História Rough Times - Você Bateu na Porta da Casa dos meus Afetos

As meninas estavam se preparando para mais um Coming Back com sua mais nova música, “Fingertip”.  Os compositores que trabalham para a Source Music se empenharam em criar um Hit que trouxesse energia e autoestima elevada para qualquer menina que ouvisse, e “Fingertip” era a música!

A apresentação que elas seis tiveram na emissora KBS naquela quarta havia sido espetacular. Um enorme público esteve presente para presenciar a apresentação do novo single, pois todos os fã-clubes Coreanos que as meninas tinham queriam em primeira mão ver que tipo de mudanças elas teriam na sonoridade, no visual e etc.

Para a surpresa de todas algumas delas como Yerin e Sowon deixaram os cabelos em cores totalmente novas e vivas, a maioria das garotas amaram, e elas gritavam a cada passo e verso executado por suas Idols. Não só Fingertip, elas também performaram Me Gustas Tu, Rough, Navillera, dentre outros sucessos. Definitivamente o G-friend havia voltado para se consagrar como o grupo do ano.

Por um instante, Yuju foi pega enquanto dançava pelo pensamento de que Dom poderia estar naquela plateia em frente dela, o que quase lhe custou a coreografia na metade da apresentação. Ela não se sentiu mal, mas o medo de errar na frente do amado a fez travar e por isso teve que inventar alguma história rápida para não fazer o grupo passar vergonha.

Ela pediu para a produção por uma pausa de 10 minutos entre uma música e outra, e foi prontamente atendida.

As meninas foram para o camarim preocupadas com a amiga e a questionaram carinhosamente o que estava acontecendo. Por sua vez, Yuju disse que havia sido um pequeno enjoo com tontura e a maioria aceitou a desculpa, com cada uma dando um beijo em suas bochechas rosadas antes dela tomar um pouco de um efervescente de laranja.

Mas Sinb não fez isso. Quando todas saíram do camarim pra conversar e dar um ar pra amiga, ela foi até Yuju e lhe deu um abraço bastante apertado, lhe sussurrando.

- Não precisa fingir tá? Você é boa com tudo, menos com mentiras.

- M-mas...

- Calma amiga, calma. Só quero que me fale o que te afetou – Sinb se separou dela e acariciou o rosto da Yuju com o dorso da mão direita, vendo como ela estava muito envergonhada – Só quero ajudar tá?

- Sinb... Eu quase fiz... Você sabe... Com o Dominick.

- Meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeu Deus! – Sinb abriu um bocão, tapando ele com a mão que acarinhava a outra. – Mas como assim quase?

- Acho melhor te contar quando chegarmos em casa tá bom?

- Ok Yuju, mas fique calma. Estamos nós seis juntas nisso, mas quero ser a primeira a saber disso.

- Certo querida, obrigado. Vamos lá, temos trabalho a fazer! – Yuju deu um sorriso e as duas saíram juntas do camarim, acompanhando as outras quatro amigas.

E a apresentação rendeu muitos elogios, com os grupos de redes sociais e os fanclubs oficiais excitados com a possibilidade delas se tornarem um fenômeno também no ocidente, que o gênero K-pop já vinha conquistando legiões. Elas tiveram uma sessão de autógrafos inteira pela frente. Apesar do pequeno desvio de atenção, Yuju conseguiu levar o momento tranquilamente, ela gostava daquele contato com pessoas.

Passou-se uma hora e todas chegaram exaustas em casa, indo direto pra cama assim que tomaram um banho quente. Eunha e Yerin ainda ficaram na cozinha para comer alguma fruta antes de deitar, e também pra conversar um pouco sobre o desempenho delas.

Mas ao invés disso Sinb e Yuju foram para a o Jardim da casa conversarem sobre os últimos acontecidos.

O Jardim da casa era bem ornamentado, com muitas orquídeas-garça enfeitando o redor de um pequeno lago artificial com sua brancura delicada, havia também enormes troncos de Bambu Japonês, flores de Jasmim-Leite, uma pequena árvore de Bordô-Japonês e uma bela e vistosa figueira, onde ficava em baixo uma mesa de madeira talhada e bancos feitos de troncos de madeira cortados. Era como um pequeno paraíso fresco para os dias de calor em Seul.

