--- Sou muito novo 'pra morrer.
--- Depende Jeon, prefere morrer por ele ou viver com ele morto?
--- Prefiro você preso, eu vivo, ele vivo e uma gatinha chata me esperando.
*
Olhava com cuidado as pessoas que entravam e saiam da doceria. Seu disfarce era perfeito, iria apanhar seu bandido como foi pedido e iria tentar ajudar em outro caso do FBI em Las Vegas. Ajeitou seu uniforme e amarrou seu avental colorido, passando-o ao redor de seu corpo e pelo pescoço. Colocou o chapéu do trabalho - que mais parecia uma boina cheia de arco-iris- e ficou no caixa à espera dos clientes. Alguns vinham e pediam os chocolates que estavam perto da fonte ativa e outros algumas balas e trufas, outros já avistavam as sobremesas do natal e outros viam os brindes dos chocolates que estavam como presentes em algumas prateleiras. Apenas falava poucas palavras; "Bom dia, O que vai querer? São vinte wons...". Monótono como ele esperava. Já passava do período da manhã e provavelmente seria sua última hora no caixa. O sujeito que procurava chegava às três da tarde, já poderia se considerar em alerta. Ouviu o sininho da porta e olhou para quem entrava. Quase sentiu seu coração parar na hora.
Lá estava ele. Cabelos negros meio bagunçados pela pequena ventania do lado de fora, óculos escuros cobrindo seus famosos olhos negros, os lábios vermelhinhos e macios que tanto ansiava tocar, o corpo adulto e bonito, marcado pelas calças apertadas e pela blusa que usava, além da jaqueta de couro que vestia por cima. As mãos recém descobertas pelas luvas pretas eram pálidas e os dedos, um pouco vermelhos pelo frio, pegavam uma cesta vazia. Observou o dono das madeixas escuras andar até os doces e pegar dois brigadeiros, dois pirulitos e três trufas de chocolate, além de um copo de chocolate quente que estavam dando de graça para os clientes.
Reparou que o moreno abria um dos pirulitos e colocava na boca, o que quase fez sua boca abrir para dar espaço à um suspiro. Era pecador demais. O moreno andou até si com um sorriso gentil. Parou à sua frente e colocou os doces na balança em frente ao caixa, tirou seus doces e esperou que o atendente passasse seus produtos. Porém, era impossível parar de olhar para alguém que não via à cinco anos. Principalmente quando se é apaixonado por ele à cinco anos ou mais.
--- Com licença...- chamou o moreno olhando para o relógio e tirando o óculos do rosto. Até a voz fazia seu corpo tremer.- Eu preciso ir buscar alguém, poderia...- olhou para o atendente e paralisou assim como o outro.
--- Jeon...- sua boca só parecia ser capaz de pronunciar as certas palavras.
O moreno engoliu a seco e sorriu fraco, abaixando a cabeça e passando o pirulito para o outro lado.
--- Hiro...- respondeu voltando a olhar para o loiro a sua frente.- Há quanto tempo...
--- É...- não conseguia parar de olhar para o moreno, era quase impossível.- Há cinco anos...
--- Verdade...- riu soprado, tirando o pirulito da boca e deixando seus lábios mais vermelhos do que já eram.
Hiro estava para enlouquecer.
--- O-o que está fazendo hoje?- patético, Hiro se sentia patético.
--- Estou em uma missão, estou protegendo alguém por um tempo... e você?
--- Em uma missão... Estou caçando alguém. - surpreendeu-se por não ter sequer piscado uma única vez.
--- Somos bem ocupados depois que nos formamos.- ouviu novamente aquela risada gostosa que tanto queria ouvir.
Estava triste, o arrependimento batia e doía, muito.
--- Bem, poderia se apressar? Eu não posso ficar muito longe dele...- seu coração parecia ter virado cacos de vidro.
Dele. D.e.l.e. DELE. Seus ciumes desnecessários vinham e envenenavam seu coração mais e mais. Jeon percebendo certo desconforto por parte do loiro, resolver suspirar e sorrir. Afinal, não era todo dia que encontraria Hiro, não é?
