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História Route to Murder - Murder


Escrita por: yewoon

Notas do Autor


Oi, gente!
Sim, apesar de eu sumir o tempo todo e voltar de três em três anos, e de protelar mais do que qualquer pessoa no mundo, estou escrevendo a minha primeira fanfic policial (de muitas que ainda escreverei) e, *foco aqui, essa parte é importante* namjin. Um namjin no qual, ahn, adivinhem, Kim Seokjin não é uma princesinha indefesa! yey \o/
Bom, eu AMO AMO AMO doramas, séries, livros, tudo que é história que envolva romance policial, então here I am.

Passei bastante tempo plotando essa fanfic e sinceramente estou bem ansiosa, então espero que vocês gostem e apoiem minha ideia :(
Só para deixar claro, ela foi inspirada em dois dos meus doramas favoritos: Duel e Tunnel. Nos primeiros capítulos haverão sim muitas semelhanças com Duel, mas espero que entendam que é meio que necessário para que a fanfic caminhe certo.
Só peço que prestem bastante atenção nos pov's e nessas "anotações" que eu farei em alguns capítulos, falando a hora, o local e etc...apenas para não ficar nada muito confuso! :) Ah, e caso queiram saber, as cores dos cabelos dos meninos são exatamente as mesmas da capa, Jimin e Hoseok estão de cabelo preto.
E todos são dois anos mais velhos.

Capítulo 1 - Murder


Fanfic / Fanfiction Route to Murder - Murder

 

Namjoon P.O.V

9:00 pm, 11 de Setembro de 2017
Província de Gyeonggi
Seul

— Ficou maluca?! Esse desgraçado deixou claro que não quer mais ninguém lá além de mim. — Protestei enfurecido e batendo ambas as mãos na mesa quando ouvi os comandos da promotora Seung para que Yoongi chamasse as viaturas. O loiro recuou no mesmo instante, os olhos precisos concentrados nas expressões indecifráveis da mulher que me olhava como se seus olhos pegassem fogo.  Respirei fundo, tentando controlar a raiva. — Não sabemos se ele está com algum refém, precisamos deixar que pense que está sob o controle por enquanto. 

— E então, o que você planeja? Acha que pode cuidar dele sozinho? Você já o deixou escapar uma vez. — Sorriu, cínica, com os braços cruzados. Só Deus, ou seja lá o que esteja lá em cima, sabe o quanto odeio essa mulher.

Sabia que o tinha deixado fugir, sabia disso mais do que ninguém. Aquilo ficara se remoendo dentro de mim, como um pedaço de comida entalado na garganta. Era por isso que eu deveria fazer aquilo. Não o deixaria escapar dessa vez. E quando eu o encontrasse...ah, iria quebrar a cara daquele pedaço de merda.

Baixei os olhos para o celular em cima da mesa, o número ali gravado e o aparelho de rastreamento nas mãos de um dos policiais.  Ele nos deu tempo o suficiente para rastreá-lo, mas com certeza não nos daria tempo para encontrá-lo. Enviar viaturas para pegá-lo apenas atrapalharia tudo, e mais, eu não podia deixar que mais uma vida fosse levada por um erro ignorante meu. — Eu definitivamente irei pegá-lo desta vez, então apenas prometa que não vai intervir. — Sustentei meu olhar com o seu o máximo que pude, me dirigindo a ela desta vez com a voz mais calma. Ao ver que ela recuaria, reforcei o pedido mais uma vez. 

— Está bem. Mas se você o deixar fugir de novo...perderá o caso.

Assenti, mostrando que havia compreendido, e desviei meu olhar para Yoongi. Recarreguei a pistola, ajeitei-a no coldre da calça e dei as costas para a mesa de reuniões.  

— Você prometeu. — Lembrei mais uma vez, apenas por garantia, sem ao menos olhar para trás, saindo da sala. Não confiava nem um dedo meu em Seung, mas levava promessas à sério.

Corri para o estacionamento do prédio. Estava procurando onde havia estacionado o carro quando o celular começou a tocar.  Era o mesmo número de antes. O atendi de imediato.

— Onde você está? — Perguntei, aflito, só então percebendo o quão sem sentido era aquela pergunta.

