Por alguns segundos acho que me esqueci de como se respira.
“Que saudades, querida Sakura.”
Aquela voz aveludada e suave ficava ecoando na minha cabeça e eu provavelmente o encarava com a maior cara de tonta do século. Não é possível! Anos passam e eu continuo parecendo uma criança apaixonada perto dele!
Pisquei os olhos rapidamente tentando me tirar daquele transe e voltei a minha situação atual: meu irmão e meu namorado querendo se matar.
Após a chegada de Yukito, Touya tinha recuado, mas continuava a encarar fulminantemente Shaoran, que por sua vez, me fitava de uma maneira esquisita. Não consegui decifrar seu olhar, mas o profundo âmbar estava escuro, rígido. O que foi que eu fiz afinal?
- Yukito, me deixe acabar com este moleque insolente. – meu irmão então disse entredentes.
- Touya, chega. – Yukito respondeu firme – Está causando uma cena desnecessária. É seu aniversário, vamos nos divertir. – agora sua voz era mais suave. Vi o semblante de meu irmão suavizar um pouco e sua postura vacilar.
Yukito tinha esse poder de pacifista, principalmente com meu irmão. Ele era o único que Touya escutava.
- Mas Yuki... –
- Mas nada. Essas passagens vieram bem a calhar, principalmente na nova pesquisa que estamos fazendo. Você sabe muito bem que a universidade só financia parte dela. Vamos economizar um bom dinheiro – Touya revirou os olhos e guardou as passagens dentro do próprio casaco. Yukito então se virou para Shaoran. – Mil desculpas, acho que ainda não fomos apresentados, sou Yukito Tsukishiro, muito prazer. – ele então se reverenciou para Shaoran que apenas repetiu o movimento.
- Shaoran Li. – respondeu sério, ainda sendo encarado por Touya. Eu e meu pai trocamos um breve olhar aliviado, por toda aquela situação ter acabado. Yukito encarou Shaoran intrigado.
- Li? Do Clã Li? – ai meu Deus. Shaoran arregalou os olhos surpreso, como ele sabia do Clã afinal?
- Yukito! – interrompi colocando-me rapidamente na sua frente. – Também estava com muitas saudades. – senti minhas bochechas esquentarem. – Me conte o que anda fazendo! – a mudança de assunto quebrou totalmente o clima antes instalado. Meu pai e Touya se retiraram, indo em direção a sala de estar, onde o resto dos convidados estava, deixando-me com Yukito e Shaoran.
- Ah querida, como deve saber eu e Touya estamos cursando engenharia química. Estamos trabalhando num projeto específico sobre um novo composto combustível biodegradável que pode revolucionar a indústria! – ele disse empolgado. Ficamos conversando animados por alguns minutos. Contei um pouco da minha vida em New York e convidei-o para nos visitar quando quisesse. Não importa quanto os anos passem, Yukito parece que fica cada vez mais agradável e educado.
Shaoran não participou em nenhum momento da conversa. Todas as vezes que eu ou Yukito tentávamos incluí-lo, ele apenas respondia de maneira seca e direta, não dando continuidade. É, parece que meu irmão conseguiu irritá-lo de verdade.
- Yukito! – ouvimos a voz de Touya chamar de longe.
- Acho melhor eu ver o que ele está aprontando. – ele sorriu mais uma vez... Aquele sorriso maravilhoso. Antes de sair então, pegou minha mão que estava repousada ao lado do meu corpo e curvou-se para beijá-la. – Espero que possamos conversar mais antes da festa acabar, você faz muita falta por aqui Sakura. – ele sorriu e se foi. E eu... bem. Acho que eu acabei de explodir de tanta vergonha.
- Paixão de criança, né? – Shaoran disse duro, despertando-me de meu choque. – Dá pra ver que ficou na infância mesmo. – e saiu andando, me deixando sozinha.
Não falei que Washington era o lugar mais problemático do mundo?
...
