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História Roses - Novem: damnare legend


Escrita por: beemochii

Notas do Autor


Voltei! Opa, opa, parece que alguém está conseguindo retomar o seu cronograma aqui yuhuuuuu ♡

Eu ia voltar na quinta, mas consegui chegar antes u.u

Desculpem a demora, chuchus. O capítulo é inteiramente de interação Jikook e espero sinceramente que esteja do agrado de vocês <3

Essa viagem deles vai durar, provavelmente, dois capítulos (esse e o proximo), e assim que eles voltarem, nós iremos dar início a segunda fase da fanfic, que é o final aaaaaaa #sad

No mais porém, ignorando o fato de que Roses está se acabando aaaaaaa, eu espero que desfrutem desse Jikook cheiroso e até as notas finais ^^

Capítulo 10 - Novem: damnare legend


Novem: damnare legend

O sol não podia ser visto no horizonte em meio às enormes árvores verdes e cheias de galhos, mas o céu acinzentado, com algumas listras em tons de um laranja forte denunciava mais ou menos que horas eram; já estava quase anoitecendo. E Jungkook sentia que já podia ficar louco, ainda que não fossem mais do que meia hora de caminhada pelo lugar.

Mas não era por ele que enlouquecia, mas sim pela divergência de sensações dentro de si; estava claramente confuso, pensativo, com a cabeça longe e formulando mil e umas teorias sobre o que poderia significar aquela visão esquisita que teve à alguns minutos; já Jimin, que tinha despertado à algum tempo, estava eufórico. O alfa acreditava que ele tinha algum parafuso a menos, pois não parava de correr de um lado para o outro, exclamando entusiasmado até quando via um arbusto verde cheio de espinhos — já que, em praticamente toda a sua vida, somente esteve cercado de um jardim bem polido e coberto com aquela extrema branquidão de neve — e chegou até a gritar alto e pular em si, agarrando seu corpo com braços e pernas dizendo que a planta havia se mexido, tremulando de medo. Jeon até achou a cena fofa, apesar de quase ter ido ao chão junto ao corpo pequeno pelo súbito, e no final era apenas um lindo e fofo esquilinho que se encolheu assim que notou a presença alheia.

Esquilo esse que se tornou mais um motivo de euforia abobalhada do loiro que, ao perceber que o pobre roedor estava sozinho e com fome, tratou de se sentar de pernas cruzadas no gramado, próximo ao bichano, e tirar da sua mochila — que o lupus estava carregando — uma vasilha de aperitivos, destampando-a e revelando algumas frutas secas, castanhas e algumas nozes, as quais entregou sorridente à ele, que não demorou meio segundo a tomar em suas mãos pequenas e esconder em suas bochechas enormes, fazendo Jimin gargalhar alto.

A cena havia sido tão fofa que o Jeon não conseguiu manter sua expressão séria e confusa, simplesmente abriu um sorriso bobo ao ver o ômega exalar o seu cheiro de uma forma um pouco mais suave, como que para acalmar o animal e deixá-lo mais seguro em sua presença. Ao que parece, deu certo, pois depois de alguns minutos, ele foi se chegando e após receber um carinho em sua cabeça, simplesmente se enroscou no corpo quentinho do baixinho e era assim que a situação se encontrava no momento: Park não estava disposto a deixar o bichano mais, abrigou-o em suas vestes e estranhamente o roedor que deveria se esconder ou ser ranzinza, dormia tranquilamente com as bochechas cheias e o rabinho enrolado no braço do sentirinum, que finalmente parou de atrasá-los por sua curiosidade e agora somente se concentrava em aninhar seu novo bichinho e sorrir doce vez ou outra olhando-o.

