História Roubada Por Um Anjo - Capitolo Diciassette - A boca diz o que o coração está cheio

Meu cérebro começou a trabalhar mais depressa, palavras aparecendo e montando frases de uma forma assustadora, quando vi já estava despejando tudo aquilo que pensava.
- Eu já parei de te odiar, já te desculpei por ter me sequestrado... – ele virou a cabeça totalmente para a direita. – Por ter me deixado longe dos meus amigos, da minha família. E ainda por cima bagunçar meus sentimentos e pensamentos. – Ele parecia bem atento a cada palavra dita, mas não se moveu do lugar, como eu queria ter o poder de ler mentes e saber o que se passava em sua cabeça, talvez estivesse me xingando e arquitetando outro plano de fuga.
Passou uns segundos, já não conseguia mais controlar as batidas de meu coração, a tremedeira nas mãos e nas pernas. 
- Poxa eu tinha uma vida, um namorado legal, que apesar de tudo arrisco dizer que eu era apaixonada por ele. Então você chegou e bagunçou tudo, virou minha vida de cabeça para baixo.
Eu nunca estive tão errada ao proferir a seguinte frase “em hipótese alguma, me apaixonaria por um sequestrador” se você diz o destino faz questão de te mostrar que você pode sim.
- Você foi embora, e me deixou confusa e apaixonada. Já parei de te culpar por não conseguir te encontrar, por me esforçar em pesquisas incansáveis e não te encontrar. – Lentamente ele foi se virando em minha direção, eu estremeci quando seus olhos azuis encontram os meus, que não estavam tão longes. 
- E depois de tanto tempo de procuras frustradas, você aparece do nada, onde eu menos imaginei de encontrar, e está na hora de te contar o que eu realmente quero, o que o meu coração quer... é você que eu quero. 
Ele apenas mantinha seus olhos cravados em mim, eu tentava decifrar seus olhos e a expressão de seu rosto, mas era impossível. Ele era o tipo de cara muito reservado, se tinha algum tipo de sentimento não deixava transparecer. 
- Quero te abraçar a noite toda, sentir seu carinho durante o sono, olhar para você enquanto estiver dormindo. Dar beijos em seu rosto só para te despertar. E de manhã te dar “bom dia” e ficarmos o resto do dia nublado deitados. Pode parecer clichê, mas eu gosto do clichê.
As lagrimas desciam pelas minhas bochechas, eu realmente tive coragem de falar tudo aquilo?
Não seria tão ruim ama-lo assim seria? Não seria, ele me passava segurança, confiança, porque seria ruim se eu acreditava no seu lado bom? Eu acreditava que ele tinha sentimentos. 
Segundos ou minutos se passaram, ele não se moveu, eu impaciente e irritada, dei meia volta e comecei a caminhar.
Era naquele momento que viria o arrependimento e a vergonha por ter falado praticamente tudo o que eu sentia. Mas não veio, pelo contrário, um peso saiu de cima de minhas costas e o alivio veio.
Podia ter sido arriscado e precipitado, mas eu não me importava mais e não conseguia mais guardar tudo aquilo para mim. 
Senti uma mão em meu braço, apertou com certa força meu braço (mas não algo que machucasse) fui virada bruscamente, e me deparei com aqueles olhos azuis tão perto.
- Então estamos quites Emma. Eu quero tantas coisas, e a principal delas está bem na minha frente. – Respirar já estava sendo difícil, ele respirou fundo, eu já tinha perdido o fio de pensamentos – O tempo todo, vem em minha mente a vontade que eu tenho em estar com você...eu quero beijar você Emma, quero te abraçar por horas e horas, eu quero brigar por coisas estupidas, eu quero fazer você sorrir quando eu disser que te amo. Quero acordar todos os dias do seu lado, quero fazer amor ouvindo você suspirar, falando meu nome, quero te acordar com vários beijos. Eu apenas quero te fazer feliz, como ninguém nunca fez. – eu estava incapaz de proferir qualquer palavra, som ou gesto mínimo que fosse. Todas aquelas palavras me derrubaram, não me pegaram apenas de surpresa, eu não conseguia acreditar que havia escutado todas aquelas palavras, vindo dele. Aquelas palavras me desmontaram inteira.
- Mas infelizmente não posso te ter agora, e fazer tudo isso que desejo. Não posso te colocar na boca do abismo junto comigo, não posso simplesmente te entregar de bandeja ao perigo...por mais que eu queira ter você ao meu lado todos os dias...eu não posso e não consigo Emma. Longe de mim você estará segura.
Senti minha garganta secar, o coração acelerar, o estômago revirar, as mãos gelarem e os pelos da nuca se arrepiarem. Tudo isso de uma só vez, sem que eu pudesse tentar controlar.
Ele foi se aproximando, seu perfume me embriagava, e as palavras antes ditas por ele, já me deixaram suficientemente atordoada. Fechei meus olhos, achando que sentiria a maciez de seus lábios juntos aos meus, como senti naquela noite, um sonho tão real que poderia se tornar realidade, mas aquele beijo não aconteceu. Ele depositou um beijo terno em minha testa, continuei de olhos fechados, senti suas mãos soltarem o meu braço, senti ele se afastando, levando consigo, a segurança que antes eu tinha, e me deixando ali indefesa.
Com suas palavras martelando em minha cabeça, com o lugar onde suas mãos estavam repousadas e o beijo deixado por ele em minha testa formigando.
Eu estava completamente rendida a ele. 
 