Shaoran Narrando
Como se não bastasse a ceninha deplorável que o irmão detestável da Sakura tinha feito, agora tinha que aguentar a senhorita “era apenas uma paixonite de criança” quase se derreter na presença do “senhor perfeitinho”. Maldito. Alto, imponente, sorridente, simpático, inteligente, caralho! Deve ser brocha, no mínimo. Impossível um sujeitinho desse não ter um defeito se quer. Aposto que o imbecil do Touya deve fazer a maior campanha pra Sakura ficar com esse cara. Ah, mas ele tá muito enganado se pensa que eu vou me dar por vencido.
Não sei porque estava tão preocupado hoje cedo, amedrontado. Queria causar uma boa impressão, ser sociável, algo impossível com um brutamontes deste porte. Não dá pra entender de onde ele saiu. O pai da Sakura é tão pacífico, duvido que sua mãe tivesse um temperamento tão explosivo. Esse cara veio pior que a encomenda. Pelo menos a Sakura não apoia as maluquices dele, menos mal. Agora só tenho que me concentrar para não voar no pescoço do amigão da família.
Onde já se viu? Ficar tocando minha namorada, beijando a mão dela, “querida Sakura” pra cá e pra lá. NA MINHA FRENTE.
- Tá viajando Li? – percebi então que fui parar na frente da mesa de salgados e uma japonesinha irônica estalava os dedos na frente dos meus olhos.
- Vai ver se eu estou na esquina Daijouji. – ela revirou os olhos pegando um enroladinho de algas e mordiscando.
- Ih, me erra hein. Eu não tenho nada a ver com as suas tretas com o Touya. – ela então deu outra mordida e fez uma cara de satisfação ao mastigar, parecia estar muito gostoso. – Mas não precisa ficar se sentindo o mártir. Ele é assim com todo mundo, principalmente garotos que se aproximam da “monstrenga” dele. – revirei os olhos.
- A questão é que eu não sou um garoto e muito menos estou me aproximando da Sakura. Eu vim pra ficar, pra sempre. – Tomoyo então engoliu todo o petisco e fez um coração com as mãos, me provocando. – Mas não é mais por causa desse idiota que eu tô com essa cara. – a japonesa então pegou outro enroladinho de algas da mesa e avançou com ele na direção da minha boca, enfiando metade para dentro. - Tomoyo! – gritei de boca cheia.
- Come essa maravilha que não tem como você não ficar feliz. – enfiei o petisco inteiro na boca e logo engoli. Não é que tava gostoso mesmo?
- Eu tô falando sério. – ela então se aproximou e apoiou uma mão em meu ombro.
- Se você tá assim por causa da Sakura e do Yuki...
- Yuki... – imitei a voz dela de forma irritante.
- É totalmente platônico Li. Aceita que dói menos. – sorriu dando uma piscadela.
- Aceita que dói menos? É o melhor que tem a me dizer? Queria ver se fosse o Eriol se derretendo por uma “senhorita perfeitinha” qualquer.
- Você não entende... A Sakura enxerga o Yukito como algo inalcançável. Sempre foi assim, sempre vai ser. – peguei outro enroladinho da mesa e dei uma mordida. – Ele foi o primeiro cara que foi carinhoso, atencioso, gentil com ela. Mas ele sempre foi o amigo do irmão mais velho, então era algo impossível.
- Só que agora a diferença de idade deles não implica em nada. Ela é uma mulher linda e pode perfeitamente ter algo com ele sem ninguém achar estranho. – Tomoyo molhou os lábios com a língua, como que se estivesse procurando o que dizer.
- Como vou explicar isso, de uma maneira que você entenda... Ah, já sei! Vem comigo. – a japonesa agarrou minha mão e começou a me arrastar pela casa. Sorte que consegui roubar outro enroladinho de algas da mesa.
Subimos as escadas para o segundo andar e paramos na frente de uma porta branca. Tomoyo não hesitou em abrir e o perfume de Sakura então invadiu minhas narinas. Era o quarto dela.
