História Romeu e seu Vagabundo - Jealous

Deitado na cama eu imaginava a cena do beijo, eu quis aquilo, eu me torturava por causa daquilo.
As coisas ficariam estranhas entre nós?
Eu pouco sabia de Mike... Aquele beijo foi de verdade?

Me belisco como um tolo, é claro que foi real, eu sentia cada toque na minha pele... Ainda conseguia sentir o gosto de seu beijo.
EU DEVIA MESMO MARCAR UM PSIQUIATRA!

Não tinha muito o que fazer, eu estava em meu apartamento pequeno.
Apenas me sentei na cama e escrevi algo. Eu escrevia para tirar os sentimentos pesados de mim, como se o papel fosse alguém que eu confiava ao contar meus segredos.

" Eu costumava ser a minha própria proteção
Mas agora não....
E as nuvens acima se movem tão perto
Parecendo tão descontentes
E a terra abaixo cresceu mais fria
Enquanto eles te colocam pra baixo
Mas o cruel vento continua soprando, soprando.."

Parei. Eu de algum modo não consegui mais escrever, minha inspiração me deixou lá com o lápis na mão.
Suspirei. Eu sentia que estava desperdiçando a minha vida, eu podia ouvir a voz de meu pai dizendo que eu precisava tomar um rumo na vida.

Deixei o apartamento, eu me sentia sufocado naquilo. Eu queria ver Mike, mas o medo me consumia, se ele virasse a cara e não me olhasse mais?
Eu me sentia um retardado ao pensar antes de tentar algo, concerteza eu nunca agi dessa maneira.

Havia algo para ser esclarecido. Eu queria ser rápido, sem ficar enrolando, dizer o que eu sentia e saber o mesmo dele.
Eu devia ser imediato.

Liguei a moto, soltando um barulho alto. Mas não pude nem sequer notar o barulho forte, minha mente era a mais barulhenta naquele momento.
Cheguei cedo, minha ansiedade caminhava por toda a minha pele, tentando e conseguindo me deixar perdido.

-O que faz aqui?- Mike se levanta do banco sorrindo. Logo a ansiedade ficou menor, seu sorriso fez com que eu tivesse mais coragem.

-Mike eu...- Antes que eu pudesse falar logo, a porta se abriu rapidamente.

-Olha quem veio! Mark!- Observei aquela sombra e logo a pessoa, era o mesmo, o tal de Mark.
Disseram que ele era o antigo vocalista da banda, mas tinha mesmo que vim naquela hora?

-Mark??- O japonês grita, dando-lhe um abraço.
QUE MERDA DE INTIMIDADE ERA AQUELA?

Eu não devia sentir ciúmes, devia?
Eu não devia querer dar uma voadora naquele tal de Mark,  devia?
Eu me controlava para agir como um adulto, mas sempre fui imaturo.

-O que o Mark faz aqui? E Mike está ainda o abraçando?- Ouvi no lado de fora, Joe e Brad assistiam pela janela, eu estava com as mesmas dúvidas. ..

-É claro... Mike sempre gostou de Mark.- Ouço Brad comentando baixo com o Joe.
Eu não esperava por isso.

Me senti como uma vela, um castiçal, era horrível aquele sentimento.
Eu queria sair de lá o mais rápido possível.

- Esse é o tal de Chester, não é? - Mark se aproxima e me dá um tapinha nas costas, ainda com a mão em meu ombro.
AH COMO SERIA BOM SE EU CORTASSE AQUELA MÃOZINHA.

-Chaz...- Tento forçar um sorriso ao perceber que minha voz não saiu tão agradável.

O mesmo retribui um sorriso e vai até a cozinha. Apenas observo Mike me olhando, eu não me arrependi de vir até aqui, pois eu sabia que iria cometer um erro.
Mike não sentiu o mesmo que eu senti ao beijá-lo.

É talvez o amor não seja para mim...

-Queria me dizer algo?- O japonês se senta na cadeira, ainda com os olhos fixos no meu.

-Não é nada.- Pego a chave no bolso e saio correndo, consegui ouvir o barulho da cadeira arrastando, eu não queria que ele corresse atrás de mim.
Estava escurecendo, eu apenas andava na rua e pensava, eu odiava pensar demais na mesma coisa.

Ouço um barulho, mas logo volto a atenção na minha caminhada.
Algo me incomodava, não eram mais os pensamentos,  eram passos que eu não sabia se eram meus ou de outra pessoa.

Virava a cada cinco segundos, sem notar alguma aparição.
Ergo a perna para outro passo, mas recuo, sem me virar, finalmente descobrindo que aqueles passos não eram meus.

Eu corri. Mas não foi o suficiente, pois agora os passos não eram mais calmos, estavam correndo também.
Me encostei no muro, pensando que havia conseguido despistar a pessoa.

Foi decepcionante quando eu percebi que uma mão foi até a minha boca.
Era um homem que aparentava ter uns trinta e poucos anos, ele estava apenas com  uma toalha, era bizarro.

-Eu não vou olhar!- Gritei quando o homem ameaçou tirar a toalha.
O mesmo para e suspira impaciente.

- Se olhar, prometo que lhe deixo sair.- Era uma mentira, eu sabia.
Não é como se fosse a minha primeira vez passando por algo tão assustador como esse,  ou talvez pior.

-Certo...- Falo meio sufocado. Se ele me soltasse eu poderia lhe chutar ou qualquer coisa do tipo.
Eu tive algumas aulinhas.

Tento me acalmar ao ver as mãos do homem se preparando para tirar a única coisa que o tampava.
Ele era um maníaco.

Mas meus olhos não puderam ver aquela imagem horrível, pois havia outra mão me puxando.
Senti um abraço, abri rapidamente os olhos.
Mike Shinoda...

-Que merda acha que está fazendo?- O homem logo foge, agradeço por ainda estar com meus olhos vivinhos.

-Que merda VOCÊ acha que está fazendo?- Deixo o abraço, o observando.
Ele entende ao ver meus olhos.

-Não é o que pensa.. Só foi uma ilusão Chaz...- Por mais que Mark estivesse lhe rejeitado, aquele abraço não me parecia uma ilusão.
-Chaz.. Por favor, eu ainda estou machucado por causa dele.- Me acalmo, eu conseguia imaginar a dor que lhe causava, era difícil ficar bravo com Mike.

-Eu só iria te dizer que não me arrependi do beijo...- Falo meio corado, me acostumando com aquela sensação esquisita.

Nos abraçamos, bem forte. Eu conseguia escutar seu coração bater.

-Você acha que pode esperar.... Sabe... Eu perder esse medo de me relacionar?  Sinto que não estou preparado Chaz..- Senti sua respiração próxima da minha orelha.

-É claro que eu posso....- O sinto aumentar a força do abraço, eu também não me sentia tão preparado, os primeiros passos eram os mais fodidos.

No final não voltei no apartamento, fui dormir na casa de Mike.
A música ficou por um bom tempo guardada na gaveta da minha escrivaninha, esperando por alguma inspiração.