Sinb não se aguentava de curiosidade, ela se perguntava: “o que será que Yuju teria feito com aquele homem?”, “Ela sempre foi tão centrada, e nunca contou nada disso pra gente.” Eram os pensamentos automáticos que vinham. E assim que elas se sentaram, Sinb já disse.

- Por favor me conta! Eu não tenho estrutura pra tanta ansiedade.

- Calma querida, eu tenho que organizar um pouco as minhas ideias – Yuju riu sem graça, tentando imaginar o que se passava na cabeça da colega.

- Tá bom minha linda. É que eu não tô acostumada com você indo pra encontros né? Ainda mais com um homem mais velho - Sinb deu aquele seu sorriso característico, antes da Yuju lhe beijar a testa.

- Olha Sinb, a gente marcou de se ver depois daquele dia do hospital. Eu disse que queria mostrar Seul ao Dominick e ele aceitou, e aí a gente foi junto no Square Mall. Ele foi muito gentil e atencioso o tempo todo, mas... Teve um momento que eu quase cedi pra ele dentro de um restaurante – Yuju ficou da cor de uma pimenta mexicana, desviando o olhar para as flores do jardim.

- Oh My God – Sinb enfatizou o som de cada palavra, com as duas mãos sobre seu rosto, estava boquiaberta – Menina, eu tô achando que eu não te conheço bem mesmo! Haha, e eu achando que meu último encontro tinha sido intenso.

- Meu Deus! Não me faz ficar com mais vergonha do que já estou... Mas a gente pensou bem juntos e vimos que aquele não era o lugar para aquilo. Mas sabe, foi muito difícil resistir... Me sentia fora de mim, com a mente em branco.

- Isso prova como você tem a cabeça no lugar meu amor, e ele também. O tradutor dele nem falou direito como ele era naquele dia, ele só queria tirar fotos com a gente. Pode me conta como ele é?

- Claro! Dominick é muito educado e tem muita inteligência para alguém que trabalha usando os punhos. Ele gosta muito de músicas antigas e gosta de conversar qualquer assunto, mas, o detalhe mais impressionante nele é o poder que tem de me fazer... – Deu uma pausa na fala, levando a mão na boca para morder a unha do indicador, era mania dela.

- Fazer o que? – Sinb abriu bem os olhos, com uma cara assustada, porém curiosa.

- Difícil explicar... Acho que Dominick faz eu me sentir uma garotinha perto dele.

- Você quer dizer, uma ninfeta? – Quando Sinb disse isso, as duas se olharam por três segundos em um silêncio incomodo, mas do nada começaram a rir alto, caindo uma por cima da outra.

As duas se embolaram e acabaram caindo na grama, mas voltaram a se sentar. Yuju se recompôs e tentou procurar palavras para explicar, então foi franca em dizer.

- Sim, eu me sinto assim perto dele.

- Mas poxa, você sabe que a vida dele como lutador é tão corrida quanto a sua né? E também Yuju, ele não é Coreano. Sabe o que sua família vai dizer sobre isso né? Não quero ser estraga pra...

- Eu sei Sinb, eu sei – Disse Yuju delicadamente, tentando esconder o pesar. – Mesmo que ele tenha boas condições, ele não é daqui. E talvez ele não queira se adaptar a nossa cultura. Poxa, são tantas coisas que se passam na minha cabeça... Estou confusa.

- Meu amor, fique calma. Nada está perdido não né? O mais importante é que vocês acabaram se gostando, quer dizer, é o que parece né. De vista ele parece uma boa pessoa e tal, mas é bom tentar conhecer ele melhor né.

- Verdade amiga. Eu ainda tenho que conhecer direito o Dom. Ele me contou também sobre o passado dele e...

