1. Spirit Fanfics >
  2. Route to Murder >
  3. Wanna play hide and seek?

História Route to Murder - Wanna play hide and seek?


Escrita por: yewoon

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAAAA EAE RAPAZIADA, como vão vocês?? Depois de oitenta e quatro anos, finalmente voltei pra essa bagaça, com um capítulo quentinho que acabou de sair do forno \o/
Antes que me apedrejem, devo deixar claro que foi tudo por causa do meu período de provas. Mas, graças à Min Yoongi, a tensão toda finalmente acabou e agora vou poder me dedicar mais à fanfic novamente ♥ Na verdade, eu fui bem na maioria das provas (kk eae biologia), então valeu a pena a espera, porque agora posso realmente ficar menos preocupada com a escola e tudo o mais.

ENFIM. Queria agradecer imensamente pelos quase quarenta e cinco favoritos! <3 Já já a gente chega em cinquenta (amém), e eu fico feliz por saber que vocês estão gostando.
To lutando muito contra mim mesma pra conseguir desenvolver bem esse drama todo aksjqkje
Aliás, talvez esse capítulo tenha ficado um pouco confuso, porque muita coisa está sendo jogada em cima de vocês de uma vez, mas eu apenas peço PACIÊNCIA. Vida de policial é assim mesmo, tudo na paulera. E além disso, as coisas vão se resolvendo aos poucos, infelizmente tem que ser assim mesmo, para que depois tudo faça sentido na cabecinha de vocês (será?) :(
Então por favor prestem mt mt atenção nos detalhes, e caso surjam dúvidas, sintam-se livres para perguntar, é claro <3 Talvez eu mesma tenha deixado passar algo, né não. Mas algumas coisas que me "cobraram", como eles compararem os dois corpos, vão sendo resolvidas nos próximos caps também, relaxem que eu não esqueci de nada, tá tudo sendo muito bem planejado.
E pra quem tá ansioso, segura o forninho que já já outro membro do Bangtan entra na história rsrsrs (um personagem mt importante, por sinal).

Ah, além disso, estou escrevendo uma fanfic Jikook, e assim que receber a minha capa, vou postá-la <3
Caso vcs gostem desse ship, fiquem atentos.

Espero que gostem! <3

Capítulo 8 - Wanna play hide and seek?


Fanfic / Fanfiction Route to Murder - Wanna play hide and seek?

Namjoon P.O.V

Eu observava Seokjin enquanto este dormia, sentado em uma cadeira que eu trouxera da sala, do lado de minha cama. Ele tinha um paninho úmido na testa, que eu tinha colocado sob orientação do Hoseok.

Eu não era lá a melhor pessoa para cuidar de alguém. Meu trabalho era prender criminosos e apenas isso, a parte de cuidar das vítimas já era responsabilidade de outros tipos de profissionais. Mesmo assim, me mantive ao seu lado quase o tempo todo, preocupado que quando acordasse ele estivesse pior, ou não se lembrasse de nada, ou se lembrasse de tudo. 

Na verdade, estava um pouco preocupado de que a sua condição neurológica tivesse piorado. Ele já não reclamava tanto, pelos menos para mim, das dores de cabeça constantes, mas tinha certeza de que ele estava longe de ficar realmente bem. Podia não ser tão observador quando se esperava, mas não era idiota: às vezes ele parava, se sentava no sofá, e ficava minutos olhando para o chão, com as mãos pressionando a cabeça. 

Enquanto o observava, percebi alguns detalhes em seu rosto, que na verdade não poderia deixar de notar: seus lábios eram bem carnudos, e não era efeito do inchaço devido ao machucado na parte inferior, seus traços eram bem marcados, principalmente maxilar e o filtro labial, as sobrancelhas eram grossas, mas não muito, e os olhos grandes e abertos, diferentes dos meus. Na verdade, era um homem bonito, e apesar dos machucados, que agora possuiam um tom verde amarelado, sua beleza continuava perceptível.

Apoiei as mãos na coxa para me levantar, em um suspiro cansado, quando ouvi os movimentos na cama, e percebi que Seokjin estava acordado. Virei a cabeça para fitá-lo, e aqueles olhos enormes e confusos me olharam, procurando pelas respostas das perguntas implícitas em seu olhar. 

Passei a mão pelos cabelos, sem saber exatamente o que dizer no momento. Percebendo o meu pequeno conflito interno, ele olhou ao redor e fez uma careta, provavelmente estranhando o fato de estar em meu quarto, no qual ele só tinha entrado uma vez desde que chegou ali, e se sentou na cama, tirando o paninho úmido da testa, com as pernas para fora.

— Você lembra de ter desmaiado? — Perguntei, apreensivo.

Ele assentiu, meio zonzo e sonolento. 

— Não precisava ter me trazido pra cá. — Ele disse. — Por quanto tempo eu fiquei desacordado?

— Só algumas horas. — Respondi, com as mãos nos bolsos. Eu nem tinha visto o tempo passar, mas sabia que estava tarde, muito tarde. Deve ser por isso que Jungkook estava sempre reclamando de minhas olheiras profundas e escuras. — Você se lembra de alguma coisa? Sobre o seu passado... — A princípio, ele me olhou confuso, talvez um tanto curioso, parecendo não me compreender. Depois, sua expressão se tornou vazia e sem vida, seus olhos, mais opacos. — Jin? — O chamei, tentando acordá-lo do transe.

