordou. – ele disse sorridente. Todos suspiraram aliviados e começaram a se abraçar.

- Ela já está no quarto? Já podemos vê-la? – Peter perguntou alegre.

- Acabou de ser instalada e sim, vocês já podem vê-la, mas de três em três pessoas. – Peter então se colocou na frente de Eriol.

- Eu quero ir primeiro. – ele disse. Bufei irônico.

- Só pode estar brincando. Quem vai primeiro sou eu. – e nós começamos a discutir pela milésima vez naquele dia.

- Calem a boca os dois! Quem vai primeiro sou eu, a Tomy e a Mandy, e não se fala mais nisso!  - Mei disse autoritária indo em direção ao balcão da recepção para solicitar a visita.

- Mas...

- Mas você Li... Sinta-se privilegiado. Saki deixou um recado pra você. – meus olhos grudaram-se nos de Eriol.

- Como? O que ela disse? – perguntei apreensivo.

- Ela disse que só vai querer te ver quando você deixar de ser trouxa e ir comer, ou o próximo a dividir o quarto de hospital com ela vai ser você.

Sakura Narrando

Já estava em outro quarto, bem melhor por sinal. A cama era mais macia e o cheiro de hospital estava mais fraco. Infelizmente a máquina de bipes me seguiu, assim como o soro injetado em minha veia.

Ainda estava assimilando tudo que estava acontecendo. Minha vida daqui pra frente ia ser bem diferente. Peter e Amanda fora do país, Shaoran apenas meu colega de trabalho... Claro, nós íamos continuar convivendo, já que nossos melhores amigos eram os mesmos. Mas eu não conseguiria ser só amiga dele, isso é algo que eu ainda tenho que trabalhar internamente, pra quem sabe um dia, por em prática. Quem estou enganando... Se ele aparecer qualquer dia desses com umazinha qualquer eu vou surtar!

Apesar de tudo eu não estava com fome, e só tinha comido um rápido café da manhã há não sei quantas horas atrás. Aquele soro pinicante estava funcionando então.

Que horas deviam ser? Cinco, seis da tarde? Olhei pela janela, do meu lado direito, e observei o entardecer apontando no céu, o dia estava chegando ao fim. Finalmente. Poderia ter pulado este dia sem problemas.

Escutei então a maçaneta girar. Voltei meus olhos para a porta rápido demais, apreensiva com quem poderia ser, e senti uma pontada na cabeça.

- Kinomoto! – Tomy disse correndo feito louca e se jogando por cima de meu corpo na cama.

- Tomoyo! Vai machucá-la! – Amanda advertiu arrancando a morena de cima de mim.

- VOCÊ ESTÁ MALUCA? No que estava pensando? Ficar sem comer este tempo todo! – e lá começava o sermão da Daidouji. Apenas revirei os olhos. Mei sorria.

- É tão bom te ver de novo Saki. Te ver assim, de olhos abertos, sabe? – Amanda disse. Sorri de canto.

- Como vim parar aqui? Digo, quem me achou? – Mandy levantou a mão, acanhada.

- Eu comecei a te seguir, de carro, quando a gente se despediu lá na portaria. Você sabe, não dá pra confiar em você. – ela disse revirando os olhos. Estendi os braços e ela segurou minhas mãos.

- Eu estava certa afinal, não vou poder te levar no aeroporto... – os olhos azuis e brilhantes dela começaram a se inundar. – Vou sentir a sua falta. – a primeira lágrima escorreu por sua bochecha.

- Eu também. De todas vocês. – ela disse com a voz embargada. Mei e Tomy se aproximaram e a abraçaram. Acariciei suas mãos com os polegares.

- Eu sei que esta definitivamente não é a melhor hora...  – Tomy começou, desvencilhando-se do abraço . Oh crap.

- Daidouji... – pedi.

- Kinomoto... No que aquele idiota estava pensando? – desviei o olhar do seu e passei a encarar o entardecer pela janela.

- Tomy quase pulou em cima de Shaoran quando descobriu... – Mei explicou.

- Gente, eu sei que parece loucura, mas... Eu não posso culpa-lo. É lógico que eu não queria que fosse assim. Mas pensa comigo, eu forcei a barra demais. – desviei os olhos da janela e encontrei os de Tomy novamente. Ela estava incrédula.

- Como assim? Do que está falando Sakura?

