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História Route to Murder - All in


Escrita por: yewoon

Notas do Autor


Aaaaaaa oi oi gente, tudo bem? <33
Finalmente consegui terminar esse capítulo, depois de quatro dias tentando e falhando miseravelmente :(( (dona @KimJu tá de prova, escrever narrativa policial não é fácil não, bicho)
Bem, como vocês sabem, os dois últimos capítulos se passaram alguns dias antes do tempo atual, e neste nós voltamos para o presente. Coincidentemente, esse cap se passa exatamente no dia do aniversário do Nam (juro que não foi intencional kkk), mas eu não tinha como encaixar nada a respeito nele. Mas no próximo vou dar uma citada nisso, sim <33 (é uma continuação desse mesmo, né)
Enfim, provavelmente a partir do próximo cap que as coisas vão pegar no tranco de verdade, então estejam atentos à tudo que lerem!

Espero que gostem <3

Capítulo 4 - All in


Fanfic / Fanfiction Route to Murder - All in

Namjoon P.O.V
 

9:00 am, 12 de Setembro de 2017
Província de Gyeonggi 
Seul

Estava caminhando por uma estrada escura e desértica, sem nada em mãos. Eu não queria ou não sabia o motivo para prosseguir, mas meus pés continuavam caminhando sozinhos, como se já conhecessem aquele caminho. Bem, é claro que já conheciam.

Não era tão difícil assim passar por ali. Adorava o cheiro natural que as plantas exalavam, principalmente quando molhadas pela chuva, como naquela noite. Era sempre bom caminhar perto do rio, onde poucos carros passavam, e só se era possível ouvir o som das cigarras ou o barulho da água quando jogavam alguma pedrinha no rio — era um ótimo lugar para relaxar.

A área tinha ficado ainda mais desértica depois do anúncio de um corpo ter sido encontrado ali, às margens do Cheonggyecheon.

Ouvi um grito. Um grito estridente, que com certeza pertencia à uma mulher. Vinha de dentro da mata. Arregalei os olhos.

Olhei para o meio de todo aquele matagal, e não pensei duas vezes antes de submergir no meio de todo aquele verde.

Minha respiração já estava descompassada, e eu corria para todos os lados. Não tinha arma nenhuma comigo, estava completamente desarmado. Aquele grito continuava ecoando em minha mente, e eu ouvia os passos pesados amassarem as folhas secas e espalhadas pelo chão. 

Atrás, à minha frente, do lado. 

Ouvi um último grito, desta vez real, e caí no chão. 

A última imagem que vi em minha cabeça foi a de um cara encapuzado puxando a mão presa em uma cerca com força, rasgando-a. 

Então tudo era sangue.

Acordei assustado, dando um pulo que me fez bater a cabeça na cabeceira da cama. Minha respiração estava descompassada, e senti uma gota de suor escorrer pela minha testa enquanto eu arfava, procurando ar. Quando voltei aos meus sentidos, passei a mão pelos fios loiros úmidos grudados em minha testa, completamente atordoado. 

Fiz impulso para me sentar na cama, e fiquei pelo menos um minuto olhando para o piso escuro de madeira, tentando processar que aquilo tudo fora apenas um sonho. Ou um pesadelo.

Eu andava tendo esses sonhos desde a noite do assassinato, mas ainda que me lembrasse de cada detalhe daquela noite, a minha mente só me permitia ficar preso naquele mesmo cenário, em um loop infinito. Primeiro, o grito por socorro, depois, só podia correr desesperadamente a procura da dona deste, completamente perturbado e sem rumo, até ouvir o último grito. O grito que provavelmente significa: Você falhou, Kim Namjoon.

A única coisa que diferia o sonho dessa noite com os outros era a visão da mão do assassino se rasgando quando o puxei para baixo em sua tentativa de escalar a cerca de ferro que protegia uma casa, ficando com a mão presa em uma das lanças. Essa foi a última visão que tive antes de ficar inconsciente. 