Aquilo fazia o coração do alfa se esquentar. Sabia o quanto ômegas tinham instinto protetor e gostavam de cuidar de seres mais frágeis; e mesmo que Jimin tivesse se demonstrado bastante diferente da maioria, naquele quesito não era uma exceção e isso lhe deixava ainda mais derretido pelo garoto. Na idade dele, muitos de sua espécie já tinham filhotinhos ou esperavam um na barriga, mas ele não tinha sequer planejamentos para atualmente e nunca comentava sobre, mesmo sendo um príncipe que, com certeza, teria de gerar herdeiros; então, o lupus deduziu, seu lobo provavelmente tinha seus sentidos de proteção ainda mais aguçados. Com sorte, acabou por deixar suas preocupações de lado e de tanto que fitava o mais velho, o próprio percebeu, lhe encarando de súbito com estranheza.

— Porquê ‘tá me encarando tanto, Kook-ah? — Questionou, confuso, fazendo as maçãs de seu rosto avermelharem-se por ter sido pego no flagra. — Omo! Você corou. Que fofo.

O loiro sorriu tão lindamente que Jungkook não conseguiu se tornar um babaca ao ponto de se sentir de orgulho ferido simplesmente por ter sido chamado de tal maneira.

— Jiminie, você sabe que não pode criar esse esquilo, não é? — Mudou de assunto, para disfarçar seu constrangimento e as batidas de seu coração que simplesmente aceleraram ao ver os olhinhos dele sumir entre as bochechas cheinhas.

No mesmo instante, ele uniu as sobrancelhas e puxou os braços que seguravam o animal para o lado contrário do seu, como se estivesse o protegendo de si. Jeon riu ao vê-lo formar um bico contrariado nos lábios rosados, lhe encarando recriminatório.

— E porquê não? — Soou desafiante.

— Porquê… — gesticulou — é um esquilo!

— E? — Negou com a cabeça para si, voltando a fitar o roedor em seus braços que agora tinha a cabeça para fora do seu sobretudo e encarava atento o ao redor, movendo seu narizinho. — Ele ‘tá sozinho, então eu posso sim e não é você quem vai me impedir. Não é, Ross? — Fez uma voz mais fina para falar com filhote marronzinho.

— Ross? Essa é boa...

Jungkook sorriu e desistiu de implicar. Só tinha que se focar em seguir seus instintos para encontrar o caminho, tinha até a leve impressão de que estava dando certo.

•    •    •

— Jungkook, você por acaso sabe ‘pra onde a gente está indo? — Jimin questionou, gritando. — Já estamos rodando nessa floresta há horas e eu não estou vendo lago nenhum!

Diante do estresse do ômega pela sua falta de direção, o mais novo sorriu nervoso. Já havia escurecido há um bom tempo e o local estava realmente esquisito. Não que estivesse com medo, ele também não estava, mas a questão é que, diferente do que Namjoon havia dito, não fazia idéias de que caminho seguir, de fato. A única coisa que tinham ciência, era alguns pontos de referência e o lago era o primeiro, este que sequer havia passado diante de seus olhos.

— Tenha calma, Jimin hyung — pediu, ameno — Está tudo sob controle, não se preocupe.

Ele grunhiu, vindo a passos firmes até si, tão irritado que havia acordado o pobre esquilo que dormia aconchegado em seu casaco.

— Sob controle? — repetiu, em escárnio — Sob controle, Jeon Jungkook? Tem certeza?

De olhos esbugalhados por notá-lo com o rosto ligeiramente enrubescido de fúria tão próximo do seu, sequer prestou atenção na sua mentira deslavada quando assentiu com a cabeça, crispando os lábios enquanto fitava os alheios. Por sorte, ou não, o garoto estava enfurecido demais para perceber seus olhares em si.

— S-Sim, hyung… nós já iremos chegar lá. — Foi interrompido por um rosnado feroz.

— Cale a boca! — Ordenou, alto, logo após apontar para um enorme rochedo com algumas rachaduras que tinha um pouco ao lado. — Está reconhecendo essa pedra? — um tanto quanto amedrontado, o maior assentiu — É claro que está! É a porra da terceira vez que passamos por ela. Terceira vez, Jungkook!

