História Revenge Girl - Golden Tickets

- Tem certeza de que tá bem mesmo? – ele disse cutucando meu curativo com cara de nojo. Revirei os olhos pela milésima vez.

- Caramba Touya, desencana! Já disse que foi uma simples queda de patins. Fazia muito tempo que eu não andava, me desequilibrei e bati a cabeça. Simples. – ele bufou.

- Eu nem sabia que você ainda andava nessa coisa. Seus patins antigos ainda tão lá no seu quarto. – engoli seco.

- Er... E-Eu comprei outros lá em New York! – sorri amarelo.

- Comprou só se foi pra se estabacar toda. Tinha que ser uma monstrenga mesmo! – aiaiai por que meu irmão tinha que ser tão chato?

Tínhamos entrado há alguns minutos na festa e a primeira coisa que meu irmão disse ao abrir a porta foi um alto e claro “Que porra é essa na sua cabeça?!”

Fez um interrogatório enorme e apesar do meu médico particular responder a todas as perguntas, ele não calava a boca. Por sorte vi meu pai se aproximar, acho que este assunto finalmente ia ter um fim.

- Sakura querida, não sabia que já tinha chegado! – meu pai disse sorrindo e pegou minha mão carinhosamente afagando-a.

- Cheguei há alguns minutos, mas o chato do Touya não deixa a gente entrar na festa. – mostrei a língua para o meu irmão. – Ah, papai, aproveitando que vocês dois estão juntos, vou apresentar todo mundo! – meu pai sorriu complacente enquanto meu irmão retirou totalmente a cara de tédio do rosto e mostrou-se interessado. Aposto que ele estava louco para abrir as asinhas pra cima de Shaoran, que devo ressaltar estava parecendo uma múmia de tão calado.

- Bom, Tomoyo e Hiro vocês já conhecem. – disse apontando para a japonesa sorridente e para o local onde meu primo deveria estar. – Ué, cadê aquele palhaço?

- Na mesa de salgados. – Touya apontou displicente e  pude ver meu primo enchendo a boca com diversos petiscos diferentes.

- Acho que essa é a minha deixa! – Mei disse saindo de trás de mim e se aproximando de meu pai e Touya. – A propósito, sou Meiling Li, namorada daquele mal educado! – ela disse sorridente e fazendo uma leve reverência para os dois. – Parabém Touya! – sorriu e se retirou. Meu irmão não tirava os olhos de Shaoran, que apenas encarava toda a situação em absoluto silêncio.

- Senhor Kinomoto, Touya, este é Eriol Hiwagizawa, meu namorado. – Tomy se antecipou sorrindo. Eriol reverenciou os dois, como um educado japonês e apertou as mãos de Touya.

- Feliz aniversário. – sorriu e puxou Tomoyo para a mesa de bebidas.

Agora só eram eu e Shaoran contra a fera. E meu querido pai.

- Que foi moleque? Tão calado... Perdeu a língua por um acaso? – Touya provocou assim que ficamos somente os quatro.

- Kinomoto Touya! – meu pai repreendeu virando-se então para meu namorado mudo. – Shaoran Li, certo? – ele se dirigiu para Shaoran estendendo a mão amigavelmente. – É um imenso prazer finalmente lhe conhecer. - o chinês rapidamente apertou as mãos de meu pai o reverenciando. – Ouço muito falar de você por aqui. – meu pai completou simpático. Não pude conter um sorriso, pelo menos com meu pai e ele se dariam bem.

- Ouve muito falar mesmo, mas coisa boa não é... – meu irmão murmurou, mas claro que todos ouviram. Dei um tapa em seu ombro.

- É uma honra conhecê-lo senhor Kinomoto. – Shaoran finalmente disse, depois de tanto tempo calado.

- Me chame de Fujitaka rapaz. – o chinês sorriu levemente. Eu o conhecia bem para ver seu nervoso transparecer em cada vinco formado em sua testa. Shaoran então se virou para Touya oferecendo-lhe a mão direita para cumprimentar.

- Prazer Touya, e feliz aniversário. – meu irmão então agarrou rudemente a mão do meu namorado e dava pra ver de fora a força que ele estava fazendo. Vi um pequeno sorriso cínico surgir no canto dos lábios de Shaoran. Até imagino o que deve estar pensando: “Apelar pra força física, logo comigo? O cara que faz mil flexões todas as manhãs”.

Estou rodeada de malucos.

- Shao, por que não dá o presente? – sugeri na intenção de terminar aquela guerra de olhares que os dois estavam travando. Shaoran sorriu brevemente, desfez o aperto de mãos e tirou um envelope de dentro da jaqueta escura.

- Como a Sakura avisou em cima da hora, não tive tempo de comprar algo mais elaborado, mas mesmo assim, espero que goste. – Shaoran devia estar mesmo querendo agradar meu irmão, até suas palavras pareciam ser calculadas.

- Muito obrigada. – Touya respondeu cínico provocando um suspiro de meu pai em reprovação. Abriu o envelope e arregalou os olhos. – Mas o que é isso? – ele estava um tanto quanto perplexo. Acho que não esperava que eu fosse arranjar um namorado com o poder aquisitivo tão grande.

- São passagens de avião... – Shaoran respondeu como se não fosse óbvio.

- Eu sei ler! Por um acaso tá tirando com a minha cara? São golden tickets! Seu moleque de uma figa... – como sempre, meu irmão estava fazendo uma cena, atraindo a atenção de alguns convidados enquanto balançava as passagens no ar.

- Sim. A Sakura me disse que você viaja muito. Como não sei pra onde, comprei um par de golden tickets, que permitem que você viaje para qualquer destino durante um mês.

- Está tentando me comprar? Pois pode pegar estas malditas passagens de volta! – Shaoran bufou do meu lado. Percebi que ele já estava perdendo a paciência. Parece que meu irmão consegue causar a raiva mais que o medo nas pessoas, no fim das contas.

Os dois começaram a discutir.

Meu pai tentava acalmar Touya e eu tentava conter Shaoran que já exibia veias saltadas na lateral de sua testa.

- Touya! Será que uma vez na vida você podia parar de ser tão irritante?! – entrei no meio da discussão.

- Esse cara é um imbecil Sakura, só você que não vê! – ele retrucou.

- O que eu fiz pra você? – Shaoran perguntou nervoso.

- Nasceu! – Touya então tentou avançar para cima de Shaoran que já possuía sua famosa posição de defesa. Eu não queria que meu irmão apanhasse! Por que era isso que ia acontecer caso ele quisesse se engraçar pra cima de Shaoran. Apanhar no aniversário? Dose.

- Acalme-se Touya! – uma voz que eu não ouvia há anos então se pronunciou e um braço esguio, coberto por uma fina camiseta de manga comprida se colocou no meio dos dois. Olhei para cima e pude ver seu rosto, sereno, mas firme. Ele estava tão lindo!

- Yu-Yu-Yukito? – eu gaguejei feito uma retardada. Não pude conter um sorriso bobo. Seus olhos acinzentados e profundos então, finalmente se focaram nos meus e sua expressão suavizou. Imediatamente me senti calma, de um jeito que só Yukito me fazia sentir.

- Que saudades, querida Sakura.