Ao lembrar disso, imediatamente pensei no rapaz da noite anterior, e no que o enfermeiro havia dito.

"...foi um corte de faca", impossível. Yoongi mesmo havia conferido, e as impressões digitais batiam com as das provas encontrados na cena do crime. E como era possível que ele estivesse no último trem que desembarcaria, minutos depois de eu ter encontrado o bilhete de trem no carro? 

Me levantei, inspirando e expirando com pesar, como se meus próprios pulmões me cansassem. Fui até o banheiro e lá cuidei de todas as minhas higienes pessoais, e aproveitei para tomar um banho bem quente. Essa história de a mão do garoto ter sido cortada com uma faca não saía da minha cabeça, e fiquei matutando sobre isso grande parte da manhã. 

De fato, era quase insano pensar que ele podia mesmo ser inocente com tantas provas...mas e se fosse? E se Kim Seokjin realmente estivesse falando a verdade?

Comprimi os olhos e mordi os lábios ao sair do quarto, pensativo, pronto para ir trabalhar. Eu nem comi nada, porque minha cabeça estava ocupada demais com coisas do trabalho para dar espaço para um pouco de apetite. Me coloquei novamente a pensar sobre o caso de três dias atrás enquanto dirigia, a caminho da delegacia. Me ocorreu o pensamento de que talvez ele estivesse falando a verdade, de que talvez realmente tivesse perdido a memória. 

Mas se fosse o caso, então ele definitivamente tinha que me ajudar a encontrar o verdadeiro culpado. E ajudaria. 

Assim que cheguei no prédio da delegacia, a primeira coisa que fiz foi procurar pela promotora. Nem me passou pela cabeça procurar por Yoongi ou Jungkook. Sentia ânsia de vômito só de pensar em pedir sua "ajuda", mas infelizmente parecia necessário se eu quisesse resolver aquele caso.

Além do mais, ainda havia uma garota desaparecida. E eu precisava encontrá-la. 

Caminhei até o seu escritório, e suspirei aliviado ao ver que ela estava ali, sendo que raramente ficava na delegacia — ultimamente ela tem preferido acompanhar alguns casos de perto; o que na minha opinião não passa de um incômodo. 

Bati na porta e fiz uma rápida reverência ao entrar na sala.

— Bom dia, promotora.

— Bom dia. — Disse sem nem desviar os olhos do documento que lia. — O que o traz aqui? — Perguntou, fazendo sinal para que eu me aproximasse com uma das mãos, e eu o fiz. Apoiei ambas as mãos em sua mesa, e a olhei com uma expressão séria.

— Ainda não foi decidido o que vai acontecer com aquele cara de ontem, certo? Kim Seokjin.

Ela parou no mesmo instante que ouvira o nome e pousou a pasta sobre a mesa, me olhando com um sorriso fino e um olhar curioso. 

— Como assim? O caso já foi resolvido, não foi? Não foi você mesmo que o pegou? — Perguntou, com ambas as mãos apoiadas na mesa. Assenti, nervoso. 

— Bem, eu acho que talvez ele não esteja tão resolvido assim. — Desviei o olhar para a janela por um momento, vendo a claridade dos raios do sol atingir boa parte da sala, iluminando-a. — Acho que ele pode não ser o assassino. 

— Kim Namjoon, — Ela riu nasalmente, quase como se estivesse debochando de mim. — as digitais dele foram encontradas naquela faca. Que mais provas você quer para poder ter certeza de que ele é o assassino? — Arqueou uma das sobrancelhas, incrédula. Me senti incomodado por ter de dar-lhe razão.

— Não sei, mas acho que não investigamos o caso suficiente. Eu tenho quase certeza de que ele é o culpado, mas preciso confirmar, por favor. Há uma pessoa desaparecida, e ele é a única chance de encontrá-la. — Pedi, calmo, e a escutei rir.

