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História Route to Murder - Mr. Sandman


Escrita por: yewoon

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAAAAAA oii meus amores <3
Capítulo 7 já, hein? Nem parece que eu reescrevi o primeiro capítulo umas cinco vezes antes de postar aksjqkjeq
Demorei mais um pouquinho dessa vez, já que tive algumas provas essa semana, mas espero que a espera valha a pena <3 Semana que vem começam as minhas trimestrais, que duram até o final do mês...então :(( espero que passe rápido para que eu volte logo a atualizar RTM.
Aliás, MUITO obrigada pelos 34 favoritos, e, acima disso, pelos comentários. AMO ler cada um deles, fico muito feliz quando vejo vocês fazendo teorias (e talvez rindo um pouquinho kkkjsjskk).

Capítulo 7 - Mr. Sandman


Fanfic / Fanfiction Route to Murder - Mr. Sandman

 

Havia se passado dois dias desde a pequena reunião na casa de Namjoon. Dois dias que eu estava morando ali, na casa dele. Havia se passado dois dias e eu não havia melhorado quase nada. Os enjoos só continuavam a aumentar, e eu ficava com um sono quase incontrolável nos momentos mais inoportunos. Era como se tudo em mim fosse desligado, de uma hora para outra, sem qualquer aviso prévio.

Mesmo assim, era difícil conseguir pregar os olhos de noite. Eu continuava ouvindo as mesmas vozes em minha mente, repetindo o meu nome várias vezes. Era a voz de uma mulher, mas eu não podia reconhecê-la. Afinal, como poderia? Eu não sabia nada sobre o meu eu de uma semana atrás. 

Namjoon continuava me pressionando para que eu tentasse me lembrar logo de algo que pudesse ajudá-lo, mas era impossível para mim. Eu não podia forçar minha própria mente, ou então aquela dor de cabeça insuportável voltava, sem trégua. Era como se mãos envolvessem a minha cabeça com força, tentando diminuí-la, esmagá-la. Minha cabeça queimava a cada instante. Era como se eu estivesse queimando de dentro para fora.

Namjoon foi ao hospital buscar remédios, mas eles quase não surtiam efeito sobre a dor. O médico continuava insistindo que eram apenas os efeitos colaterais da pancada.

Às vezes, eu o via perambular pela casa durante a noite. Às vezes para continuar trabalhando nos casos não solucionados, outras, eu tinha apenas a impressão de que ele ficava de pé, durante minutos, me observando. 

Eu não conseguia lembrar de nada que fosse relevante para o policial. Às vezes eu sonhava — se é que não eram pesadelos — com fragmentos de memória, que às vezes não duravam nem cinco segundos antes de desaparecerem e me deixarem em um total vazio. 

Um garotinho, provavelmente de não menos do que oito ou nove anos. Tinha um roxo no lado direito de seu rosto, e estava com a testa e o nariz encostados em uma janela de vidro. Uma voz feminina o chamava, e ele se virava para trás no mesmo instante, com um sorriso banguela e uma feição infantil. Meu peito doía toda vez que aquela imagem vinha à minha mente. 

Fora a isso, eu não conseguia me lembrar de muita coisa.

— Ei, Seokjin. — Despertei de meus pensamentos ao ouvir uma voz familiar me chamar, e quase sorri ao ver que era Namjoon. — Tenho um caso novo para resolver. Você vem comigo? — O loiro perguntou, girando a chave do carro no dedo indicador. 

Estranhei, arqueando a sobrancelha. Desde quando ele me perguntava alguma coisa? De qualquer forma, assenti, fazendo menção de me levantar do sofá azul da área de descanso. 

Yoongi chegou na mesma hora, e por um minuto me perguntei de onde ele tinha surgido. — Namjoon, o que está fazendo? — Ele perguntou, com um tom de desdém na voz.

— Do que você 'tá falando?

O platinado riu, indignado. — Vai mesmo levá-lo para resolver um caso com você? Namjoon, eu entendo que você está tentando se "redimir", mas não é melhor que ele fique aqui na delegacia? Ele já tem problemas demais por si só, e você tem trabalho a fazer.

Revirei os olhos, mas me mantive quieto, achando estúpido como ele falava como se eu não estivesse ali. Sei que me sentiria da mesma forma em relação a um cara que foi acusado de matar alguém, principalmente se esse mesmo cara estivesse acompanhando policiais em casos, mas eu realmente tinha a impressão de que ele me odiava.

Namjoon ficou quieto por alguns segundos, o semblante sério. 

— Yoongi, eu sou o tenente aqui. Acho que eu sei muito bem qual e como fazer o meu trabalho. — Ele respondeu seco. — Se o Seokjin vai comigo ou não, é decisão dele. — Completou, passando pelo amigo, dando apenas uma batidinha em seu ombro antes de sair.

Yoongi cruzou os braços e bufou, estupefado, e me olhou. Sustentei o nosso olhar por uns cinco segundos, antes de por fim me levantar e passar por ele. 

Quando saí do prédio e caminhei até o carro, percebi que Jungkook estava no lugar do motorista, e Namjoon no de passageiro. Entrei na porta de trás, e apoiei as mãos nos apoios de cabeça dos bancos à minha frente, olhando para a janela embaçada por causa da chuva.

— Não precisava ter falado com o seu amigo daquele jeito. — Eu disse, um pouco distraído.

— Ele não tem seis anos, vai ficar bem. — Deu de ombros, acendendo um cigarro e oferecendo um para Jungkook, que não aceitou.

