História Rumo ao Sucesso - Wild and Sexy

A última aula acabou, guardei minhas coisas e saí (praticamente fugindo) da sala. Jackson me esperava ao lado da porta, havíamos marcado de escolher a música da dança, pois já havíamos adiado demais.

Assim que me aproximei dele, passou seu braço no meu pescoço. Parei de caminhar e o encarei irritada enquanto tirava seu braço bruscamente. Olhei para o lado ao acaso e vi que JB nos encarava.

- Vamos logo. – Voltei a caminhar rapidamente puxando-o pela manga do casaco.

Passamos no meu quarto pegar o notebook, depois fomos no jardim, onde era mais calmo. Por incrível que pareça, Jackson permaneceu quieto por todo o percurso. Sentamos em um banco rodeado por flores.

- É muito bonito aqui. Não havia visto esse lugar antes. – Falei apreciando o belo cenário.

- Esse é o problema das pessoas nos dias de hoje. Passam correndo pela vida, sempre apressados ou gastando tempo com coisas fúteis que nem mesmo notam as coisas que os rodeiam. – Pela primeira vez Jackson falou em um tom sério comigo.

Aquela paisagem combinava com ele. Sorri. Estava conhecendo lados dele que nunca havia visto antes. Repentinamente, como se despertasse, me olhou com seu jeito idiota de sempre.

- Está tentando ver meus poros? – Disse aproximando seu rosto ao ponto de nossos narizes se tocarem. Paralisei surpresa. Tentei me afastar inclinando-me para trás, porém, conforme me movia, ele também se inclinava me seguindo e continuávamos a encostar o nariz um no outro até que minhas costas tocaram o encosto do banco. Não tinha mais para onde ir, estava praticamente deitada no banco com ele sobre mim. – Você está bem? – Gaguejei sem conseguir responder. – Por que está tão vermelha?

O empurrei rapidamente fazendo com que caísse sentado no chão. Grunhiu de dor enquanto massageava sua mão.

- OMO! Me desculpe. – Me agachei ao seu lado verificando se estava bem, o ajudei a se levantar. – Se machucou muito? – Acenou com a cabeça fazendo bico. Segurei levemente sua mão para ver se havia quebrado quando seu riso tomou conta do jardim.

- Está tudo bem, não foi nada. – O encarei com cara feia e vi que ele me olhava de um jeito esquisito outra vez que me fez corar novamente. – Mas e você? Tem certeza que está bem? Você está meio vermelha hoje. – Virei o rosto com uma resposta vaga enquanto me sentava e abria o notebook.

- Eu estava pensando que conceito deveríamos seguir, fofo ou algo um pouco mais sexy? – Pedi.

- Sexy com toda a certeza. Aliás, combina mais comigo. – Fez pose tentando me impressionar. – Wild and sexy. - Revirei os olhos.

Porém ele estava certo, conceito sexy realmente combinava com ele. Não poderia dizer o mesmo de mim... nem fofa nem sexy. “Mas se eu me esforçar, talvez... eu consiga”, pensei. Seria um desafio.

- OK! Conceito sexy então.

- Mesmo?! Você está falando sério?! – Jackson parecia surpreso, um grande sorriso abriu em seu rosto. – Não esperava isso de você.

Ignorei suas perguntas. Após alguns minutos procurando, uma música me chamou a atenção, era muito sexy, exatamente o que procurávamos, mas eu pensava em descartar essa ideia pois não acreditava que conseguiria agir como a cantora.

- O que você achou aí? – Jackson pegou o notebook antes que eu pudesse falar algo. – WOW! Adoro essa música! Seria perfeito, devemos tentar. – Disse fechando o notebook e se levantando. – Por que está aí parada?! Vamos. Precisamos ensaiar.

Pegou minha mão me puxando junto a ele. Tentei sutilmente me soltar, mas Jackson segurava firme.

- YAH! - Era a voz de JB, paramos. Ele estava vindo em nossa direção. – O que estão fazendo aqui? Está tarde, vamos comer. – Olhou nossas mãos e passou bruscamente entre nós nos desvencilhando. Aquilo havia sido bem estranho. Apenas o seguimos. Eu não havia percebido que já era noite.