Ao vê-lo pôr as mãos na cintura, ofegante pelo esforço que fez ao gritar daquela forma com o moreno, o alfa suspirou, derrotado. Poxa, ele não tinha culpa se seu sensor dolorium era uma droga e não lhe ajudava em nada. Se fosse por si, já tinha aprendido a dominar aquela merda desde o primeiro dia que lhe foi imposto, assim não teria que ter passado por toda aquelas seções de tortura ‘pra sua vista e mente. Por fim, abaixou levemente a cabeça, cabisbaixo por ter decepcionado seu ômega daquela maneira.

Percebendo isso, Jimin sorriu pequeno, abaixando a cabeça por alguns instantes, antes de negar e a erguer.

— Você não me decepcionou, Jungkook. — Alegou, fazendo-o lhe encarar surpreso pelo acerto de pensamento. Não era algo que o príncipe pudesse controlar, de fato, ele apenas conseguia saber o que o outro estava sentindo. — Pela lua, você não o faria nem se quisesse.

— Jimin… me desculpe. — Pediu, ainda cabisbaixo, mas o outro apenas negou com a cabeça e sorriu, como quem diz que não tem problema.

— Esqueça isso — abanou a mão, andando devagar apenas para raciocinar — Precisamos pensar em uma forma de sair daqui, já que estamos perdidos. Talvez voltar para o castelo mesmo… sei lá.

— Jimin-ah… — chamou, sentido, indo para perto dele com cautela, e então pediu: — Não desista tão fácil assim, por favor.

Ele riu soprado, lhe erguendo a vista e só então o acastanhado notou as orbes cor de chocolate úmidas, o fazendo sentir uma pontada no peito, um sentimento ruim.

— Fácil, Jungkook-ah? — repetiu e o outro arrependeu-se amargamente de sua escolha de palavras, pelo tom quebrado que ele ressoou — Realmente acha que isso é fácil para mim? — riu sem humor, olhando para cima por alguns instantes — Se supõe que sentirinums nunca desistem, acho que nem para isso eu sirvo mesmo.

— Não, não, não — o moreno negou com veemência, andando rapidamente com direção a ele, segurando-lhe o rosto entre as mão — Nunca mais diga isso, me ouviu?

Jimin não era de demonstrar insegurança, sempre persistente e enxergando a luz em tudo, vê-lo daquela forma desolada fazia com que o alfa se sentisse realmente mal, impotente, incapaz de fazê-lo feliz, de alguma forma, e isso era agonizante.

— Nós vamos conseguir, hm? — sussurrou, em tom amável, beijando-lhe a pontinha do nariz rosado pelo frio e o vendo fungar — Só… confie em mim, eu vou… conseguir.

— Não… acho melhor você parar de se forçar, vai acabar desmaiando de exaustão — aconselhou, preocupado.

Jungkook negou, convicto.

— Eu vou conseguir, Jimin — sua voz saiu firme, não dando espaço para respostas.

Antes que ele abrisse a boca para persistir, fechou seus próprios olhos, respirando forte uma vez antes de tentar focar-se.

— Está bem, que seja — ouviu a voz de Jimin e sentiu-o suspirar antes de tornar a falar, agora em tom baixo e calmo: — Se permita relaxar, Jeon. Inspire e expire bem devagar… sinta o ar em seus pulmões.

Visando seguir os conselhos do mais velho, puxando o oxigênio puro da floresta para dentro, vagarosamente, sentindo o leve cheiro de rosas e mel do ômega, que de imediato, instintivamente, lhe acalmou. Expirou com igual tranquilidade, sentindo seus sentidos se aguçarem no mesmo instante. De repente, o ar se tornou mais frio e o contato dele em sua pele coberta mais forte, lhe fazendo ter a sensação dele correndo pelas suas vestes, trazendo consigo mais daquele perfume acalentador.

— Ouça os sons ao redor, com clareza.

Aprimorando sua audição, o fez. Um pouco ao longe, ouviu o pigarro de coruja e passos na grama, constatando que algum predador estaria atacando sua presa.

— Mantenha minha voz em primeiro plano, Jeon — pediu, ao o notar aéreo, trazendo sua atenção de volta à si — O que você mais quer nesse exato momento?

