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História Route to Murder - Coffee


Escrita por: yewoon

Notas do Autor


Oi oi meus amores!! <33
Acho que finalmente estou começando a tomar vergonha na cara de postar os capítulos semanalmente, espero que eu consiga a mesma proeza com minhas outras fanfics ajshaksakhs ~rindo de nervoso
Esse capítulo é bem mais light, é mais para vocês se habituarem mais e estarem mais à par de tudo o que está acontecendo. E não se esqueçam do que eu disse, hm? Lembrem-se de dar atenção à essas "anotações" que eu faço no começo dos capítulos, pra vocês se situarem no local e tempo da história, ok? KAJSOAKQKE
Nessa fanfic vocês têm que prestar atenção nos mínimos detalhes tanto quanto eu, rsrs.

Capítulo 2 - Coffee


Fanfic / Fanfiction Route to Murder - Coffee

 

Yoongi P.O.V

Alguns dias antes do incidente
Província de Gyeonggi 
Seul

Amanheci com os feixes de luz que passavam as janelas de vidro do escritório batendo em meu rosto, me causando um leve desconforto. Só precisei tentar me levantar da cadeira rotatória de encosto duro e falhar miseralvemente devido à dor nas costas para perceber que havia dormido na delegacia, de novo.

Lembro-me de um acontecimento de poucas horas atrás, onde eu estava prestes a ir embora para me aconchegar no conforto da minha cama, no meu apartamento pequeno e humilde porém excepcionalmente confortável quando Jungkook me ligou. 

Estávamos há uns dias tentando resolver um caso. Corpos tem sido deixados todos no mesmo lugar, perto do rio de Cheonggyecheon, sem nenhuma digital ou qualquer outra evidência que nos pudesse levar ao assassino. Apenas mais uma dor de cabeça.

Me espreguicei, estralando os dedos da mão, e me levantei devagar quando a dor passou. É, eu já estava ficando velho, e isso porque eu não tinha mais de vinte e seis anos. Sinto falta do Min Yoongi que dormia mais de nove horas por dia. Olhei ao redor, me deparando com Namjoon deitado em um sofá, cheio de papéis nas mãos, então deduzi que ele havia pegado no sono sem nem perceber enquanto trabalhava. Jungkook também estava ali, só que numa poltrona, mexendo no notebook. 

Eu invejava a sua competência. Me aproximei da máquina de café, enchi dois copos e me aproximei do maknae da equipe, encostando o copo de isopor morno em sua face, o que o fez dar um pulinho assustado e rir.

— Ah, hyung! Bom dia. — Sempre tão bem humorado.

— Bom dia. Conseguiu alguma coisa?

— Ahn...ainda não. Já contatei todos os moradores da região, mas não encontrei nenhuma relação com os corpos...na verdade, descobri que o namorado da última vitíma está em Incheon agora.

— Incheon? E o que você está fazendo parado aí? — Franzi o cenho, olhando ao redor e percebendo que éramos só nós três ali. — Cadê todo mundo?

— Foram pra casa há uma hora. — Suspirei, contrariado.

— E a promotora?

— Na verdade, ela nem ficou aqui ontem.

— Jungkook! — Gritei, mas abaixei a voz assim que percebi que Namjoon começara a se mover. Ele precisava de um descanso tanto quanto eu. — Ligue para eles, agora. Precisamos achar a localização desse cara e seguí-lo, Incheon fica a duas horas daqui. Eu e você vamos voltar no necrotório para ver se conseguimos mais informações. 

— Mas e o Namjoon? Ele ainda é o nosso chefe, sabe...

— Eu lido com ele, só vai ligando pros outros. Anda!  — Apressei, e o garoto se levantou, levando consigo o notebook. Me sentei ao lado de Namjoon no sofá, e o cutuquei várias vezes antes de perceber que ele não acordaria tão fácil. Então tive um pensamento perverso, talvez um pouco infantil para os padrões de um policial, mas quem liga, né? Não podia perder a oportunidade.

Peguei um marcador preto em uma das mesas e desenhei um bigode em seu rosto. Então finalmente o cutuquei novamente e gritei o seu nome, fazendo-o acordar.