--- Mas enfim, como está depois de tanto tempo?- perguntou observando o outro passar seus doces em silêncio e com uma expressão triste.
--- Bem, eu acho... e você?
--- Muito bem, quer dizer, para um agente. Como um humano com vida social e trabalho normal, com toda certeza não. - Hiro riu. - Não cresci muito em questão de teimosia e sarcasmo, continuo me ferrando por causa disso.
--- É isso que te faz único.- Hiro sussurrou e ouviu um riso soprado.
--- Eu sou único, Hiro? Você nunca me disse isso, talvez tenha mudado nesse anos.- Jeon falou em deboche e o loiro respirou fundo.
Seu coração despedaçava, Jeon era venenoso para si depois que foi venenoso para ele. A vida realmente dá voltas e reviravoltas. Engoliu a seco a vontade que teve de fazer com o moreno tao perto de si, somente o balcão os separavam.
--- Sim, eu mudei. Mas... meus sentimentos por você não...- Jeon fechou sua expressão e apenas respirou fundo.
--- Hiro... O loiro pegou na gola do moreno e beijou-lhe os lábios com delicadeza.
Jeon fechou os olhos pelo susto e também pelo contato inesperado por parte do loiro. Hiro parecia desesperado, porém parecia se controlar para que não fosse bruto demais, talvez por acreditar que o outro ainda fosse de vidro e pudesse quebrar a qualquer momento. O moreno somente sentia os lábios alheios e não sabia o que fazer. Hiro havia lhe beijado, o que ele faria? Não teve outra escolha a não ser beijar de volta na tentativa de achar uma brecha para que pudesse sair de uma vez, porém não precisou disso. O próprio Hiro separou os lábios, puxando os seus com os dentes.
--- Era só isso que eu precisava.- ficou estático. - Pode deixar que incluo sua compra na minha conta, pode ir. Tenha um bom dia.
--- A-ah, claro! Obrigada Hiro... - pegou a cesta com os doces já colocados e olhou para o loiro novamente, mordendo os lábios com força.- Desculpe, só não dá.
O loiro sabia o que aquilo significava. Apenas assentiu, observando o moreno sair quase que as pressas da doceria. O cheiro do Jeon ainda estava em seu nariz e com isso seu peito batia forte. Jeon realmente não era para ele. Voltou ao seu trabalho com um enorme peso e tristeza, era sua culpa. Jungkook lhe odiava por sua culpa, era isso. Não seria hipócrita e nem egoísta ao pensar isso, era tudo culpa sua. Jungkook nunca seria seu, nem seus lábios, nem seu cheiro, nem nada. Jungkook não lhe pertencia e ponto final. A textura dos lábios macios ainda estavam imprimidos nos seus. Era bom, a sensação era a mesma. Doce, viciante, macia, excitante. Te-lo retribuindo era o máximo que poderia ter. Pelo menos até que talvez se apaixonasse de novo.
*
Jeon ia até seu carro e colocava os doces no banco do passageiro. Colocou seu cinto e segurou o volante. Bufou deitando a testa no mesmo e batucou seus dedos nervoso. Por que diabos Hiro tinha que lhe beijar? E ele como um pateta retribuir.
--- Eu sou um idiota! Hiro idiota!- xingou mordendo os lábios vermelhos e ligando o carro.
Por que tinha que ver Hiro? Não poderia ser outra pessoa? Alguém que não lhe lembrasse do que passou? Acelerou já com os pensamentos voltados para a estrada. Mais tarde resolveria seus problemas. Iria deixar de pensar em um problema para resolver outros. Ótimo Jungkook, melhor que isso não tem como, pensou.
*
--- Min, você disse que ele estaria aqui em meia hora. Já se passou duas horas.- o Jung reclamou sentando no carro blindado do agente cruzando os braços.