A voz atrás do telefone riu, e tenho certeza que meu rosto estava ficando vermelho de raiva. Não podia vê-lo, mas podia sentí-lo. — Pensei que fosse mais rápido, Kim Namjoon. E mais esperto. — A voz destorcida e estranha debochou, e eu estremeci. Olhei para os lados artodoado, procurando qualquer movimento suspeito no estacionamento, mas estava completamente sozinho ali. Virei a cabeça de um lado para o outro mais uma vez, me certificando de que não havia ninguém ali. — Estou te esperando, como o combinado. Você não quer ter que cuidar de mais um caso, quer?

A ligação foi desligada, e eu imediatamente entrei no carro. Coloquei o ponto eletrônico no ouvido e liguei para Yoongi. Ele me passaria todas as coordenadas, e eu estaria pronto caso aquele filho da puta ligasse novamente. 

— Como as coisas estão? — Perguntei, dando partida no carro e dirigindo em direção à saída do estacionamento. 

— Ele ainda está no mesmo lugar. Na Torre de Namsan. 

Suspirei. — Certifique-se de que Seung não vá mandar ninguém para lá, hyung. Confio em você. — Desliguei e pisei fundo no acelerador, completamente concentrado no volante.

Tentei chegar o mais rápido possível, ainda que tivesse ficado um bom tempo parado no trânsito. Mordi os lábios inconscientemente ao parar no último farol antes de enfim chegar na Torre, impaciente e nervoso. Estava tão impaciente que desejava simplesmente poder passar por cima de todos aqueles carros. Ao mesmo tempo, várias perguntas se formavam em minha cabeça. Primeiro, como ele sabia o meu nome? Pode ser que tenha lido meus documentos quando me atingiu na cabeça naquela noite, mas, ao mesmo tempo, o jeito com o qual falava comigo...era como se me observasse há muito tempo. Em segundo lugar, por que ele queria me encontrar em um lugar tão movimentado? A Torre de Namsan é um dos pontos turísticos mais visitados de Seul, além de estar em uma região quase completamente comercial. Ele provavelmente queria brincar comigo. Queria que eu o achasse.

Estacionei em uma vaga qualquer e saí do carro às pressas. Pousei a mão sobre a arma, ainda no coldre, podendo sacá-la a qualquer momento caso houvesse algum imprevisto. Alguns casais conversavam sentados nos banquinhos debaixo da Torre, enquanto pessoas andavam por todas as direções, falando em celulares, conversando entre si ou até seguindo os seus próprios caminhos em silêncio. 

Mordi os lábios com força em uma tentativa quase inconsciente de conter meu próprio nervosismo. Era como se eu estivesse perdido em meio à toda aquela multidão. Olhei para os lados, atento aos minímos detalhes, mas não podia achar ninguém suspeito. Mesmo assim, sentia olhos pesando sobre mim.

Meus olhos encontraram o topo da Torre quando um feixe de luz passou pelo meu rosto, me causando uma breve cegueira. Decidi subir, pulando os degraus de dois em dois, visando chegar ao topo o mais rápido que eu podia. Do lado de fora parecia bem estreito, quase como uma pequena sala, mas na verdade o lugar era bem espaçoso. Engoli em seco quando avistei algumas mochilas jogadas no chão, depois de procurar por algum vestígio de sangue ou coisa do tipo por ali. Vasculhei-as, chutando uma delas com força ao não achar absolutamente nada além roupas sujas e potes de comida.

— Yah! O que está fazendo?! — Um homem, de entre uns quarenta a cinquenta anos, surgiu detrás de uma porta, berrando. Supus que ele era quem controlava as luzes que saíam do topo da torre, visto que usava uniforme.

— Desculpe, senhor. Você por acaso viu alguém entrando ou saindo daqui? 

— Não, eu sou o único que tem permissão pra entrar aqui. Você por acaso não leu a placa na porta? Aish, esses moleques...

Suspirei, apenas me desculpando mais uma vez antes de me calar por completo. Me apoiei no parapeito da grande janela de vidro que se extendia por todo o topo da torre, suspirando. Foi então que eu vi, parado, em meio àquele composê de cores e luzes que caracterizavam Seul como a cidade mais movimentada da Coréia, o sorriso. Aquele mesmo sorriso cínico de três noites atrás. Seu rosto estava quase completamente coberto por um capuz preto, e embora não pudesse visualizar seu rosto, tanto pela distância quanto pelo capuz, sabia que estava olhando diretamente pra mim.

