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História Romeu e Romeu - O dia seguinte


Escrita por: Pirulitopop

Notas do Autor


Guys, chegamos ao décimo capítulo. Algumas coisas aconteceram e eu tenho outras mais em mente. Gostaria de um feedback de vocês que estão lendo. Estão gostando do rumo da história? O que estão achando até agora? Espero que estejam gostando. Bjs.

Capítulo 10 - O dia seguinte


Quando acordou, sua cabeça estava explodindo. A claridade que invadia o quarto pela fresta da janela torturava Marcos, como se perfurasse sua cabeça com milhares de agulhas. Tentou se sentar por sobre a cama e sentiu a cabeça pesada. Estava no quarto de Lipe e com roupas que não eram as suas, mas não se lembrava de ter chegado ali, tampouco de ter vestido aquelas peças. Sentiu o estômago revirar e, como não teria tempo de chegar até o banheiro, despejou tudo no balde que estava ao lado do colchão. O estranho era que o balde não estava vazio. Teria vomitado outras vezes durante a noite?

Será que eu fiz alguma merda? Não consigo me lembrar de nada.

Só lembrava, na verdade, de ter começado a beber o drink de abacaxi com Lipe, e depois outras coisas, com Fernanda. Balançou a cabeça e foi ao banheiro para lavar o rosto e satisfazer as necessidades matinais. Saiu do quarto e foi até a cozinha. Já conhecia aquele caminho, pelos dias que tinha vindo fazer o trabalho com o amigo. Chegando lá, viu Felipe tomando café com a mãe.

– Bom dia – Disse Marcos, meio desajeitado.

– Bom dia, querido – Respondeu Ângela, sorrindo para o garoto. – Venha tomar café conosco – Disse, apontando para uma cadeira perto de Lipe. Marcos percebeu que o amigo permanecia calado e olhando para a própria refeição.

– Obrigado, mas não estou com fome – Disse Marcos, enquanto se sentava à mesa. O simples cheiro da comida já o deixava enjoado novamente.

– Não aceita nem um cafezinho? – Insistiu a mulher.

Marcos balançou a cabeça, respondendo negativamente.

– Na verdade eu não estou me sentindo muito bem.

– Com todo o show de ontem, eu estaria surpreso se você estivesse disposto – Interrompeu Felipe, quebrando o próprio silêncio.

– Precisa de algum remédio? – Perguntou Ângela.

– Acho que eu só preciso ligar para o meu pai vir me buscar.

– É, talvez seja melhor – Disse Felipe, ríspido.

O que é que ele tem?

A mulher se voltou para o filho.

– Que grosseria é essa com o seu amigo, meu filho?

Felipe não disse nada, apenas lançou um olhar inexpressivo para a mãe.

– Espera um pouco aqui, Marco, que eu vou buscar um remédio pra você – Continuou a mulher – Tenho uma caixinha no meu quarto.

A mulher saiu, deixando os dois sozinhos. Então, Marcos resolveu quebrar o silêncio:

– Tá tudo bem, Lipe? – Perguntou, temerário.

– Tudo ótimo – Respondeu o outro, dando um gole na xícara de café que segurava.

– Sei – Continuou Marco – Então, eu te fiz alguma coisa?

– O que você acha, Marcos? – Respondeu Lipe, finalmente olhando nos olhos de Marco – Você deve ter sido a pessoa que mais bebeu na festa, tanto que vomitou o lugar todo. A tal garota que tava contigo sumiu quando você começou a passar mal e adivinha quem foi cuidar de ti? A mesma pessoa que te trouxe pra casa, trocou suas roupas sujas de vômito e acordou várias vezes durante a noite porque você não parava de vomitar.

Marcos ficou pasmo. Não sabia que tinha passado mal na festa, nem que Lipe tinha cuidado dele. Mas também não esperava que o amigo fosse ficar tão chateado.

– Você me ajudou e agora tá jogando na minha cara? Pensei que fôssemos amigos.

Felipe ia responder alguma coisa quando foi interrompido por Ângela, que voltou do quarto e entregou um comprimido para Marco.

– Obrigado, tia. – Disse, enquanto empurrava o comprimido para baixo com um copo de água. Ligou para o pai e pediu para este vir lhe buscar.

– Não quer ficar mais um pouco? – Perguntou a mãe de Felipe – Hoje é domingo.

– Agradeço o convite, mas preciso mesmo ir para casa – Respondeu, levando olhar para Lipe, que o encarava, mas virou o rosto assim que seus olhares se cruzaram.

Alguns minutos se passaram e seu pai finalmente chegou.

– Já vou indo. Obrigado por ter cuidado de mim, Lipe, e sinto muito por ser um peso pra você. Obrigado pelo comprimido, tia. Até mais.