— Ei, Namjoon. Temos que enviar uma patrulha pra Incheon, o namorado da mulher que encontramos ontem está lá. Parece que ele chegou hoje cedo. Eu e Jungkook vamos pro necrotério pegar os resultados da necrópsia. 

Ele fez uma careta, provavelmente tentando processar todas as informações que joguei em cima de si logo que ele acabara de acordar, mas ele assentiu e se levantou rapidamente. 

— Você é bom com interrogatórios, sempre consegue tirar algo daqueles imbecis. Mas tente controlar seus nervos desta vez. — Lhe disse, antes de sair quando Jungkook fez um sinal com a cabeça para que eu fosse ao seu encontro. Sabe, eu e Namjoon não éramos o que se pode chamar de um poço de paciência. Nós tínhamos um jeito peculiar de cuidar dos criminosos que passavam pela nossa delegacia, mas a gente acabava levando esporro dos nossos superiores algumas vezes por causa da — segundo eles — violência "excessiva". Tecnicamente, Jungkook era meu parceiro, e Namjoon estava em um cargo mais elevado, ele era o tenente. A personalidade calma e bem humorada do maknae dava um equilíbrio ao nosso time.

Segui o mais novo para fora do prédio, entrando no carro e me sentando ao seu lado. Coloquei as mãos no volante e suspirei, exausto. 

As pessoas vivem por aí dizendo o quanto medicina, direito e outras profissões são estressantes, mas você já tentou ser policial? Espero que não.

— Você não anda dormindo muito bem, né, hyung? 

— Hm, acho que não. Mas quanto mais rápido resolvermos esse caso, melhor. — Murmurei, passando o cinto de segurança em volta do corpo, e então ligando o carro.

Seguimos para o necrotério; ficava praticamente do lado de um posto de saúde, não muito longe da delegacia, era lá onde Hoseok atuava. Ele era um médico legista, e meio que ele era exclusivo nosso. Era quase como uma parceria, sabe. O prédio era enorme, ficava ao lado de uma universidade de medicina, provavelmente a maior de Seul. 

— Oi! — Cumprimentei o moreno que lia alguma ficha médica —  supus que aquela era na verdade a declaração de óbito da vítima —, depois de conseguir passar pela recepção. Aquelas atendentes chatas sempre insistiam em dizer que aquela era uma área restrita e bla bla bla, mesmo quando mostrávamos o distintivo.

— Ah! Estava esperando vocês. Tudo bem? — O Jung veio até nós para nos cumprimentar, com aquele sorriso radiante e contagioso dele. Eu gostava daquele sorriso, era um pouco estranho quando ele estava todo sério, concentrado no trabalho. Não era de seu normal. 

— Por enquanto sim. — Jungkook riu sem humor. — Conseguiu descobrir alguma coisa? — Perguntou, e por alguns segundos percebi que o médico não havia entendido a pergunta, intercalando o olhar entre mim e Jungkook, confuso e distraído, porém ainda sustentando o sorriso.

Quando ele enfim percebeu do que se tratava a pergunta, murmurou algo como um "aah sim" e deu as costas para nós, fazendo sinal com a mão para que nos aproximássemos da maca.

Havia um corpo ali, coberto com o que parecia ser um lençol. Apenas os pés estavam de fora, esbranquecidos.

— Querem ver o corpo? — Perguntou, e Jungkook deve ter respondido que sim por mim, porque mesmo eu tendo feito uma careta de desgosto, o Jung retirou o tecido que cobria o corpo. Eu tinha o estômago meio fraco para essas coisas. Mas qual o problema, né? Eu só não gostava de ver gente moribunda se decompondo. O corpo da mulher tinha um corte que se extendia por toda a extensão do tórax, em formato de Y. 