Então desviei meu olhar do homem por um momento quando o vi virar para trás, logo escutando as sirenes dos carros de polícia. Quando voltei os olhos para si, no entanto, ele começara a correr.

Fiquei sem ar por um momento, quase sem reação, então desci as escadas às pressas, quase tropeçando no último lance de degraus. Procurei por ele em todas as partes, abafado, porém sem sucesso. 

Passei a mão pelos cabelos, bufando de frustração e raiva, quando senti uma presença atrás de mim e me virei para dar de cara com Yoongi e alguns outros policiais que nem faziam parte de minha equipe — Jungkook tirara o dia de folga para visitar a avó no hospital. Percebi que Yoongi esperava pela minha reação quando colocou os dedos sobre as têmporas e fechou os olhos, respirando fundo, mas o ignorei completamente.

— Mas que porra vocês estão fazendo aqui?! Eu disse que não queria ninguém aqui! — Gritei de raiva, olhando para aqueles rostos pálidos e surpresos. Sabia que não era culpa deles, não diretamente, mas não podia deixar passar. Não dessa vez. — Yoongi, o que aconteceu? Você não disse que ia segurar a promotora?!

Ele se aproximou de mim, cautelosamente, e aproximou o rosto do meu o suficiente para tentar ser mais discreto em suas palavras. — Eu tentei, mas ela nos jogou contra a parede, Namjoon! O que queria que eu fizesse? Podíamos ser retirados do caso. — Disse, sério, mas aquelas palavras não passaram de palavras vazias para mim. Então ele colocou a mão sobre o ouvido, abaixou a cabeça como se precisasse ouvir algo atentamente e murmurou algo como um "sim senhora". Agarrei o seu pulso, vendo que ele levava consigo um ponto eletrônico, mas não era para se comunicar comigo.

— Namjoon, nós temos que ir...o chip está se movendo. Ele está indo pro aeroporto. — Me falou calmamente, tocando o meu ombro, antes de dar sinal para os outros policiais e sair correndo em direção ao carro. Passei mais uma vez a mão pelos cabelos, furioso, bufando e murmurando palavrões tão estranhos que pareciam ter sido criados por mim naquele momento. Foi então que caiu a ficha.

Peguei o celular em meu bolso, percebendo atrás da capa protetora um ponto de luz vermelho que piscava. Tinha certeza de que aquela vadia estava ouvindo toda a minha conversa com o procurado. Sem hesitar, arranquei o pequeno chip e o joguei-o no chão, pisando em si antes de sair a procura de meu próprio carro.

Abri a porta para entrar, quando percebi que em cima do meu banco havia um pedaço de papel. Era um bilhete de trem.  — Aeroporto, hm? Até que você é bom em criar joguinhos... 

Pisei fundo no acelerador, praticamente enterrando o pé ali. Sabia que ele provavelmente estava segurando algum refém com ele. Não sabia se este fazia ou não parte de seu joguinho, mas com certeza não deixaria mais ninguém morrer nas mãos daquele filho da puta.

Foi então que recebi mais uma ligação do indíviduo, e confesso que fui pego de surpresa.

— Eu mandei não chamar ninguém. — Ele disse, sério, e notei que sua voz parecia na verdade mais calma do que eu imaginava que estaria. — Mas pff...vocês policiais são tão previsíveis. Você não tem medo, Kim Namjoon? Quer que mais uma garotinha morra por sua culpa? — Sua voz era extremamente solene, era quase como um sonífero, mas podia sentir que por trás daquela linha um sorriso se abrira em seu rosto.

Estremeci com aquele simples pensamento e nem tive chance de responder antes que ele desligasse a ligação novamente. 

Felizmente não demorei muito para chegar à estação de trem, e saí às pressas pelos corredores. Já estava tarde, então não me admirava que a maioria dos trens já tivesse saído e que a estação estivesse praticamente vazia.

Perguntei para algumas mulheres que caminhavam por ali se haviam visto alguém suspeito, algum homem de capuz ou coisa do tipo, mas não consegui nada. Na bilheteria, a única informação que consegui foi que o próximo trem chegaria às 22:30.