As duas passaram mais de hora conversando sobre o que Yuju havia notado no Dom, e ela tinha notado coisas suficiente para se por numa lista. Sinb estava adorando ouvir aquilo, ela verdadeiramente estava feliz em ver a amiga de coração preenchido.

Ela confiava no julgamento da Yuju, sabia que ela era uma garota exigente, portanto, Dom devia estar dentro de um padrão de excelência. Mas seus pensamentos também a deixavam triste, pois tinha medo dele ser a pessoa que racharia aquele coração em definitivo.

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21:30 h

Dominick acabou de chegar ao Hotel, ele havia acabado de chegar do seu ortopedista que recomendou alguns exercícios leves para seus joelhos, além de que recomendou alguns remédios fitoterápicos que aliviariam a dor. Apesar de não ter ido ao estúdio da KBS ele viu o Gfriend ao vivo na TV do consultório, e ficou preocupado com a Yuju, por isso tratou de ligar.

Chegou à sua suíte e deitou-se na cama, calmamente pegando o celular para ligar para ela, mas foi interrompido por uma ligação no mesmo instante. De repente ele viu o nome do Chuck na chamada, e atendeu apressadamente e já perguntando.

- Está tudo bem Chuck?

- Claro filho! Relaxa, liguei primeiro para saber como está, por que tenho novidades pra você.

- Eu estou bem, professor. Eu tenho me cuidado e me sentido muito bem, acho que fazia tempo que eu não tinha tanta paz.

- Ah eu sei como é garotão. Um lugar diferente, pessoas diferentes e outro tipo de oxigênio faz milagres na vida de um homem, deve se lembrar de como eu fiquei  quando fomos nas Bahamas em 2014.

- Lembro, mas não foi nessa vez que eu e o Jeremy tivemos que carregar o Senhor bêbado de um Luau na praia por que exagerou, e no outro dia estava com uma ressaca monstra? Haha.

- Garoto, pra ser feliz nessa vida um homem tem que se reunir com outros homens de vez em quando e agir como um babaca. Isso é o que dá graça de viver.

- Queria ter argumentos pra te refutar, mas não posso – Respondeu tentando não rir da conversa do professor – Qual é a novidade?

- Arrumamos uma segunda luta para você com o TJ Dillashaw. Aquele que vencer já vai ganhar o Titleshot automaticamente, por que vocês dois são o número 1 e 2 no Ranking, logo abaixo do campeão.

- Entendi. Então o TJ está com fome por uma revanche não é?  Diga-me, quando será a luta?

- Dia 13 de Maio, no UFC 211.

- Dana White disse mesmo que o vencedor vai lutar com o Garbrandt? Aquele careca geralmente não mantém a palavra de homem dele.

- De toda forma é o meio que temos para superar a ultima derrota não é mesmo? Se batermos o TJ temos a categoria toda em nossas mãos novamente.

- Como não fujo de desafios já sabe a minha resposta Chuck. Deixe-me recuperar disso e em fevereiro iremos começar um Camp intenso. Quero te deixar orgulhoso de novo.

- Você sempre vai ser meu orgulho de novo garoto. Eu quero agora é restaurar o seu orgulho de lutador e pra isso vou ensinar o que sei de melhor para esmagarmos essa cobra.

- Sempre sabe como me animar não é Chuck? Obrigado! Iremos sem medo pra mais uma.

Após conversarem mais um pouco, Chuck despediu-se. Tirou seus tênis e deitou-se ainda de meias na cama macia, tendo a vista privilegiada das luzes de Seul, que pareciam vagalumes gigantes vagando num jardim. Assim que pôde ele ligou para ela, que ainda estava conversando com a amiga no jardim.

Yuju teve um susto ao ver quem era, e piscou para amiga que entendeu rápido do que se tratava. A coreana foi caminhando pelo jardim com o celular no ouvido e um sorriso bobo no rosto, o atendendo.

- Oi Dom, tudo bem?

- Me gustas Tu!

- Haha seu bobo – Riu espontaneamente do que ele disse.- Ligando a essa hora? Não é comum você fazendo isso.