— Bem, como sabem, a vitíma já foi identificada. Suk Sun Hee, vinte e um anos. — Ele deu mais uma olhada na prancheta que segurava nas mãos, e então a colocou em cima da mesa novamente. Colocando luvas, se aproximou novamente do corpo. — Tive que abrir seu abdomen para examinar os órgãos. Havia uma grande quantidade de substâncias químicas em seu estômago, resquícios de comprimidos antidepressivos, para ser mais exato. Mas tenho certeza que a morte não foi por overdose. Mas pode ter sido uma tentativa de suicídio. — Ele encostou o dedo indicador no pescoço da "paciente", nos mostrando marcas de enforcamento. Me aproximei dele para enxergar melhor. — Houve asfixia por estrangulamento. Não posso dizer com certeza o que o assassino usou na hora do crime, mas deve ter sido uma morte lenta e dolorosa. Seus pulmões ainda estão inchados e com uma coloração arroxeada. — A área do pescoço estava toda arroxeada, com uma marca uniforme. — Ele provavelmente a inforcou com um fio ou algum tecido.

— Um tecido? — Perguntei, curioso. Hoseok sorriu, e me senti um pouco incomodado com a forma com a qual ele me olhava.

— Sim, como uma meia, um cachecol, um lençol. — Esclareceu. — Ela também tem um ferimento na nuca, o que significa que provavelmente bateu a cabeça em alguma superfície dura com muita força, acredito que ela deve ter caído. Vocês a encontraram perto do rio, certo? — Perguntou e eu e Jungkook respondemos em uníssono. — Ela provavelmente bateu a cabeça em uma pedra. Houve sangramento, mas não fratura craniana.

— O que isso quer dizer? — Desta vez foi o mais novo quem perguntou, e eu olhei para Hoseok, esperando uma resposta, tão ansioso quando Jungkook, enquanto balançava a perna impacientemente.

— Bem, quer dizer que ela provavelmente não levou nenhuma machadada ou uma pedradada na cabeça. Mas como se fez um corte, e foi recente, então com certeza aconteceu na noite do assassinato. Ela deve ter ficado inconsciente. Acho que vocês podem imaginar a cena. — Concluiu, e eu concordei. Podia perfeitamente imaginar uma mulher gritando, desesperada, tentando fugir das mãos de um lunático quando escorrega e bate com a nuca em uma pedra, ou então ele mesmo batendo sua cabeça para que ela ficasse calada ou qualquer coisa. — Ela também tem uma cicatriz no peito, um pouco abaixo da clavícula. — Mais uma vez meus olhos seguiram os seus dedos, que calmamente caminharam pelo corpo do cadáver, chegando no peito. Confesso que me perguntava como era ficar no meio de um monte de corpos pelados com um cheiro horrível de morfina. — Dá pra ver que é cantiga, mas o corte foi muito profundo. Não é algo que faça muita diferença, mas vocês sabem, está no regulamento que devemos anotar os minímos detalhes. — Sorriu, enfiando as mãos nos bolsos do jaleco.

— Sei...o último caso...a última vítima tinha as mesmas marcas no pescoço, certo? Acha que pode ter sido a mesma pessoa? 

— Talvez, até mesmo pelo local onde encontraram os corpos. Com este, já foram três casos só naquela área...é bem possível que o assassinato tenha sido feito pela mesma pessoa, mas essa técnica de homícidio é bem comum.

— Como assim "comum"? — Jungkook comprimiu os olhos, intrigado.

— A maioria dos casos de homícidio tem como causa principal asfixia, principalmente por estrangulamento. Fora a isso, não encontramos nada de semelhante aos outros casos, fora o local, é claro. Então é possível que sejam diferentes assassinos...mas acho que o trabalho de vocês é descobrir isso, né? — Ele riu fraco, puxando a cadeira rotatória para si e se sentando nela. — De qualquer forma, boa parte dos assassinos tem um método de assassinato próprio, algo como uma marca, algo que o caracterize. É como uma assinatura. O comportamento de um assassino pode ser decifrado, em parte, por essa marca. Assim se pode talvez entender o motivo que o levou a virar um assassino, ou levou a cometer um assassinato em específico. Mas psicanálise não faz muito parte da minha área, mas talvez possa ser útil para vocês.

Arregalei os olhos, um pouco impressionado com a inteligência de Hoseok. Ele poderia facilmente alcançar cargos superiores, só precisava querer. Era incrível como aquele homem engraçado, barulhento e distraído era tão centrado no trabalho, tão dedicado. Aquele era Jung Hoseok.