Eram 22:25. 

Corri para o local de desembarque; a mão no coldre da calça, o pé mexendo repetidamente como um tique nervoso, o olhar fúnebre em meus olhos. Eu definitivamente iria pegar aquele desgraçado.

Esperei que todos os passageiros desembarcassem, e ergui uma sobrancelha ao ver um jovem de capuz preto descer calmamente do último vagão, parecendo perdido. Ele carregava um pequeno bilhete consigo. Me aproximei, provavelmente menos cauteloso do que deveria, e apenas o escutei perguntando se meu nome era Kim Namjoon antes de puxá-lo pela gola do casaco e jogá-lo no chão, perto dos bancos de madeira. 

Desferi um soco em seu rosto, acertando seu nariz, e o peguei pela gola do casaco mais uma vez quando ele caiu para trás, cambaleando, com o nariz agora escorrendo um filete de sangue. 

Percebi uma certa confusão em seu olhar, e de alguma forma isso despertou ainda mais a raiva acumulada dentro de mim. Eu queria simplesmente estourar os miolos dele pisando em sua cabeça.

— Cadê ela, seu merda?! Quem você está escondendo? — Gritei, assustando tanto os passageiros que passavam por trás de mim em passos apressados, como se fugissem, quanto o próprio rapaz à minha frente, que encolhera os ombros.

— E-Ela quem? E-Eu não sei de nada! Eu não fiz nada! — Ele gritou de volta, e quase tive pena de acertar mais uma vez aquele rostinho bonito. Deixei-o cair desta vez, e ajoelhando-me do seu lado, segurei com força em seus cabelos, fazendo-o olhar diretamente para os meus olhos. Seus olhos marejavam e eu cerrei os dentes, tentando controlar o ódio que parecia transbordar de mim.

Mas por que eu deveria pegar leve com um verme como aquele?

Empurrei sua cabeça contra à parede, batendo-a ali com quase força o suficiente para deixá-lo inconsciente. Decidi que perguntaria mais uma vez.

Nada. 

Ri sem humor, desacreditado do cinismo daquele homem. — P-Por favor! Eu não fiz nada! E-Eu acabei de chegar aqui... — Suplicou, e eu me levantei, apenas para chutá-lo repetidas vezes na barriga e nas costas, do jeito que merecia ser tratado. Só conseguia ouvir palavras sem som ou significado, intercaladas à soluços, antes de entrar em uma crise de tosse e cospir sangue no chão, para não se engasgar. 

— ...Deplorável. Que tipo de doente você é? — Perguntei de maneira retórica, prestes a dar-lhe mais um chute, desta vez no rosto inchado e cortado pela batida contra a parede áspera, mas me virei de costas por um momento ao sentir uma sensação estranha, como se um olhar pesasse sobre mim. Assim que percebi que o homem caído no chão tentava se mover lentamente, se arrastando, saquei a arma e a apontei diretamente para a sua cabeça. Podia jurar que ouvi o som que sua garganta fez ao engolir em seco, assim que destravei a trava da pistola. — Se tentar fugir, vai morrer. — Avisei severo, e me agachei novamente para ficar de sua altura e algemá-lo ao pé do banco fixo no chão.

Então me afastei, e olhei minuciosamente para cada canto daquele local. À frente de nós havia uma grande janela de vidro, que dava uma visão bem ampla do salão na parte de dentro. Eu diria que aquele era a maior estação de Seul. Levantei o olhar, até a escada rolante, e semicerrei os olhos ao me deparar com um amontado de pessoas ali. Bem no fundo, porém, havia um rapaz de costas, lendo o outdoor de propaganda fixo à parede. Percebi que ele também usava um casaco com capuz e percebi que havia algum pequeno símbolo tatuado um pouco abaixo de sua nuca, que eu não consegui discernir muito bem.

Liguei o ponto eletrônico em meu ouvido mais uma vez, sendo conectado à mesma linha de Yoongi. — Venha para a estação de trem. Achei o cretino. — Lhe avisei, e antes de desligar ouvi algo que parecia um suspiro de frustração.

Olhei mais uma vez para o homem preso pelas mãos ao banco de madeira, agora choramingando e se encolhendo, deixando escapar gemidos que entragavam a dor que sentia no estômago. Perante ao código penal, eu não deveria tê-lo machucado tanto, mas sinceramente eu estava pouco me fodendo para as regras. Aquele desgraçado não recebera menos do que o merecido.