— Para onde nós vamos? — Jungkook perguntou, saindo do estacionamento. Me perguntei por que Yoongi não ia conosco também, mas não me importei. Eu já estava vivendo na casa de alguém que me odiava o suficiente. 

— Interior de Gyeonggi. — Respondeu. — Recebemos uma notícia de um corpo encontrado morto em uma cafeteria por lá. — Ele suspirou, apertando os olhos fechados com as mãos.

Jungkook me pareceu um pouco surpreso, e eu estava tão chocado quanto, mas provavelmente por motivos diferentes. — Mas hyung, a passagem deve estar bloqueada, olha pra essa chuva! 

— Nós vamos dar um jeito de passar. — Respondeu, calmo, e me olhou pelo canto dos olhos. 

 

xXx

 

O trânsito estava completamente engarrafado, principalmente por ser horário de pico. A chuva engrossou, e com uma pequena fresta da janela aberta, dava para se ouvir o som da água correndo pelas ruas, levando tudo com elas. O céu estava nublado e escuro, como aquele dia. Um cenário triste.

Nós demoramos um pouco para chegar na estrada, mas, quando adentramos a única passagem que havia para a tal cafetaria, completamente cercados por copas de árvores abundantes e esverdeadas, ouvi Jungkook murmurar algo, xingando. 

Saindo de minha distração, olhei para frente e vi o motivo de sua frustração: havia um tronco de árvore imenso bloqueando a passagem, assim como ele mesmo havia deduzido. Olhei para Namjoon, esperando que ele soubesse o que fazer, e ele me olhou de volta, com uma expressão que não pude traduzir.

— Vamos deixar o carro aqui. Não vai dar pra passar com ele, e o resgate demora dias pra arrumar a estrada. — Saiu do carro, e pela primeira vez eu e Jungkook trocamos um olhar cúmplice, nos perguntando o que o outro iria fazer.

Ele parou na frente do carro, analisando o tronco de árvore com uma mão no queixo. A chuva molhava seu terno e o cabelo loiro, que caía sobre sua testa.

Suspirei e saí do carro, me juntando a ele, assim como Jungkook. 

— E se a gente passar pelo tronco? — Sugeri, despreocupadamente. Namjoon pareceu ponderar sobre minha ideia, mas provavelmente desaprovou pela careta que fez.

— Talvez não seja seguro. — Jungkook interviu. — Não dá pra saber como está do outro lado. — O caminhou onde nos encontrávamos era estreito; era como um grande barranco. De ambos os nossos lados havia dois morros, um que que descia e outro que subia. Jungkook sorriu, e percebi que eu gostava um pouco de seu sorriso. Ele era como uma criança no corpo de um adulto, dava pra entender por que parecia se dar tão bem com os seus hyungs. Ele virou o corpo para a direta, caminhando até o morro íngrime e estreito que subia. — Vamos tentar passar por aqui. — Sugeriu, e Namjoon e eu o seguimos. 

Foi um pouco difícil de subir, principalmente porque a água continuava a levar um bocado de terra molhada para baixo, o que tornava a nossa subida ainda mais escorregadiva. O morro não chegava a ser alto, mas eu pisei em falso pelo menos duas vezes — e nessas duas o Sr. Kim do meu lado teve que segurar  meu braço para que eu não pusesse todo o esforço a perder.

Fui o último a pular para o outro lado, e felizmente com sucesso. Havia um buraco consideravelmente grande embaixo do tronco, mas boa parte dele ficava exposta, o que me fez perguntar se as pessoas que passaram por ali conseguiram passar sem problema nenhum — se é que aquela depressão na terra não havia sido feita depois que começara a chover. No fim, Jungkook estava certo.

Senti vários pingos de chuva estalarem em meu rosto e olhei para o céu, batendo as mãos uma na outra para limpar o barro. 

Os dois começaram a andar sem que eu percebesse, e tive que dar alguns passos apressados para alcançá-los. Eu andava olhando para o chão, preocupado que aquela larga camada de folhas secas e caídas do solo escondesse algum buraco.

— Ei. — Chamei a atenção dos dois, que por um segundo viraram o rosto para me fitar, mas depois continuaram a andar. — Se a denúncia veio dessa cafeteria, e a passagem está bloqueada...quer dizer que o assassino pode ainda estar lá? 

— Talvez. — O loiro deu de ombros. Tive que colocar a franja molhada para trás para evitar que ela tampasse a minha visão. — O corpo foi encontrado hoje pela manhã no sótão, mas não sabemos há quanto tempo está lá. — Explicou. — Vai ser difícil conseguir muita coisa com essa chuva. — Murmurou, num tom irritado.

Poucos minutos depois de caminhada, a cafeteria já era visível. Se fosse para adivinhar, eu chutaria que era uma pousada ou algo do tipo, era exatamente o que eu pensava de uma casa no campo — a única diferença era que estava cercada por uma floresta. Era completamente feita de madeira e parecia ser bem antiga, e o deque, que era ligado por uma escada à uma pequena trilha de pedras perto de um riacho, estava completamente vazio, provalmente por conta da chuva. Havia alguns carros estacionados numa área mais livre de árvores, o que sugeria que ali havia mais do que uma ou duas pessoas, mas parecia sem vida.

Namjoon abriu a porta do local, e quando adentramos, todas as pessoas que estavam ali se viraram para nós, talvez assustadas, talvez esperançosas. Eu não podia distinguir.

Percebi ali uma mulher jovem sentada com o seu filho pequeno em uma poltrona, o que me arrancou um sorriso. Do outro lado, em algumas mesas, havia dois casais e um homem, sozinho, com a cabeça baixa sobre a superfície de vidro, estranhei. Um garotinho de uns cinco anos brincava com algumas pecinhas de montar no chão. 

