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História Romeu e Romeu - Desejo


Escrita por: Pirulitopop

Notas do Autor


Dessa vez foi rápido hasuhasusa mais um capítulo frexquinho

Capítulo 8 - Desejo


Marcos e Amanda estavam demorando. Felipe não sabia o que tinham pra conversar em particular, mas resolveu deixar pra lá.

Estava com Henrique. O garoto parecia estar um pouco mais solto do que quando tinha entrado na sala, mais cedo. Felipe pensou que, talvez, ele só precisasse de boas companhias, como ele e os amigos. Enxergou muito dele no garoto: Era alguém tímido e retraído, que não se sentia muito à vontade com a maioria das pessoas; principalmente pessoas como Luan. Felipe tinha a leve impressão de que Luan se encaixava perfeitamente no tipo de “pessoa cruel” de quem Henrique se referia, mais cedo.

Felipe também já havia sofrido muito com esse tipo. Principalmente no fundamental. Perdera a conta de quantos apelidos maldosos recebeu. Até hoje, algumas pessoas faziam questão de não deixa-lo esquecer que era uma pessoa magra e esquisita, mas, pelo menos, tinha amigos que não o julgavam por isso e gostavam dele pelo que era. Esperava que Henrique também pudesse encontrar esse tipo de refúgio, ali. O garoto também era diferente, e isso já era o bastante para ser alvo de brincadeiras maldosas.

Ainda estava conversando com o outro quando a professora entrou em sala.

E nada daqueles dois. Será que aconteceu alguma coisa?

 – O Marcos e a Amanda estão demorando, não? – Disse Henrique.

– Você leu meus pensamentos. – Respondeu. – Mas eles devem saber o que estão fazendo.

Eu espero.

*

Os dois apareceram quase uma hora depois.

– Com licença, professora – Disse Amanda. – Podemos entrar?

– A essa hora? – Respondeu a professora. – Espero que tenham uma boa justificativa.

– É que o Marco passou mal e eu estava ajudando ele.

– Sei... – Disse a professora, em um tom desconfiado. – Vocês já atrapalharam a aula mesmo, agora entrem.

– Obrigado. – Disse a garota, enquanto entrava com Marcos.

Depois que os dois sentaram em seus lugares, Felipe se virou para Marcos e perguntou:

– Você passou mal mesmo ou isso foi uma desculpa de vocês?

– Sim, eu não tava me sentindo bem. Acho que foi aquela coxinha que me fez mal.

– Que estranho. – Respondeu Lipe. – A gente come essa coxinha todos os dias.

Marcos deu de ombros.

– Tá se sentindo melhor?

– Um pouco. Obrigado.

Felipe assentiu.

– Então... – Continuou Marco. – O que eu perdi?

– Descobrimento do Brasil. Um tédio.

– Tédio? Uma das poucas aulas boas dessa escola é a de História do Brasil – Disse Marco. – Felipe riu. Sabia que Marco gostava da matéria, por isso o provocou. – Você que não gosta de aula nenhuma. – Continuou o amigo, devolvendo a provocação.

– Não é verdade. – Respondeu. – Eu gosto daquela... Qual é mesmo o nome? Intervalo.

Os quatro riram, chamando a atenção da professora.

– Para quem estava se sentindo mal, você teve uma excelente melhora, não? Se não quiser voltar lá pra fora, preste atenção na aula. Você e seu grupo.

*

Quando a aula acabou, Felipe foi pra casa com Marcos. O ônibus de volta, naquele dia, estava especialmente lotado, e a temperatura insuportável. Felipe não tinha ideia de como Marco se sentia, mas imaginava que não era fácil. Pra alguém que sempre andou de carro, passar a andar de ônibus, naquelas condições, deveria ter uma tortura. Quando chegaram em casa, percebeu que o outro estava suado e ofegante. Felipe, embora tenha sentido uma pontada de pena do garoto, achou a cena até engraçada. Era tão branco que, ao suar, chegava a ficar vermelho.

