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História Roleta Russa (REESCREVENDO) - Confiança


Escrita por: vnusfly

Notas do Autor


Holaaaaaaaaa! Cheguei!!!
Não demorei viu? Cheguei cedo.

Bom não vou me demorar aqui...

Boa leitura...

Capítulo 14 - Confiança


 Jung Hoseok. 

 Muitos temiam, outros nem tanto. Tinha o que temer? Ele era um homem jovem, vinte e seis anos ainda era muito pouco para uma pessoa que estava condenada à prisão perpétua de cento e vinte anos - quer dizer, cento e quarenta, diminuir vinte aninhos para não se humilhar tanto com as palavras ácidas do Kim era necessário.- contudo, lá estava ele, ajudando as pessoas que o caçavam em todo canto do mundo e não lhe deixavam em paz sequer um segundo de sua vida. Irritado? Muito. Não era de hoje que ajudava em investigações daquela agência, e todos sabiam muito bem disso, mas queriam pagar de santo. Sorte deles que o Jung gostava daquela diversão, daquela adrenalina de estar bem debaixo do nariz dos agentes metidos e logo depois mostrar que poderia muito bem escapar de suas armadilhas. Era triunfante, refletia a sua alma orgulhosa e ardilosa. Era de seu feitio mostrar que poderia se livrar em um piscar de olhos das mãos de qualquer pessoa, não é a toa que não foi pego desde os seus vinte anos com pequenos roubos.

 Nem lembrava como cresceu naquele mundo do crime, onde o errado para si era o certo. Não iria negar que matou, roubou ( algumas coisas que foram roubadas antes e que eram suas desde sempre), traficou, prendeu, brigou, lutou, xingou, perdeu, ganhou, invadiu... pensando por aquele ângulo, passou sua fase adulta até aquele momento só fazendo o que não presta. Ria divertido. Poderia ser taxado de várias formas, achavam que podiam lhe enganar, ledo engano. O Jung era estrategista, inteligente e não bobo como deixava parecer. Sabia fazer muita coisa como ninguém e de algumas até sentia orgulho. Tinha uma boa lábia, mãos leves, agilidade invejável, não era à toa que tinha o título de um dos maiores mafiosos do mundo. Não era conhecido pela maioria por sua existência ser apagada a cada seis meses. Suas identidades eram falsas e a maioria era dada como pessoas mortas por acidentes de carro ou geralmente em acidentes onde ocorreu mortes em massa, era bem mais fácil de se livrar de seu nome antigo. 

Cruzou os braços enquanto estava na carona do carro do agente Jeon. Estavam apenas os dois em um silêncio absoluto. Não iria deixar de falar o quanto aquele homem era bonito, tinha uma voz doce, provavelmente teria uma vida que nem a dos pais. Cheia de dinheiro, uma família bonita, um emprego. Ele merecia de qualquer forma. Qualquer Jeon tinha certo agradecimento seu, justamente por ter sido o pai do Jeon que lhe salvou há alguns anos. Mesmo sendo um  agente, este que foi ordenado a lhe matar, deixou-lhe vivo. E isso não havia preço. 

 --- Qual o seu nome inteiro?- perguntou e o Jeon lhe olhou pelo retrovisor. 

 --- Para que quer saber?- sorriu de lado, olhando ainda para a estrada.

 --- Gosto de sua família, queria saber seu nome.- pediu ficando próximo do banco do agente.- Pode confiar, eu não vou fazer mal à um Jeon nem que me pagassem... quer dizer... a não ser que tirassem minha pena, mas isso são outros quinhentos.

 --- Você é inacreditável!- Jeon riu.- Jungkook. 

 --- Nome bonito para uma pessoa bonita. Seu pai também é bonito, sua mãe... nossa. Teve a quem puxar.- bateu no ombro rindo e voltando ao banco. - Enfim, pode me chamar de Hoseok. Meu nome não sai de sua boca quando perguntarem, fechado? Não gosto que saibam minha identidade. 