Um senhor baixinho veio correndo até nós, eufórico.

—  V-Vocês são policiais?! Como conseguiram passar? A estrada está bloqueada! — Ele usava um chapéu e várias camadas de roupa.

—  O senhor é o dono do estabelecimento? — Namjoon perguntou, e o velhinho assentiu. Ele e Jungkook pegaram os distintivos e os mostraram. — Certo. Será que pode nos levar até o corpo? — O mais velho engoliu em seco, mas assentiu, passando por nós e fazendo sinal com as mãos envelhecidas e enrugadas para que o seguíssemos. Namjoon se virou, e eu fiz o mesmo. — Jungkook, não deixe que ninguém saia. 

O mais velho saiu do café, e eu e o Kim o seguimos até o deque. Dali, descemos as escadas e embaixo dele estava o sótão. 

Ele abriu as portinhas para que entrássemos, e assim o fizemos. Tivemos que descer uma escada de mão para chegar até o fim, e quando coloquei os pés no chão, senti uma coisa melada nos pés.

O senhor, que tinha ido na frente, logo acendeu a luz e eu me senti enjoado ao ver do que se tratava a poça do líquido vermelho abaixo de mim. Era sangue. Tive vontade de vomitar, e imediatamente me arrependi de não ter me voluntariado para vigiar as pessoas lá em cima.

Olhei mais uma vez para o chão e percebi que depois da poça havia um rastro de sangue, que levava até uma mesa de madeira, onde estava um corpo. Jurei a mim mesmo que nunca mais iria numa cafetaria novamente.

Namjoon fez uma careta. — Como você o encontrou? E por que ele está ali?

— Nós o colocamos ali. — O de cabelos grisalhos começou. — De manhã, eu desci aqui para buscar mais leite, e ele estava caído no chão. Bem ali. — Ele apontou para a poça de sangue, e senti que estava prestes a desmaiar. Me afastei, me aproximando de Namjoon.

— Sei...Será que pode nos deixar um tempo sozinhos com o corpo? — O mais velho assentiu, e subiu as escadas, deixando as portinhas abertas para nós.

Eu e o loiro nos aproximamos do corpo, colocado de barriga para cima em cima da mesa. Ele já estava bem pálido. Seus cabelos eram cor de rosa, e ele era muito bonito, com o nariz afilado e as bochechas cheias. Os fios da parte de trás de sua cabeça estavam manchados de um vermelho intenso, o que sugeria que sua nuca estava machucada. Notei que ele usava uma aliança de prata na mão esquerda, o que me fez sentir triste pela sua parceira ou parceiro. 

Namjoon começou a passar a mão pelo corpo falecido, procurando algo que fosse útil em seus bolsos. Ele achou uma carteira, onde havia apenas algumas notas de won e uma carteira de identidade. 

Yoo Kihyun. O homem da foto tinha os cabelos escuros, mas com certeza era ele. Engoli em seco.

Namjoon me entregou o documento. — Fique com isso, por favor. — Assenti e o guardei no bolso. 

— Você tem alguma ideia de como ele pode ter morrido?

Por um momento, ele não respondeu. Pegou o celular e tirou algumas fotos do corpo, e, principalmente, do rastro de sangue pelo chão. Depois, se voltou para o corpo, guardou o celular, e levemente virou a cabeça do rosado. — Ele bateu a cabeça. Mas não sei se foi por isso que morreu. — Deduziu, e olhou para a mancha de sangue que ficou em dois de seus dedos. — O sangue ainda está fresco, o que significa que ele morreu há poucas horas. O assassino ainda deve estar aqui. — Concluiu, limpando a mão em um paninho que ele tirou do bolso de dentro do blazer. Por algum motivo, suas palavras me deixaram um pouco desconfortáveis.

Ele se afastou do corpo e caminhou até a escada, olhando para a entrada no "teto". — Se o corpo estava aqui, então provavelmente o assassino o jogou aqui. 

— E-Então você acha que ele não foi morto aqui dentro?

Namjoon suspirou. — Não. Não há manchas de sangue em nenhum outro lugar senão o chão, e parece que não foi usado nenhum objeto cortante. Se o assassino o matou do lado de fora...então por que ele o esconderia aqui? Era óbvio que mais cedo ou mais tarde alguém viria aqui. — Ele refletiu, mais para si mesmo, mas eu continuava a escutá-lo atentamente. Na verdade, ficava impressionado com o quão inteligente era o mais alto. — Ou a intenção dele era que alguém o encontrasse...ou estava desesperado demais em esconder o corpo. Neste caso, ele não teria o trabalho de descer as escadas com o corpo e colocá-lo aqui, seria mais fácil simplesmente jogá-lo do que arriscar suas roupas ficarem sujas, isto é, se já não ficaram e ele as escondeu. — Concluiu, e eu pisquei algumas vezes, pasmo. Como era possível que ele pensasse em tudo aquilo sem nenhuma prova? Tínhamos acabado de ver o corpo e ele já havia criado várias hipóteses para o que havia acontecido.

De fato, eu não esperava menos de Kim Namjoon. Só esperava que ele conseguisse resolver o meu caso também.

— Vamos subir. — Ele me tirou de meus pensamentos, e assim que subimos, ele se agachou e fechou as portinhas do sótão. Ele provavelmente era preso por um cadeado, mas a corrente que ligava os dois puxadores estava quebrada. — Alguém quebrou a corrente. 