--- Ele sempre chega na hora, isso só pode significar uma coisa.- o Jung esperou sua resposta.- Eu não passo de hoje.
--- Ninguém mandou transar comigo.
--- Ninguém mandou me provocar.- ambos se olharam pelos óculos escuros e sorriram cúmplices.
--- Pode parar desses sorrisinhos aí.- ouviram uma voz irritada e olharam assustados para o garoto de madeixas castanhas.
O mesmo vestia uma roupa social e um casaco de frio com luvas de lã vermelha. Ao redor de seu pescoço um cachecol cheio de árvores de natal enfeitavam o fundo vermelho e na cabeça havia protetores de ouvido felpudos. Um adolescente, diriam. O Jung olhou de cima a baixo o recém-chegado com receio, quem diabos era aquele adolescente birrento? O Min ao contrário, tinha um sorriso bobo e apaixonado para o outro. Saudades eram imprimidas em seus olhos. Andou até o Kim e abraçou-lhe com força, iriam fazer meses que não se viam e sequer conversavam. Taehyung fez bico e cruzou os braços empurrando o Min e virando de costas.
--- Explique-se. - mandou e o Min suspirou.
--- Meu amor, não tem o que explicar.-respondeu o agente abraçando o outro pelas costas e beijando seu pescoço.- Só não me mate antes do nosso casamento...
--- Casamento? Casamento é uma ova! Casa com esse mafioso aí! Se merecem, idiota!- desvencilhou dos braços alheios com birra.- Você não me ama mais, já provou isso! Vou ficar com o Jeon só para esfregar na sua cara que posso muito bem viver sem você...- seus olhos tinham lágrimas que já brotavam.
--- TaeTae, eu te amo, com todas as minhas forças. Eu só tenho olhos para você.
--- Mentiroso.- puxou a orelha do azulado e ouviu um resmungo de dor.
--- Ok, eu vacilei. Mas eu ainda te amo Tae, muito! Eu amo você, sou louco por você sabe disso...- olhou com sinceridade nos olhos do acastanhado.
--- Se fosse verdade você não estaria ao lado desse... desse... desse ladrão!
O Jung revoltou-se.
--- Ei, não sou um ladrão! Sou um mafioso, eu tenho meus negócios, não pego nada de graça! A não ser que tenha sido roubado de mim, não sou ladrão coisa nenhuma.- esbravejou.
O Kim apenas revirou os olhos.
--- Aham, claro. - olhou para o Min novamente. - Estou muito chateado com você.
--- Tae, amor, meu boneco, eu juro que não deixei de te amar! Eu deixei você ficar com o Jeon por saber que mesmo que você ame outra pessoa, sempre vou te amar... Por favor, eu explico para você mais tarde, não joga nosso casamento fora... Depois disso pode até me matar.- implorou meigo e o Kim respirou fundo.
--- Tudo bem... Se ele vier com a gente ele vai dormir no lixo!- apontou para o mafioso que apenas revirou os olhos irritado. - Não revire os olhos para mim, imundo.
--- Vou te fazer engasgar com essa língua.- murmurou o Jung com raiva.
--- Não antes de jogar de uma ponte enquanto dorme.
--- Vou deixar meus olhos bem abertos.
--- Isso não me impede de te jogar lá.- Hoseok estalou a língua.
--- Cobra.
--- Naja para você.
*
Jimin já estava de saco cheio. Já era a quinta vez que jogavam alguma bolinha em seu cabelo e sua paciência estava no limite. Fazia tempo desde que realmente tiraram sua paciência, era bem raro lhe ver estressado. Observou o garoto à algumas cadeiras da sua, levantar o braço e jogar mais uma bolinha em seu rosto. Pegou a mesma no ar e amassou a mesma na mão com força, sentiu o papel ficar tão amassado que queimava em sua pele. Pegou uma folha de seu caderno e aproveitou que o professor anotava alguma coisa no quadro e mostrava na lousa digital, levantou e virou-se, ergueu o braço e com uma força moderada jogou de forma certeira na testa do garoto. Este que se assustou quando a bola de papel veio em uma velocidade estranha. Principalmente quando sentiu sua testa doer mais do que deveria. O Park se sentou, ouvindo os risos dos outros alunos por revidar o ataque que recebia. Sequer sentiu pena do pequeno corte que o menino teve pelo papel na testa, muito menos quando soube que o menino tinha hematofobia. Ouviu apenas um grito do garoto e engoliu a seco por perceber que todos apontaram para si como se denunciassem sua traquinagem. O professor lhe olhou com fogo nos olhos.