Ter você só para mim. — Foi sincero, tão automático que o menor sentiu suas maçãs do rosto esquentarem e sorriu.

— Bobo! — acusou, se esforçando para voltar a focar assim que o viu rir de volta — Fora isso, qual é o seu objetivo, Jeongguk?

Ele tornou a estar sério, respirando fundo antes de responder, com convicção:

— Encontrar o caminho.

— Então, mantenha isso em mente. Se concentre, Jeon. — ordenou — Agarre-se no seu desejo com todas as suas forças.

O moreno sentia seu coração se acelerar gradativamente, assim como o tom de voz do sentirinum, que continuava a lhe impulsionar com garra e confiança.

— Ache o caminho, alfa.

E então, com um rosnado por parte do lúpus, abriu os olhos, estes estando mudados e ferozes. No mesmo instante em que Jimin viu as pupilas se contraírem, tornando-se duas finas fendas negras em meio ao mar de vermelhidão, Jungkook enxergou com clareza uma espécie de nuvem de mesma cor surgindo na frente de seus olhos, dissipando-se e formando um caminho. Todavia, a própria caiu por terra, sumindo pelo chão de grama, antes de lhe guiar — era o que pensava.

Antes que o Park pudesse questionar-lhe o que houve, o mais novo afastou-se rude, rosnando gutural e lhe fazendo encolher-se.

— ‘PRO INFERNO, INSTINTO DE MERDA! — exaltado, gritou, assustando até mesmo o ômega quando, a passos rápidos, chegou ao outro lado e socou com toda a sua força o enorme rochedo que tinha ali.

No instante em que sentiu sua garganta arder pela altura de sua voz, parou, abaixando a cabeça e começando a puxar o ar com força. Estava irado, realmente irado, mas acima de tudo, decepcionado consigo mesmo. Park ainda estava assustado — não com o alfa, mas com o seu estado — sem saber o que fazer diante daquela reação, mas mesmo receoso, deu um passo à frente visando acalmá-lo e consolá-lo de alguma forma. Todavia, antes que pudesse se aproximar, foi parado por um estalo alto que irrompeu em seus ouvidos sensíveis, o fazendo erguer a vista à tempo de enxergar a rachadura que iniciou-se no local exato da pancada, se estendendo do centro para baixo e cima ao mesmo tempo, até que estivesse em uma linha, não tão reta, vertical.

Rapidamente, o loiro tratou de caminhar até o alfa e segurá-lo pelo braço, puxando-o para que não corresse o risco de se machucar ali. Sentiu-se ser abraçado de lado do mesmo instante, e ambos, de respirações aceleradas, calaram-se, para poder ter qualquer reação caso aquilo viesse a desabar em cima deles. Por sorte, isso não aconteceu, pois instantes após o rachão, a pedra continuou intacta.

— Pela lua… — Jimin soprou, ainda abalado, mas não tardou a dar um soco forte no ombro do castanho, que grunhiu e levou a mão ao local pela dor — Você está ficando louco? E se essa merda tivesse caído em  cima de você, estúpido?

Estava amedrontado, aquela possibilidade de que algo poderia ter acontecido com o mais novo lhe assustava de uma forma que o fazia querer chorar, mas se esforçou para prender as lágrimas pois não queria parecer tão frágil.

— Seu idiota! — xingou, ressentido — O que eu iria fazer se você tivesse sido esmagado?

Ignorando seus protestos, o alfa aproximou-se de si, virando-se em sua direção e tomando-lhe o rosto gordinho e avermelhado entre os dedos longos, lhe esquentando sem perceber.

— Você está bem? — o encarou preocupado, vistoriando seu corpo a fim de ver se havia algo errado — Se machucou em algum lugar?

Ao lhe ver negar uma vez, o acobreado sorriu.

— Isso é um alívio… — confessou.

O ômega lúpus lhe encarou com os olhinhos úmidos e uma pequena protuberância nos lábios fartos. Ao descer a vista e fitá-la no punho direito do moreno, que estava machucado e com um pouco de sangue, prendeu o lábio inferior entre os dentes tortinhos, e voltou a o bater, ainda mais fraco que anteriormente e em sequência. Jungkook, percebendo seu estado afetado, o puxou para um abraço, segurando a cabeça pequena que batia um pouco acima de seu ombro, o sentindo ainda lhe estapear.