— Então faça um interrogatório. 

— Não posso.

— E por que não, Kim Namjoon? — Ela se levantou, apoiando as mãos sobre a mesa assim como eu, e se inclinou para frente, se aproximando de mim. 

Suspirei e a olhei fixamente nos olhos, sem me deixar intimidar. — Ele não pode apresentar nenhum álibi, seria simplesmente sem sentido e injusto. Parece que ele perdeu a memória.

Ela me olhou com tédio. — Então procure alguém que confirme onde ele estava no dia do crime. 

— Pelo amor, Seung! Ele não lembra nem do próprio nome, e a julgar pela idade, duvido que more com os pais. — Levantei o tom de voz, e bufei com a cara que ela fez por eu tê-la chamado pelo nome, mas tentando ignorar isso o máximo possível. — Por favor, você quebrou sua promessa de não mandar nenhum policial me seguir ontem, então apenas me deixe tentar. Além disso, como podemos encontrar a garota sem que ele se lembre de nada? — Arrumei a postura, me afastando um pouco dela. Seus olhos me fitavam minuciosamente, e julguei que ela estava ponderando a ideia. 

— As chances de essa garota estar viva são muito baixas. Você sabe que se pegamos o sequestrador e não encontramos a vítima...é bem improvável que ela ainda esteja viva.

— Mas ainda há uma chance. Não posso deixar mais alguém morrer. — Respondi, convencido de minhas palavras, e percebi que ela relaxou os ombros, suspirando.

— Está bem. Mas independente dos resultados, isso não significa que ele ficará livre. As digitais dele ainda estão ali, e não há nada que você possa fazer sobre isso. — Assenti, concordando com todas as suas palavras, e a observei se afastar da mesa, caminhando em direção à porta de vidro. — Busque o garoto e dê início aos testes. Agora. 

xXx

Assim que cheguei à ala da "cadeia", notei que o homem barulhento de antes já não estava lá. Só havia uma pessoa na cela, deitada em um dos bancos almofadados, com as mãos sobre a cabeça. Por um momento pensei que estivesse dormindo, mas ele se levantou assim que um dos policiais chamou o seu nome, já pronto para abrir o portão que o separava de mim. 

Ele me olhou com os olhos inchados e uma expressão sofrêga, e não duvidei que estivesse me odiando naquele momento mais do que ninguém. Obviamente não podia culpá-lo, na verdade, até dava um pouco de razão à ele. Seu olho direito quase não abria, e ele lacrimejava quando Seokjin tentava abrí-lo um pouco mais. A parte direita de seu rosto estava bem inchada, principalmente na parte mais elevada da bochecha, que já começava a assumir uma coloração arroxeada, bem escura. Havia um grande machucado em sua testa, perto do couro cabeludo, que imaginei ter sido feito quando bati sua cabeça contra a parede. Havia um pequeno corte nos lábios, e alguns outros arranhões espalhados pelo rosto. Pela primeira vez, me arrependi um pouco de ter exagerado na força, e desejei ter sido mais paciente.

— Kim Seokjin? — Chamei sua atenção. — Venha comigo, por favor. — Ele saiu da cela e o policial que o soltou fez menção de nos seguir, mas o dispensei, julgando que não seria necessário. 

— O que está acontecendo? Pra onde vão me mandar? — Sussurrou, e percebi que ele retraiu um pouco os ombros quando virei o rosto para encará-lo.

— Pra lugar nenhum, por enquanto. Vamos fazer alguns testes com você.

— Que tipo de testes? — Ele perguntou preocupado, com a voz trêmula, e deixei escapar um risinho debochado. 

— Vamos descobrir se você é mesmo o assassininho de merda que eu tenho quase certeza que é. — Dei de ombros, virando à esquerda no corredor, a caminho da sala de interrogatório, mais uma vez — era lá que fazíamos esse tipo de coisa também.

