- Realmente... O Xiaolang merece um prêmio de paciência. – Meiling revirava os olhos depois que eu terminei de contar a loucura da minha noite de ontem. Reservei todo o meu horário de almoço para conversar com a chinesa, depois de tudo o que rolou ontem, ela era a primeira com quem eu precisava conversar.
- Meiling! – resmunguei. – É uma decisão difícil... Eu não posso simplesmente-
- Me poupe Sakura! – exclamou revirando os olhos. – Até parece que não sabe a resposta que vai dar a ele! – estreitei meus olhos e me endireitei no sofá confortável da sala de Mei. – E não finja que não sabe do que eu estou falando!
- Será que poderia ser mais específica? – retruquei irônica. Ela estava maluca?
- Como quiser. Estou dizendo que você ficou olhando pro meu lindo primo ajoelhado na sua frente, pedindo para você ser a mãe dos filhos dele, depois dele ter contado absolutamente TUDO da vida dele, e respondeu um simples “eu tenho que pensar”. – ela disse fazendo uma careta e imitando a minha voz. – Depois jantou com ele como se nada tivesse acontecido, ouviu mais explicações da família, como o símbolo da espada, as fotos das irmãs e da mãe dele... E DEPOIS FORAM DORMIR COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO!
- Tá legal Meiling, eu sei que fiz tudo isso, só não entendi ainda onde é que você quer chegar! – ela bufou.
- Você fez tudo isso para apenas ganhar tempo! Não teve coragem de responder na cara dele o que você já sabe! Um grande e belo: NÃO. – entreabri os lábios rapidamente e puxei o ar com força. – Não entende que ficar postergando sua resposta, só vai machuca-lo mais? Ainda por cima sabendo que é uma resposta negativa. – aquelas palavras... Tão diretas e verdadeiras. Meus olhos que já estavam ardendo, de repente, transbordaram lágrimas.
- Eu... Eu... Eu não consigo, tá legal? EU NÃO CONSIGO! – gritei sentindo meu peito arder em dor. – Nós demoramos tanto para nos acertarmos... Agora vem essa família de vocês e estraga tudo! Malditos! – eu respirava com dificuldade enquanto minha vista ficava turva em razão das lágrimas. A chinesa pareceu ficar com pena e agarrou minhas mãos com força. Era a primeira vez que ela me via chorar.
- Eu só queria entender... Por quê? – ela questionou. – Por que não pode fazer isso por ele? – arregalei os olhos surpresa. Será que ela não percebia o quanto esse pedido era sério?
- Meiling, por Deus! Ele não está pedindo uma camiseta emprestada, está me pedindo um filho! Um filho! – eu dizia completamente perplexa. – Uma criança para ser gerada dentro do meu corpo! Eu não estou preparada para isso ainda... Eu tenho só 24 anos, tenho tantas coisas a fazer antes de pensar em construir uma família! O jornal, a modelagem... Tem tanta coisa que eu quero conquistar antes disso! Fora que a sua família parece ser absurdamente controladora... Certeza que tomariam o controle do meu filho. – ela então olhou para baixo por um momento e então voltou a me encarar e seu olhar agora tinha um brilho diferente: decepção. – O que foi?
- É só que... Se fosse o contrário, ele te daria cinco filhos, mesmo você tendo pedido só um. Ele te doaria um rim, ou até o próprio coração se precisasse. Ele faria qualquer coisa por você e bem, claramente, você não faria o mesmo. – um soco. Foi como aquelas palavras me atingiram. Um soco doloroso bem na boca do estômago. Apertei mais minhas mãos nas dela e fechei meus olhos com força, sentindo mais lágrimas rolarem pela minha bochecha. – Só por favor, não demore em dar a resposta à ele. Xiaolang não merece esperar tanto para no final ser rejeitado e abandonado por você. – abri os olhos rapidamente.
- Abandonado? Está maluca? – a chinesa então me encarou confusa. – Eu nunca vou abandoná-lo, a não ser que ele me peça. Não é porque não posso dar o que ele me pede que vou deixar de estar ao seu lado. – Mei então abriu um sorriso enorme e me puxou para um abraço apertado.
- Então o Natal na China ainda está de pé? – ela sussurrou em meus ouvidos.
Como se a bomba já não tivesse sido jogada na minha cabeça, Shaoran ainda veio com a notícia de que sua mãe estava convidando a todos para passar o Natal na China. Na verdade ela estava louca para conhecer a mulher que roubou o coração do seu amado filho e ainda mais, conhecer a futura mãe do herdeiro do Clã. Juro que estava ansiosa para finalmente conhecer essa família e todas as tradições que a envolvem, para ver se eu consigo entender a importância de tudo isso... Mas a minha escolha não foi positiva e agora eu estava muito preocupada. Não sei de quem eu estou com mais medo de contar a minha decisão: Shaoran ou a mãe dele.
- Claro que está. Vamos todos para a China. Vou conhecer a família de vocês e... Conhecer a mãe do filho de Shaoran. – disse com um pouco de dificuldade.
- Nem acredito que vou voltar... Depois de todos esses anos... – ela disse preocupada, separando-se do abraço e olhando para baixo. Limpei as lágrimas que escorriam pela minha bochecha e apoiei meu indicador direito embaixo de seu queixo, erguendo seu olhar ao meu novamente.
- Ei, você não estará sozinha.
- Ei sei que todo mundo vai estar lá... Mas-
- Ei! Que todo mundo? Eu vou estar lá, a mais importante de todas – dei uma tentativa de sorriso convencido e ela deu uma leve risada da careta esquisita que acabou saindo. – Aprendo chinês só pra poder falar umas poucas e boas pra quem for encher o seu saco.
- Tá maluca? Bater boca com eles? – ah, ela estava duvidando? Pois já estava odiando essa família cheia de tradições sozinha, imagina se tomar as dores de Meiling?
- Vocês abaixam muito a cabeça pra essas pessoas. Se você não tivesse ido contra eles e fugido há anos atrás, como teria sido a sua vida, hein? – a chinesa soltou um grande suspiro.
- Você teria coragem mesmo? De me defender? – abri um sorrisinho de escárnio.
- Só de diz uma coisa. Como se fala vai se foder em chinês?
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