--- Foi você que jogou?
--- Foi.- respondeu baixo, não tinha medo de levar suspensão, afinal não foi culpa sua. Estava de consciência limpa.
--- Para a diretoria.
--- Tudo bem...- levantou entediado apenas olhando para a Kim de lado.
A menina segurava o riso, olhando para si como se agradecesse pela diversão do dia. Sorriu de volta saindo da sala de uma vez e sem sequer prestar atenção na reclamação do professor com a turma. Apenas andou pelos corredores e procurou a sala do diretor com paciência. Suspirou cansado e sentou em um dos bancos do lado de fora da sala dos professores. Apertou os punhos pensando sozinho. Sua força realmente era inimaginável, quase brutal. Tinha medo as vezes de quebrar seu próprio pulso ou talvez algo que goste, mesmo sabendo controlar sua força bem. Era como sua audição e visão. Tinha seus pós e contras. Com elas poderia ver e ouvir como ninguém, porém eram deficientes de alguma forma. Só enxergaria com seus óculos de grau, só ouviria com seus aparelhos. Era até mesmo estranho. Sua habilidades eram balanceadas entre fracas no sentindo de controle e precisavam de auxílio para funcionar de forma coerente. Já sua força, era absurdamente pior. Ela não era só estranha como repentina. Quando ficava com raiva, ela poderia quebrar quatro camadas de tijolos ou mais, quando estava relaxado, era como se nem mesmo a tivesse. Mudava de acordo com seu humor.
Gostaria de saber muito como elas surgiram em si. Como foi que elas apareceram em seu corpo e dominaram seu dia a dia tão rapidamente. Lembrou-se do dia em que o FBI tinha lhe chamado para ajudar em um caso, podia ter apenas quinze anos de idade ou menos, mas sua mentalidade beirava ao egoísmo. Tinha saído finalmente de sua prisão e já fora mandando para o campo. Machucou pessoas, estas que até aquele dia lhe odiavam de forma imensa. E não, ele não gostava disso.
--- Park Jimin.- a voz do diretor invadiu sua audição e logo os pensamentos agoniantes também. - Entre.
--- Sim.- levantou e entrou acompanhando do Diretor.
Sentou na poltrona cinza e aparentemente nova, não lembrava dela desde a última vez.
--- O Professor Hyuk disse que machucou um dos alunos e atrapalhou a aula.- apenas assentiu.- Por quê?
--- Ele que jogou em mim, apenas revidei.- falou calmo e o diretor mexeu em seus cabelos, puxando-os.
--- Seu irmão me disse que se algo de errado acontecesse era para ligar para ele, acho que ele não irá se incomodar de vir aqui para saber o que fez.- Jimin se sentiu ameaçado, mesmo que não se importasse se o agente iria lhe dar bronca ou não.
--- Pode falar, ele não irá vir agora.- afirmou tentando inventar alguma desculpa.- Ele está... trabalhando.- não era mentira.
--- Com que ele trabalha? Talvez tenha algum tempo.
--- Ele é policial.- respondeu de imediato e o diretor lhe olhou.
--- Entendo... infelizmente não justifica eu não poder avisar sobre você.
Droga, pensou.
Encostou as costas na poltrona e ficou olhando ao redor de braços cruzados. Podia ouvir até mesmo a voz do Jeon do outro lado da linha, era perceptível que estivesse furioso consigo e ao mesmo tempo aliviado. Escutou a chamada acabar e o diretor lhe olhar sorrindo de lado, falso. Ele anotou algo em um papel e assinou com um carimbo.