— Não deve ter sido alguém que trabalha aqui, certo? Porque se fosse, em primeiro lugar, ele não teria a chave? E por que teriam ligado para a polícia? — Questionei, e Namjoon assentiu, parecendo concordar comigo, embora sua expressão preocupada ainda fosse meio duvidosa. 

Ele se levantou, e nós subimos as escadas para o deque, então caminhando novamente até a cafeteria. Jungkook estava parado perto da porta, de braços cruzados, observando a tudo e a todos. O garotinho que antes brincava com as pecinhas de montar agora tinha um aviãozinho de plástico em mãos, e saía correndo com ele por aí, com os bracços gordinhos esticados, como se também pudesse voar. Achei engraçado como uma criança poderia estar tão tranquila em um momento tão tenso.

Namjoon cochicou algo no ouvido de Jungkook, que assentiu. — Nós vamos fazer um interrogatório com todos vocês, separadamente. — Algumas pessoas pareceram meio assustadas, como a mulher com a criança, mas a maioria não se importou. — Por favor, duas pessoas nos acompanhem. — O mais novo pediu, e o dono da cafeteria e um outro homem se prontificaram.

Me mantive perto de Namjoon, e junto com o mais velho de todos ali, o seguimos até uma sala vazia. Jungkook e o outro homem foram para a cozinha.

Eu e o Namjoon nos sentamos de frente para o senhor, e o loiro estava de cara fechada. 

— Há quanto tempo você tem essa cafeteria? — O mais velho pareceu precisar fazer as contas mentalmente.

— Há quase quarenta e sete anos. Eu e minha esposa a construímos assim que nos casamos. — Ele pareceu nostálgico, e sua voz tinha um tom triste. Imaginei que ela já não estava mais nesse plano, uma vez que não havia visto nenhuma senhora por ali. 

— Sei...e o senhor convive bem com os moradores daqui da região?

O interrogado soltou uma risada nasal. Comprimi os olhos. — "Moradores da região"? A casa mais próxima fica a três quilômetros daqui. Mas os donos de outros estabelecimentos e fazendas são todos velhos como eu. Na minha idade, acha mesmo que eu teria desentendimentos com alguém aqui?

 — Bem, não sei. É por isso que estou perguntando a você. — Namjoon colocou os braços em cima da mesa, entrelaçando os dedos das próprias mãos. — Por acaso, você já viu aquele homem?

Ele ficou quieto por alguns segundos, e então assentiu em afirmação, um pouco hesitante.

— Sim. Ele chegou com um rapaz hoje bem cedo, até achei que eram irmãos ou amigos...mas os dois usavam aliança. — Ele praticamente sussurrou a última parte, dando uma risadinha. Namjoon entortou um pouco os lábios, pendendo a cabeça para o lado, atento. — Eles disseram que vieram para cá porque a estrada estava bloqueada.

— E você sabe para onde eles estavam indo?

— Não. — Ele balançou a cabeça negativamente. — Mas acho que ouvi algo sobre eles terem saído de férias. Acho que estavam voltando para Seul.

— Certo... — Namjoon murmurou, como se tomasse notas mentalmente. Eu alternava o meu olhar entre ele e o senhor à nossa frente, tentando entender o que se passava na cabeça do loiro. Ele não estava duvidando daquele senhor, estava? 

Mas...se o tal do Kihyun era casado, e o seu marido, ou noivo, que seja, estava ali também, não seria pelo menos esperado que ele tentasse conversar com os policiais?

— Pode me dizer quem é o rapaz que estava com Yoo Kihyun hoje? — Namjoon perguntou, seco, e o outro assentiu.

— É o cara que está sozinho, de cabeça baixa. Ele ficou desesperado quando eu corri para dizer que tinha encontrado um corpo.

— E onde ele estava antes de você encontrar o corpo?

— Hm... — Ele pensou um pouco. — Eu cedi um quarto para eles, já que eles chegaram de madrugada. Acho que ele devia estar lá, eu não o vi a manhã inteira praticamente. Da última vez que o vi, estava falando com o garoto de cabelo rosa no deque.

— E onde você estava?

— Eu e os clientes fomos ver como estava a estrada. Nós tentamos liberar a passagem, mas o tronco de árvore era muito grande. Então todos voltamos para cá. 

— Aquele menininho que estava brincando sozinho, estava com eles? — Apertei as mãos. Ele sorriu.

— Ah, não! Ele é o meu netinho. — Seu sorriso se estendeu de orelha a orelha, e eu assenti enquanto sorria, aliviado. 

— Certo...Agora, você percebeu algo de estranho quando foi até o sótão? O cadeado está quebrado. Mas eu acredito que o senhor tenha a chave, certo? E os funcionários daqui? — Namjoon continuou com as perguntas, sem dar muita importância ao meu pequeno diálogo com o senhor.

— Eu sou o único trabalhando aqui esses dias. Meu filho viajou, por isso meu neto está aqui. 

— Tudo bem, obrigado, senhor...?

— Song.

— Obrigado, senhor Song. 

 

O mais velho agradeceu e saiu da sala. Namjoon preferiu entrevistar mais algumas pessoas, antes de finalmente chegar até o suposto namorado do homem que morreu. As pessoas contavam histórias diferentes, algumas que quase não podiam se passar por suspeitas, outras que mereciam um pouco de desconfiança.

Um dos casais afirmava ter chegado depois do ocorrido, enquanto a mulher com a criança dizia não ter percebido a ausência do de cabelos róseos. 

Segundo Jungkook, as histórias dos interrogados por si batiam, mas era preciso ter desconfiança. Às vezes o esperado não é sempre o correto, principalmente dentro da polícia.