– Não há de quê, querido – Respondeu Ângela, meio confusa pela situação – Espero que melhore.

Marcos assentiu e saiu da casa, entrando no carro do pai. A viagem pareceu longa, com o pai tentando fazer piadas sobre como Marcos parecia acabado pela ressaca, perguntando sobre as garotas com quem ele tinha ficado ou falando sobre algum assunto aleatório que o garoto não dava a mínima. Quando chegaram, Marcos apenas deu um beijo na irmã, que estava assistindo algum desenho na TV, e subiu para o quarto. Precisava descansar um pouco mais.

Quando chegou ao quarto e finalmente deitou na sua cama, não conseguiu dormir de uma vez. Começou a pensar em Lipe e se perguntar por que o garoto estava agindo daquela maneira. Será que eu fiz alguma coisa com ele enquanto estava bêbado? A verdade é que não costumava ver Felipe ríspido daquela maneira. O garoto, em geral, era calmo, doce e gentil com todos. Esperava realmente que não tivesse feito algo pra magoar o garoto, e pior, enquanto sequer poderia lembrar.

Tentou esquecer aquilo. De qualquer forma, não iria adiantar de nada ficar pensando sobre o assunto. Iria conversar com Lipe depois. Ou, pelo menos, iria tentar.

Não demorou a pegar no sono e, quando acordou, já era início da tarde. O mal estar já tinha passado e não sentia mais vontade de vomitar. Imaginou que talvez fosse porque já tinha colocado pra fora tudo o que tinha que colocar, então não tinha sobrado nada.

Depois de ter tirado as roupas de Lipe e ter tomado um longo banho, se sentiu relaxado. Colocou roupas confortáveis e desceu até a cozinha, para comer alguma coisa. A essa altura, já estava morrendo de fome. Fez um sanduíche com várias coisas que tinha na geladeira e o estava devorando, quando a irmã apareceu com um caderno nas mãos.

– Marco, me ensina a tarefa da escola?

– Claro, meu amor – Respondeu – Só preciso terminar de comer, ok?

Clarinha assentiu.

Terminou de comer e foi ajudar a irmã. Ela tinha 7 anos, estava no terceiro ano do ensino fundamental e era bem esperta pra idade. Marcos percebeu, inclusive, que não ajudou em muita coisa, pois a irmã conseguiu terminar a tarefa praticamente sem seu auxílio.

– Pronto, terminamos – Disse, por fim, a garota.

– Você quer dizer que você terminou, né? – Disse Marcos – Eu não fiz nada. Você poderia ter feito isso sozinha, não poderia?

A garota suspirou

– Você me pegou. Eu tava me sentindo muito sozinha. Essa casa é um tédio, sabia?

Marcos riu.

– E como sei. Mas não precisa ficar assim, a gente pode brincar ou fazer outra coisa que você queira, pode ser?

Os olhos da garota brilharam.

– Tá falando sério?

– Claro!

A garota abraçou de supetão o irmão, que retribuiu o abraço. Passou o resto da tarde conversando e brincando com a irmã. Estavam brincando de casinha, com algumas bonecas, quando o pai apareceu na sala.

– Que porra é essa, Marco?

– Isso na minha mão? – Perguntou Marcos – É uma boneca. Quer brincar com a gente? – Completou, estendendo a mão.

– Eu tenho cara de bicha? Larga isso, rapaz. Isso é coisa de mulher.

– “Isso” é uma boneca e serve pra qualquer pessoa brincar – Interviu Clarinha.

– Você fica calada antes que eu te dê uma surra – Disse o pai.

Marcos voltou o olhar para o pai. Não podia acreditar que ele ficaria violento por uma coisa tão boba.

– Eu que não vou ter filho viado. Essa brincadeirinha não tem nada de inocente.

A mãe de Marcos apareceu e interviu.

– Vamos tomar banho, Clarinha? Tá na hora de irmos à igreja.

– Aaah, tá bom... – Respondeu a garota – O pai é chato mesmo – Disse, cochichando para o irmão – Mas depois continuamos.

– Claro que sim, pequena – Respondeu Marco, piscando para a menina.

– Você vem hoje, meu filho? – Perguntou a mãe.

– Hoje não, mãe. Prefiro ficar em casa. – Respondeu, e subiu de volta para o quarto.

Clarinha tinha dito a maior verdade quando disse que o pai era chato. E, ultimamente, parecia que ele estava ficando pior.

“Eu não vou ter um filho viado”

Será que você já tem, pai?