— Bom, aqui tem uma cópia da declaração de óbito para vocês. — Ele a entregou a Jungkook, que agradeceu, fazendo uma rápida reverência. 

Me aproximei mais do cadáver, com a mão no queixo. Procurei por algum sinal diferente, assim como Hoseok tinha mencionado, mas acabei por não encontrar nada. Percebi que ele me olhava, e fiquei um pouco constrangido com o pensamento de que talvez ele pudesse pensar que eu não confiava em suas palavras. Me afastei, meio atrapalhado, quase derrubando sua mesa cirúrgica, o que o fez rir um pouco.

— Hm...então é isso. Valeu pela palestra, Hoseok. — Agradeci meio sem jeito, coçando a cabeça. Então eu e Jungkook nos viramos para ir embora, acenando de costas para o Jung.

xXx 

Nem precisei parar o carro no estacionamento da delegacia para meu telefone começar a tocar e vibrar desesperado, fazendo-me ter quase um treco depois de todo o silêncio que se apoderou do carro, desde que eu e Jungkook saímos da delegacia. Passei a mão pelo rosto, suspirando, imaginando de quem seriam aquelas ligações insistentes.

Jungkook olhou para mim, perguntando se eu não ia entender e eu fiz uma careta. Saí do carro e esperei o outro para que pudesse trancá-lo. Ele se encostou na janela do carro, me esperando e o fiquei olhando até que se tocasse de que devia sair. Pelo amor de Deus, ele e Namjoon não sabem mesmo o que é privacidade. 

Ele se afastou, indo de encontro às portas de vidro da delegacia, sentando-se nos degraus da entrada do prédio, e eu finalmente tirei o celular do bolso. Era a Soyoung, como eu bem previ. Revirei os olhos antes de atender o telefone...

E ter que afastá-lo do ouvido porque aquela louca simplesmente começou a gritar.

— Porra, Yoongi! Por que você nunca atende o telefone quando preciso de você?! Nunca te passa pela cabeça que pode ser alguma emergência? Você tem que parar de ser tão irresponsável. Parece que só pensa nesse seu trabalho maldito! — Aposto que se eu deixasse ela ficaria resmungando por mais duas horas.

— Qual o problema desta vez, Soyoung? — Perguntei, exausto, e ouvi sua respiração pesada pelo telefone. 

— Você pode pegar a Naeun na escola hoje, por favor? 

— Quê? Não! Por que? Estou no trabalho agora, estamos resolvendo um caso importante. Por que você não busca ela?

— Por favor, Yoongi, estou te pedindo. Você sabe como andam as coisas por aqui no escritório...preciso resolver umas coisas, não vou conseguir chegar ao tempo. Por favor. É sua filha. — Agora ela estava bem mais calma, e sua voz estava tão doce que nem reconheci. Resolvi ceder, murmurando qualquer coisa que ela pudesse entender como uma afirmação.

Soyoung era a minha ex-namorada, a conheci ainda quando estava na faculdade, ela vivia vendendo doces pelo campus, para conseguir uma grana extra. Para falar a verdade, acho que ela foi o meu único relacionamento realmente duradouro, embora eu nunca quisesse nada sério. Bem, é claro que ficou sério, porque as coisas acabaram saindo do controle...e ela engravidou. 

Nós até tentamos ficar mais um pouco juntos depois que Naeun nasceu, mas eu já não tinha tempo nem para mim mesmo. Ela começou a reclamar cada vez mais das minhas ausências noturnas, até que elas se tornaram integrais também. Não sei se posso dizer se o que tínhamos era amizade, mas a gente nunca se matou, mesmo brigando tanto.

— Jungkook, vem cá. — Chamei e esperei até que ele viesse, apressado. — Vou precisar sair, agora. Vou buscar a Naeun. Entregue a declaração ao Namjoon quando ele voltar, ok? 

— Sem problemas... — Respondeu, inocente, e eu entrei no carro o mais rápido que pude.

 

Cheguei até que rápido na creche. Bom, rápido para os "padrões Yoongi". Adentrei o local afobado, e percebi que boa parte das crianças já havia embora. Olhei bem em volta, a procura de Naeun; eu meio que evitava buscá-la na escola desde o dia em que peguei a criança errada. Mas, em minha defesa, eu não estava muito bem naquele dia. E também, ela ainda era quase um bebê. Agora ela já tinha cinco anos...o que não a fazia menos bebê para mim, mas tudo bem.