— I-Idiota! — tornou a praguejar — Olha só estado da sua mão e você se preocupando comigo — fungou, agarrando a camisa dele e o apertando entre os dedos curtos — Besta.

— Mas é claro, meu ômega — murmurou sua classificação com tanta doçura que o mais velho se sentiu derreter nos braços fortes, inalando seu cheiro amadeirado com afinco — Eu não me perdoaria se tivesse te machucado.

Jimin lhe encarou e sorriu abertamente, fazendo seus olhinhos brilhantes sumirem entre as bochechas coradas. Preparou-se para dizer algo, mas foi interrompido quando o esquilinho que agora estava sendo esmagado entre os corpos, grunhiu baixinho e pulou de seu colo, o fazendo franzir o cenho ao vê-lo correr de seus braços e seguir em direção à pedra.

— Ross, volta aqui! — chamou-lhe, saindo do abraço do alfa para seguí-lo, o vendo entrar no mato ao lado do rochedo — Onde esse bicho está indo?

Jeon demorou um pouco para se situar e ver que o garoto pretendia se embrenhar em meio à grama alta daquele lado, por isso não conseguiu ter tempo de segurar-lhe o braço e o impedir de o fazer, mas tratou de correr atrás.

— Jimin, não entre aí! — pediu, mas o baixinho era teimoso demais — Pode ser perigoso.

— Eu não vou abandonar o meu bebê! — ralhou, o fazendo revirar os olhos e vê-lo sumir por entre as plantas, e não tardou de o seguir.

Entretanto, depois de algumas poucas camadas de folhas altas, conseguiu sair daquele matagal e percebeu-se do outro lado, resmungando algo incoerente ao limpar as vestes claras agora meio molhadas pelo orvalho. Ergueu a cabeça e procurou com a vista o menor, não tardando a encontrá-lo parado à alguns metros à frente, exatamente em frente ao outro lado da pedra que racharam, com o filhote nos braços.

Jeon caminhou à ele.

— Nunca mais faça isso, Jimin! — ordenou, embora soubesse que ele jamais lhe obedeceria — Eu vou ficar louco por sua causa. — Contudo, ele não disse uma palavra, sequer moveu um músculo, fazendo o lúpus estranhar. — Ei! Está me ouvindo?

Depois de observá-lo melhor, notou que ele parecia vidrado com o olhar fixo em algo à sua frente. Confuso, Jeongguk dirigiu sua vista à aquele local também, mas seu cenho franzido sumiu no mesmo segundo, dando lugar à uma expressão surpresa ao que seus lábios partiram-se de forma arredondada.

— Parece que seus instintos não são tão ruins quanto você pensa, Kook-ah. — comentou, Jimin, com um sorriso brilhante no rosto bonito.

— Isso é…

— O que queríamos encontrar — o fitou, esperançoso — O Lago de Délvis.

•    •    •

Devia ser por volta das dez da noite quando Jungkook terminou de montar a cabana na qual iriam descansar, para somente voltar ao caminho assim que o sol surgisse no céu. Ao sair do objeto pequeno, porém bem acolchoado e quentinho — já que fez questão de usar um pouco dos seus poderes para conseguir isso — avistou a figura miúda do príncipe sentado na beira do lago, parecendo pensativo.

Sorrindo leve, andou até lá, se sentando ao seu lado. Ele notou sua presença, pois o alfa sentiu seu peito acalentar com uma sensação além da sua, mas decidiram permanecer em silêncio por uns instantes; apenas apreciando a vista linda que tinham.

O lago era pequeno e estava congelado, mas possuía uma cor azul tão brilhante que parecia não ser real, levando em conta que o céu estava escuro naquela noite; os arredores eram repletos de muitas longas árvores, deixando somente aquele círculo de gelo intacto de toda e qualquer planta. Era bonito, muito, muito bonito. Tanto que parecia…

— Encantado — Jimin quebrou o silêncio, completando seus pensamentos, sem sequer dar-se conta disso — Parece encantado, não é?