O cômodo parecia um pouco infantil e nada muito a ver com a Sakura que eu conheço hoje. Muitas estampas floridas se espalhavam pela cômoda, na colcha de cama e até em algum apliques adesivos nas paredes. Diversos bichos de pelúcia estavam espalhados por todo o cômodo, até nas prateleiras, que estavam lotadas de livros e revistas. Um sorriso escapou do meu rosto ao pensar que eu estava entrando em contato com mais um pedacinho do seu passado, que o nosso relacionamento estava diferente agora, que eu me sentia mais perto dela.
- Tá vendo isso aqui? – Tomoyo disse apontando para um pôster de um cantor que devia ser famoso há anos atrás.
- O que tem? – ela então desgrudou o pôster da parede revelando seu verso, e eu não pude estar mais surpreso. Era uma foto daquele cara. Ela tinha um pôster na parede com a foto do Tsukishiro. – Qual é Tomoyo, veio esfregar na minha cara que ela era, e pelo jeito ainda é, totalmente maluca por esse daí? – bufei nervoso. Ela revirou os olhos.
- Ai Li, ás vezes você é tão lerdo que me irrita. Presta atenção! Olha onde o Yukito está, na parede! – continuei encarando-a como se estivesse falando grego. – É lá que a Sakura enxerga ele, na parede, ao lado dos ídolos famosos que ela admira. Alguém inalcançável, totalmente platônico. Entendeu agora? – fiquei encarando por alguns segundos o pôster de Yukito. Como ela tinha conseguido aquilo?
- Mas o que é que está acontecendo aqui? – eu e Tomoyo viramos para a porta e lá estava Sakura, surpresa ao nos encontrar em seu quarto e com um leve rubor nas bochechas.
- Eu estava tentando explicar pro seu namorado que ele não tem que se preocupar com o Yukito, é totalmente platônico. – Tomoyo respondia displicente, enquanto recolocava o pôster em sua posição original.
- Tomy, deixa eu falar com o Shaoran, por favor. – Sakura pediu e logo a japonesa estava se encaminhando para a porta do quarto.
- Ah, Li! – ela disse antes de sair. – Já que não me escuta e prefere ficar fissurado nessa ideia errada, então vê se aprende a cozinhar! – mas o que aquela maluca estava falando? Acho que minha feição expressou minha confusão, já que não precisei responder nada para ela continuar. – Sabe os enroladinhos de alga? Foi o Yukito que fez. – piscou pra mim e saiu. De repente senti um embrulho no estômago e uma vontade enorme de botar aquelas porcarias pra fora. Maldito.
Sakura observou toda a cena sem entender nada.
– Estava te procurando. – ela disse se aproximando e pegando uma de minhas mãos. – Você me deixou lá sozinha, com cara de tacho. – suspirei.
- Você tava flertando com ele na minha frente. – soltei minha mão da dela e sentei-me na cama.
- Shao, para. – ela pediu sentando-se ao meu lado. – Me desculpa, tá legal? Eu não sei o que deu em mim! Sei lá, nunca mais tinha visto ele e você leu o meu diário, você sabe que-
- Exatamente. Eu sei que a Sakura de 10 anos era apaixonada por ele e não a de 24.
- Você não entende? Eu posso ficar um pouco envergonhada com o Yukito, mas ele nunca, nunca fez ou vai me fazer sentir o que você faz apenas com um toque. – ela disse em um tom baixo, aproximando seu rosto do meu. Confesso que me perdi. Me perdi completamente, como sempre, naquelas esmeraldas brilhantes.
- Ah é? – provoquei com a voz rouca, aproximando meu rosto ainda mais do seu, tocando a ponta dos nossos narizes. – Então prova.
Sakura então lentamente tomou meus lábios com os seus, apenas colando um ao outro. Aos poucos sua boca se entreabriu pedindo para aprofundar o beijo e prontamente eu cedi. Ela pegou minhas mãos com as suas, e as colocou em sua cintura. Logo apertei-a, trazendo mais para perto e seus braços enlaçaram meu pescoço.
Eu podia estar a beijando pela milésima vez, mas aquele turbilhão de sentimentos sempre vinha à tona, embrulhando meu estômago, me levando ao céu em segundos.