— "Quase"? — Me olhou, confuso. — Você pareceu ter muita certeza ontem. O que o fez mudar de opinião? — Perguntou em um tom irônico.

— Não interessa. — Disse, seco, e revirei os olhos. 

Abri a porta da sala e segurei em seu braço para fazê-lo entrar, arrancando dele um gemido de dor, que me fez questionar se ele havia machucado o braço no acidente, quando o carro da polícia capotou. Indiquei que ele devia sentar na cadeira ali e ele entrou sem muitos protestos. O segui apenas para ajudá-lo a vestir uma parte do equipamento; o medidor de pressão arterial, uma faixa pesada em torno do braço, usado para medir a pressão sanguínea, e um pneumógrafo, instrumento que mede a quantidade de ar respirada em determinado período de tempo. Se ele ficasse muito nervoso com alguma pergunta, então seus batimentos cardíacos ficariam mais acelerados, e essa informação seria passada para o aparelho. 

O deixei sozinho e entrei no outro lado da sala. Seung já estava dentro da sala, ou melhor, do outro lado do espelho falso, onde podíamos observar tudo que se passava na pequena sala, e me coloquei ao seu lado. Havia também um cara ao nosso lado, sentado frente à uma mesa com um computador.

— Está tudo pronto para começar? — Ela perguntou ao homem, e ele assentiu. 

A primeira tentativa seria com um detector de mentiras, provavelmente um dos instrumentos mais utilizados em interrogatórios e coisas do tipo. Aquilo serviria como prova de que ele realmente havia perdido a memória, e, se a perdeu, nem o equipamento nem o seu corpo mentiriam.

Na verdade, era um método bem simples: o aparelho é composto por vários sensores que medem o ritmo da respiração, a pressão sanguínea, os batimentos cardíacos e o suor na ponta dos dedos da pessoa examinada. Se houvesse uma reação muito fora do normal, o aparelho mediria a frequência dessas alterações e as analisaria, dando um resultado.

— Ok. Seokjin, preciso que você coloque os dedos indicador e anelar naquele pequeno aparelho. Não se preocupe, esses aparelhos não causarão nenhum "efeito colateral" em seu corpo ou provocarão algo que possa ferí-lo de alguma forma. — O homem começou calmamente, com a boca colada à um microfone, e Seokjin deu um pulo na cadeira, provavelmente assustado com a voz que saía pelos auto-falantes, presos nos cantos superiores da sala. Mesmo assim, o fez. O aparelho em questão era um galvanômetro, que servia para medir a transpiração causada pelo estresse. — Você estava em Seul a três dias atrás, no dia do assassinato? 

Apertei a gravata e cruzei os braços, esperando por sua resposta, com os olhos semicerrados. Seung mantinha a mesma expressão de sempre no rosto; impassível. Era difícil dizer — ou adivinhar — o que se passava em sua mente.

— E-Eu não sei. Eu não consigo me lembrar de nada sobre o que aconteceu comigo antes de ontem. — Respondeu, em um lamúrio arrastado.

O aparelho continuou apagado, o que queria dizer que, até então, ele estava dizendo a verdade. Me senti um pouco incomodado com isso, mas não entendi bem o porquê.

— E você conhece uma pessoa chamada Chong Jisoo? Ou já a viu em algum lugar?

— Não. — Seokjin respondeu, mais uma vez, mas percebi que ele não parecia tão confiante da própria resposta.

— Talvez ele não soubesse o nome dela. — Observei, e vi de escanteio a promotora balançar suavemente a cabeça em confirmação, para que o outro prosseguisse com o teste.

— Bom, então você viu alguma mulher esses dias? Alguém de que não gostasse muito, talvez.

— Não. Já disse que não posso me lembrar de nada. — Respondeu, com um leve tom de irritação, e percebi que sua frequência cardíaca na tela mudara um pouco.