Ele piscou algumas vezes e deu um meio sorriso. — Nada de importante pra você.

— E pra você? — Juntei as sobrancelhas, desconfiado.

— Não tenho certeza. — Sorriu, depois de uns segundos me olhando sério os olhos. — Minha cabeça 'tá doendo ainda mais... — Reclamou, colocando uma mão na cabeça, e fez menção de se levantar, mas o impedi.

— Fique aqui hoje. Eu posso dormir no sofá.

— Não. Não precisa.

Seokjin, apenas fique aqui. — Respondi, firme. Ele não foi contra, o que me deixou um pouco impressionado. — Nós temos muito lugares para ir de manhã. Apenas descanse.

Ele bufou, emburrado. O olhei com decepção, vendo o quanto ele se parecia com uma criança às vezes, apesar de ser mais velho que eu. 

Me levantei e saí do quarto, fechando a porta atrás de mim. Achei que talvez ele precisasse de algum tempo sozinho, para colocar os pensamentos em ordem. 

Me arrastei até a sala, sentindo meus ombros pesados, e me joguei no sofá, de barriga para cima. Afrouxei a gravata e respirei fundo, permitindo que o máximo de ar possível entrasse em meus pulmões. 

Eu não conseguia me lembrar da última vez em que tivera uma boa noite de sono, mas tampouco acreditava que estava perto de acontecer novamente.

Minha cabeça estava cheia de coisas sobre as quais parecia inútil pensar. Era extremamente difícil resolver um caso desses, sem provas, sem impressões digitais, sem pistas, sem nada. A única prova que tínhamos era de que as digitais de Seokjin eram compatíveis com as da faca deixada na cena do crime de Chong Jisoo, quando precisávamos provar que ele era inocente. Além do mais, havia uma suposta vítima de um sequestro, da qual não tínhamos a miníma ideia da localização. Mas com certeza daríamos um jeito de descobrir. 

Mas aqueles dois símbolos no tornozelo de Chong Jisoo me deixaram pensativo. 

"KI", eu me perguntava o que isso significava. Hoseok também não tinha nos falado sobre tatuagens no corpo dela, o que aumentava ainda as minhas suspeitas.

Se aquilo era de fato uma rubrica, então provavelmente o corpo de Suk Sun Hee também teria uma. Eu só precisava esperar por informações por parte de Jungkook e os resultados do exame que Hoseok faria na marca, para saber o tipo de material utilizado. Dependendo dos resultados, eu poderia comprovar a minha hipótese de que ambas foram vitímas do mesmo assassino. 

Apertei as têmporas com os dedos, pensativo, antes de pegar no sono.

 

Acordei poucas horas depois, de manhã, ofegante e assustado. Meu corpo estava quente, e percebi que eu estava suando. Olhei ao redor, confuso, mas não havia nenhuma presença ali além de mim.

Engoli em seco. 

A imagem daquela noite retornou à minha mente, e mais uma vez me vi incapaz de fazer qualquer coisa pela garota que gritava por ajuda. 

Me levantei, me arrastando até a cozinha, e levantei as sobrancelhas em surpresa ao me deparar com Seokjin, quebrando ovos em uma frigideira. 

Esperei que ele me notasse, e quando o fez, notei a expressão de desespero em seu rosto. 

— É-É...hm...oi. Bom dia. — Ele se embaralhou nas próprias palavras. Estava vestido com a mesma calça do dia anterior, e uma camisa azul — mais uma peça que eu havia emprestado a ele. — Eu não queria sair fuçando pela sua cozinha, mas achei que merecíamos um café da manhã decente. — Soltou uma risadinha, e imaginei que ele se referisse ao fato de em todos os dias, praticamente, só nos sustentarmos de macarrão instantâneo e café.

Não me importei. A cozinha para mim era só mais um dos lugares naquela casa dos quais eu nunca, ou quase nunca, faria uso. Me aproximei dele e notei um prato com algumas torradas em cima da bancada.

— Café da manhã americano? — Perguntei, sorrindo fraco. Ele assentiu. — Parece bom. 

 

Nos sentamos juntos na bancada, lado a lado, e eu provavelmente teria comido tudo se não estivesse ali com Seokjin. Ele, por outro lado, parecia um pouco sem ânimo, visto que apenas remexia os ovos mexidos com o garfo.

— Você cozinha bem. Se eu tentasse fritar um ovo, provavelmente quebraria a frigideira. — Ele riu.

— É. Acho que descobri outra coisa sobre mim mesmo. — Ele murmurou. — Acha que vamos conseguir saber mais coisas sobre mim indo até o hospital?

— Bom, você provavelmente deve ter alguém de quem seja próximo por lá. — Respondi, tomando um gole do café amargo do qual eu tanto gostava. O de Jin era um macchiato. — Depois disso, temos que ir ao necrotério mais uma vez. Mas talvez isso fique para amanhã. — Ele assentiu.

— Ah, Namjoon. — Ele me chamou, ambas as mãos segurando a caneca. — Obrigado por cuidar de mim ontem.

O olhei em silêncio por alguns segundos, sem responder.

 

O caminho que percorremos para Gangnam fora o mesmo da outra vez. Surpreendentemente, e para a nossa satisfação, o trânsito estava mais ameno — provavelmente porque ainda era cedo.