O policial mais novo mais uma vez ficou na sala principal, vigiando e até conversando com as pessoas que estavam ali, e pediu que o último a ser interrogado entrasse na sala que eu dividia com o Namjoon.

Ele o fez. Seu cabelo preto estava desgrenhado, e seus olhos pequenos inchados. Ele era bem alto e usava apenas uma camiseta, o que achei estranho, porque estava frio. Logo de cara, percebi algo estranho: ele não estava usando aliança.

Inclinei meu corpo para o lado, sussurrando minha observação no ouvido de Namjoon, que se manteve imóvel, sem responder. Fiz uma careta e revirei os olhos, constatando que ele estava apenas me ignorando. Talvez achasse que eu não tinha que me meter. Talvez eu não tivesse mesmo.

O moreno dos cabelos bagunçados sentou à nossa frente, de cabeça baixa.

— Qual o seu nome?

— Hyun...Son Hyunwoo. — Ele mal olhou para nós. Namjoon estalou a língua e o olhou, sério, os olhos tão fúnebres quanto a própria morte.

— Você era parceiro de Yoo Kihyun? — Perguntou, seco, e o interrogado levantou a cabeça, com os olhos arregalados.

— Eu...Sim.

— E por que você não está usando aliança? — Ele pareceu se espantar, abrindo e fechando a boca, sem saber o que responder. Depois, virou o rosto e olhou para baixo, abatido. Abri um meio sorriso ao perceber que Namjoon tinha levado em conta o que eu disse, no fim.

— Eu...perdi. 

Franzi o cenho. Como alguém perdia uma aliança? Ainda mais no dia do assassinato do próprio marido? Aquela história com certeza tinha algo por trás. 

— Perdeu? Onde? — Namjoon provocou.

— Acho que no caminho para cá.

— Certo. — Namjoon relaxou um pouco a postura na cadeira, cruzando os braços. — E onde você estava quando o dono do café encontrou o corpo?

— A-Acho que eu estava no meu quarto...eu desci correndo assim que o ouvi gritar. 

— Hm. Mas, se vocês dois estavam juntos, por que o deixou sozinho? Em primeiro lugar? — Namjoon arqueeou uma sobrancelha, cético, deixando os lábios entreabertos. Não pude deixar de notar que aquela expressão ficava sexy nele. — Quando foi a última vez que o viu?

Percebi que Hyunwoo estava um pouco tenso; os ombros retessados e rígidos, a respiração um pouco descompassada. Namjoon estava fazendo várias perguntas de uma vez, assim como fez comigo quando fui interrogado, e deduzi que ele queria confundí-lo.

— E-Ele disse que queria tomar um pouco de ar. Foi a última vez q-que eu o vi...

— Por que?

Ele apertou os lábios. — Nós brigamos. — Respondeu baixinho.

— E por que vocês brigaram, Hyunwoo? — O loiro quis saber, e agora ele estava inclinado para frente, ficando mais próximo do de cabelos negros.

— ... — Ele hesitou, e eu mantive meus olhos fixos em suas mãos, que ele apertava nervosamente no colo. Suas unhas estavam sujas de Terra.

— Hyunwoo? — Eu o chamei, tentando ter sua atenção. Ele parecia absorto nos próprios pensamentos. Vi uma lágrima escorrer do seu olho esquerdo pela bochecha.

— Nós estamos sendo cobrados frequentemente por causa de umas contas atrasadas. — Ele disse, com a voz fraca. — Eu disse ao Hyunie que eu já tinha pago todas as contas, mas hoje o banco ligou para ele. E-Ele...ele quis explicações, disse que eu tinha mentido, que não podia confiar em mim, mas eu só não queria que ele ficasse preocupado! Não era motivo pra gente brigar! — Ele levantou o tom de voz, com o choro embargado. — Eu pedi desculpas e ele disse que precisava tomar um ar...foi...fo-foi a última vez que eu o vi. 

— Você conhece alguém que pode ter algo contra você ou o seu namorado?

— N-Não..acho que não. O Hyunie sempre foi uma pessoa muito calma e doce, todo mundo que eu conheço o adorava. — Ele soluçou. — E-Ele...era uma pessoa tão boa. — Fungou.

Ouvi Namjoon suspirar, cansado, e eu o olhei. A expressão dele continuava a mesma. Eu me perguntava se ele não sentia pena daquelas pessoas. Perder alguém deveria ser muito doloroso.

—  Sei. E onde vocês dois estavam quando os outros saíram para ver a situação da estrada? — Namjoon frisou o "dois", arqueando ambas as sobrancelhas claras a espera de uma resposta.

O moreno ficou ainda mais pálido. — F-Foi quando nós discutimos...estávamos no meu quarto.

— Certo. Vamos parar por aqui, você pode voltar para a sala. Obrigado. — Ele agradeceu, se levantando. — Seokjin, vem comigo. 

Engoli em seco quando ele me chamou e passou pela porta, e me levantei também. Antes de sair, no entanto, me aproximei do homem na cadeira e toquei seu ombro levemente.

— Vamos achar o culpado. — Lhe assegurei, com um sorriso fraco. Duvidava que alguma coisa no mundo fosse capaz confortá-lo naquele momento.

Namjoon passou reto pela sala e por todas as pessoas, e até mesmo ignorou quando Jungkook gritou "hyung", apenas passando pela porta de entrada e seguindo até o deque. Ele parecia pensativo, então não quis interrompê-lo ou incomodá-lo, apenas seguindo-o.

Ele deixou apressado as escadas do degue, chegando até o solo lamacento de terra. 

— Tem algo de estranho nessa história. — Ele disse, enfim quebrando o silêncio. 