— E você tem alguma ideia do que pode ter acontecido para você perder essas memórias? Alguma fratura? Ou droga? 

Me aproximei mais um pouco do vidro, e o Kim ficou em silêncio por algum tempo. Percebi que ele olhava fixo para o espelho, e não duvidaria se ele já estivesse desconfiado do "segredo" por trás dele. Talvez ele soubesse que estava sendo observado, mas não por onde. Mesmo assim, continuava a olhar para a frente, e por um breve momento, foi quase como se ele conseguisse me ver. 

— Seokjin? —  O interrogador chamou cuidadosamente.

— Não. Não tenho certeza, mas acho que posso ter batido a cabeça. — Suspirei. As perguntas que ele não respondia com um "não" eram todas cheias de incerteza, e pensei em como seria complicado arrancar algo dele de verdade. 

Na verdade, foram poucas as vezes em que as luzinhas do aparelho piscaram em vermelho, e, em sua maioria, em perguntas triviais, que na maioria das vezes servem apenas para confundir o interrogado. Na verdade, é óbvio que o polígrafo não pode ler mentes nem nada do tipo, embora é isso que o examinador faça parecer. O aparelho serve apenas para captar suas alterações corporais e analisá-las, porque é claro que, uma pessoa que fica muito nervosa diante de uma pergunta, não está cem por cento confortável para respondê-la, o que na maioria das vezes indica que ela está mentindo. Mas Seokjin "passou" no teste, e Seung não pareceu muito contente com o resultado deste, que se estendeu por mais uns quinze minutos. 

Então fomos para o próximo: o teste de reconhecimento. Uma imagem seria colocada à sua frente, e as nossas perguntas seriam respondidas através de suas reações cerebrais. Nada muito complexo; mas com certeza seria impossível para ele forjar as próprias reações. Para falar a verdade, era mais como uma segunda alternativa para o detector de mentiras, como uma confirmação, talvez. Apoiei um braço sobre o outro e toquei a boca com uma das mãos, sério, atento à tudo que acontecia do outro lado ou era computadorizado pelo 

Seokjin parecia nervoso do outro lado, ele apertava as mãos como se elas fossem seu único apoio para não cair, ainda que estivesse sentado. Me vi mais uma vez me perguntando o por quê de ele estar lá, naquele exato momento, carregando um bilhete com o meu nome se não tinha mesmo nada a ver com o episódio do assassinato. 

Impaciente, fiz um sinal com o dedo indicador para que o homem ao meu lado se apressasse. Desta vez, havia um monitor de frente com Seokjin. Começamos com uma foto enviada pela família da vitíma, antes de morrer. Ele não devia ter mais de dezesseis anos; era bonita, tinha um sorriso alegre e olhos que ficavam ainda menores quando sorria. Me senti mal pela lembrança de ter deixado aquela vida que mal tinha começado terminar tão rápido.

Ele não demonstrou uma reação sequer, nem mesmo depois de ter visto fotos da garota na cena do crime, logo após ter sido encontrada, e no necrotório. Era de fato como se ele nunca a tivesse visto antes.

— Mesmo que ele tenha perdido a memória, isso não afetaria o teste, afetaria? —  Perguntei, olhando para o homem, mas Seung deu uns passos à frente, deixando os braços caírem ao lado do corpo, pensativa.

— Talvez, mas é provável que não. Temos que prosseguir com o teste e ver se, realmente, ele não mostra reação para nenhuma das coisas mostradas. Mas talvez uma foto possa afetá-lo emocionalmente e ativar sua memória. —  Respondeu-me, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha esquerda. Eu assenti, agradecendo a breve explicação e também mostrando que havia entendido. 

O que Seung sugeriu foi exatamente o que fizemos: mostramos à Seokjin várias fotos, de coisas relacionadas ao caso mas também de objetos cotidianos ou que poderiam ter um certo valor emocional para ele. Então a imagem de uma faca apareceu no monitor. 