Encontrei-a sentada em cima de um murinho baixo, as perninhas balançando. O cabelo estava repartido e preso em dois "rabinhos", como costumava falar Soyoung. Abri o maior sorriso que conseguia. Podia não ser o pai mais presente do mundo, nem o mais compreensivo ou o mais entendido quando o assunto era justamente ser pai, mas de todas as coisas e pessoas no mundo, minha filha era a que eu mais amava. 

— Naeun? — Chamei, e em questão de segundos seus olhos escuros e amendoados como os meus brilharam.

— Papai! — Ela esticou os braços e eu tive que fazer um pouco de esforço para agachar e pegá-la no colo. 

— Ah! Minha princesa! Vamos embora? — Beijei-a no rosto, e ela enlaçou um dos braços no meu pescoço, para segurar o meu cabelo. Nunca entendi muito bem essa mania, mas sempre que eu ou a Soyoung pegávamos-na no colo ela segurava nosso cabelo. 

— Cadê a mamãe?

— Hoje ela não podia pegar você, então você vai ficar com o papai. — Expliquei, calmamente.

— Então a gente vai tomar sorvete? — Perguntou, animadamente, e eu franzi o cenho sem entender. Mas que diabos uma coisa tinha a ver com outra?

— Não. — Eu ri, e ela fez beicinho. Tive vontade de esmagá-la de tanto morder e apertar. Talvez eu seja suspeito para falar, já que sou pai dela e ela tivera o privilégio de puxar todas as minhas qualidades, mas ela era a coisinha mais fofa desse mundo. — Quem te disse isso?

— A mamãe.

— Sei... — Ri mais uma vez. — Você pode ficar se doente se tomar sorvete, mas eu compro bolo, pode ser? — Sugeri, apertando suas bochechas gordinhas, antes de enfim colocá-la no chão.

Ela aceitou sem nem pensar. Peguei em sua pequena mão, levando-a até o carro.

Quando chegamos no apartamento, ela foi correndo se jogar no sofá. Eu nunca entendi essa fissura que as crianças têm em pular nas coisas, mas não ligava muito. Naeun era bem quieta para a idade dela, então eu esperava que ela não fosse destruir a casa nem nada do tipo — como eu mesmo fazia quando era um pouco mais velho que ela . 

Me sentei ao seu lado, e ela imediatamente veio para o meu colo, deitando a cabeça em minhas pernas com o corpo esticado no outro assento ao lado do meu. Liguei a televisão, embora já tivesse ouvido o discursinho de Soyoung por horas sobre como as crianças de hoje em dia só sabiam comer e ficar vidradas na TV — mas o que eu podia fazer? Tortutar a garota? Não havia nenhum brinquedo ali ou sei lá, e mandei uma mensagem para Jungkook para que ele me mantivesse informado caso acontecesse alguma coisa de importante. 

— Papai? 

— Hm? — A olhei, atento, enquanto acariciava suas bochechas macia com o polegar, bem calmamente. 

— Posso comer bolo? — Pediu, com uma carinha de cachorro pidão, e eu me deixei rir alto. 

— Claro que sim! Desculpe, o papai esqueceu. — Ela se levantou, sonolenta, e eu a peguei no colo mais uma vez.  

 

Depois de comer, não demorou muito para que a pequena adormecesse. Coloquei nela o pijama que Soyoung havia colocado em sua mochila, deduzindo que ela provavelmente imaginara que não poderia buscá-la hoje, e a acomodei no sofá, coberta com uma manta. Não recebi nenhuma mensagem interessante de Jungkook, o que me frustou um pouco. Ele só sabia repetir que eu não deveria me preocupar e sim me focar em cuidar da minha "pimpolha" — me impressionava como ele conseguia não ter vergonha de si mesmo dizendo coisas tão bregas.