 --- Então por que está me contando? 

 --- Qualquer Jeon é de confiança para mim, sua família é justa, não é igual aos outros agentes que só pensam em si mesmos e na honra que têm com a agência. Fazem isso para servir como pessoas humanas, não como máquinas de extermínio. E não, não me conteste.- sorriu quando o Jeon iria retrucar seu argumento.- Não estou generalizando, afinal, estou com o Min de qualquer forma... 

 --- Yoongi não gosta que você o chame pelo nome?- perguntou e o Jung riu, tinha certa amargura na voz. 

 --- É mais por motivos de minha parte e não dele, na verdade ele não gosta que eu o chame dessa forma...- confessou suspirando.- O agente Kim...  ele namora a quanto tempo com o Min? 

 --- Na verdade, Yoongi hyung teve coragem para pedir à apenas dois anos. Ele e Tae se amam há muito tempo, desde muito antes de entrar na academia.

 --- Entendo...- não, ele não entendia. 

 Era muita diferença, não tinha nem como ganhar. 

 --- O quanto eles se amam... É isso que me intriga...- jogou o verde para o Jeon que apenas sorriu de lado. 

 --- Tae ama o Hyung desde que o mesmo levou um tiro para lhe proteger.- Hoseok paralisou.- Foi a primeira invasão da agência na parte da academia, eu não estava lá, mas do jeito que o Tae conta foi muito triste. Yoongi hyung levou um tiro na hora em que o TaeTae ia começar a correr.

 --- O Kim iria levar um tiro, por quê? 

 --- Ele não gosta de falar o motivo, nem eu sei. Apenas eles dois sabem. Parece que a invasão foi de certa forma na intenção de tirar Taehyung de lá. Hyung foi apenas uma vítima das consequências.- respondeu olhando a estrada e percebendo que faltava cinco minutos.- Olha eu sei que não deveria me meter nisso, mas é por experiência própria e também por... querer te ajudar... Não espere que eles se afastem, eles não vão. São como duas metades de uma mesma laranja, se completam até mesmo no corte. Mesmo que eles briguem agora nesse momento, não dou nem meia hora para que já estejam de bem novamente.

 --- Então eu realmente estou aqui ao lado dele à toa...- murmurou apenas para si e encolheu no banco.

 Era injusto, vencer o Kim era uma briga injusta demais. 

Acabou de descobrir que o Min ama aquele agente com unhas e dentes, corpo e alma, coração nem mesmo se fala. Via o olhar dele, brilhava somente de pensar no acastanhado e com toda certeza era recíproco. Onde ele entrava? Por que o Min não se livrava logo de si? Não havia espaço entre eles, como o Jeon disse. Eram duas metades de uma laranja, eram perfeitas até mesmo no corte ao separa-las. Seu coração gelado apertava, odiava se apegar fácil, por que a vida para si tinha que ser tão injusta? Não custava ele já ser preso? Não custava ele ter a vida perdida naquele mundo estúpido? Lógico que não. Vamos fuder com sua vida mais ainda? Vamos. Coloca um homem perfeito, com amigos perfeitos, namorado perfeito, amor perfeito, emprego perfeito - que ironicamente era contrário do seu- e vida perfeita. Ele era a peça que não se encaixava em lugar nenhum. Estava ali de teimoso. 

 Hoseok era ridículo, um idiota. Tão chulo quanto seus pensamentos. Pensar que poderia amar alguém sem se machucar? , como se fosse fácil! Era tão ingênuo consigo mesmo. Ele não iria ficar com o Min, já podia ver no final ele fugir como sempre fez quando era pego. Fugia, ligava para seus contatos e iria trabalhar até cansar. Piorando sua enorme lista de delitos. Fechou os punhos e percebeu que o carro ia um pouco mais rápido, Jeon parecia com pressa. 

 --- Como virou um mafioso?

 Como ele virou mesmo? Aquela pergunta martelou em sua cabeça.