A princípio, ele não mostrou muita reação. Apenas ficou parado, a encarando por alguns segundos, então fez uma careta e levou ambas as mãos na cabeça e passou a pressioná-la com força, os olhos fechados.

Não entendi nada, então comprimi os olhos e observei-o calado. Uma lágrima rolou pela sua bochecha esquerda, e imagino que isso deve ter feito com que algum ferimento ardesse, porque ele fez mais uma careta. Em seguida, ele deu um grito, que imagino não ter assustado só a mim como à promotora e ao interrogador, que pulou da cadeira, todo atrapalhado.

— Já chega! — Levantei a voz, tentando me controlar para não gritar, pedindo que o outro parasse com o teste e desligasse o monitor. 

— Namjoon... — Ouvi a promotora dizer, mas simplesmente ignorei e continuei encarando o mais velho até que este fizesse o que eu pedira. Quando ele deu sinal avisando que já tinha "acabado", olhei para o lado e vi Seokjin com a cabeça deitada sobre a mesa, e as mãos a pressionando com força. — Namjoon.

— Ele não apresentou nenhuma reação diferente nos testes, então você não vai prendê-lo, certo? Você viu com os seus próprios olhos. 

— Independente de qualquer teste, as digitais dele são compatíveis. — Cruzou os braços novamente e se afastou, caminhando até a porta.

— Você permitiu que fizéssemos os testes! — Gritei, um pouco indignado, mas sem sair do lugar.

— E fizemos. Mas como você pretende provar que ele é inocente? Acha que o júri se importa se ele perdeu a memória ou não? — Ela se virou para me olhar, e deu uma risada nasal.

— Eu provarei. 

— Como é? — Abandonando o sorriso debochado que tinha nos lábios finos e vermelhos, ela me olhou com uma sobrancelha arqueada, cética, e percebi que mal tinha pensado antes de dizer aquilo.

Merda.

— Apenas me dê um tempo e eu provarei que ele é inocente. — Repeti seriamente, tentando parecer mais confiante do que provavelmente demonstrava. — Apenas me dê mais um tempo e eu encontrarei o verdadeiro assassino e a garota que ele sequestrou. — Engoli em seco. — Querendo ou não, se ele for mesmo inocente, fui eu quem o colocou nisso tudo. Se descobrir que ele é quem cometeu aquele assassinato, o entregarei sem hesitar. — Tentei convencê-la, e parecia estar fazendo um juramento importante ao Imperador da China.

— Espero que saiba que você pode perder o seu cargo. — Franziu o cenho. 

— Sim, senhora. — Assenti. 

— Você tem dois meses. — Fechou os olhos e suspirou. — Dois meses e nada mais. E não pense que isso quer dizer que você pode tirar uma folga dos outros casos, vai trabalhar nesse por conta própria. Não quero ver o andamento da delegacia decair por causa dele, entendeu? — Disse, rigída, e por um momento quase me arrependi de ter aberto a boca. 

— Leve ele com você.

— Comigo?! Você quer que eu cuide dele como uma criança de sete anos? — Ela me olhou com uma careta.

— E você espera que ele fique aqui na delegacia? Não me importa onde você vai deixá-lo, só arranje um lugar para ele ficar que não seja aqui. — Me olhou uma última vez antes de sair.

Fiz que sim, mesmo que ela já tivesse ido, e saí da sala logo depois, para entrar na sala em que Seokjin se encontrava. Ele continuava na mesma posição, a cabeça deitada sobre a mesa e as mãos por cima dela, mas parecia mais calmo. Não me senti no direito de tocá-lo.

— O que aconteceu? — Perguntei a ele, que levantou a cabeça um pouco para me olhar.

— M-Minha cabeça dói...muito. — Sua voz estava abafada. Franzi o cenho e me aproximei um pouco. 

— Desde quando?

— Desde ontem.