O alfa virou o rosto para lhe encarar. Tinha as pernas flexionadas e encostadas ao peito, sendo rodeadas por seus braços fortes, diferentemente do ômega, que apoiava-se nas mãos atrás do corpo e tinha os membros inferiores completamente esticados no gelo. Ele parecia sereno, ainda olhando o horizonte, por isso o maior não tardou a o fazer também.

— Realmente — concordou, não sendo muito necessário utilizar um tom de voz mais alto.

— Eu nunca vim aqui antes… — comentou, lhe fitando calado por poucos segundos antes de voltar a posição inicial, fechando os olhos e abrindo um sorriso bonito — É muito bom que seja você a estar comigo aqui pela primeira vez.

— Jimin-ssi… — chamou, ouvindo um breve murmúrio como incentivo para prosseguir — Você nunca teve vontade de, sei lá, sair dali? Quebrar regras… fugir, talvez?

Ele abriu os olhos, respirando calmo uma vez, antes de mudar a posição e cruzar as pernas, fazendo um som como se estivesse pensativo.

— Falando a verdade, não muitas vezes. — Estalou a língua no céu da boca, rindo sem muito humor — Acho que eu sempre estive muito preso nessa questão de obedecer para poder voltar ao palácio futuramente. Eu tinha esperanças… só houve uma vez em que eu quis desesperadamente fugir daquele lugar.

— E quando foi isso?

Ele sorriu sem mostrar os dentes, lhe fitando.

— Depois do meu primeiro cio.

E, embora estivesse quase se rasgando por dentro de tanta curiosidade, Jeongguk calou-se, por notar a mágoa no fundo dos olhos daquele garoto, assim como uma dor bem no fundo das orbes cor de chocolate. Calou-se porque, ao seu ver, fazê-lo recordar-se de lembranças ruins era pior do que morrer de curiosidade.

Novamente, o silêncio tornou a deixar que o único som ouvido naquela imensidão pelos dois corações inquietos dos lobos, fazendo-os mergulhar mais uma vez dentro de suas próprias cabeças a fim de buscar suas próprias respostas ou fazer-se questionamentos. Porém, assim como anteriormente, ele não demorou a ser findado pelo de fios loiros, que sorriu ao que um pensamento veio-lhe à mente.

— Você conhece a história desse lago, Jeon? — questionou, o encarando mais leve — Sobre o oráculo de Délvis, Man-Obliccum?

O alfa franziu o cenho, sequer tendo ouvido aquela palavra estranha antes em sua vida.

— Não, eu nem sabia que esse lugar existia.

Jimin riu, negando com a cabeça enquanto resmungava o quão sem conhecimentos era.

— É uma história bonita… porém triste — pontuou — Tae me contou quando eu era mais novo. É sobre destinos interrompidos e afins.

Jungkook se ajeitou melhor sobre o chão frio, virando-se de frente para o garoto e cruzando as pernas enquanto o encarava, interessado.

— Me conta, Jiminie.

— Não é tão interessante assim, Jeonie — riu — Mas tudo bem, se você quer, eu digo.

O alfa assentiu, lhe vendo umedecer os lábios.

— Bem, eu não sei narrar muito bem porque faz tempo que eu conheci essa história, mas eu vou tentar falar o que eu lembro… — avisou — O Oráculo de Délvis não é somente uma profecia, é uma promessa; feita entre dois ou mais corpos que sinceramente sentem algo um pelo outro. É necessário uma ligação forte.

— O que diz esse oráculo? — questionou.

Jimin suspirou, antes de responder.

— “Duo loca perductae promittentes, sequelis in aeternum spartium-tempus. Repetita fabulis altier, tamen singula multa, in finem. Duæ unum forum: dolore uel mortis, quam amore overlaps suffigere.” — recitou, em latim.

Jungkook franziu o cenho, sem entender nada.

— Duo… Duo… o quê?