Jungkook ainda não havia me ligado, e também não recebi nenhuma mensagem de Yoongi ou Hoseok, então deduzi que estavam ocupados com algum outro caso, o que não seria fora do normal. 

O prédio do hospital era enorme, um dos hospitais mais reconhecidos da região. Se Seokjin era um médico de lá, então provavelmente deveria ser muito prestigiado. 

Havia uma placa vertical de metal no jardim vasto e bem cuidado que cercava o hospital, com o nome deste: Hospital Kwangdong de Medicina Coreana.

Seokjin encarou a placa e depois olhou o prédio de cima abaixo, com as mãos no bolso, e uma expressão que eu não sabia dizer ao certo o que significa. Então ele respirou fundo, provavelmente se preparando. 

Dei uma batidinha em suas costas, quando este assentiu mostrando que já estava tudo bem, e comecei a andar na frente.

O hospital era bem organizado e limpo, talvez até mais do que o que havíamos ido para fazer os exames de Jin. Nos aproximamos da recepção, onde um balcão extenso era disposto contra a parede, com várias "cabines" divididas por placas de vidro que dividiam uma mesa da outra.

A sala de espera estava quase vazia, e as poucas pessoas que aguardavam a sua chamada eram muito bem vestidas, era difícil saber pela aparência quem estava doente ou quem não.

Seokjin continuou parado no mesmo lugar, olhando fixamente para um ponto no fim do corredor que levava ao pronto socorro — as portas haviam sido abertas por uma enfermeira.

Ele fez uma careta e apertou os olhos, a mão pressionando a cabeça, em sinal de que ele provavelmente estava se lembrando de alguma coisa. Me aproximei, preocupado de que ele passasse mal novamente e desmaiasse, ou qualquer coisa assim.

Pousei uma mão sobre suas costas, evitando muito contanto, e ele virou para me olhar, abrindo um quase sorriso. 

— Tudo bem? — Ele assentiu.

— E-Eu só...acho que lembrei de alguma coisa. Eu estava correndo com outros médicos, levando um paciente até a sala de operação. — Ele disse, sem fôlego.

Estava prestes a responder, quando uma voz feminina atravessou os meus tímpados, e ergui a cabeça para ver uma mulher de jaleco, com os cabelos curtos pouco acima dos ombros. Ela nos olhava como se tivesse visto um fantasma, e tanto eu quanto Seokjin a olhávamos confusos. Então o timbre doce e suave de sua voz invadiu os meus ouvidos mais uma vez.

— Seokjin? — Ela chamou.

— Você me conhece? — Jin perguntou, surpreso, quando ela se aproximou de nós e o olhou como se ele estivesse bêbado ou tivesse batido a cabeça forte — bem, não estava de todo errada.

— É claro que sim. — Ela riu, parecendo nervosa. — Você não aparece há dias. Achei que tivesse pedido as contas, mas não retornou minhas ligações nem respondeu minhas mensagens. E o que aconteceu com o seu rosto?

A olhei, imaginando que talvez fosse uma amiga ou namorada de Jin, o que, devo admitir, me soou um pouco estranho. Percebi que ela segurava uma prancheta, e seus olhos pareciam tristes.

O moreno ao meu lado pareceu sem palavras, e eu suspirei.

— Será que podemos falar um pouco em particular? — Pedi, olhando para os lados com o quanto dos olhos, como se pedisse um pouco de privacidade.

À primeira instância, ela me olhou, confusa, depois olhou para Seokjin, e então percebeu que devia haver algum problema. Deu as costas para nós e fez sinal para que a seguíssemos, e assim o fizemos.

 

xXx

 

— Então...quer dizer que você não lembra de nada? Tipo, nada mesmo? — Perguntou, chocada. — Você não sabe quem eu sou?

O Kim fez que não, e ela pareceu desapontada, pelo jeito como o seu sorriso murchou e seus olhos olharam para baixo. 

— Não, mas eu esperava que você pudesse me ajudar a lembrar de alguma coisa, qualquer coisa. Por favor. — Seokjin pediu, em súplica, e ela sorriu novamente. Estendeu uma das mãos para pegar a do mais velho, que retribuiu o gesto, ainda que um pouco sem jeito.

Me mantive em silêncio e de braços cruzados, apenas observando e escutando tudo com o máximo de atenção. Afinal, naquele momento eu era apenas um mero espectador, e se eu quisesse filtrar alguma coisa daquela conversa, deveria estar ciente de cada detalhe.

— Certo. Meu nome é Ban Ki Moon, e fizemos faculdade juntos. Pra falar a verdade, você nunca me falou muito sobre o seu passado ou a sua família. — Moon riu de um jeito fofo. — Mas se bem me lembro, você comentou algo sobre ter um padrasto. Mas não parecia gostar muito dele. — Olhou para cima, pensativa, e Seokjin engoliu em seco. 

— E minha mãe? Meu pai? Sabe algo sobre eles? — Ela pareceu pensar pos uns segundos.

— Hm, não. Acho que não. 

O moreno me olhou pelo canto dos olhos, esmaecido de qualquer esperança, mas abri um pequeno sorriso para ele. Seus lábios não se moveram, mas percebi que seus olhos sorriam; ele fazia isso às vezes. 

Relaxei os ombros.