— Você disse isso para algum enfermeiro? 

— Não.

Suspirei. 

— Certo...Levanta daí. Acho que será bom você fazer alguns exames. Quero saber o que causou essa sua perda de memória. — Cruzei os braços, me afastando dele e me dirigindo até a porta, fazendo sinal para que ele me seguisse. Ele mordeu os lábios, se levantando e cambaleando. 

Senti algo puxar meu paletó e virei o pescoço para trás, vendo que era o Kim quem o segurava. Sustentei meu olhar em seu rosto, esperando que ele dissesse algo.

— Você acredita em mim agora, certo? — Perguntou, e percebi que parecia um pouco hesitante. — Por que? 

Eu ri. — Eu só acredito no que vejo, garoto.
 

Seokjin P.O.V
 

Eu mal fazia ideia de quem era, mas a única certeza que tinha é que não gostava nem um pouco daquele cara. Na verdade, eu não sabia nem o nome dele direito. Meio que não tive tempo de perguntar, porque quando tentei confirmar se ele era o tal Namjoon ou qualquer coisa assim, fui espancado no meio de uma estação de trem.

Revirei os olhos ao ouvir sua resposta debochada, gemendo um pouco pelo olho inchado que doía com o mais simples movimento. Minha cabeça latejava, e enquanto fazíamos os testes, eu podia jurar que ela estava prestes a explodir. Não era a primeira vez que eu sentia dor de cabeça, acho que começou um pouco antes de vir para Seul, mas ficava cada vez mais aguda e insuportável.

Namjoon me acompanhou até o carro, que imaginei ser seu, pois não era pintado e nem tinha nenhuma marca que o identificasse como um carro da polícia. Ele disse alguma coisa sobre ter um hospital ali por perto, que tinha uma relação de "parceria" com a delegacia, mas não dei muita atenção. Depois disso, nem eu nem eles trocamos uma palavra sequer.

Encostei a cabeça no vidro da janela e olhei para baixo, fitando a minha mão enfaixada. Franzi um pouco o cenho, fazendo uma careta, um pouco pela dor e um pouco pela inconformação. Eu estava completamente confuso, e enquanto passava os dedos sobre o local do corte, me vi questionando a minha própria verdade.

Olhei para Namjoon com o canto dos olhos. Ele estava completamente concentrado na rua, e sua expressão não podia ser mais neutra. Era como se ele estivesse sempre de máscara. Me perguntei se ele não tinha razão, se eu realmente não tinha matado ou machucado ninguém. Eu neguei com todas as forças, mas como poderia saber, se não tinha lembrança nenhuma da minha própria vida? 

Se ele tivesse me dito que meu nome era "lata de lixo", eu provavelmente teria acreditado. Na verdade, era exatamente assim que eu estava me sentindo. 

Não demoramos muito para chegar ao hospital, e deduzi que minha condição não devia ser boa pela cara que uma das enfermeiras fez ao nos recepcionar, assim que entramos no local. O hospital era bem organizado e limpo, o piso, as paredes e até os assentos, todos brancos. De alguma forma, me senti mais confortável ali — me parecia melhor ficar em um lugar onde se salvava vivas do que em um onde se acabava com elas.

Não tive coragem de olhar meu rosto uma vez sequer no retrovisor do carro ou em qualquer outro espelho da delegacia, mas agora estava ali, em frente ao vidro espelhado que separava as recepcionistas dos pacientes. Namjoon me olhava de longe, conversando com um médico, então achei que ele não se importaria de me ver perambulando por ali. 

Mas no momento em que me aproximei e vi meu reflexo, me senti enjoado e cambaleei um pouco para o lado, pressionando a barriga como se fosse vomitar a qualquer momento. De repente minha cabeça também começou a girar, e me senti tonto. 

Senti um braço me envolver pela cintura, me conduzindo enquanto andava para longe da recepção. Só fui me dar conta de que era Namjoon algum tempo depois, mas não me importei muito.