— O que?

Ele passou o polegar e o indicador pelo queixo, pensativo, e olhou para cima, parecendo procurar algo no lado externo do café.

— O que foi? — Insisti, ansioso.

— Câmeras. — Ele bufou, frustrado. — Não há nenhuma câmera aqui. — Passou a mão pelos cabelos loiros, que já haviam secado, colocando-os para trás. — Hyunwoo disse que Kihyun falou que queria tomar um ar... — Ele refletiu, se virando para a densa floresta. — Se ele saiu do café, e foi jogado no sótão, então quer dizer que o assassino o matou do lado de fora. Mas isso ainda não explica por que ele simplesmente não o deixou no meio do mato.

— V-Você...você acha que foi proposital? — Perguntei, com a voz fraca. Mordi o lábio ao sentir uma pontada na cabeça. — Não faz muito sentido. 

— Não sei. — Ele respondeu, meio distraído, começando a andar pela área. — Se ele o tivesse matado dentro da floresta, então não faria sentido traze-lo para cá. A chuva com certeza apagaria as suas pegadas, seria mais fácil simplesmente deixá-lo por lá. O que quer dizer que deve ter sido por aqui. Todos nos disseram que antes de encontrarem o corpo, foram até a estrada tentar liberar o caminho...a mulher e as duas crianças dormiam. — Ele disse, concentrado. — Mas onde estava Hyunwoo nessa hora? Ele é um dos mais fortes aqui, com certeza teria tentado ajudar. — Me olhou, e eu retribui o olhar com surpresa.

— Acha que foi ele que o matou?! Era o marido dele! — Retruquei, estupefato.

Ele não respondeu, mas pareceu encontrar algo interessante, porque se agachou na frente de uma árvore e fez uma careta. 

Me aproximei para ver o que era, curioso.

— Sangue. — Ele olhou para mim, e depois para cima. A água que se acumulava em um espaço mais fundo ali se misturava com o líquido vermelho. A área estava rodeada por pedras. — O Sr. Song disse que a última vez que viu Kihyun, ele estava conversando com o namorado no deque. — Ele se levantou e subiu as escadas mais uma vez, eu o segui.

Ele parou na frente da escada, olhando para as copas de árvores molhadas pela chuva incessante que continuava a cair. — Eles brigaram. — Murmurou. — Vamos supor que isso tenha acontecido um pouco antes dos outros saírem para tentar limpar a estrada. — Assenti, prestando atenção a cada palavra. — Eles provavelmente brigaram no quarto, quando Kihyun recebeu a ligação, e então ele saiu para tomar ar no deque. Hyunwoo achou que seria a oportunidade perfeita para tentar explicar as coisas, já que todos estavam fora. Kihyun não quis escutar, então eles brigaram de novo. — Constatou, meditativo. — Hyunwoo perdeu a cabeça, nervoso...

— E empurrou Kihyun escada abaixo. — Completei, abismado. — M-Mas...mas pode ter sido um acidente, não pode?

Namjoon assentiu, quase sorrindo. — Kihyun provavelmente escorregou quando foi empurrado. Ele não tinha nada para se segurar, então caiu e bateu a nuca naquela árvore com força. Hyunwoo não soube o que fazer, então o arrasou até o sótão.

— Mas Namjoon...por que ele faria isso? Por que ele não avisou os outros? Foi um acidente.

— Porque ele ficou com medo. Com medo de ser culpado pela morte de uma pessoa que amava pelo resto da vida. — Me olhou, sério, e colocou as mãos nos bolsos. — Talvez ele tenha pensado que se o deixasse lá, então alguém pelo menos iria encontrá-lo e ligar para a polícia. Assim ele não precisaria dar explicações e o namorado ainda teria um final "mais digno". — Ele passou por mim, colocando as mãos na "cerca" de vidro em torno do deque. — Mas o problema é que ele não tinha como fugir. Ele provavelmente não pensou nisso.

— Mas e a aliança? Por que ele estava sem ela? — Quis saber, esperançoso de que ele tivesse uma explicação.

— Ele deve ter jogado em algum lugar. Não acho que ele ficaria com ela depois de fazer o que fez. — Deu de ombros, e tentei aceitar aquela explicação.

Namjoon sugeriu que voltassemos ao café, e assim fizemos. Namjoon chamou o Sr. Song para conversar por um momento, acredito que para tentar lhe explicar a situação e acalmá-lo, e eu fiquei na compainha de Jungkook, que estava bem quieto.

Eu sentava agora ao lado da mulher com a criança, e era impossível esconder o meu sorriso a cada vez que o bebêzinho sorria com aqueles dentinhos banguelas e a boca molhada. 

Jungkook apenas nos observava, sem tentar puxar assunto. Ele já estava ciente da "nossa" descoberta. Algumas vezes eu o pegava olhando para Hyunwoo, que estava sentado no chão, olhando para baixo.

Ouvi passos se aproximando, e levantei a cabeça para fitar a cabeleira loira e a figura menor que se projetava atrás de Namjoon. Ele parou no meio do espaço, de frente para todos. Eu e Jungkook nos levantamos, nos posicionando ao lado do policial e do dono do local.

—  V-Vocês conseguiram encontrar? Já sabem quem é o assassino?! — Uma mulher perguntou, ansiosa. Percebi que ela usava roupas de marca, provavelmente caras. — Eu tenho uma reunião da empresa às cinco! Não posso me atrasar! 

—  A senhora não vai a lugar nenhum antes que o resgate tire aquele tronco de árvore da estrada. — Jungkook a interrompeu. — Por favor, tenha calma. — Ele a encarou com um olhar de desaprovação, e vi a mesma revirar os olhos, insatisfeita. 