 --- Não lembro mais, só sei que eu era bem de vida, tinha tudo para ser um engravatado rico que ganhava seu dinheiro de forma limpa. Não lembro meu gatilho para esse mundo perdido em que estou, apenas quero me divertir enquanto ainda estou vivo.- sorriu alegre. 

 Era aquele sorriso que mostrava o quanto todo mundo sequer se preocupava consigo. Viu o sorriso do Jeon murchar. Odiava aquela característica dos Jeon, eles tinham um sorriso murcho quando sabiam que algo estava errado. 

 --- Claro, deve realmente aproveitar, não me parece um homem tão mal como dizem, espero que realmente se divirta enquanto há tempo. Seu sorriso é bonito, mas prefiro que ele seja usado com alegrias.

 Droga Jeon, tinha que ser tão igual ao pai? 

 --- Assim me deixa desconcertado.- riu sem humor.- Já ouviu falar de castigo Jeon? Não costumo ser religioso, na verdade sou ateu, porém eu acredito nisso. As vezes as pessoas pagam pelo que elas fazem...

 Jungkook ficou em silêncio, apenas ouvindo a respiração do mafioso enquanto este fechava os olhos e dormia. Não deveria confiar nele, sequer deveria estar sozinho com o sujeito sabendo que poderia ser morto à qualquer minuto. Todavia, não via maldade naquele homem no banco, parecia mais uma pessoa solitária do que realmente malvada.

 Jung não mentia quando dizia que qualquer Jeon tinha uma certa parcela de seu respeito. Eles pareciam enxergar a alma do Jung, como se lessem e tentassem ajudar de qualquer forma possível. Gostou de Jungkook, seria um homem maravilhoso quando se tornar mais velho.

 * 


 No carro do agente Kim, o Min dirigia em silêncio. Pediram - para não dizer, imploraram- para que o Jung fosse com o Jeon para casa, queriam um momento à sós para conversar. O clima era pesado e a expressão do Kim não era nada boa, não parecia nem um pouco aquela alegre que tanto amava ver, aquele sorriso quadrado e gentil que sempre admirou. Era doloroso, errar com aquele que amava era doloroso demais. Sentia sua boca secar e o coração doer a cada batimento forte. Estar ao lado dele já era o suficiente para que ficasse nervoso e manso, somente ele tinha aquele poder sobre si. A saudade que sentia no peito era tremenda, ficara meses sem vê-lo. Não sabia como explicar o que fez, e não teria uma explicação plausível ou sequer uma desculpa. Não tinha desculpa. Apertou o volante e respirou fundo.

 --- Você sabe que eu não tenho desculpa.- falou e o Kim assentiu com olhos tristes.- Você  também sabe que seu silêncio me mata.

 --- Eu só queria saber o porquê... porquê me traiu se diz me amar tanto?- a voz vinha falha e embargada. 

 --- Eu não tenho o que responder.

 --- Você nunca tem.- retrucou. - Mas não tem mesmo o que responder, você só fez. 

 --- Desculpa.- murmurou apertando mais o volante enquanto a pista ficava cada vez mais cheia de neve. 

 --- Agora quem não tem resposta sou eu. 

 Ficaram em silêncio novamente até que chegassem no apartamento do Kim. Assim que estacionaram, saíram do carro correndo para que não pegassem tanta neve. Subiram até seu andar e abriram a porta do quarto. Era pequeno, a janela estava fechada e a cortina cobria o ambiente gelado do lado de fora, tinha uma cama de casal bem arrumada e um pequeno espaço para que simulasse uma cozinha. Ao lado da cama, uma cadeira de rodinhas estava em frente à uma mesa e um computador, ao redor, inúmeros televisores com câmeras ligadas, contudo, algumas estavam com imagem falhada pelo vento frio. Acenderam a luz e deixaram seus casados em um cabide perto da porta. Tiraram suas botas de frio no canto onde tinha um tapete e retiraram suas luvas. O Kim abraçou seu próprio corpo pelo frio, não queria conversar com o Min. 