 

Estava quase dormindo quando a campainha tocou, e eu bufei irritado, levantando do sofá e me dirigindo até a porta em passos pesados. Era a Soyoung. Sorri torto ao abrir a porta. Nunca sabia como agir perto dela, porque geralmente começava a falar sobre como eu era um pai ausente e poderia dar meu melhor pela nossa filha, e eu sabia disso, e como sabia! Mas eu não fazia nada para mudar, provavelmente porque era um merda. Então sabia que ela estava certa todas às vezes em que me xingava, e me arrependia das promessas de mudança que fazia e não cumpria.

— Ah...oi. Cadê ela? 

— Dormindo ali no sofá. Eu ia ficar bem feliz se você não me tratasse como se eu fosse invisível. — Resmunguei, encostado ao batente da porta. — Você não disse que queria deixá-la comigo essa noite?

— Fiquei preocupada que você precisasse sair de repente. — Apertou as mãos, para então colocá-las dentro dos bolsos do sobretudo roxo. Seus olhos estavam cansados, e percebi que ela parecia exausta pelas olheiras que rodeavam os olhos castanhos. Mas ela continuava muito bonita.

— E qual seria o problema? — Perguntei, confuso, e ela me olhou como se eu fosse o ser mais patético do mundo.

— Sério, Yoongi? Ela tem cinco anos! Quando você vai aprender a ser mais responsável? Quantas vezes por mês você a vê? Uma? Duas? Quer mesmo que a sua filha cresça sem nem se lembrar da sua cara? — Disparou, irritada, abaixando o tom conforme aquelas palavras saíam de sua boca, como se fosse difícil dizê-las. — ...De qualquer forma, eu vim buscá-la. 

Mordi os lábios, nervoso, sem saber muito bem como deveria reagir. Porra, eu sei que era um cara de pau do caralho, mas é difícil ser cara de pau quando isso envolve a sua filha, sabe? Detestava dar razão à Soyoung. — Por que? Ela 'tá dormindo...amanhã eu levo ela pra escola. Não vou sair sem ela, prometo. — Fiz um biquinho, e ela cruzou os braços, bem longe de ceder. — Você acabou de dizer que mal a vejo. Eu levo ela, Soyoung.

— Aish...está bem. Você precisa crescer, Min Yoongi. — Disse séria, mas acabando por deixar escapar um riso abafado. Sorri sacana. — Por favor, cuide bem dela. 

— Jamais deixaria que ela se machucasse. 

Namjoon P.O.V
 

Ainda estava tentando processar todas as informações que Yoongi havia jogado para cima de mim logo que acordei, na delegacia — como de costume. Casa? Eu nem sabia mais o significado dessa palavra. Ainda estava intrigado com as palavras dele antes de sair, mas decidi considerar como um elogio. Afinal, nosso único problema sempre que decidíamos cuidar dos criminosos e suspeitos a nossa modo era ter sempre que lidar com sermões dos nossos superiores. E como eu era o tenente, o que quer dizer que tecnicamente estava apenas a um passo da promotoria, eu deveria ser menos "cabeça quente".

Arrumei a gravata, apertando o nó em volta do pescoço, e coloquei o blazer cinza escuro. Eu precisava de um bom e demorado banho, e esperaria ansiosamente por ele o dia todo. 

Continuei a revisar os papéis que Jungkook havia imprimido na noite anterior, parando na cópia da carteira de identidade da última vítima.

— Suk Sun Hee... — Li, em voz alta, me perguntando se já tinha ouvido aquele nome em algum lugar. Yoongi costumava dizer que eu tinha essa mania esquisita de achar que conhecia todas as vítimas que passavam por nós, mas acho que é porque você fica meio paranóico trabalhando no departamento de crimes hediondos. Embora eu já esteja acostumado, é estranho ver tantas mortes acontecerem com tanta frequência e não pensar que pelo menos uma delas poderia ser de um conhecido seu.

Afastei esses pensamentos quando ouvi uma voz insistente repetir "hyung, hyung" várias vezes, tirando minha atenção de meus devaneios. Levantei o olhar para o homem ao meu lado, pedindo desculpa pela distração.

— O que foi? 

— A patrulha está indo para Incheon, você vem com a gente? — Perguntou, e percebi que ele parecia tentar conter o riso, mas ignorei.