--- Como é um aluno novato, levará uma advertência apenas, da próxima não pegarei leve. Na nossa escola não admitimos qualquer tipo de violência...- Aham tá, Jimin revirou os olhos por trás dos óculos.
--- Posso ir?-perguntou preguiçoso e o diretor suspirou.
"Mais um aluno delinquente."
O Park levantou as sobrancelhas, por um papel estava sendo chamado de delinquente e pior, sendo obrigado à ouvir desaforo mental do Diretor da escola.
--- Detenção. Irá lavar os banheiros depois da aula.
--- Ok...- levantou da poltrona e dirigiu-se até a porta.
Abriu, saindo da sala rapidamente e bufou frustrado, ouvindo o som do sinal e todos indo para a educação física, correndo para a quadra. Andou pelos corredores até que encontrasse o faxineiro da escola e parou assim que viu Daehyun pegar alguns sacos de doces em seu armário. De longe, apertou os olhos e consegui ver o símbolo da CIA, o mesmo que tinha nos cristais que identificavam seus óculos. Suspeitou, forçando-se à ouvir os pensamentos da garota.
" Eu não quero mentir, mas não posso falar"
" Ele vai me odiar, por mais que eu tente."
" Papai não tem culpa de nada, e eu vou provar."
Abaixou o olhar, batendo o pé com raiva. Ele sabia, Daehyun estava lhe enganando de alguma forma. Decidiu guardar aquelas suspeitas para si e correu para longe dos armários do corredor. Encontrou com o faxineiro e pegou as vassouras e produtos de limpeza. Entrou nos banheiros e começou a limpar com tédio. Esfregava o chão com a vassoura e as manchas saiam com facilidade pelo produto. Sentiu um empurrão e acabou caindo. Molhando todo seu uniforme. Não escutava nada, seus aparelhos estavam no bolso e provavelmente quebrados à essa altura.
--- Olha novato, soube que ficou corajoso depois que o irmão veio defender!- olhou para mais três garotos que apareciam no banheiro.
--- Vai ficar calado que nem da última vez, docinho?- segurou seu queixo com força.
Não estava sequer escutando o que eles estavam falando, sentia que diziam malvadezas consigo e nada podia revidar, ele não sabia do que de tratava.
--- Ei, não acham que ele é bonito? Por quê não nos divertimos?- perguntou um e os outros riam assentindo.
O Park ficou confuso, principalmente quando virou um deles puxar seu cabelo e faze-lhe ficar de joelhos. Observou o que lhe segurava, abrir o zíper do uniforme e arregalou os olhos. As cenas nojentas daquele dia vinham, iriam tentar de novo? Tentou soltar sua cabeça porém o aperto ficou ainda mais forte. Gemeu e percebeu risadas mudas.
--- Ele geme que nem uma garota, vamos nos divertir muito.
Os outros riam e observavam o Park relutar para que afastasse a cabeça. Teve sua cabeça encostada na cueca alheia e seu rosto passado no pano. A sensação ruim invadia novamente seu peito, odiava ela. Observou a calça ser abaixada e cair até os pés do que lhe segurava. Em um ato de audácia, mordeu a carne da coxa alheia. Com força, tanta que sentiu o gosto do sangue em sua língua. Sua cabeça foi empurrada para trás e assustou-se com o grito de dor do outro. Tão alto, mas tão alto que até sem o aparelho conseguiu ouviu um resquício do som do ambiente. Limpou a boca com nojo e sujou suas mãos frias com o sangue alheio. Seus fios foram pegos novamente e levaria um soco se não conseguisse segurar o pulso do outro. Os três vinham em sua direção direção e seguravam seu corpo, iria usar sua força, não estava nem aí para o que iria acontecer depois. Remexeu-se, empurrando o que segurava seu braço para uma das cabines e o outro para o chão - deslizando até que chegasse a parede do outro lado. O que sofria com a mordida, segurou ainda seus cabelos e lhe bateu no rosto. Não conseguia revidar, de alguma forma a mão daquele garoto era pesada demais. Sua visão estava desfocada, seu óculos não estava mais em seu rosto.