Esperei que Yoongi e o resto da equipe chegassem. Normalmente Yoongi dirigia e Jungkook quem sentava ao seu lado, mas como ele estava de folga, então um outro membro qualquer da equipe se sentou ao seu lado. Como de costume, eu fiquei atrás. O garoto parecia ter se acalmado um pouco, visto que não pronunciara uma palavra sequer desde que entramos no carro. Sua boca ainda estava manchada de sangue, e enquanto o observava, notei que parecia ter mais ou menos a minha idade.

— E-Ei...eu estou falando a verdade! Por favor, eu não matei ninguém! — Disse, o desespero já começando a voltar para si, tornando a sua voz mais trêmula. Eu o ignorei, mas Yoongi riu abafado.

— É claro que não. — Debochou, pisando no acelerador para dar partida no carro, assim que o o sinal do farol ficou verde. Neste exato momento, vi em apenas um relance o outro impulsionar o próprio corpo pra frente, passando as mãos algemadas por cima da cabeça do Min, então pressionando a corrente fina contra seu pescoço e a puxando em sua direção, deixando o outro completamente sem ar.

Tentei arrancá-lo dali quando Yoongi largou o volante para tentar segurar a corrente e conseguir respirar, deixando o carro totalmente sem controle. O policial ao seu lado tentou pegar o volante e impedir-nos de colidir com um poste, mas sem sucesso, porque o carro girou e bateu em um outro carro antes de capotar, o que me fez cair para trás com o impacto e bater a cabeça no que eu deduzi ser a janela. 

Senti algum líquido escorrer pelo meu pescoço, saindo de meu ouvido, e a última coisa que vi antes de fechar os olhos foi o garoto tentando chutar o vidro da janela da outra porta para tentar sair.

Acho que não devo ter ficado inconsciente nem por um minuto, porque a rua continuava vazia. Arrastei o corpo dolorido para a outra porta, saindo com muita dificuldade de dentro do carro. O alarme do carro já havia sido acionado, e Yoongi e o outro policial pareciam ainda respirar e não ter nenhumas lesões graves. Me esticando ao máximo, consegui alcançar o botão que ligava para a emergência, no aparelho acoplado ao GPS, e deixei o alarme soar.

Me levantei, cambaleando, e à uns duzentos metros de mim avistei o jovem que ocasionara o acidente, mancando. Peguei a pistola jogada em algum lugar no chão e corri atrás dele, tentando não perder o equilíbrio ao mesmo tempo que tentava ainda me manter de pé. Coloquei uma mão sobre o ouvido que sangrava enquanto corria, xingando mentalmente aquele desgraçado.

Ele entrou em um prédio e eu o segui pelas escadas, embora ele estivesse muito à frente de mim, sua única saída era o terraço. Me coloquei em posição de ataque e dei um chute na porta de aço para abrí-la, andando pelo local em passos lentos e minuciosos, procurando não fazer muito barulho. 

Deixei a arma cair quando o filho da puta simplesmente pulou em cima de mim, tentando imobilizar-me com os braços fazendo pressão contra o meu pescoço. Empurrei o cotovelo para trás acertando-lhe na barriga, o que o fez recuar e cair no chão. Tentei me colocar sobre ele, mas neste exato momento senti os ossos duros e finos de seu punho me acertarem no rosto, me fazendo cuspir sangue. Massageei o lado do rosto machucado e me aproximei novamente, ajoelhando em cima de si.

— E-Eu...Eu..! — Segurei-o pela gola do casaco com os dedos machucados e aproximei seu rosto do meu ao perceber que ele tentava falar. — E-Eu juro que eu não fiz nada. Eu não matei ninguém! E-Eu nem sei quem é você! — Gritou, aos prantos.

Irritado, prendi seu pulso direito com minhas mãos e torci seu braço de maneira que podia quebrá-lo com um simples puxão. — Se não foi você, então como você explica isso? Onde conseguiu esse machucado?! Você matou aquela garota na minha frente! — Gritei de volta, e não mudei de expressão mesmo quando o seu choro e soluços se tornaram mais intensos. 