— E como eu era? Digo, de personalidade... — A mulher não pareceu muito confortável em responder essa pergunta.

— Pra ser sincera, Jin, sempre gostei muito de você. Mas você sempre foi muito fechado, acho que nunca se abriu de verdade para alguém. — Colocou uma mecha de cabelo para trás. Seokjin pareceu impressionado com a naturalidade com qual ela falava tais coisas, mas não esbocei muita reação. Não éramos mais adolescentes. — Você era um pouco frio às vezes.

— E você sabe onde ele morava? Porque não conseguimos localizar. O último local foi registrado em 2007, e bem, parece que é uma casa de idosos agora. 

Ela sorriu torto, me encarando com dúvida. 

— Sei. Posso levar vocês até o seu apartamento, mas tem que ser depois que meu expediente acabar.

— Tudo bem. Obrigado. —  Eu e Jin agradecemos, abaixando a cabeça em respeito.

Ela deu uma risadinha. — Aliás, você pretende voltar? Para o trabalho. Acho que se você tentar conversar com o "nosso" superior, ele pode te contratar de novo. Ficou furioso quando percebeu que você sumiu, mas você é um dos melhores médicos que já passaram por aqui. Ele com certeza não ia querer te perder. — Seokjin sorriu, compreensivo. Eu o olhei, esperando por uma resposta tanto quanto a moça.

—  Não sei. — Mordeu o lábio. — Acho que eu preciso me recuperar primeiro, um médico sem memória não é muito útil, certo? — Riu para si mesmo, mas notei que ele ficou um pouco desconfortável, e eu com certeza descobriria o por quê.

— Entendo. Espero que se recupere logo.  —  Notei a sinceridade em suas palavras. —  Ah! Vocês são namorados?

Eu e Seokjin nos entreolhamos, atônitos, e depois voltamos o olhar para a moça dos cabelos curtos.

— Não. —  Ele falou e riu, nervoso, como se fosse óbvio. —  Por que você pensou nisso?

— Ah... —  Ela pareceu envergonhada. —  É que...você é gay, não é? Digo, não foi por uma mulher que você me rejeitou, ano passado. — Riu, embaraçada.

— Sou um policial, estou apenas ajudando ele a recuperar as memórias. — Ela abriu a boca, fazendo um "aaah".

Seokjin estava em choque.

Eu o olhei, tentando ler sua expressão, mas sua mente parecia vazia. Eu não sabia muito bem o que pensar, até porque, não tinha nada a ver com a vida pessoal do moreno — essa que ele mesmo desconhecia — , mas a situação pareceu bem divertida. Ri abafado, tampando a boca discretamente com uma das mãos.

Percebendo o atordoamento do outro, Ban Ki Moon se levantou, com um sorriso forçado, se aproximando de nós. Ela estendeu ambas as mãos para nós, e apartei uma delas.

— Desculpe, foi um pouco inconveniente da minha parte. — Seokjin apenas assentiu, tentando mostrar que não tinha problema. — Espero de verdade que você melhore. Eu preciso ir para a sala de cirurgia agora, mas posso levar vocês lá amanhã. Ou será que vocês preferem apenas o endereço? — Nos soltou, deixando as mãos caírem ao lado do corpo.

— Tudo bem, pode apenas nos passar o endereço? Precisamos ir até lá o mais rápido possível. — Ela pareceu surpresa com a minha resposta, entortando os lábios, desgostosa, mas apenas assentiu. Tirou um post-it amarelo da bolso do jaleco e uma caneta, e rapidamente escreveu um endereço, entregando-o ao moreno.

— Obrigado, mais uma vez. — Ele disse, sorrindo. Me levantei junto a ele, e nos despedimos da moça.

 

Seokjin P.O.V

 

Li o endereço no papel em minhas mãos, tentando me lembrar de algo, mas nada surgia em minha mente, o que não era novidade.

O encontro com a minha suposta amiga da faculdade havia me deixado um pouco abalado, principalmente quando ela citou o fato de eu ter um padrasto. De alguma forma, mesmo que não pudesse me lembrar de nada, a ideia me dava uma sensação estranha, desconfortável, como se um sentimento ruim tivesse apoderado de mim.

Além disso, a forma de como ela havia falado sobre mim me incomodou um pouco. Era horrível se sentir vazio, sem essência nenhuma. Eu não lembrava de nada, mas todos os sentimentos ruins que, eu tinha certeza terem feito parte da minha vida em algum momento, ainda estavam guardados dentro de mim. Eu tinha a impressão de não ter sido uma pessoa tão boa, e isso me deixava apreensivo.

— O que acha de irmos até lá agora? — Namjoon perguntou, tirando minha atenção.

—  "Lá" onde? —  Perguntei, distraído. Ele rolou os olhos e suspirou, provavelmente cansado.

— Sua casa. Só temos um mês para encontrar a pessoa que te envolveu nessa merda toda, e já se passaram quase duas semanas. Precisamos ser rápidos. 

— Tem razão, desculpe. Estou um pouco distraído, pensando nas coisas que Ki Moon disse.

— Acha que podemos encontrar seu padrasto? Ele deve ter alguma ideia do que aconteceu com a sua mãe, talvez estejam até juntos.

Arregalei os olhos, abrindo e fechando a boca, em menção de dizer algo.

—  Acho que sim. — Respondi, quase sem voz, dando as costas para o loiro a espera de que este me seguisse.

