Eu ainda estou surpreso com o que acabei de saber e mais irritado ainda com a audácia do Jimmy de ter usado a Chloe de forma suja para me atingir, por pura insegurança da parte dele com relação a Maggie. Ele fez merda e vai pagar por isso.
— Então foi isso? – encaro Chloe que está sentada na minha cama, que por sua vez está olhando para o chão.
— Sim, basicamente. Ele me abordou em uma house party semanas atrás, oferecendo droga pra Kristen e pra mim, ele disse que a primeira vez era de graça porque gostou da gente e ia dar esse brinde. Ele pegou o nosso contato e começamos a conversar e saímos algumas noites. Eu nunca precisei pagar pelas drogas. Ele disse que gostava da minha companhia. Ele me dava tudo e eu usava sozinha. Depois ele me contou sobre você e a Margaret então eu me perdi totalmente na raiva.
— Eu não vou te julgar, mas porra, eu achei que você fosse mais inteligente que isso. Sério, Chloe. Drogas? Caiu no papo do Jimmy assim... – suspiro pesado e balanço a cabeça como sinal de negação. — Você não é esse tipo de garota, não foi por esse tipo de garota que eu me apaixonei.
Ela levanta da cama e vem ao meu encontro que estou de pé encostado na escrivaninha e finalmente me olha nos olhos.
— Desculpa você está certo. Eu não sou assim. Eu não sei o que me deu na cabeça; Eu só queria desligar a minha mente depois do que ele me contou sobre você e aquela garota. Eu não sei... – ela segura meu rosto entre suas mãos e começa a chorar.
— Hey, não chora. Isso quebra o meu coração. Relaxa ok? A culpa não é sua. Conversaremos sobre isso outra hora. Você precisa descansar, melhor ir para casa e eu passo lá amanhã. – limpo as lágrimas do rosto delicado dela que parece tão abatido.
— Eu posso dormir aqui? Não quero ir pra casa.
— Melhor não, Chloe. Ainda estamos dando um tempo.
— O Ryan chegou hoje, meus pais estão lá e eu não estou afim de fazer cena em família. Você sabe o quanto o meu irmão é irritante.
Me dou por vencido e acabo cedendo ao pedido dela. Além disso, no estado que ela tá só traria mais problemas ela aparecer assim em casa.
— Tudo bem. Tem roupas suas aqui ainda. Você pode ficar por hoje. – ela me agradece colando os lábios nos meus, beijo do qual eu logo me desfaço.
— Chloe para. Não deixa tudo mais complicado. – afasto ela delicadamente pelos ombros.
Nossa conversa é interrompida por batidas na porta.
— T, você está aí? – meu pai abre a porta e coloca meio corpo para dentro do quarto.
— Oi pai.
— Opa, desculpa. Não queria atrapalhar nada. – ele diz aparentemente surpreso ao notar a presença de Chloe.
— Não está interrompendo nada – digo e forço um sorriso
— Bom, eu só vim avisa que comprei nossa janta. Comida mexicana e algumas cervejas pra gente ver o jogo. Mas se não for uma boa hora pra você, eu entendo. – ele provavelmente nota a tensão no ar já que Chloe permaneceu de costas pra porta e não o cumprimentou.
— Não precisa cancelar pai. Vamos tomar banho e logo a gente desce pro jantar, ok?
— Certo, eu aguardo vocês lá embaixo então. – ele diz e fecha a porta se retirando.
Tomamos banho, mas separados, cada um na sua vez. Chloe vestiu o que achou pelo meu closet e resolveu dormir. Eu por minha vez desci e resolvi me esforçar para não estragar a noite que o meu pai havia planejado para nós. Uma tarefa difícil quando a minha cabeça estava explodindo com toda essa merda que o Jimmy provocou.
— Então vai me dizer o que está acontecendo? – meu pai pergunta enquanto pega as cervejas da geladeira.
— Uns problemas da Chloe com a família dela, nada demais que não possa ser resolvido. – digo enquanto desembrulho as comidas e organizo nos pratos que estão em cima da ilha.