Namjoon olhou para Jungkook e movimentou levemente a cabeça, agradecendo. — Na verdade, sim, Sra. Lee. Nós encontramos o principal suspeito. 

Todos pareceram chocados.

— Son Hyunwoo. — O mesmo levantou a cabeça de prontidão, assim que foi chamado.

—  S-Sim...? —  Sua voz falhou. 

— Você é o responsável pela morte de Yoo Kihyun? —  Na lata.

Vi os olhos pequenos do suspeito se arregalarem, e sua expressão se transformar em completo horror. 

—  É-É claro que não! — Ele se levantou, um pouco alterado, mas continuando no mesmo lugar. — E-Eu j-jamais faria algo contra meu m-marido... — Percebi que aquela "revelação" chocou algumas pessoas, que no entanto permaneceram em silêncio, atentas e um pouco assustadas.

Todos gritaram quando a luz que iluminava o local estourou, e tudo se apagou, porque caiu a luz. Mas Namjoon não pareceu se importar.

— Mesmo? Não é o que parece. — O mais alto retrucou. — Você o matou, Son Hyunwoo. Você matou Kihyun e o jogou naquele sótão. 

— NÃO! — Ele gritou, nervoso, e lágrimas começaram a rolar pela sua face.

— Você o empurrou da escada depois que brigaram, não foi isso?

— Eu já disse que NÃO! — Vociferou mais uma vez, com as mãos pressionando a cabeça, como uma criança que tentava afastar pensamentos ruins da mente.

 Namjoon suspirou pesadamente. — Eu tenho uma hipótese para isso, Hyunwoo. — Namjoon disse, despreocupado. Hyunwoo ficava mais perturbado a cada vez que o loiro pronunciava seu nome, como que com desprezo. Aquilo era um pouco cruel da parte dele, mas sei que não dava a miníma para isso. — Assim como você falou, Kihyun recebeu uma ligação de manhã. Uma cobrança do banco. Mais uma. Ele exigiu explicações de você, porque várias vezes você mentiu, dizendo que já tinha pago as costas, mas não quis ouvir. Ele disse que precisava tomar um ar, mas você não o deixou sozinho, deixou? — O outro não respondeu, apenas escutando enquanto lágrimas cada vez mais desesperadas molhavam seus olhos e suas bochechas. — Os outros haviam acabado de sair, e você não foi junto porque queria falar com ele. Vocês pararam em frente à escada. — Namjoon desviou o olhar para os outros presentes ali. — Você tentou pedir desculpas, mas ele não ouviu. Você não queria machucá-lo, mas perdeu a cabeça e o empurrou do deque, porque não viu que ele estava perto da borda. — As mãos do outro tremiam enquanto Namjoon pronunciava tais palavras, como se cada uma delas o torturasse e aumentasse a dor de seu pecado. — Você entrou em pânico, sem saber o que fazer. Não queria que seu namorado ficasse ali, no meio da chuva, então o arrastou até o sótão, quebrou o cadeado que o trancava e o jogou lá dentro. Porque assim alguém o encontraria, e talvez ele tivesse o enterro que merecia. — Namjoon riu nasalmente. — Só que você se esqueceu de que a estrada estava bloqueada, então preferiu fingir que simplesmente não tinha visto nada. Você até jogou a sua aliança fora, não foi? 

Um grito grave e sofrêgo foi ouvido, e Hyunwoo começou a chorar desesperadamente. Me senti mal por ele. — NÃO, não, não... — Ele repetiu, soluçando. — Foi um acidente! Não foi de propósito! F-Foi culpa dele por ser tão teimoso! 

Algumas pessoas soltaram um "ah", assustadas, se encolhendo em seus assentos. Engoli em seco e fiz menção de me aproximar.

— H-Hyunwoo... — Dei alguns passos para frente, o chamando com cautela, a voz mais suave do que costumava ser.

— Se afaste! — Ele tirou um canivete do bolso, o apontando para mim. Arregalei os olhos e parei de andar, um pouco chocado. — Todos vocês, se AFASTEM! — Ele esticou o braço com o canivete e girou o próprio corpo, apontando o objeto cortante para todas as direções. 

Eu tentei me aproximar novamente, mas Namjoon deu alguns passos a frente, ficando ao meu lado.

— Nem pense nisso. — Ordenou, sem tirar os olhos de Hyunwoo. 

Fiz uma cara de desgosto e não obedeci. Por que ele mesmo não parava o rapaz?! Afinal, ele quem o havia deixado nervoso!

— Hyunwoo, acalme-se, 'tá bem? — Ele deixou que eu me aproximasse um pouco, e ousei abrir um pequeno sorriso para ele, andando em sua direção lentamente. Ouvi Namjoon bufar atrás de mim. — Dê isso para mim. — Lhe pedi, esticando a mão.

Ele fez que não, as lágrimas começando a secar. Insisti e me aproximei um pouco mais, repetindo em sussurros palavras de conforto para ele, que estava quase cedendo. Estiquei a mão até a sua, para pegar o canivete, mas ele recuou abruptamente e cortou o meu braço.

A mulher com o bebê deu um grito, e Jungkook e Namjoon avançaram para cima do assassino.

Eu fiquei em choque.

Olhei para o meu braço e para o sangue que praticamente jorrava do corte. Coloquei minha mão em cima, em uma tentativa de estancá-lo, e me senti enjoado ao ver a minha própria mão adquirir aquele tom vermelho escuro. 