 --- Tae... 

 --- Tem um colchão extra embaixo da cama, coloque perto do banheiro.- apontou para uma porta ao lado do pequeno guarda-roupa.- Vai ser confortável para vocês dois...

 O Min sentia seus olhos doerem por segurar suas lágrimas naquele momento.

 --- Taehyung. 

 --- O que? - peguntou sem olhar para o Min, se era doloroso para o outro ouvir, imagine para ele falar. 

 --- Não faz isso... 

 --- Fazer o que?- sua voz embargada denunciava  seu estado. Era horrível. 

 --- Eu te conheço... sei que esta fazendo isso para fingir que está tudo bem, já disse para não fazer isso.- andou até o Kim e virou seu rosto para poder o olhar nos olhos. 

 --- Não passou na sua cabeça que estaria me machucando?- soltou seu rosto da mão alheia. 

 --- Claro que passou!- esbravejou assustando o Kim que abaixou a cabeça. 

 --- E por que não parou!- aumentou o tom de voz o que assustou até mesmo o Min.  

Nunca tinham brigado com tons altos demais, não quando estavam sozinhos e poderiam conversar com calma. 

 --- Eu quis parar, mas eu não consegui!- diminuiu sua voz e observou o Kim vermelho de raiva e também com olhos irritados. 

 --- Por quê? Por que não conseguiu? Me diz, por quê?- aproximou seu rosto do outro. Seu tom de voz aumentando.- Vai, não tem coragem de jogar na minha cara que me enganou? Não tem coragem de me deixar sozinho? Sabe que eu aguento, eu sempre estive sozinho.- uma lágrima saiu pelos seu olho esquerdo. 

--- Eu não quero te responder. 

 --- Por que?

 --- Por que eu não tenho coragem de te deixar como todos fizeram! 

 Pronto. Ali está a ferida sendo aberta novamente. O Kim arregalou os olhos, suas lágrimas já não tinham freios, desciam como lâminas em seu rosto.

 --- Entenda... eu não tenho desculpa, eu não tenho motivos para te trair. Eu só fiz. Eu sei que não mereço seu perdão, eu sei que não mereço nada mais depois do que fiz. Eu não mereço nem o terço do que você me dá.- assumiu sincero e segurou o rosto de Taehyung com cuidado.- Mas eu prefiro viver ao seu lado sem me perdoar, do que te deixar sozinho. 

 Taehyung soluçou alto. 

 --- Lembra quando eu te disse que podia cuidar do Jungkook na minha frente, que podia fazer tudo com ele que eu não ligaria se ainda me amasse? - o Kim assentiu.- Eu só preciso de você ao meu lado, não importa se ama ou não, se me odeia ou não. Eu sempre vou te amar, não importa suas palavras, seus pedidos. Pode não me perdoar, eu não ligo. Só não faz isso comigo, não se afaste de mim como eu sei que quer fazer...

 --- Eu te amo tanto...- falou entre os soluços.- Por que fez isso?- chorou alto sem medo. 

 --- Eu te amo tanto...- abraçou o Kim com força e deixou que chorasse em seus braços.- Me desculpa, eu não queria te machucar... eu nunca quis... - falou em seu ouvido, acariciando os cabelos castanhos com saudade.- Eu senti tanta sua falta, eu não queria fazer você chorar...- murmurou deixando um soluço escapar da sua própria garganta.- Não faz isso comigo, eu mereço, mas não faz isso...

 Taehyung retribuiu o abraço com a mesma saudade que o Min. Chorava sem pudor e tirava do peito a mágoa que ainda tinha ali, não era como se pudesse parar de amar Yoongi, não sabiam explicar, era só estar ali que já estavam tudo bem. Deveria acabar com tudo de vez como uma pessoa normal faria, deveria seguir em frente e deixar o Min de uma vez, ele o machucou, ele o traiu, não pensou nele quando fez tudo aquilo. Por que tinha que o amar tanto? Por que era tão dependente do outro àquele ponto? Não era justo. Amar o Min mesmo assim não era justo.