Outra coisa que me intrigava era a revelação de Moon sobre a minha suposta sexualidade. Digo, não era algo de grande importância no momento, mas não podia deixar de me perguntar se já tivera um parceiro, ou se ainda tinha — porque afinal, eu tinha sumido do mapa.

Pode-se dizer que eu estava relativamente bem com o fato de ser gay, quer dizer, não é algo que se possa mudar, e eu também já tenho vinte e seis anos. Hora ou outra acabaria pondo em prova essa "descoberta" por mim mesmo. Ban Ki Moon parecia uma  ótima pessoa, e esperava que ainda pudéssemos ser amigos, mesmo eu não sendo o Jin que ela conhecia. Na verdade, esperava mesmo que eu não fosse o monstro que sentia ser.

Fechei os olhos e suspirei quando entrei no carro, me acomodando no balco de couro, com os dedos apertando as têmporas. Percebi que Namjoon me olhava vez ou outra enquanto dirigia, então abri os olhos e o fitei.

— Acha que alguém procurou por mim?

Ele me olhou, com o cenho franzido, provavelmente confuso. Depois, suavizou a expressão. Talvez porque havia entendido minha pergunta.

— Talvez. Seria preciso entrar em contato com as delegacias de Gangnam e Gwacheon para saber. Por que?

— Não pareceu que aquela moça tentou me procurar.

— Jin, ela mesma disse que você não atendeu as ligações dela. Não foi sua culpa, embora não saibamos se você já havia sido "sequestrado" quando ela percebeu o seu desaparecimento. De qualquer forma, por que se importa? Você não é gay?

Revirei os olhos.

— Não tem a ver com isso. Só queria saber se eu era o tipo de pessoa que as pessoas queriam por perto, ou longe.

Ele não respondeu, se concentrando apenas no volante do carro.

 

Em pouco menos de meia hora, nós chegamos a um prédio de aproximadamente uns dez andares. Era mais baixo que o de Namjoon, e provavelmente mais antigo também. 

Namjoon precisou usar o seu distintivo para que o porteiro nos deixasse entrar no apartamento. Segundo ele, mesmo que eu tivesse o nome do proprietário, sem chave, não era garantia de que eu era de fato o dono. Eu não tirava a sua razão, mas era um pouco frustrante tentar explicá-lo toda a situação.

Apesar de antigo, o prédio era bem "luxuoso". O elevador era bem espaçoso, e parecia ter sido trocado  há pouco tempo.

Namjoon estava de costas para o espelho da caixa de metal, olhando fixamente para frente, com as mãos nos bolsos. Eu estava de frente para o objeto, e o observava pelo seu reflexo. 

Talvez ele não seja assim tão babaca. Só tem os seus maus momentos.

Saí do elevador acompanhado do mais novo, e me senti bem ao ficar de frente para a porta de meu apartamento, girando a chave que eu colocara na trinca da maçaneta. Era como recuperar uma parte de mim desconhecida, mesmo que ela não fosse totalmente boa.

Adentrei o local, e notei que estava tudo bem arrumado, na verdade. Os móveis eram simples, mas mesmo assim bonitos. O apartamento era bem espaçoso. Eu provavelmente tinha que dedicar meu tempo mais ao trabalho do que à ele, o que justificava ser tão vazio e simples.

Caminhei até a sala, me deparando com um grande painel com fotos minhas, a maioria mais atuais, tendo apenas algumas de minha adolescência. Levantei os olhos e encontrei, no canto superior, uma foto pendurada com apenas uma tachinha. Era a foto de uma mulher com um bebê gordo no colo. Seu sorriso lembrava um pouco o meu, e as mãozinhas gordas do pequeno seguravam uma madeixa de seus fios escuros.

Perdi o ar.

Tinha certeza de que aquela era a minha mãe. Senti meus olhos marejarem, por algum motivo que eu não podia entender muito bem, e um aperto tomou lugar no meu peito. Queria ser capaz de encontrá-la, onde quer que estivesse.

Engoli em seco e olhei para o alto quando senti a aproximação de Namjoon, que andava olhando em volta, tentando procurar algo que fosse relevante para o caso.

Ele soltou um "ah" baixinho quando percebeu o quadro de fotos, e se aproximou para observá-lo comigo.

Ele apontou para uma foto, onde eu devia ter lá pelos meus quatorze ou quinze anos. A foto parecia ter tirada quando eu estava desprevinido.

— Nossa. Ainda bem que você cresceu. — Debochou, sorrindo, e eu acabei soltando uma risada involuntária, ainda que algo dentro de mim doesse. Gostava quando ele sorria, seu sorriso era bonito; e gostava de como as covinhas fundas furavam as suas bochechas.

Era difícil vê-lo sorrindo, e por isso, quando acontecia, ficava ainda mais bonito: porque era sincero e espontâneo.

— Namjoon. — Chamei, ouvindo apenas um múrmurio de "hm?" em resposta enquanto o mais novo analisava as fotos de perto. — Acha que vou poder ficar aqui agora?

Notei que ele relaxou os ombros.

— Não é uma boa ideia. — Ele disse, se virando para mim. — Aqui é muito longe de Seul, longe da delegacia. E, até onde sabemos, você não tem um carro, e tampouco tem documento para dirigir um. Além do mais, pode ser perigoso para você ficar aqui. Não sabemos ainda se o assassino te conhecia ou não.