Park riu alto, jogando a cabeça para trás. Jeon era tão fofo quando fazia aquela expressão confusa que lhe fazia querer morrer de amores.

— “Dois destinos promissores interrompidos, sequelas no espaço-tempo eterno” — começou a traduzir — “Histórias repetidas, de maneiras distintas; todavia, uma única sina, ao final” — umedeceu os lábios secos pelo vento frio, o tendo bastante atento à suas palavras — “Duas almas, um destino: dor ou morte.”

Fez uma pausa dramática, antes de concluir:

— “Até que o amor se sobreponha ao egoísmo.”

— Profundo — o ômega concordou.

— Diz a lenda que, à dois milênios atrás, na era em que o sol e a lua abençoaram a terra, um casal foi atormentado durante todo o pouco tempo em que passaram juntos, se amando — contou — No final, eles foram destruídos por conta da ganância de um deles e, antes disso, recitaram a profecia juntos. Segundo as histórias, suas almas jamais puderam ir ao além, pois eternamente estariam reencarnando em novos corpos e sendo fadados a viverem em dor até terem o mesmo destino, todas as vezes.

— Até que o amor se sobreponha ao egoísmo.

— Exatamente.

Com o silêncio que se instalou, foi ouvido somente o ganido baixo de Ross comendo dentro da barraca, até que o Jeon soltou o ar.

— Você acha que essa história é real? — o alfa questionou, sua voz soando baixa, quase nula.

O loirinho riu, negando com a cabeça.

— É só uma lenda, Kook-ah… — comentou, se levantando e o fazendo lhe repetir o ato.

Pararam de frente um para o outro antes que ambos olhassem novamente para o lago, respirando fundo em conjunto, até que Jimin entrelaçasse seus dígitos no do lúpus e lhe sorrisse devagar quando ganhou sua atenção.

— Vem, vamos dormir um pouco.

E assim, se dirigiram para dentro da cabana, o mais velho se aconchegando nos lençóis e acariciando seu novo bichinho de estimação antes de puxar os braços do alfa para que rodeasse sua cintura, lhe fazendo descansar inalando o cheiro acalentador do lobo maior.

— Boa noite, Jungkookie.

Um beijo foi depositado na testa do mais novo, que sorriu leve com o ato que, segundo os preceitos idiotas da sociedade, provavelmente deveria ter partido de si — nem ligou para isso.

— Boa noite, Jimin-ah.

E realmente quis poder dormir naquele momento, nos braços acolhedores do ômega, mas seu pensamento estava longe e, querendo ou não, demorou a cair no mundo dos sonhos, com a mente tentando imaginar como seria se fosse ele e Jimin naquela história melancólica.

Maldita lenda e a divagação que ela lhe traz.


Notas Finais


Quem aí já ama o Ross? \o/
Parece que vocês descobriram a sinopse da sidefic de Roses -q EU NUM DISSE FOI NADICA DE NADA

Espero que tenham gostado tanto quanto eu gostei de escrever. Comentem o que acharam, meus chuchus ^^

A minha próxima att vai ser de Fated to leave you, no sábado :3

Pra quem tiver interesse, meus mais novos fetos Jikook:

Fora da Lei: https://www.spiritfanfiction.com/historia/fora-da-lei-11893795 [JK!bottomAtrevido X Jimin!top] [Pwp] [Policial X Prisioneiro]

Fated to leave you: https://www.spiritfanfiction.com/historia/fated-to-leave-you-300-days-11848015 [JK!escravoSexual] [abo alternativo] [Jungkook!ômega x Jimin!alfa]
Link da postagem no blog: https://benfeitofeito.blogspot.com.br/2017/07/roses-por-srtapark.html?m=1

Trailer: https://youtu.be/QSNDVrlYuU0

Quiz: https://pt.quizur.com/quiz/a-qual-cla-de-manipulacao-voce-pertence-fanfic-jikook-roses-3bMs?nq=1&tm=1509264152

Trailer da sidefic (que será postada em breve): https://youtu.be/f4vLps-uAJ0


Chuuuuu


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