 --- Não é justo...- dizia e Yoongi deixou que suas lágrimas rolessem. - Eu não consigo te odiar.. 

 --- Não precisa me odiar... 

 --- Eu não consigo me afastar...

 --- E-eu não quero que se afaste...

 Taehyung levantou o rosto e olhou nos olhos marejados do Min. Era inevitável, o amor deles era tão forte que nada os separaria, chegava a ser difícil não perdoar qualquer coisa que o outro faça. Mesmo que dessem um tempo, mesmo que parassem de namorar ou sequer se olhem no rosto por dias e meses, o amor estaria ali, intacto. A cada tragédia só servia para provar o quanto um precisava do outro. Era uma relação de dependência extrema, os corações chegavam a machucar no peito pela falta do companheiro. Não era saudável, porém era o que mantinha a confiança que tinham. Taehyung confiava à Yoongi sua própria vida, como o Min confiava a sua vida à Taehyung. Tanto que o único que poderia ver suas lágrimas era ele, Min Yoongi só tinha vontade de chorar na frente do amado, só tinha coragem de mostrar seu ponto fraco na frente do Kim. 

 --- Só me diz que não vai desistir de mim por ele...- sussurrou.

 Nem mesmo sabiam quem era mais dependente do que o outro.

 --- Não vou, por ninguém...- respondeu no mesmo tom e encostou as testas.- Sabia que sua falta ainda me assusta?

 --- Sim, a sua ainda me assusta muito...- roçou seus lábios na pele alheia. 

 Atrás da porta, o Jung ainda segurava a maçaneta com o olhar perdido, ouvindo a discussão e também as palavras até mesmo sussurradas. Jungkook estalou a língua ao seu lado e colocou a mão nos bolsos, ouvindo a risada amarga do mafioso. 

 --- Acho melhor... Você dormir na minha casa...- coçou a garganta e o Jung parou de rir ainda se encolhendo pelo frio.

 --- Tanto faz.

 * 


 Tudo estava em um breu escuro. 

 Park Jimin estava agarrado a gata e encolhia pelo frio. Seus ossos congelavam e sua respiração ficara difícil. Não sabia ao certo o que tinha acontecido em cinco minutos. Tudo havia apagado do nada e alguns barulhos estranho e um grito de dor lhe fez arrepiar a espinha, estava escondido dentro do banheiro como Hiro tinha mandado. Os passos ainda rondavam pela casa e estava fazendo como o agente mandou, ficou em silêncio e não abriu a porta. Já passava das três horas que o Jeon prometera, já estava ficando difícil piscar por seus olhos arderem de frio. Um grito e um tiro foi ouvido bem na sala, outro na cozinha. Sua gatinha miou e sentiu seu coração gelar, repreendendo-a com um único olhar. A porta foi aberta de forma bruta e olhou para o cano da arma que estava à centímetros de seu rosto. Parou de respirar e afastou-se para trás por reflexo, contudo olhou para o homem que a segurava. Ele era ruivo, olhos castanhos lhe encaravam confuso e usava roupas havaianas com botas de couro. O mesmo abaixou a arma e levou o dedo até a boca, como se pedisse para que ficasse em silêncio. O estranho ruivo saiu e fechou a porta, seguido de mais tiros e gritos de dor. Logo em seguida a voz do Jeon se faz presente. Ela vinha cansada, podia-se dizer. Logo a de Hiro veio na sequência, um pouco mais aflita e machucada. 

 --- Eu sabia que ainda tinha gente vigiando...- Jeon falou, ao que parecia arfando.

 --- Você é um babaca!- Hiro falou sofrido e gemendo de dor. 

 --- O garoto está no banheiro.- uma voz estranha, que supôs ser do ruivo estranho, falou.

 --- Cuide dele. 