Concordei com o que ele disse, e olhei para a minha própria mão, que agora tinha só uma cicatriz feia e mais visível do que eu gostaria.

Mesmo assim, não me agradava muito a ideia de continuar em sua casa. Ele não poderia ficar me sustentando para sempre, e era desconfortável que eu ainda tivesse que usar roupas emprestadas.

— Certo... — Murmurei, sumindo pelo corredor que levava aos três quartos do apartamento. Dois deles estavam completamente vazios, e o último provavelmente era o meu. Era uma suíte, e tinha uma cama bem espaçosa de casal. — Vou pegar algumas roupas, então. — Gritei para Namjoon, que não respondeu.

Abri as gavetas do armário e da cômoda, pegando blusas, calças, meias e tudo o que eu encontrei pela frente, enfiando o máximo de coisas em uma mochila preta que eu encontrei abandonada no armário.

Quando voltei para a sala, Namjoon estava com a foto de minha mãe em mãos.

— Acho que podemos tentar encontrá-la com isso. 

— Como? — Perguntei, surpreso.

— Vamos apenas escanear, e tentar achar alguém compatível com o rosto dela. — Me entregou a foto. Acho que vamos precisar investigar aqui um pouco mais, tentar encontrar digitais desconhecidas ou coisas do tipo.

— Eu...posso ficar com uma cópia?

— Claro. Já pegou tudo o que queria?

Assenti. — Acho que sim. 

 

xXx

 

Namjoon havia ido para uma reunião junto com Jungkook e seus superiores assim que chegamos na delegacia, e percebi que enquanto falava com o loiro, a promotora me olhava, como se tentasse ler meus pensamentos e expressões. Parece que Yoongi tinha um compromisso, algo na escola da filha — eu ainda estava tentando processar essa informação. 

Eu estava sentado em um dos sofás da ala de "lazer", quando vi uma figura conhecida se aproximar, com um sorriso suspeito no rosto. Era Hyungwon. Não tínhamos nos falado muito desde que fomos apresentados um ao outro.

— Oi, e aí? — O cumprimentei, o observando se aproximar até ficar à minha frente. Ele usava um sobretudo bege, óculos e uma camisa branca por baixo. Ele ficava bem naquelas roupas.

Ele assentiu, meio que me comprimentando também. — Será que nós podemos falar um pouco? Em particular.

Sorri fraco, me sentindo perdido, mas mesmo assim disse que sim e o segui, até uma sala vazia. A delegacia ainda não havia lhe cedido uma sala, já que a sua estadia ali provavelmente seria temporária — provavelmente até que pudessem me inocentar, então ele estava usando uma sala qualquer para trabalhar. Pelo menos, era melhor do que ficar perambulando pela delegacia, como eu.

Talvez eu pudesse tentar arrumar um emprego, mas primeiro, precisava de documentos. E de ajuda para mais algumas coisinhas. Eu sabia quem era a pessoa certa para isso.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei preocupado, me sentando em uma poltrona. O Chae fez o mesmo, ficando à minha frente.

— Não. Mas, como sou psicólogo, queria tentar entender um pouco mais sobre o que está acontecendo. Do que exatamente você consegue se lembrar?

Suspirei e comecei a desenhar nervosamente círculos no braço da poltrona, com o dedo indicador.

— Não muita coisa. — Infelizmente. — Eu só lembro de ter acordado na estação de trem, e então eu vim pra Seul.

— E sobre o seu passado? Já conseguiu lembrar de algo?

Pensei um pouco. — Eu sempre tenho o mesmo sonho quando vou dormir, a mesma visão de um garotinho sendo chamado por uma voz feminina. — Olhei pra baixo, franzindo o cenho. — Mas não importa o quanto eu tente...não consigo lembrar o resto. Sinto que conheço a voz, mas não posso reconhecê-la. Hoje, fomos ao hospital em que eu trabalhava, e até consegui me lembrar de uma coisa, de uma vez em que tive que levar um paciente para a ala de emergência. Mas não me senti aliviado...nem feliz. Foi estranho. — Tirei a foto do bolso e a entreguei para o moreno, que estendeu a mão para pegá-la. — Achei essa foto no meu apartamento. Acho que é a minha mãe, na verdade, sei que é. Sinto que é. Mas ver essa foto me deixa com um aperto, entende?

Ele continuou a olhar fixamente para mim, sem demonstrar qualquer reação ou falar alguma coisa. Me incomodava quando as pessoas encaravam por tanto tempo. Eu me sentia exposto.

— Você tem medo do que pode se lembrar? — Abri mais os olhos ao ouvir a sua pergunta, ficando realmente surpreso.

— Acho que sim. Tenho medo de descobrir que tenho algo relacionado com o assassinato daquela garota, ou que fui uma pessoa ruim no passado. — Admiti.

Ele fechou os olhos, parecendo pensativo.

— Sei que a perda de memória foi consequência de você ter batido a cabeça, mas talvez você possa estar bloqueando essas lembranças inconscientemente.

— Bloqueando? Mas tudo o que eu quero é lembrar de quem eu sou. Eu quero ajudar o Namjoon. — Hyungwoon abriu um sorriso fino, quase imperceptível.