– Você tá parecendo um pimentão. – Disse Lipe. – Quer um pouco de água?

– Por favor. – Respondeu Marco.

Os dois tomaram água. Felipe pegou alguns pedaços de pizza da geladeira esquentou para o almoço deles.

– A melhor parte de vir aqui... – Disse Marco, com a boca ainda meio cheia – É a comida.

Felipe riu.

– Reze para a minha mãe não descobrir. Ela é mega preocupada com o que eu como. Me trata como se eu tivesse cinco anos.

– Acho que ela tá certa. Não sei se é saudável a gente comer esse tipo de coisa todo dia.

– Quem liga? Para de pensar nisso e só come.

Marcos deu de ombros.

– Com prazer.

Após comerem e lavarem a louça, foram para o quarto de Lipe. Toda vez que Marcos entrava lá, ficava olhando para as suas pinturas. Felipe não sabia se o amigo realmente gostava delas, mas ficava feliz por ele parecer se importar. Havia uma que ele parecia notar mais que os outros. Era um dos quadros preferidos de Lipe, possuía uma grande variação de cores e era muito expressivo.

– Você tem alma de artista, Lipe. – Disse Marco, enquanto fitava o quadro.

– Você acha? – Respondeu Lipe. – São só... pinturas.

– Pinturas maravilhosas.

– Obrigado... – Respondeu. – Então, acho que a gente suou muito. – Vou tomar um banho. Se você quiser, também, posso te emprestar roupas limpas. Meu tamanho normal não cabe em você, mas eu tenho umas roupas folgadas.

– Por favor. Estou precisando de um banho.

Felipe assentiu, procurou uma toalha limpa no guarda-roupa e entregou para Marco.

– Enquanto você toma banho eu procuro a roupa pra te dar.

– Ok. – Respondeu Marco, enquanto sentava na cama e tirava a roupa.

Primeiro os sapatos e meias; depois, a camisa; e, por fim, a calça. O corpo do garoto não era como o de algum modelo internacional, mas era bem definido. Muito mais que o de Felipe. Tinha os braços musculosos, coxas grossas e definidas, e o bumbum... grande.

Tão branco, pensou Lipe. Não é a toa que fica vermelho com tanta facilidade.

Quando Marco ficou apenas de cueca, Felipe pensou, por um momento, que ele fosse tirar ela também. Mas ele apenas se enrolou na toalha, agradeceu, e entrou no banheiro.

Felipe estava sentindo calafrios. Antes de Marco entrar no banheiro, parecia que estava tirando a roupa em câmera lenta. Não conseguiu parar de fitar o corpo do outro até o momento em que ele entrou no banheiro, que ficava no quarto, e fechou a porta. Quando deu por si, estava de pau duro.

No que eu estou pensando?

Correu para separar as roupas para dar para Marco e tentou ocupar a mente lendo sobre eletromagnetismo, tema do trabalho de física.

Alguns minutos depois, Marco abriu a porta do banheiro.

– Lipe, você pode me dar a roupa, por favor?

– Claro! – Respondeu.

Felipe pegou as roupas de supetão e foi andando de pressa até o banheiro. Quando chegou perto da porta, tropeçou e caiu.

– Droga.

– Tá tudo bem? – Perguntou Marcos, se abaixando para pegar as roupas. – Se machucou?

– Não. Tô bem – Respondeu Felipe, enquanto se virava e voltava para a cama.

– Então tá. Vou trocar de roupa e liberar o banheiro pra você.

Quando terminou, Marcos saiu do banheiro com as roupas de Felipe.

– E aí, o que achou? – Perguntou.

– Haha, legal. – Respondeu Lipe. – Você fica melhor do que eu, nessas roupas.

Marcos riu.

– Agora vai tomar banho. – Disse Marco. – Temos que retomar nossas séries. Digo, trabalho.