— E-Eu não sei! Eu não me lembro de nada! Eu nem mesmo sei porque estou aqui! — Empurrou-me com força, conseguindo enfim se desvencilhar de meus braços, e correu para a beirada do terraço.

Arregalei os olhos e quase perdi o ar com o susto, correndo até ele. 

— Então como sabia o meu nome?! Quer mesmo que eu acredite nessa merda?! — Berrei, mas me contive assim que percebi sua feição assustada e o vi dar milimétricos passos para trás, virando o rosto para olhar para baixo, todas aquelas luzes, os carros, a ambulância que chegara, o asfalto. — O que você está tentando fazer? Quer se matar? 

— Não sei! Eu não sei de nada! Eu não lembro nem o meu nome agora e você não vai acreditar em mim! Nenhum de vocês vai! — Gritou, quase se desequilibrando, e podia ver que ele estava tão hesitante quanto ameaçava se jogar. — Não importa o que eu diga vocês não vão acreditar em mim, então pra que tudo isso? — Disse, por fim, e tombou o corpo para trás, fechando os olhos.

Corri desesperado em sua direção e o puxei pelo casaco, rolando juntamente com ele pelo chão quando este caiu em cima de mim. — Eu não vou te deixar morrer. Não até encontrar a garota que você sequestrou. — Rugi. — Depois disso, eu o matarei com as minhas próprias mãos. Mas até lá, você vai apodrecer na prisão. Até abrir a boca. — Pronunciei cada palavra pausadamente, para que ficasse bem claro, segurando o seu rosto para que assim seus olhos encontrassem os meus. 

O soltei quando este começou a chorar novamente, e o deixei tomar o seu próprio tempo. O resto da equipe acabou nos achando, e mais uma vez fui colocado ao lado dele na viatura. Yoongi e o outro policial foram levados por uma ambulância, sem ferimentos graves, o que me aliviou, embora soubesse que ouviria Yoongi reclamar no meu ouvido por horas e pedir favores porque ele se machucou e todo aquele drama de sempre.

Quando chegamos à delegacia, corri imediatamente ate a sala de Seung. Bati na porta sem um resquicío sequer de paciência, e ela me recepcionou com um sorriso que eu adoraria arrancar de sua boca.

— E então? Pegamos ele.

— Você prometeu que não enviaria ninguém. Ele podia ter matado alguém!

— Mas não matou, matou? — Respondeu simplesmente, e não entendi como alguém podia ser tão egoísta. — Você, Kim Namjoon, poderia ter morrido. — Sentou-se novamente na mesa e ofereceu-me um copo de café, que eu rejeitei. — Por que está chateado? Pegamos ele.

— Não graças a você. — Disse ríspido e ouvi uma risada abafada antes de sair da sala. 

Me encaminhei para a recepção, onde eu surpreendentemente encontrei Yoongi, com um colar cervical em volta do pescoço. Me aproximei.

— E aí, cara.

— Ah, oi. Olha o que esse desgraçado fez com o meu pescoço. — Disse com desgosto, e eu ri baixo. 

— Sinto muito. — Respondi, e ele pareceu não dar a miníma para as minhas palavras. — Descobriram quem é o cara? — Perguntei, e Yoongi me entregou a prancheta que carregava com os dados do criminoso. Kim Seokjin; vinte e seis anos, 04 de dezembro de 1990, Anyang, Gwacheon. 

— A digital bate, Namjoon. Você conseguiu. — Me murmurou um "bom trabalho" e deu leves tapinhas no meu ombro, que eu não soube bem como agradecer. Eu não tinha feito um bom trabalho. Eu ainda não havia achado seja lá quem ele sequestrou, e não descansaria até que o fizesse.

Um dos assistentes médicos caminhou até nós, e perguntou se estávamos cuidando do caso. Assenti que sim. 

— Algum de vocês bateu nele? Ele está bem machucado. Poderia ter quebrado o nariz. — Engoli em seco ao ouvir tais palavras, e o Min olhou diretamente para mim, mas acabei por apenas dar de ombros. Como se eu estivesse preocupado com o nariz dele. — O corte na mão dele está infeccionando, o que você fez?

— Ahn...nada. Ele rasgou a palma da mão há três dias, numa cerca de ferro, quando estava fugindo.