— Não quer, não. Você tem medo de não ser o que pensava. Não quer pensar que pode ter sido uma pessoa ruim em alguns momentos, porque não quer viver cheio de fardos e arrependimentos. 

Me senti sem fôlego.

— Mas, Seokjin, você não é o mesmo que antes, é? Descobrir como você era no passado não vai mudar quem você é agora. É apenas como se...você quisesse jogar tudo para debaixo do tapete, escondido num lugar onde ninguém vai encontrar, e assim não vai doer tanto. — Disse, e devo admitir que senti a verdade em suas palavras. — Você precisa se permitir, antes de qualquer coisa. — Disse, tão natural quanto o piscar de seus olhos.

Me permitir?

Permaneci quieto, perdido em suas palavras, enquanto ele me olhava com uma expressão que eu não conseguia decifrar o significado.

— Você é uma pessoa interessante, Seokjin. Mas talvez não saiba como expressar a sua dor.

 

??? P.O.V

Cinco horas depois

 

Eu balançava a marreta que eu segurava em minha mão direita enquanto caminhava, cantarolando uma música conhecida de minha infância.

O prédio estava completamente vazio, o que já era de esperar, afinal, estava abandonado. Era quase todo feito de madeira ornamentada, o que dava um ar mais característico e rústico ao local — não que isso de fato importasse.

Eu podia ouvir a madeira rangendo abaixo dos meus pés, a cada passo que dava, e era impossível não abrir um sorriso deleitoso a cada vez que ouvia passos apressados e desesperados vindos do andar de cima, acompanhados de pequenas partículas de poeira e terra que caíam pelas frestas abertas na madeira apodrecida. Tão ingênua, pensei comigo mesmo, rindo sozinho.

Nunca imaginei que brincar de esconde-esconde pudesse ser tão divertido, ainda mais em uma ocasião como aquelas. Mas estava enganado.

Eu observava a figura feminina à minha frente, o corpo coberto por um vestido branco e rodado, mas que agora tinha uma coloração acinzenta e vermelha, a boca tampada com um pedaço de fita isolante, as mãos amarradas para trás com uma corda que feria os seus pulsos, e os olhos que suplicavam por um perdão que não existia e nem lhe seria concedido.

Seu rosto delicado e pueril estava marcado por marcas arroxeadas, algumas até beirando ao preto, e era a mesma coisa com seus braços e pernas. Os olhos fúnebres me fitavam, com o ódio mesclado à dor e súplica, e eu gostava dessa visão.

Gostava do negro dos seus olhos. E de como ela parecia suja daquele jeito.

Não era de meu costume manter vítimas comigo. Tudo só fazia parte de um jogo, um jogo do qual Kim Namjoon aceitara participar.

Mas era entediante tê-la ali, quieta, apenas para mim. Não havia nenhum divertimento nisso.

Ainda que eu a tivesse machucado, não era o bastante. Os seus gritos de dor não foram altos o suficiente.

Seus familiares nem deram por falta de si. 

Com o rosto apoiado nas mãos, abri um sorriso triunfante ao ter uma ideia. Eu me levantei, me aproximando do corpo frágil e menor amarrado ao pé da cama do quarto empoeirado, que imediatamente se encolheu, ameaçado.

Lambi os lábios e me agachei, para fitar o seu rosto de perto.

— O que você acha de brincarmos de esconde-esconde, Yerin? — Sugeri, olhando para o teto mofado. Ela não respondeu — ou emitiu qualquer som ou reação, mas sua respiração estava descompassada. Era quase como se eu pudesse sentir as batidas aceleradas de seu coração. Estava assustada. — Se eu não conseguir te achar, então você pode fugir. Mas se eu te encontrar...bem. — Dei de ombros. Seus olhos procuraram meu rosto, e ao notar o seu olhar pesado sobre mim, abaixei a cabeça, a fitando com um sorriso quase meigo. — Eu vou contar até quinze. Você tem duas chances. — Ditei as regras do meu próprio jogo, a encarando. Ela engoliu em seco, ainda em silêncio, e ri nasalmente. Primeiro, arranquei a fita que tampava a sua boca — afinal, como ouviria as suas súplicas por clemência? 

Ela entreabiu os lábios, e imediatamente a segurei pela cabeça, puxando os fios negros com força, a ponto de fazê-la gemer. — Se você tentar gritar, — Puxei sua cabeça para trás. — vou arrancar suas cordas vocais com minhas próprias mãos. Eu não permitirei trapaceiros no meu jogo. Entendido?

Ela assentiu que sim, de prontidão.

— Ótimo. — Disse, satisfeito, e desamarrei a corda que a prendia. Tive que pegá-la pelo braço para que se levantasse, fraca. Estava mais magra, afinal, já estava ali há mais de uma semana.

Ela era bem obediente, então estava quase certo de que não tentaria nenhuma gracinha.

A joguei no corredor do terceiro andar, ouvindo o barulho de suas costas magras se chocando com a parede envelhecida. Ela se reergueu, as mãos a ajudando a se apoiar no chão.

Sorri mais uma vez e dei as costas para ela, descendo as escadas à procura do meu instrumento especial para aquela noite.

Eu podia ouvir as janelas sendo levantadas em frestas tão pequenas que provavelmente nem suas pernas passariam por elas. Estavam todas emperradas, mas eu admirava seus esforços. As pessoas são mesmo capazes de qualquer coisa quando próximas da morte. 