Os dois policiais seguraram o homem, e Namjoon apenas virou para mim para me olhar com desdém.

O dono do café rapidamente correu ao meu socorro.

— Aigo, aigo, aigo! Por que vocês meninos de hoje em dia não tomam mais cuidado? Isso foi perigoso. — Ele disse, preocupado, e eu sorri. Ele me trouxe um pano e me ajudou a amarrá-lo no ferimento, apenas até que o sangramento parasse.

xXx

Já era noite.

Depois de todo o ocorrido, Namjoon ligou para Yoongi e ele conseguiu com que o resgate chegasse mais depressa. Yoongi levou uma viatura para lá, e Hyunwoo foi preso. Além disso, eles levariam a perícia para lá no dia seguinte para buscar o corpo e concluir a investigação da forma devida. 

Eu só conseguia me sentir mal por ele. Eu nem conseguia imaginar a dor que ele estava sentido por ter que lidar com a morte do próprio parceiro, e que foi dele a culpa.

Jungkook decidiu ir embora com Yoongi, já que além deste só havia mais um policial com ele, e eu e Namjoon pegamos a estrada com o mesmo carro que havíamos chegado. Ele não tinha dirigido nem uma palavra a mim.

— O que vai acontecer agora? Com o corpo de Kihyun...e tudo o mais. — Perguntei. Estava encolhido no banco de couro do carro, tentando lidar com a dor de cabeça insistente que voltara. 

— Ele será levado para o IML, é preciso fazer o atestado de óbito. Depois disso, ele poderá ser enterrado normalmente. — Me respondeu, seco. Então me lembrei de alguma coisa.

— E por que o corpo que nós visitamos no outro dia ainda não foi enterrado? 

Ele suspirou, claramente sem vontade alguma de falar comigo. 

— Nós ainda não fechamos o caso, então precisamos dele. — Disse, seco, mais uma vez. Aquilo era simplesmente horrível, não deixar que uma pessoa seguisse o seu caminho na "paz", ou o que seja, mesmo depois de morta. — O que você fez foi muito irresponsável. — Ele disse, de repente, o que me assustou um pouco.

Desviei meu olhar dos outros carros e o olhei. — Eu sei, eu só estava tentando acalmá-lo.

— Seokjin, eu sou um profissional. Eu sei o que faço. — Respondeu friamente. — Você teve sorte de ser apenas um corte. E se ele o tivesse matado?! — Aumentou o tom de voz, irritado.

Não faria tanta diferença, pensei.

Eu não respondi, mas acho que pela minha cara ele percebeu que eu estava um pouco arrependido, porque não tocou mais no assunto. 

Na verdade, eu estava passando mal.

Estava me sentindo fraco pela perda de sangue, que não parava. O dono da cafeteria até teve que me ceder mais um pedaço de pano para cobrir o ferimento, já que ele não tinha faixas nem gases. 

Minha cabeça estava latejando, de novo. Eu ainda estava meio chocado com o que tinha acontecido, provavelmente foi muita coisa de uma vez para mim. 

 

Demoramos umas duas horas para chegar em Seul e enfim até o apartamento de Namjoon. Ele me ajudou a sair do carro, já que eu tinha dito que estava um pouco tonto, mas dispensei sua ajuda para andar. 

Ele abriu a porta do apartamento e quase abri um sorriso, aliviado por estar ali novamente. Sei que não era minha casa, mas mesmo assim estava contente por estar ali, no meio de todo aquele conforto. 

Ele entrou na cozinha para pegar um copo d'água. 

É claro que eu ainda não me sentia totalmente confortável em dividir o apartamento com ele, principalmente estando ali mais como um intruso do que como um convidado, então tentava sempre não incomodá-lo ou pedir muitas coisas, mas estávamos nos acostumando um pouco mais com a presença um do outro. Eu ficava no meu espaço, e Namjoon no dele.

Senti uma forte tontura ao passar pelo corredor, e apoiei a lateral do meu corpo na parede, para não cair. Minha cabeça doía em vários graus de diferentes, e eu sentia algumas pontadas mais fortes. 

— Jin? — Ele me chamou. — Quer beber alguma coisa? — Perguntou, mas não respondi. 

Apertei o machucado enfaixado com a mão, vendo que ele voltara a sangrar. Ouvi Namjoon me chamar novamente, com a voz um pouco distorcida.

Olhei para seus olhos amendoados e castanhos quando ele veio até mim, me chamando, antes de minha visão ficar turva. Seus braços compridos me enlaçaram.

Então tudo ficou preto. 

Mr. Sandman, bring me a dream
Make her the cutest I've ever seen
[...]

Sandman
I'm so alone


Notas Finais


TÁ, esse é o MAIOR capítulo até agora, então eu espero que tenha superado as expectativas, ainda mais com a ilustre presença dos meus dois bolinhos do monsta x, kihyun e shownu <33
Pra quem pensou que o Taehyung e/ou o Jimin iam aparecer, TROSLEI. Mas juro, a chegada do Taehyung está mais perto do que vocês pensam :))
Esse capítulo não teve praticamente nada a ver com o caso do Jin, nem com o das meninas, mas por favor entendam que por ser uma long fic eu não posso jogar tudo de uma vez ajhsjqhe fora que como policial, o Namjoon deve cumprir com o papel dele e cuidar de outros casos, qualquer que seja a situação. Além disso, por ter ficado um pouco (muito) grandinho, talvez tenha faltado uma coisa ou outra, já que eu não queria estender demais...mas espero que tenham gostado do Nam todo fodão descobrindo tudo <33
É um homão da porra mesmo, né gente?

Até mais <33
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