O rapaz de jaleco entortou a boca, contrariado. — Não, foi um corte de faca. 

— Eu tenho certeza que não, eu estava lá e...

— Eu sou profissional, sei o que estou dizendo. Foi um corte de faca, bem fundo por sinal. Poderia dizer só pela direção do corte. — Me interrompeu antes que eu pudesse continuar a dizer qualquer coisa, e eu e o loiro nos olhamos confusos quando o outro saiu. 

— Namjoon, você tem certeza?

— É claro que sim. Ele estava tentando pular a cerca, e a mão dele ficou presa em uma das pontas e ele a puxou. Foi a última coisa que vi antes de ficar inconsciente. — Lhe assegurei. — Vou tentar falar com ele. — Deixei meu parceiro ali, sozinho, e caminhei até a área da cadeia. 

As celas estavam quase todas vazias, exceto por duas: a de Seokjin e a de outro marmanjo qualquer que, segundo o que ouvi, havia roubado uma lojinha de conveniência. 

Pedi cinco minutos para falar com ele e me coloquei em frente à sua cela, agachado. Ele estava sentando em "pernas de índio", com a testa apoiada sobre uma das grades.

— Ei, você aí. — Chamei sua atenção, e ele sustentou o olhar com o meu por um segundo antes de abaixar a cabeça novamente. — Já resolveu contar a verdade?

Ele me olhou, e desta vez percebi certa indignação em seus olhos opacos. — Já disse que não sequestrei nem matei ninguém. Até uma hora atrás eu mal lembrava do meu nome.

— Não dou a miníma para o seu nome, Kim Seokjin. — Dei de ombros, e meus olhos caíram para a sua mão agora enfaixada. Ainda não tinha engolido direito aquela história de ter sido um corte de faca...eu o tinha visto machucar a mão com os próprios olhos naquela cerca, então como diabos aquilo poderia ter sido feito com uma faca? — Mas é bom você começar a se lembrar de tudo.

— Eu juro que eu não fiz nada! Um homem simplesmente me deu uma passagem de trem e um bilhete com um nome! Então eu cheguei em Seul e você começou a me espancar no meio da estação de trem! — Aumentou o tom de voz, e um policial que estava à espreita o pediu que falasse mais baixo, se é que policiais pedem algo aos presos. — Eu não sei porque eu não me lembro de nada...mas eu jamais mataria alguém.  

— Você diz isso, mas as digitais encontradas no corpo e na faca são compatíveis com as suas. — Murmurei, e ele arregalou os olhos horrorizado. Por um minuto, me perguntei se ele realmente não estava dizendo a verdade. 

— Por que você não acredita em mim? Você disse que estava lá, não é?!

— Eu só acredito no que vejo, garoto. — Retruquei, e dei ênfase em "garoto" embora ele fosse mais velho. — E além do mais...você, — Comecei, mas me contive assim que o vi revirar os olhos. — digo, o suposto assassino, estava com o rosto praticamente todo coberto. Mas ele também tinha um machucado, na mesma mão que a sua. E como você explica as digitais compatíveis? — Perguntei, e ele ficou sem resposta. "Foi o que pensei", murmurei, e me levantei para sair.

— Espera! Não tem algum jeito de eu tentar provar que não fiz nada? Eu posso te ajudar a encontrar a garota...e-eu...eu posso tentar lembrar de alguma coisa! E-Ela está correndo risco de vida, certo? Eu posso tentar ajudar...

Olhei para cima, pensativo, e então saí quando o policial me avisou de que os cinco minutos já haviam passado. 

Se realmente não fora ele quem matou aquela garota, então alguém deu um jeito de incriminá-lo. 


Notas Finais


Esclarecendo certas dúvidas que podem aparecer: O Jin foi colocado na cadeia, que é bem diferente da prisão/presídio. A cadeia é um regime fechado por um período não maior que 24hrs, ou seja, é "temporário". A polícia deve decidir se ele será liberado ou enviado para a prisão, que é um regime fechado com o período determinado pela Legislação Federal.
Simplificando, todo criminoso deve passar pela cadeia e ser mantido lá pelo período de 24hrs até que seu crime seja provado, então ele será enviado pela prisão. Caso contrário, ele é liberado.

Espero que tenham gostado :((
Obrigada por ler.


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