— Seja o que for esse “problema”, seja sábio ao escolher como resolver. Eu te conheço, filho. Você parece muito afetado.
— Eu não quero falar sobre isso.
Continuamos o jantar com assuntos leves, depois fomos assistir ao jogo que estava passando na tv e bebemos algumas cervejas. O velho ritual de pai e filho. Depois de fumar uns dois cigarros ele saiu com a sua moto, pois ia encontrar uns amigos do antigo moto clube.
Subo para o meu quarto e Chloe continua dormindo. Ótimo. Começo a procurar o celular dela no meio da bagunça dentro da bolsa dela. Nada. Olho cuidadosamente debaixo do travesseiro. Nada. Com cuidado para não acorda-la passo a mão pelo colchão e olho debaixo da coberta. Nada. Que merda.
De repente pra minha sorte escuto um toque de celular vindo do banheiro. Bingo! É o da Chloe. A foto de Kristen aparece na tela. Puta que pariu, essa menina é muito irritante.
— Oi Kristen, é o Travis.
— Travis? Cadê a Chloe? Preciso falar com ela e não com você.
— Ela ta meio ocupada no momento chupando o meu pau. – digo e finjo gemidos.
— Então vocês voltaram? – ela soa desapontada.
Sem dar uma resposta desligo a chamada. Não tava afim de ouvir piti da Kristen, porque eu sei da quedinha que ela tem pela diabinha. Mas isso é outra história.
Vou nos contatos do celular de Chloe esperando achar o que procuro. Disco o numero de Jimmy no meu celular e torço para ele me atender.
— Jimbo na linha
— Johnson? É o Beckford!
— Travis? – ele soa surpreso -. — E aí cara, manda.
— To precisando daquele combo da alegria, cara. De preferencia pra hoje. Tem como rolar?
— Beckford voltando pro lado certo e feliz da vida. – ele ri. — Claro. Diz onde e quando.
— Te passo a localização por mensagem. – digo e desligo. Dou uma ultima olhada na Chloe antes de sair pra ver se ela está mesmo dormindo. Pego as chaves do carro e saio.
Estou numa parte distante e vazia do estacionamento de um fast food. Estou encostado no capu do carro no aguardo de Jimmy. Não demora muito e o cadillac azul dele para ao lado do meu carro. Dou um ultimo trago no cigarro e aguardo ele vir ao meu encontro.
— Fala, bro. – ele se aproxima e estende a mão, em resposta faço o mesmo.
— E aí, Jimmy, trouxe a parada, cara?
— Claro! Ta na mão. Muita erva, muito doce, aquele pó. O paraíso, cara. É só dizer o que o patrão vai querer – ele coloca as duas mãos nos bolsos do moletom e tem um sorriso malicioso no rosto.
— Me dá tudo o que você tiver aí.
— Tá usando em dobro agora, amigo? – ele dá uma risada debochada.
— É, digamos que sim.
Ele me entrega as drogas e eu ando até o meu carro pra pegar o dinheiro quando deixo o pacote de pó cair no chão.
— Será se você pode pegar do chão pra mim enquanto eu pego o dinheiro? – pergunto e deixo a porta do carro entreaberta.
— Claro cara.
Ele se agaixa para pegar o pacote quando num movimento rápido eu abro a porta com força atingindo a cabeça dele que com o impacto ele cai atordoado no chão.
— Mas que porra é essa? – ele diz enquanto está jogado no chão passando a mão na cabeça.
Eu o levanto pela gola da camisa e começo a soca-lo repetidamente. Jogo ele no chão, ele desprevenido e atordoado pela batida na cabeça, não consegue se defender.
— Você é um lixo mentiroso, traficante de merda. Fica longe da Chloe com as suas merdas. Ela não é mais um dos seus experimentos de qualidade seu bosta. Você não vai fazer com ela o que fez com a Olivia – eu rasgo o plástico jogando assim toda a cocaína no chão.
— Você tá fodido, Travis. Não deveria ter feito isso. – ele tenta se levantar, mas o impeço chutando ele inúmeras vezes o fazendo permanecer rolando de dor no chão de um lado pro outro.