- Estou dizendo que estou conformada, não vou pressioná-lo mais, e é isso. Assunto encerrado, não quero mais falar disso. – disse agora olhando para todas na sala. Queria passar por cima de tudo isso, e se elas me lembrassem de tudo a cada cinco segundos, só ia ser pior.

- Erm... Tudo bem Saki, como quiser então. – a japonesa disse me olhando enigmática e confusa. Mei percebeu o clima que tinha se instalado ali, logo deu um jeito de quebrá-lo iniciando uma conversa qualquer sobre alguma coisa que eu fingia prestar atenção. Mei é a mais sensitiva entre nós. Sempre sabe quando realmente precisamos de ajuda.

Já estávamos aos risos quando ouvimos outro bater na porta. Eriol entrou então, com um sorriso de canto.

- Parece que já está bem melhor. – ele concluiu. Se colocou ao lado de Tomy e a abraçou pela cintura.

- Claro que sim, ninguém resiste a minha presença iluminada meu amor. – a japonesa disse com pose. Apenas revirei os olhos e acompanhei as risadas e ecoavam pelo quarto. Por um simples momento parecia que estava tudo bem, eu parecia estar inteira, e não aos pedaços como há horas atrás.

- Então senhorita presença iluminada, chame as outras e pique a mula. Tem uns caras mau encarados esperando a vez, do lado de fora. – Eriol disse divertido. Engoli seco. “Caras mau encarados”... Shaoran podia ser um deles.

As meninas se despediram de mim e prometeram voltar mais tarde. Todos atravessaram a porta, dando a vez para os novos visitantes entrarem.

- Pequena! – Hiro foi o primeiro que vi, atravessando o quarto correndo e indo em direção a minha cama. Debruçou-se delicadamente sobre mim, enlaçando-me num abraço de urso.

- Hey palhacinho. – disse numa voz feliz. – Ainda não foi dessa vez que se viu livre de mim. – brinquei. Hiro separou-se de mim, carrancudo.

- Nem brinque com isso. Se você morrer, eu te mato. – disse sério. Eu comecei a rir de sua frase desconexa, como sempre.  – Só pra você ficar sabendo, Touya me ligou a pouco procurando você que não atendia o telefone, e eu meio que contei o que aconteceu... – arregalei os olhos.

- O QUÊ? – comecei a respirar rapidamente e a máquina de bipes estava frenética.

- Você fica dois segundos com ela e olha o que faz! – disse uma outra voz entrando no quarto.

- Mas o que...

- Eu não podia embarcar sem saber que você estava inteira. – ele explicou, sorrindo. Entreabri os lábios respirando um pouco mais rápido, olhei ao redor disfarçadamente, então para a porta. Ela estava fechada, só os dois estavam ali, eles eram os “caras mau encarados”... Shaoran não veio. – Qual é, não sou quem você esperava, mas... Não sou de todo mal. Ou sou? – sorri sincera e estendi os braços para Peter.– Me promete uma coisa? – ele disse depositando um beijo contra os meus cabelos castanhos. Assenti. – Promete que você vai ficar fora dos hospitais enquanto eu não estiver aqui?

- Mas... Você pode não voltar dessa viagem, nunca mais. – lembrei-o. Ele separou-se de mim, me dando a visão de seu sorriso mais sarcástico.

- Exatamente. – revirei os olhos.  – Me prometa.

- Eu prometo.  – disse por fim. – Afinal, por que mais fazer loucuras? Minha lucidez caiu como uma pedra hoje, e bem, não me refiro a pedra da calçada que bateu em minha cabeça.  –expliquei. Eles certamente entenderam de quem eu estava falando, e nem por isso citaram seu nome. Como estavam fazendo até agora, Shaoran era algo completamente dispensável de se citar na minha presença. O telefone de Hiro começou a tocar.

- Pequena, é o Touya.

- O que EXATAMENTE você disse pra ele? – indaguei me desesperando. Se eu contasse a verdade pro meu irmão maluco, ele ia pegar o primeiro voo e matar Shaoran.

- Disse que tinha sofrido um acidente andando de patins e que estava fazendo um check-up no hospital. – o celular continuava a tocar.

- Nada de cirurgia, pontos, entre outras coisas...?

- Não. Atende logo essa porcaria. – ele disse estendendo o aparelho para mim. Atendi e coloquei o aparelho no meu ouvido direito, já que o lado esquerdo da minha cabeça estava completamente fora de questão.

- Er, alô?

- O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO? – ouvi a voz irada de meu irmão berrar do outro lado da linha.

Ai ai ai.



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