 Ouviu os passos do Jeon até o banheiro e logo a porta sendo aberta. Surpreendeu-se pelo estado do agente. Havia um corte em no lábio inferior, sua mão estava suja de sangue e em sua testa um pequeno arranhão. Sua roupa preta e aparentemente confortável estava colada ao corpo e no cinto havia uma arma e alguns equipamentos que reconheceu da agência. Os cabelos negros grudavam pelo suor e os olhos fitavam sua penumbra no escuro. 

 --- Está bem?- foi a primeira coisa que o Jeon lhe perguntou. 

 Ficou calado, apenas apertou Mimi em seus braços. Assentiu fraco.

 --- Estou feliz que ouviu o pedido de Hiro, sequer viram que aqui havia uma porta. Venha, não tem mais com que se preocupar.- chamou sorrindo de leve e afastando-se da porta. 

 Jimin levantou, soltou a gatinha e tremendo, agarrou o corpo do agente com força. Ele estava quentinho de alguma forma. Seu corpo implorava por algo quente, nem que seja obrigado a abraçar o agente que lhe irritava. Enterrou o rosto na blusa preta e percebeu que havia um colete e um casaco de fibras de lã. Não se importou quando ouviu o suspiro de surpresa do Jeon, quanto menos a mão suja em seus cabelos de leve. 

 --- Esta congelando... Vou ligar o gerador lá em cima...- ficou preocupado com o corpo do garoto que tremia em seus braços. 

 Jimin negou, estava quente, não queria sair daquele calor que fazia seu sangue bombiar e seu corpo parar de tremer pelo frio intenso. 

 --- Ok... Vou ficar aqui... Vou pedir para  o Jung ligar, então...- falou sorrindo de leve, alisando os cabelos macios do garoto. - Desculpa ter demorado, não era minha intenção.

 --- Seu idiota!- falou entre a blusa do agente, fazendo-o rir pela voz abafada. 

 --- Não fique com raiva, eu iria voltar cedo ou tarde...- riu baixinho e olhou para os lados.- Consegue ficar enrolado naquele lençol até eu cuidar do Hiro? 

 O Park levantou sua cabeça e olhou para cima, surpreendendo-se com um pequeno sorriso de lado do agente.

 --- Seus olhos brilham no escuro, deve ser por isso que está me vendo com tanta nitidez.- falou e Jimin fez expressão confusa.- Então, consegue ficar ali? 

 --- Sim...- soltou-se do Jeon já sentindo o frio subir pelo seu corpo. Correu para o lençol e enrolou-se rapidamente. 

 --- Quiser ir para a sala pode ir, só... Não olhe muito para a cozinha...

 O agente foi até o guarda roupa e de lá retirou uma caixinha vermelha com o símbolo da agência e uma pequena cruz. Saiu do quarto e deixou a porta aberta. Jimin sem querer ficar só, seguiu-no pelo corredor e observou o agente Hiro com a mão no braço esquerdo, segurando um sangramento e com expressão de dor. Não era tanta, mas os pensamentos do agente diziam o contrário. Achava ridículo aquela história de que agentes não poderiam sentir dor com um simples tiro, serem frios o tempo todo. Sentou no acolchoado do sofá ao lado de Hiro, este que sorriu para si de forma fraca. Percebeu que o ruivo estranho estava sentando no chão e esquentando suas mãos uma na outra, sua arma descansava ao seu lado e quando percebeu que o observava, olhou-lhe nos olhos. 

 --- Algum problema?- perguntou reparando nas íris brilhantes no escuro como um felino. 

 --- Não...- falou desconfiado.

 --- Jung, tem uma lanterna na cozinha, pega lá? Esta em cima da geladeira.- Pediu Jeon abrindo a caixa mesmo que no escuro.