Niall's POV
Meu coração se apertou ainda mais ao vê-la ali na minha frente dizer todas aquelas palavras que mexeram tanto comigo, e eu simplesmente não poder fazer nada, meu coração desejava demais pega-la em meus braços e faze-la minha, somente minha para sempre, tudo o que ele mais desejava era ser amado por ela, da forma que ela disse. Meu corpo também implorava demais por aquilo, pelo contato dela. Mas eu não tinha a segurança de que ela estando comigo ela estaria segura, por mais que eu faria do possível ao impossível para mante-la em segurança, porem o meu maior medo era de falhar um dia e machuca-la muito, o que ela não merecia.
Ao vê-la virar as costas e ir embora eu não aguentei me deixei levar pelo impulso e disse todas aquelas coias que meu coração estava cheio, implorando para ser dito em voz alta e pela pessoa responsável por tanto sentimentos grande a acumulado dentro de mim, fazendo meu coração rasgar pela saudade e pela distancia infernal.
Minha vontade naquela hora era de beija-la até que amanhecesse o dia e um pouco mais, até que o desejo passasse, mas esse desejo por seu beijo jamais passaria mesmo a tendo e a beijando todos os dias. Mas eu tinha plena ciência de que se começasse aquele beijo eu não conseguiria mais me afastar dela, e se eu conseguisse seria muito difícil, com muito sacrifício.
Emma mexia comigo de uma forma tremendamente impressionante, ela não me deixava dormir, não deixava que outros pensamentos me habitassem nem por minutos, todo o meu dia-a-dia era composta por eu fazer aquilo que tinha que fazer mas com ela o tempo todo em meus pensamentos e coração.
Eu não sabia ao certo se eu tinha que me repreender ainda mais ou se eu ficava feliz por ter concretizado o plano do sequestro, pois nisso eu acabei conhecendo ela. Porem se eu tivesse sido um pouco mais esperto eu teria a conhecido de uma forma diferente e hoje poderíamos estar juntos e sem o remorso de ter a feito mal psicologicamente. Eu não acredito muito em destino, mas agora dizer que o destino quis dessa forma, está parecendo mais certo a ser pensado.
Se eu desejava mais uma vez deixa-la ali com a feição no rosto de desamparada? Não, eu jamais desejaria deixa-la, mas era realmente preciso. Quem sabe em algum dia desse nós não nos reencontrarmos novamente.
 

Nova Iorque, Estados Unidos – 31 de dezembro de 2009 10:29 PM
Véspera de ano novo e o que eu estava fazendo, enquanto muitos dos vizinhos já estouravam champanhe e gritavam agitados e felizes? Eu não fazia nada que prestasse a não ser pensar naquele bendito 23 de dezembro.
Mais um ano se ia, mais um ano chegava para muitos, nova chance de recomeço e concertos, mas para outros mais um ano que continuará como o anterior.
Novamente ali estava eu sentada no parapeito da janela do quarto, enrolada em um edredom, enquanto pensava com meus botões. Eu tentava descobrir o que realmente era o amor, por muitas vezes amei ou pensei amar.
No geral o amor é a emoção ou sentimento que leva uma pessoa a desejar o bem a outra pessoa. Quando falaram “o amor não se define se vive” estava correto, por tantas vezes tentei decifrar, tentei decifrar as coisas do coração, aquele sentimento grande que por hora me pegava sorrindo boba para as paredes, que só em pensar na pessoa amada me dava uma tremenda ansiedade.
Mas o amor é egoísta e altruísta.
Ouvi uma batida na porta, murmurei um entra e tia Naomi entrou sorrindo e se sentou à minha frente, sorri de volta.
- Vim falar para você se arrumar, vamos passar a virada de ano na times square. – Eu ia protestar, mas minha tia foi mais rápida. – E nem pense em negar, porque não vai adiantar, somos só eu e você, temos que nos animar um pouco.
- Certo, certo. Tenho escolha?
- Não.
- Ok, daqui a mais ou menos vinte minutos estarei pronta. – Continuei sentada.
- Estarei te esperando, mas antes, quando entrei percebi que você estava bem pensativa. No que exatamente você pensava?
- Nada não, bobagens minhas. – Dei uma risada fraca.
- Certo, sabe que pode contar comigo, para o que for. – Ela sorriu, pensei e cheguei à conclusão que seria bom ver o que ela tinha a dizer a respeito do amor.
- O amor. O que é amor para você tia Naomi?
- Para mim o amor e como os sonhos que movem os seres humanos, se não houver amor não teríamos um motivo para lutar. Imagina se as pessoas não tivessem amor pela sua profissão, o que seria de nós? Para mim o amor é essencial. E pelo amor que sabemos que estamos vivos. – Ficamos olhando para a janela até que ela voltou a falar.
- O suíço Paracelso ligava o amor ao conhecimento. Ele disse: “ quem nada conhece nada ama. Quem nada pode fazer, nada compreende, nada vale. Mas quem compreende, também ama, observa vê... quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa, tanto maior o amor. ” – Tia Naomi uma eterna romântica. – Quem um dia ira dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?  

Continua...