Junto com o médico, seguimos para a sala de tomografia. O médico, que segundo o cartão de metal preso ao jaleco se chamava Nang Kyung Mo, abriu a porta e nos deu passagem. Ele indicou a única maca da sala com a mão que segurava uma prancheta, e Namjoon me ajudou a subir em cima dela. 

Eu provavelmente não teria aceitado, mas acho que eu não estava em posição de protestar — embora quisesse a maior distância possível daquele imbecil. 

Depois de me ajudar, ele saiu da sala, ficando ao lado do médico, e eu inspirei profundamente, fechando as mãos em cima da minha barriga.

— Kim Seokjin, certo? — O doutor perguntou, e eu assenti, mesmo sem ter certeza se ele veria. — Nós vamos fazer uma tomografia em você, sabe o que é, certo? Só peço que se mexa o minímo possível, e, por favor, tente se manter consciente. — Disse, compreensivo, e eu dei um meio sorriso. 

Respirei fundo mais uma vez, e o médico ligou a máquina. A maca aos poucos se movimentou para dentro do túnel, onde passa radiação, e eu fechei os olhos. O barulho que fazia era insuportável, e a dor de cabeça aumentou mais ainda. Era como se meu cérebro estivesse inchando dentro do meu crânio.

O procedimento todo não deve ter durado mais de trinta minutos, ainda que para mim parecessem horas. Depois que acabou, o médico nos encaminhou para um quarto privado — imaginei que fosse obra de Namjoon, e não achei que fosse necessário. 

Ele me fez algumas perguntas, do tipo: o que eu estava sentindo, se tinha vomitado ou me sentido enjoado, se lembrava de alguma coisa no momento da pancada — até porque, pelo que fiquei sabendo, tinha um galo enorme na minha cabeça, ou se em algum momento eu havia perdido a consciência. A pior parte é que para a maior parte das perguntas, eu respondi sim. 

 

Me encontrava sentado em uma maca, e Namjoon estava do meu lado em um banquinho. Só nós dois ali. Sozinhos. Um detetive policial e um susposto assassino. 

— Você está bem? — Ele perguntou, depois de minutos em silêncio, desenhando círculos no próprio sapato com o dedo indicador, uma perna cruzada sobre a outra, sem desviar o olhar para mim. Se eu já estava feio com o rosto todo machucado, não conseguia nem imaginar como devo ter ficado ao fazer uma expressão de surpresa.

— Depende do que você quer dizer com "bem". — Dei de ombros e ele me olhou, curioso. —Você quer saber se estou bem fisicamente ou psicologicamente? Porque acho que nenhum dos dois. — Eu disse, o que o fez rir abafado, para a minha segunda maior surpresa naquele dia. 

Abri um sorriso amarelo enquanto o olhava, e percebi que ao ficar com um sorrisinho quase imperceptível nos lábios — que por sinal eram bem carnudos — covinhas fofas surgiram em suas bochechas.

O silêncio se alastrou pela sala novamente, e depois de uns cinco minutos, a mesma figura anterior de jaleco branco apareceu na porta do quarto, balançando a prancheta como se dissesse que tinha novidades. 


Notas Finais


Aaaaaaa finalmente um pov do Jin, né? Espero que vocês deem muito amor a ele, ele é um pãozinho gente :((
mAS não façam pouco caso do meu bebê não, ele tem mt a mostrar ainda.

Acho que a partir do próximo cap, vou começar a trabalhar com vários casos na história, não só o do Jin - que é o principal, que serão (ou não) relacionados uns aos outros. Óbvio que ninguém vai decorar o nome de todas as vítimas, suspeitos e o caralho a quatro, então sempre que eu citar algo assim colocarei uma explicaçãozinha nas notas finais para lembrar vocês e etc.

Espero que tenham gostado, me esforcei bastante e continuarei trabalhando no plot! <33


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