 Espera, somente Jimin via eles quase de forma nítida? Piscou reparando que via quase tudo, quase, pois sabia que estava escuro ainda. Era estranho, não sabia que poderia fazer isso. Era sempre assim, seus 'poderes' somente apareciam em momentos estranhos ou do nada. Era a primeira vez que tinha aquela visão noturna. O Jung voltou com a lanterna, iluminado o braço machucado de Hiro. 

 --- Sério Hiro, não era minha intenção. Desculpa.- pediu Jeon tirando uma pinça da caixa e algumas gazes com algodão. 

 --- Não tem problema, mas puta merda Jungkook, vacilo...- grunhiu ao ver o outro tirar um álcool e luvas de látex.

 Jeon pegou a pinça e com cuidado, limpou o ferimento enquanto o Jung rasgava a blusa de frio com uma tesoura. Jimin se ofereceu para segurar a lanterna e logo ficou em pé ao lado do ruivo. Jungkook retirou com a pinça uma pequena bala de dentro do ferimento, olhou a mesma e colocou em uma gaze. Limpou o ferimento ouvindo Hiro algumas vezes reclamar pela pequena dor. Tirou da caixa novamente uma agulha com um fio preto.

 --- Hiro, vira o rosto.- mandou o agente para o outro, este último que virou como foi mandado.- Jimin não precisa ver isso.

 --- Concordo, deixa que eu seguro.- o ruivo tirou a lanterna da mão do Park e iluminou o ferimento mais de perto.- 'Tá feio, vá para um hospital depois para ver se não atingiu algo importante.

 --- Não acho que tenha acertado algo, ele já teria morrido. Tem sorte de ter pegado apenas no músculo... - começou a costurar o ferimento e Hiro gemeu internamente, fechando os olhos pela dor. - Vou te dever uma Hiro... 

 --- É um imbecil mesmo...- reclamou e Jungkook riu soprado, dando um nó na linha e cortando-a com a tesoura.

 --- Prontinho meu paciente, quer um pirulito e um curativo de bichinhos?

 --- Um beijinho para melhorar?- supôs o agente e quem riu foi o ruivo da expressão do Jeon. 

 Esta que foi surpresa.

 --- Aish! - bateu no braço machucado e Hiro gemeu de dor.- Vou limpar agora, tomara que fique ardendo, idiota... eu devia ser um santo por ainda fazer isso, se colocou na minha frente porque quis.- reclamou com uma coloração estranha nas bochechas.

 Jimin arregalou os olhos, uma sensação estranha se fez presente em seu estômago, como se fosse um pequeno aperto e vários insetos voando por ele devagar. Sentiu isso quando a Kim ficou envergonhada com a gentileza do Jeon. Apertou o pano em seus dedos - que era do lençol- com raiva, não gostou nada daquilo.

 --- Pronto, agora levanta do meu sofá.- levantou com a caixa em mãos e tirando as luvas de látex com a ajuda do Jung.- Tire...- olhou para o garoto.- Leve o que tiver na cozinha para fora do apartamento- Hiro levantou indo para a cozinha.- Jung você irá lá em cima ligar o gerador. 

 --- Beleza, volto em seis minutos. Pode contar, não vou fugir.- viu o ruivo revirar os olhos e sair do quarto. 

 --- Aguente mais um pouco, daqui a pouco vai estar quente aqui... onde está Mimi?- perguntou se aproximando do Park e sentando ao seu lado no sofá.

 --- Você disse que viria em três horas. 

--- Houve imprevistos.

 --- Me colocou em perigo por quinze minutos com risco de hipotermia e assassinato.- retrucou. 

 --- Eu não iria deixar...- Jungkook falou cansado. 

 --- Mentiroso. 

 --- Eu não sou mentiroso, você não iria morrer, confia em mim.- falou fechando os olhos.- Eu sei o que faço... 

 --- Assim como soube que faltaria energia em três horas?- Jungkook sorriu de lado.- Assim como soube que seríamos invadidos de novo?- o sorriso aumentou.- Para mim isso foi um blefe que deu certo, não tem como você saber de tudo isso... 