Meus passos se tornaram pesados, e eu repetia o nome da garota, entrando em quartos, andando pelos corredores, mesmo que sem rumo, apenas para que nossa brincadeira durasse um pouco mais.

Então, depois de alguns minutos, nossos caminhos acabaram finalmente se cruzando. Soltei uma risada abafada ao avistá-la, que saiu correndo no mesmo instante.

Minha gargalhada ecoou pelo local, e eu saí com passos pesados atrás de minha presa. A casa era enorme, então ela com certeza tinha por onde correr. No entanto, ela não tinha saída. Uma hora eu iria encontrá-la.

Me mantive em silêncio, apenas tentando escutar de onde os seus passos vinham. Ouvia portas sendo destrancadas, e outras que pareciam mais tentativas frustradas de arromabá-las ou quebrar a maçaneta.

— Boo! Te encontrei. — Disse quando entrei na sala principal, onde ela estava. Ela tentou correr até as escadas, afobada, mas tropeçou no segundo degrau.

Levantei o instrumento em minhas mãos e acertei-lhe uma das pernas com força, fazendo com que ela caísse, apoiando as mãos nos degraus como única forma de se apoiar, e o grito estrindente adentrou os meus ouvidos, proporcionando-me sensações prazerosas imensuráveis. 

Apenas conseguia ouvir o seu choro, interrompido por soluços. Eu havia quebrado a sua perna esquerda. O maior osso estava mais aparente, como se fosse um caroço dentro de sua pele.

Mordi os lábios, em puro júbilo.

— Ah, mas foi tão rápido. — Lamentei. — Você tem mais uma chance. Vou contar até dez desta vez.

Parei de frente para ela, que estava caída de bruços, observando as suas falhas tentativas de se levantar. Então ela ergueu um braço, alcançando o próximo degrau, e fez esforço com o próprio corpo para se impulsionar para cima. Quase ri de quão patético aquela cena era.

— Quatro...cinco... — Continuei a contar, ansioso. 

Sua respiração irregular e os gemidos sôfregos tomavam conta do espaço, e eu revirei os olhos quando ela deixou a mão escapar, não fazendo muito progresso.

— Que lenta, deplorável. — Debochei, desapontado. — O tempo acabou, princesinha. — Anunciei, e apenas tive tempo de vê-la virar o rosto para mim e juntar as duas mãos em sinal de súplica e o rosto molhado, dizendo "por favor, não me mate" e "me desculpe" repetidas vezes com a voz falha, antes de acertá-la com a marreta na outra perna, desta vez ainda mais forte, arrancando de si um grito ainda mais agudo. 

Me coloquei sobre si, sentando por cima de seu corpo, pressionando suas pernas com as minhas. Agora o seu choro estava baixo, e ela mordia um dos braços como forma de neutralizar a dor, as pernas rapidamente adiquirindo um tom mais escuro. 

Tirei o fio preto que carregava pendurado ao cós da minha calça, passando-o pelo seu pescoço, mas sem apertá-lo.

— Foi divertido brincar com você, Yerin. — Sussurrei ao pé de seu ouvido, e senti seu corpo todo estremecer abaixo de mim. — Kim Namjoon é tão burro, você não acha? Ele não foi capaz de te encontrar, apesar de fazer tanta pose. Na verdade, ninguém nem sentiu sua falta. — Murmurei, pleno. — Como é saber que vai morrer sem que ninguém se importe com o quão insignificante você é? Você vai apenas apodrecer, e os vermes vão consumir o seu corpo. — Sussurrei, pausadamente. — Mas não se preocupe, vou cuidar para que eles encontrem o seu corpo. O jogo de verdade acabou de começar. 

Comecei a pressionar o cabo contra o seu pescoço, e ela começou a tossir. Então suas mãos tentaram me alcançar, ainda que fosse difícil, já que estava de barriga para cima, e parei com o que fazia por um minuto.

— V-Você...v-ocê trapaceou! — Grunhiu, falando com dificuldade enquanto recuperava o ar perdido.

Arqueei uma das sobrancelhas, intrigado.

— Trapaceei? — Ri em deboche. — Eu sou o rei. Eu dito as regras. — E voltei a pressionar o objeto contra o seu pescoço, com força suficiente para deixar uma marca escura na pele pálida e de porcelana da garota, vendo-a sufocar e se contorcer aos poucos, encolhendo os dedos dos pés e esticando os das mãos, tentando resistir o máximo que conseguia, até que enfim parou de se mover.

Cansado, me retirei de cima de si, deixei o cabo jogado ali mesmo e desci alguns degraus, passando o dedo pelo seu tornozelo oposto.

"K V".

Guardei a caneta tinteiro no bolso da calça depois de terminar minha rubrica, então me levantando e puxando o corpo desfalecido pelos pés gelados, arrastando-o para fora da grande casa até um beco na rua ao lado.

Arranquei as luvas das mãos e as joguei em uma das latas de lixo que ali havia.


Notas Finais


Se esse psicopata não é o amor da minha vida, não sei quem é. Rsrsrs.
E esse namjin, será que sai? Veremos.

Espero que tenham gostado, meus amores <3
Realmente esse cap ficou mais longo, mas teve que ser assim :( os próximos talvez sigam a mesma linha, mas espero que entendam (e que gostem disso).

Até!~


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...