Ela separou o beijo com alguns selinhos e afastou-se um pouco de mim puxando seus cabelos para o lado, mostrando seu pescoço para mim.
- Está vendo? - ela disse mostrando a pele completamente arrepiada de seu pescoço. – É só com você. – seus olhos estavam em chamas. Podia ver o desejo transbordando-os. E eu não estava nem um pouco diferente.
Avancei em seu pescoço à mostra cobrindo-o de beijos. Agarrei Sakura pela cintura, deitando-a em sua cama, logo senti seu abraço me colar mais em seu corpo. Afastei-me um pouco e joguei a jaqueta que usava longe. Voltei a tomar seus lábios com volúpia.
Suas pequenas mãos passeavam por debaixo da minha camiseta, arranhando e acariciando minhas costas. Instantes depois eu já estava sem camisa. Tirei o colete e a regata que ela usava e atirei no chão. Logo passei a beijar seus seios ainda cobertos pelo sutiã. Quando comecei a tatear suas costas em busca do fecho, Sakura se afastou de mim rapidamente e se colocou em pé.
- Mas o que... – comecei a falar, ela então foi para a porta do quarto e a trancou.
- Chega de drama por hoje. – disse sorrindo maliciosa e pulando na cama novamente.
Rapidamente abri sua calça e a retirei sem nenhuma dificuldade. Desci beijos por toda a sua barriga, até chegar a sua calcinha. Arranquei-a com os dentes.
- Não acha que está muito vestido, não? – ela indagou divertida. Trocou de posição comigo, ficando por cima e começou a desabotoar minha calça. Logo esta já estava no chão, junto com a minha cueca e claro, minhas meias.
Sakura passou a distribuir beijos por todo o meu peitoral, desceu para a barriga e logo já estava trilhando beijos pelo “caminho da felicidade”. Não demorou muito e meu júnior já estava recebendo sua atenção.
Eu mal conseguia me conter de prazer. Céus! Esqueci que tinha uma festa rolando lá embaixo, que o pai dela estava no cômodo ao lado junto ao irmão homicida e o senhor perfeitinho. Esqueci de todos os problemas de hoje, da ligação da China, das conversas inacabadas, da raiva, do ciúme. Se me perguntassem agora, eu mal saberia balbuciar meu nome. Seus lábios suaves me proporcionavam o maior prazer e eu só conseguia pensar em como eu queria mais e mais daquela sensação.
Completamente entorpecido de prazer, reuni o que me restava de forças e afastei-a de mim, ficando por cima de seu corpo.
- Eu preciso que seja minha, agora. – disse ofegante e a beijei apaixonadamente enquanto nos fundíamos em um só.
- Eu sou sua. Para sempre.
Corpos se chocando, suor escorrendo, respirações alteradas e ofegantes, gemidos contidos com beijos calorosos, olhares vidrados, lábios sedentos. Éramos um.
- Para sempre. – concordei ofegante enquanto sentia uma onda de prazer me consumir e Sakura logo estremeceu e também alcançou o clímax.
Deitei ao seu lado, ofegante, abraçando seu corpo pequeno e frágil.
- Você nem tirou meu sutiã. – Sakura constatou divertida.
- Eu estava com um pouco de pressa. – ri e beijei seus cabelos. Ela então se virou de frente para mim.
- Acabei de realizar um sonho sabia? Transar em meu quarto de infância... Check! – ela fez um sinal de checado no ar e soltou uma gargalhada gostosa. Tomei seus lábios com os meus rapidamente iniciando um beijo calmo.
- Sakura! Cadê você monstrenga?! – nos separamos rapidamente e encaramos a porta, ouvindo a voz abafada de Touya do lado de fora. – Vamos cantar parabéns! Sakura! – ele gritou novamente e a maçaneta da porta começou a girar devagar.
- O quão trancada está aquela porta? – perguntei atônito.
- Espero que o suficiente para eu não ser assassinada aos 24 anos.
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