— Ah, sim. — Levantei e guardei os papéis na pasta em cima da mesinha, para levá-la comigo. — Podem indo na frente, eu vou no meu próprio carro. — O policial fez um sinal de "ok" com a mão e se afastou, rindo baixinho, indo encontrar a viatura fora do prédio.

Quando cheguei ao carro e vi meu reflexo no vidro escuro da janela, porém, tive uma ótima surpresa: Havia um bigode esquisito desenhado no meu rosto, e fechei os olhos, suspirando pesadamente, tentando conter a vontade que eu tinha de esganar Yoongi enquanto o amaldiçoava mentalmente. Quantos anos esse idiota tinha? Cinco? Nove? Pelo amor de Deus. Limpei a boca com a manga do blazer, irritado.

A viagem até Incheon foi no minímo monótona. Era estranho não ter a compainha de Yoongi — apesar de querer matá-lo, ainda mais quando nos conhecíamos há tanto tempo. Ainda lembro de como nos conhecemos, ainda no colegial. Yoongi era aquele tipo de aluno folgado e preguiçoso que nunca faz nada, e eu era do tipo que é sempre o único a fazer algo em grupos de trabalho. Acabou acontecendo de o Yoongi cair em alguns grupos comigo, e não nos desgrudamos mais. Eu até tentei me afastar algumas vezes, mas uma vez que Min Yoongi cola em você, não se pode mais se livrar dele. 

Ri baixinho com essas memórias que minha mente trouxe à tona, estacionando o carro de frente ao hotel ao qual fui informado que o homem estaria. Olhei para o relógio em meu pulso, preocupado que tivéssemos chegado muito tarde, e abri a pasta à procura de alguma informação do cara. Seu nome era Min Junho, e por algum motivo senti um calafrio ao ver a sua foto na cópia da carteira de identificação, com aqueles olhos escuros e frios. 

Para a falar a verdade, o lugar estava bem acabadinho. O prédio parecia não receber uma nova pintura há pelo menos uns quinze ou vinte anos, e logo descobri que não havia elevadores. Ri sozinho, porque era quase impossível não suspeitar do namorado de uma mulher que morreu e um dia depois foi para uma outra cidade...e se hospedou em uma espelunca dessas. 

Um dos policiais foi até a recepção perguntar em qual quarto o homem que procurávamos estava hospedado, e pedi que me deixassem ir na frente, acompanhado por mais dois policiais armados atrás de mim. 

Quando chegamos à porta do quarto número 302, arqueei as duas sobrancelhas, desconfiado. A porta estava apenas encostada, e percebi que pelo menos a maioria das portas daquele hotel era cheia de trancas. Empurrei a porta com o cotovelo e entrei devagar dentro do apartamento, atento à qualquer ruído. Quando percebi que a área parecia estar "limpa", fiz sinal com a cabeça para que os outros dois que me acompanhavam entrassem também. 

Estava completamente vazio e limpo. A roupa de cama, os armários, as gavetas da cômoda; estava tudo completamente vazio. Bati a mão na parede, frustrado, pensando em como deveria proceder.

Neste exato momento, porém, ouvi passos e me dirigi até a porta, pedindo silêncio para os dois homens que me acompanhavam. 

— Quem são vocês? — Um homem de roupa social perguntou, colocando o óculos pendurado na gola da camisa para ter uma visão melhor de nós. Era ele. O encarei com uma expressão séria, tirando o distintivo de dentro do blazer e o estendendo para o outro.

— Min Junho? Pode vir conosco, por favor?


Notas Finais


Papai Yoongi...por essa eu acho que ninguém esperava, hein? AOJSOAJSOAJS Espero receber uma reação positiva sobre isso, achei que seria diferente um personagem pai nesse meio, e se preparem, porque esse é praticamente o único momento soft que a fanfic terá ajshahs
Yoongi 110% daddy material.
Também conhecemos um pouco do legista mozão Hoseok ( e vimos o Namjoon mais calmo, né) <33 O que acharam dele como médico legista? Espero que tenham gostado, eu pessoalmente acho que super combina com ele ajsakjskaj (fetiches, talvez? quem sabe)
Vocês ainda vão ver muito dele em "ação", então espero estar atendendo às suas expectativas até agora <3


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