Balançou a cabeça e pegou sua guitarra. Aproveitou que ia ficar sozinho em casa e começou a tocar no volume mais alto. Alguns outros estilos musicais podiam até ser legais, mas o estilo de Marco, definitivamente, era o rock. Era a sua libertação, e era a ele que o garoto recorria quando precisava extravasar, seja ouvindo, seja tocando sua guitarra. E assim o fez. Tocou até ficar suado, de modo que no fim precisava de outro banho.

Mas, antes...

Um súbito desejo tomou conta do garoto.

Não, eu não vou fazer isso.

Tentou afastar os pensamentos, mas não obteve êxito. Pegou o celular e pesquisou vídeos de sexo entre homens. Só de imaginar seu corpo já estremecia, e o membro já estava duro como pedra. Tirou as roupas e foi para o banheiro com o celular na mão. Reproduziu um vídeo e começou a realizar os movimentos, no começo lentamente e, depois, mais rápido e mais rápido. Aquela sensação nem se comparava à que sentia quando estava junto de alguma garota. Era bem mais forte e intensa. Continuou os movimentos até que não conseguiu mais segurar e despejou todo o sêmen no chão, entre gemidos quase silenciosos de prazer.

Ao fim, se sentiu meio culpado, mas tentou ignorar o sentimento.

Eu sou apenas um adolescente com desejos. Isso é normal. E vai passar, tenho certeza.

Tomou seu segundo banho do dia e deitou novamente. Estava exausto, e logo dormiu. Sonhou que estava transando com um cara e que o pai aparecia. “Eu não vou ter filho viado”, repetia, enquanto espancava o garoto. “Você é uma vergonha pra família” Dizia a mãe, que também estava lá, com uma expressão de desaprovação. “Gay”. “Viado”. “Bichinha”. “Eu não vou ter filho viado”.

Acordou com o despertador e percebeu que não era só no sonho que estava chorando. Se arrumou rapidamente e foi para a escola.

O dia estava calmo e parado, e Felipe ainda estava estranho, então Marcos não tentou puxar muito papo. Não sabia o quanto Amanda estava ciente da “briga” dos dois, mas a garota parecia agir normalmente, assim como Henrique. A garota até tinha perguntado sobre a festa no grupo virtual dos amigos, mas nenhum dos dois tinha dado uma resposta muito longa.

– Tenho uma novidade pra vocês, babies – Disse Amanda, no meio da aula – Na hora do intervalo eu revelo.

Marcos riu:

– Só as suas novidades pra animarem esse dia tedioso, Amanda – Disse – Outra notícia impactante?

Henrique pareceu animado:

– Adoro uma novidade.

– No intervalo vocês descobrirão.

A aula pareceu se arrastar até o sinal finalmente tocar. Quando estavam reunidos na cantina, Henrique perguntou:

– E então, qual é a novidade? – Parecia uma criança esperando um doce.

– Então, meninas – Disse a garota – A grande novidade é que nós vamos entrar no grupo de teatro da escola – Disse, por fim, como se tivesse anunciando que tinham acabado de ganhar na loteria.

Os três garotos não tinham expressões muito animadas.

– Era isso? – Perguntou Marcos – Então não é bem uma novidade, e sim um convite, né?

– Não, é uma novidade mesmo. Porque eu não aceito um “não” como resposta.

– E por que eu... a gente deveria entrar no teatro? – Perguntou Felipe.

– Por vários motivos, mas principalmente porque o teatro pode ajudar a gente com diversos conflitos. Você mesmo, Felipe, já pensou em perder a timidez atuando?

O garoto deu de ombros.

 O teatro também pode ajudar o Marco com os problemas que ele vem passando com os pais, por exemplo. Né, Marco? – Completou Amanda, e Marco soube imediatamente do que ele estava falando – De qualquer forma, somos um time. Até você, Henrique, que chegou agora, mas já é parte do grupo – Henrique deu um sorriso tímido – O teatro pode fortalecer a nossa união. Vai ser bem legal, gente. Não temos nada a perder, pelo contrário.

– Parece divertido – Disse Henrique – Tô dentro.

– E vocês dois? – Perguntou Amanda.

– Olha... – Disse Felipe, depois de pensar um pouco – Por que não? Tô dentro, também.

– Marco?

Marcos ficou pensativo. Nunca tinha pensado a respeito de fazer teatro. Será que realmente poderia ajudar com seus problemas? Nada vinha dando certo, então não custava tentar. Além do mais, os amigos também estariam lá, então a diversão era garantida. Qualquer coisa com eles ficava automaticamente melhor.

– Você não vai me deixar em paz enquanto eu não topar, não é? – Perguntou.

– Ainda bem que você já sabe – Disse a garota.

– Então eu topo – Confirmou Marcos – Vamos ao teatro.



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