Felipe assentiu. Pegou um par de roupas e uma toalha e foi para o banheiro. Enquanto tomava banho, a imagem de Marcos de cueca veio à sua mente. Logo, ficou excitado, novamente. Deu um grito, tentando afastar aquilo da cabeça.

– O que foi, Lipe? – Perguntou Marcos, preocupado. – Aconteceu alguma coisa?

– Não foi nada. Não se preocupe. – Respondeu.

– Ok. – Disse Marco. – Só não demora, senão eu invado esse banheiro.

– NEM PENSE NISSO!

*

Depois de tomar banho e trocar de roupa, Felipe voltou ao quarto. Combinaram de estudar sobre o trabalho para depois ficarem de bobeira. Iriam precisar de bastante cuidado, pois decidiram construir um canhão magnético. Terminaram de estudar toda a teoria e decidiram tirar outro dia para juntar os materiais e construir o canhão.

– Que assunto chato! Pensei que não iria acabar nunca. – Disse Marco.

– Pelo menos já estudamos a teoria, que é a parte mais difícil. – Disse Lipe. – Agora só falta comprarmos os materiais e montar a experiência. Tá a fim de comer alguma coisa?

– Sim. – Respondeu o amigo. – Estudar tudo isso me deu fome.

– Estou desejando comer pão com toddy. – Disse Felipe. – Quer também?

– O quê? Marco fez uma expressão como se Felipe tivesse dito que iriam comer sapos caramelizados. – Tá brincando, né? 

– Não. – Respondeu Lipe. – Por quê? Nunca comeu pão com toddy?

– Claro que não. Quem come isso? Deve ser super esquisito.

Felipe revirou os olhos.

– Aff... Você não sabe o que tá perdendo. Vem, eu faço e você experimenta.

Foram para a cozinha. Lipe pegou alguns pães e recheou com o achocolatado. Deu um para Marco, que não pareceu muito disposto a comer.

– Vai, garoto. – Disse Felipe. – Dá uma mordida, pelo menos.

Marco deu uma mordida, desconfiado.

– E então? – Perguntou Lipe.

– Caralho! – Respondeu Marco. – Isso é muito bom. Por que eu não experimentei antes?

Felipe riu.

– Eu te falei. É uma delícia.

 

Quando terminaram de comer, Marco perguntou:

– Lipe... Você acha que o Henrique é...

– Gay? – Completou Felipe.

Marcos balançou a cabeça, afirmando.

– Não sei, Marco. Mas não acho que isso faça alguma diferença. Pelo que vi, ele é uma pessoa legal, e isso é o que importa.

– Mas... – Continuou Marco. – Você acha que pessoas assim são... felizes? Olhando para a Amanda, não dá para dizer que ela é uma pessoa triste, mas será que ela é feliz de verdade? Será que, no fundo, não sabem que é uma coisa errada?

Felipe ficou pensativo.

– Olha, Marco, eu respeito todo tipo de opinião, mas não compartilho desse tipo de crença. Não acho que uma pessoa homo ou bissexual vá para o inferno. Na verdade, nem costumo pensar muito sobre essas coisas, mas não creio que seja uma coisa errada. Você, que conhece Amanda, acha que ela iria para o inferno só porque beija meninas?

– Não sei... – Respondeu Marco. – Isso tudo é muito complicado.

Felipe deu de ombros.

– Só acho que, se Deus nos tiver criado, não criou ninguém para ser infeliz.

– É. Talvez. – Respondeu Marco.

– Mas, por que essa conversa? – Perguntou Lipe.

– Nada, na verdade. São só coisas que estavam passando pela minha cabeça.

– Sei...

Felipe não sabia que Marco era tão religioso. Pelo menos perto dele, o amigo nunca tinha demonstrado esse tipo de crença. Se bem que, ultimamente, ele estava um pouco estranho. De qualquer forma, resolveu deixar pra lá. Pediu ajuda ao outro pra levar refrigerantes e petiscos para o quarto: tinham séries a maratonar.



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