— Nunca mais chega perto da Chloe pra oferecer essas merdas ou pra inventar coisas. Eu ferro com a tua vida, cara. – pego o resto das drogas e rasgo os pacotes jogando tudo no chão e pisando em cima para estragar.
— E acho melhor você se apressar, porque a policia está a caminho. Você tem o suficiente aí para ser preso por tráfico, amigo.
Entro no carro ignorando as dores nas mãos e saio de lá. Preciso terminar isso e tirar minhas duvidas com relação a Maggie. Quero saber o quanto ela está envolvida nas merdas do namorado dela. Dirijo em direção a Riverside e ao chegar na rua dela estaciono na frente da minha antiga casa.
Ligo pro celular dela e cai na caixa postal. Tento novamente e consigo uma resposta.
— Hey, é o Travis. Você pode vir aqui na minha casa? To aqui do lado.
— Oi, Trav. Ah, eu estava dormindo. – a voz de sono confirma .
— A porta está aberta. É só subir. – digo e desligo a chamada sem dar tempo dela contestar.
Eu estou sentindo um mix de emoção. Dependendo do fim dessa conversa as coisas podem terminar pior do que o esperado. Eu preciso tirar a minha dúvida com relação a Maggie. Se ela realmente não souber de nada, eu preciso protegê-la. Ela é minha amiga e eu me importo com ela. Eu quero muito que ela não tenha envolvimento nos negócios do Jimmy. Por favor, Deus.
— Hey.. – ela entra no quarto com uma expressão confusa no rosto
— Belo pijama. Preciso te fazer umas perguntas e você precisa ser sincera comigo. – digo sério a encarando.
— Ai meu Deus isso é sangue? – ela se aproxima tocando na minha camisa branca que agora está suja de sangue já que limpei minhas mãos nela.
— Isso é sangue do seu namorado. – digo e ela se afasta dando alguns passos pra trás.
— Jimmy? O que você fez com ele? O que aconteceu? – ela começa a se desesperar e aumenta o tom de voz.
— Entramos em uma briga. Não é nada demais. – minto pra ela tentando acalma-la. — Maggie, você sabe dos negócios do Jimmy? Você participa dos negócios dele? - vou direto ao assunto.
— Eu não sei do que você está falando. – ela parece confusa.
— Só responde a droga da pergunta.
—Eu não vou responder nada. Você chega aqui no meio da noite fazendo exigências e eu nem sei o que você fez com o meu namorado. Eu vou embora! – ela diz e me dá as costas indo em direção a saída do quarto.
— Eu preciso saber da verdade pra te proteger dele, Mags.
Ela para no meio do caminho e volta sua atenção novamente pra mim.
— Me proteger do que? – ela grita impaciente. — Eu to com o Jim há 2 anos, ele nunca me faria mal, nunca me fez mal. Ele não é você, Travis.
Aquelas palavras foram como socos no meu estomago, eu engoli seco. Eu permaneci em silencio apenas encarando- a que me olhava com raiva nos olhos.
— Você reaparece assim e vem encher a minha cabeça de merda. Eu sei que o meu namorado não é o mais santo do mundo, mas para de tentar me jogar contra ele. Foi você que me abandonou você não pode chegar aqui e vir com esse papo de que quer me proteger. Você perdeu esse direito quando se afastou de mim. – ela luta contra o choro engasgado que se transforma em lágrimas. Lágrimas de raiva.
— Isso não é sobre mim! Por que você tá fazendo isso ser sobre nós?
— Fica longe do Jimmy e de mim. Eu não quero mais te ver. – ela limpa as lágrimas e dá meia volta para sair de lá.
— Então você sabe que o seu namorado perfeito é um traficante de merda que passa tempo acuando garotas com o coração quebrado e usa elas como cobaia pra teste de qualidade das drogas que ele vende? Além de usar elas como troféu em festinhas,claro. – grito essas palavras com muita raiva enquanto ando em direção a Maggie que para os passos na metade da escada ao ouvir o que eu acabo de dizer.
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