--- Você vai pagar...- apertou os fios e Jimin quase sentiu o mesmo ódio que sentiu daqueles homens.
--- M-me solta!- mandou tentando soltar seus cabelos loiros da mão alheia.
--- Park Jimin, por que não me bate agora?- sussurrou levantando Jimin do chão com uma só mão.
Não era possível. Não tinha como. Era segurado pelos cabelos com força. Olhou para a porta do banheiro e observou uma figura alta, esta se mexeu de forma lenta, porém assim que percebeu, caiu no chão de uma vez. Sequer viu que Jeon Jungkook que havia entrado, ele que havia derrubado um garoto terceirista com um único chute na nuca. O agente olhava a situação e suspirava. Pegou os óculos que estavam no chão e colocou no rosto do Park, que finalmente poderia ve-lo.
--- Onde estão seus aparelhos auditivos pirralho? - murmurou sabendo que o garoto não poderia lhe ouvir.
Procurou pelo banheiro e andou pela bagunça de sabão, sangue e garotos apavorados olhando-o com pavor. Colocou as mãos na cintura e resolveu dar de ombros, olhando afiadamente para os presentes.
--- Saiam ou eu acabo com vocês.- falou e somente observou os garotos correrem para fora, contudo, apenas dois foram segurados pelas mãos do agente. Impedidos de sair.- Quero nomes, de todos, anotem.- mandou e os dois se olharam.- Agora!
Jeon soltou os garotos medrosos e dirigiu-se ao Park, revistando-o à procura dos aparelhos. Encontrou no bolso do casaco do garoto e verificou se estavam quebrados ou não. Apenas um havia se salvado. Colocou no ouvido do pirralho, observado o estado do menino. Cabelos assanhados e molhados, lábios com sangue e olhos vermelhos por segurar lágrimas de desespero. Respirou fundo.
--- O que houve aqui?- perguntou e reparou que o garoto não conseguia falar nada. Ainda estava em choque.- Olha, não tem como eu resolver se não me disser...
--- E-eu não quero mais voltar...- murmurou encolhendo no cantinho em que estava.
--- Tudo bem, não vai voltar.- respondeu o Jeon levantando o olhar para os garotos.- Já terminaram ou vão fazer xixi ainda? Eu não tenho o dia todo!
--- N-nao temos onde anotar...
--- Apenas fale.- ordenou e apontou para o que tinha dado um chute.- ou vão acabar que nem ele.
--- Seok Ji Hyung, Kim Lee Suk, Jae Min Ha, Im Jung Oh, Gin Hun, Oh Soo Mi e Lee Jon Dae.- responderam tremendo e o Jeon assentiu.- Todos do terceiro e segundo ano.
--- Agora podem sair, a polícia espera vocês em casa.- avisou e ambos se encararam.- Acham que sou um idiota? Fosse vocês, não tentaria resistir à SWAT dessa vez, eles estão furiosos... Ah, peguem esse grandalhão aqui e levem até o carro que está lá fora, uma viatura mesmo.- olhou para o pirralho e pegou em sua mão, levantando-o.- Vem garoto, vamos para casa.
Jimin apenas assentiu apertando a mão do Jeon com firmeza. Ambos saíram daquele banheiro as pressas, o agente faria de tudo para que o garoto não fosse visto por mais ninguém daquela escola. Daehyun os esperava na entrada da escola e estava aflita. Havia um pirulito em sua boca,o mesmo que havia nos pacotes de seu armário. O Park evitou olha-la e foi puxado para o carro do agente que estava estacionado bem em frente. Colocou seu cinto e observou o Jeon ligar o carro com pressa.