 --- Está tentando descobrir meus segredos, Park?- peguntou Jungkook lhe olhando nos olhos.

 --- Não é segredo, você é apenas um idiota que consegue informações e as usa ao seu favor. Aposto que viu no jornal ou em alguma noticia que iria nevar entre aquele horário, ficou acordado vendo algo de suspeito e deduziu. O resto foi puro chute.

 --- Quem sabe...- deu de ombros e Jimin bufou de raiva. 

 --- Não, eu estou certo. Você não é inteligente, é apenas um jogador que tem sorte e o coringa em mãos.- o agente lhe olhou profundamente. 

 Jungkook ficou lhe fitando por longos dois minutos, observando as expressões do garoto e seus olhos incandescentes no escuro. Respirou fundo e riu soprado, era divertido tirar com a cara do pirralho, ainda mais se fosse para irrita-lo. 

 --- Eu não tenho o coringa, eu tenho apenas as cartas certas, na hora certa e no lugar certo. Eu tenho o conhecido baralho na manga. Vai que eu sou mais inteligente do que pensa. 

 --- É um trapaceiro. 

 --- Não sou, não.- aproximou do rosto do garoto, este que respirou profundamente de raiva. 

 --- É sim.

 --- Não sou.- Jungkook já se mostrava irritado. 

 --- É, além de um mentiroso.- aproximou o rosto do agente que rosnou contra a respiração do outro.

 --- Eu sempre cumpro o que eu digo, apenas houve imprevistos. Eu estou aqui, não estou?- respirou pesado com o rosto do menino perto do seu. 

 --- Que imprevisto? A neve? Se for, não é tão esperto e só prova que sua inteligência é chute! 

 --- Eu achei provas de sua história e também do caso, esse foi o imprevisto!- respondeu e Jimin paralisou.

 As luzes acenderam e Jungkook arregalou os olhos. Seus rostos estavam quase colados, os olhos do garoto por trás do óculos que escorregava pelo nariz estavam petrificados em contato com o seu. As respirações se misturavam e as peles só não se encostavam por centímetros pequenos. Piscou não conseguindo tirar a atenção do rosto do pirralho, reparando que até mesmo o garoto estava surpreso. Os narizes se escostavam de leve.

 --- Opa, atrapalho?- a voz do ruivo veio risonha. 

 Jimin separou e desviou rapidamente de onde estava. O aquecedor estava ligado e apenas correu até Mimi que pulou em seus braços. Viu alguns rastros de sangue pelo chão e realmente não queria ver o que tinha na cozinha. Jeon ao contrário, respirou fundo e olhou para o ruivo com um sorriso pequeno. 

 --- Não está atrapalhando nada, apenas uma discussão boba...

 --- Sei...- o ruivo sorriu sacana e deu um falso ar de que caiu naquela conversa.

 --- Bem, pode dormir no sofá por hoje. Ele está limpo, vou pegar algo para limpar essa bagunça.- levantou meio afobado.

 --- Entendi.- o mafioso sorriu doce. 

 O que seus olhos não viam, não é mesmo? Olhou para o garoto de lado e observou a mesma afobação enquanto brincava com as patas da gatinha.

 Se tivessem lhe dado o trabalho de descobrir casais, ele poderia estar mais rico do que com a função de mafioso.   


Notas Finais


Então??? Gostaram? Drama de vez enquanto não faz mal a ninguém kkkkkkkkkk. Além de mais, mostrar um pouco de nosso mafioso louquinho ( sério gente, Hoseok é meio doidinho nessa fiv)
Esse jikook aí no final... só uma casquinha do próximo hihihihihi. AG sim vai começar cambada, AG o bixo pega fogo se é que me entendem...
E pra quem não entendeu, sim Jungkook deu um tiro no Hiro sem querer kkkkkkkkkk
Mas detalhes!
Espero que tenham gostado e até o próximo.
~ já viram a capa nova que eu fiz? Olha como é fofinha *^*
Beijos meus bolos de mel <3


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