- Bateu a saudade Yuna, queria te ouvir falando inglês de novo.

- Poxa, você tá caçoando do meu inglês né?

- De jeito nenhum! É só uma desculpa pra poder ouvir sua voz. Não me contento em te ouvir só pela TV.

- Eu também fiquei com saudades Dom. Sinto que a gente não pode se ver hoje, eu estou muito cansada. Mas tô tão feliz que me ligou assim.

- Também sinto, eu só fiquei preocupado com aquela sua pausa.

- Não foi nada querido, eu só tive um pequeno enjoo.

- Por isso que acho que você devia comer um pouco mais Yuna.

- Mas Dom, aqui na Coréia as pessoas implicam muito com peso sabia?

- Eu sei bem como é sofrido cortar peso pra uma competição, te entendo. Mas meu bem, vocês também são humanas sabia?

- É, eu sei...

- Em certo momento eu vou te levar para passearmos em alguns campos de trigo dourado na Irlanda, lá a paz reina. Vamos poder ver o pôr do sol juntos e vamos nos sentir como se estivéssemos andando perto de plantas de ouro.

- Você acha que é possível? Você acha mesmo que nós podemos dar certo assim Dominick? Você é bem mais velho e é de outro país, e eu não sei se o que viu em mim é suficiente para segurar uma relação.

- Eu sei que deve estar insegura quanto a nós. Mas veja só, eu sou um lutador e tenho que lidar constantemente com adversários “impossíveis” de derrotar, e ainda sim os venço. Venço porque desejo isso de todo coração, do mesmo jeito que desejo estar contigo.

- Como posso saber se você não quer apenas se aproveitar de mim? Eu conversei com minhas amigas sabe, elas me aconselharam a tomar cuidado com qualquer homem que vem nessa intenção.Além disso seu modo de viver te permite andar pelo mundo todo  sem que eu te ache nunca mais.

- Yuna, entendo que pense assim porque a gente quase teve uma relação mais intensa naquele lugar, sem mal nos conhecermos. Mas veja só, eu acabei gostando de verdade de você. Yuna, tu tem um jeito especial de deixar as pessoas afetadas por ti, e eu estou completamente afetado por você.

Seguiu-se uma pequena pausa onde Yuju estava com os sentimentos à flor da pele, estava com o rosto corado e com algumas lágrimas vertendo dos seus olhos. Era duro para ela passar a confiar em um homem, ela podia conversar, podia se dar bem, mas se entregar era difícil.

- Dominick. Eu te contei do meu trauma com meu primeiro né?

- Contou.

- É árduo pra mim acreditar que um homem não vai me machucar. Você entende né?

- Entendo.

- Você entende que minha família é tradicional e eles vão pegar no seu pé né?

- Entendo.

- Acha que é possível nós conciliarmos vidas tão diferentes?

- Não vamos saber se não tentarmos.

- Como consegue ser tão decidido?

- A vida pede isso o tempo todo Yuna, que sejamos pessoas de fibra e determinadas. Eu já me decidi em tê-la na minha vida, não tenho medo dos pequenos problemas.

- Queria ser assim, corajosa que nem você.

- Se quiser eu te ensino, em troca de você me ensinar a coreografia da música “Rough”.

- Aigooooo! Hahaha eu imaginei você dançando agora, foi tão engraçado.

- Você é a menina mais linda do mundo.

- Meu Deus – Seu rosto corou só de imaginar ele dizendo aquilo olhando em seus olhos – Para com isso...

- Desculpe, é automático.

- Convencido! Dom, é confortante ouvir sua voz.

- Nem me diga, estou feliz em ouvir a sua aqui.

Eles ficaram conversando por 15 minutos e logo desligaram, e apesar de toda pressão que estava em suas costas, o casal tinha esperança de que aquele sentimento poderia frutificar coisas boas.

Yuju era como o lugar calmo onde Dominick podia repousar e provar da calmaria de um dia de descanso.

Dominick era para Yuju como a porta da sua gaiola, por onde ela poderia passar segura e alçar voos que sua mente nunca ousou.