--- Mas que droga, não para de chegar problemas por cima de problemas. - falou acelerando e observando a SWAT chegar até a escola.
--- Jeon, o-o que eles vieram fazer aqui?- perguntou, afinal, parecia um alarde exagerado se fosse somente por ele.
--- Alguém descobriu que você estuda aí, quase tive um infarto assim que soube que bateu em alguém. Provavelmente em todo o lugar têm gente atrás de você e descobriram quando bateu nesse idiota. - respondeu bufando.- Vou colocar uma coleira em você, não tem como eu sair de casa e te deixar sozinho. Taehyung teve sua folga hoje e estou tendo que lidar com três invasões sozinho.
--- Invasões?- O garoto arregalou os olhos.
--- Uma na sua escola, acabei com uma no apartamento antes de vir e provavelmente terá uma na CIA e mais uma vez vou ter que de deixar sozinho em casa... Inferno! Eu tivesse alguém para que pudesse ficar com você...
--- Não tem um agente em que você confia? - perguntou com a voz baixa, sabia que o agente parecia estressado demais.
Tinha quase certeza que não era só aquela situação que o estressava.
--- Não... - Jeon ficou em silêncio e logo estalou a língua.- Quer dizer, tenho...
--- Então me deixe com ele, se confia nele eu confio...
--- Não necessariamente eu confio, mas não acho que ele faria mal algum a você... Não se eu pedisse...- deu uma curva, indo em direção a doceria.
Jimin ficou em silêncio, reparando no desvio que o agente fez e percebeu que estacionaram em frente a uma doceria com placa rosa, haviam arco-iris e doces por toda a decoração. Além de alguns enfeites de natal como pequenas árvores de biscoito e gengibre. Olhou o homem que andava ao lado do Jeon, este tirava o avental rosa e uma boina, seus cabelos eram loiros, quase platinados e suas orelhas repletas de piercings. Sua roupa se baseava em uma blusa negra com jaqueta de couro e uma calça jeans com botas. Jeon parecia desconfortável ao lado do outro, porém parecia confiar e até mesmo conhecer o homem há muito tempo. Ambos entraram no carro e apenas percebeu que o homem também está desconfortável, olhando-lhe pelo retrovisor.
--- Pirralho, este é Hiro, ele vai ficar com você hoje. Pode confiar, ele não fará mal a você.- afirmou já começando a dirigir com rapidez.- Hiro este é quem eu devo proteger, Park Jimin. Caso entrem no apartamento diga que ele é meu irmão e você é meu primo. O nome dele é Jeon Jimin na lista do apartamento. A senha do meu computador é três, sete, nove, cinco e dez. Monitore de lá o apartamento do Taehyung, ele já está lá na CIA. - já estavam quase em frente ao apartamento.- Não importa o que aconteça, não abra a porta sem que seja eu! Em último caso... leve ele para algum lugar seguro.- olhou para o pirralho.
--- Tudo bem, eu dou conta.- Hiro respondeu, olhando novamente o garoto.
--- Promete que não vai deixar ninguém encostar nele.- parou o carro e olhou no fundo dos olhos do outro agente.
--- Prometo.- afastou o rosto por ver pela primeira vez o Jeon tão sério.
--- Confio em você. Jimin confie nele e obedeça. Volto em...- olhou no relógio que tinha no pulso e mordeu os lábios.
Jimin percebeu o outro ofegar com o ato do Jeon. Entendo, pensou.
--- Três horas. Se passar disso eu estou em uma grande enrascada. Podem sair.- abriu a porta. Jimin iria sair, contudo sua mão é segurada.- Não fique com medo, você não vai voltar para lá, tem minha palavra.
--- Obrigado...- murmurou saindo e sendo acompanhado por Hiro.
Jeon saiu catando pneu e o Park apenas engoliu a seco. Não teria o Jeon ao seu lado para sempre, teria que ao menos confiar em alguém.
--- Sabe o número do andar?- Hiro perguntou entrando no prédio.
--- décimo primeiro andar.- sussurrou.
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