- Comer? que horas são? – Perguntou Jackson.

- Quase 20:00 horas. – Respondeu JB, e vi que não eram minutos que havia levado para escolher a música, mas horas.

Estávamos prestes a entrar no refeitório quando JB parou e me segurou pelo braço.

- Preciso falar com a Kat, vá na frente. – Disse para Jackson que saiu acenando.

- O que foi? – Pedi impaciente e querendo sumir. Ele abriu a boca para falar, mas não disse nada. – JB? O que queria dizer?

- É só... que tal ensaiar hoje? 21:30 na sala do piano. – Entrou no refeitório sem esperar resposta. “Não parecia ser isso o que ele quis dizer”, pensei enquanto o seguia até a mesa.

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Jogada na cama, minha mente era um turbilhão de pensamentos: “Será que eu vou mesmo? ”, “Melhor não, está um clima muito estranho entre nós”, “Mas se eu não for, ele vai ficar lá, me esperando”, “Além de tudo, fui eu quem quis as aulas”, “Você e Mark formam um belo casal”. Enterrei meu rosto no travesseiro e gritei tentando afastar os pensamentos. “Eu vou! ”.

Estava terminando de me arrumar, havia vestido uma saia jeans e uma blusa branca, me observei no espelho, estava razoável. Alguém bateu na porta, vesti o casaco rapidamente e a abri. Era JaeBum.

- O que está fazendo aqui?

- Eh... Ahn... Eu estava... passando, e... decidi te acompanhar. – Ele parecia estranho, uma mistura de nervosismo e surpresa, lançando olhares constantes para minhas roupas. Me perguntei se deveria me trocar.

- Ah... OK. Então vamos. – Falei fechando a porta atrás de mim.

A ida até a sala de música foi desconfortável e constrangedora. Havia um clima pesado e estranho. Nenhum de nós falava absolutamente nada, então decidi quebrar aquele silêncio, o que surpreendeu JB, que parecia perdido em pensamentos.

- Sobre a música, poderia me ajudar a aprender a canção da minha apresentação? YoungJae não terá tempo de me ensinar. – Assentiu quieto.

- Kat. – Ele parou de andar e se virou para me encarar. – O que está acontecendo? Porque eu não entendi nada. Faz mais de uma semana que você está agindo de um jeito estranho, como se me evitasse. Eu não sei se eu fiz alguma coisa errada ou o quê. – Me encolhi diante de suas palavras me sentindo culpada, afinal de contas, eu não possuía o direito de agir assim com ele.

- Desculpe, não tinha intenção de fazer com que se sentisse dessa forma. – Falei baixinho.

- E o que é que aconteceu? – Pediu.

- Não foi nada. – Voltei a caminhar, mas parei novamente e me virei para ele. – Por que disse aquilo? Que “eu e o Mark formamos um belo casal”? – Explodi. Ele parecia surpreso.

- Kat... – o interrompi.

- Talvez você esteja certo. – Disse antes de entrar na sala de música batendo o pé.

“Eu não deveria ter vindo” pensava quando ele me puxou pelo braço, fazendo com que eu me virasse para ele. Nos encaramos por uns instantes, não sabia dizer o que ele sentia, se era raiva, confusão ou mágoa. Talvez fosse tudo isso junto. Mas nem sabia o que eu mesma sentia. Justamente quando ele começou a falar, meu celular tocou fazendo com que me sobressaltasse.

Olhei para meu bolso onde o celular vibrava e voltei a encarar JB. Ele suspirou e me soltou.

- Atenda.

Peguei o celular e vi que era Olívia, a secretária do meu pai.

- “Oi, Kat! Tudo bem, querida? ” – Não pude evitar sorrir, ela me adorava, e eu a ela. Era quase como uma mãe para mim.

- Olá Olivia. Estou bem, e você?

- “Estou ótima. Seu pai criou um novo jogo e gostaria que você e seus amigos viessem amanhã para testá-lo. O que acha? ” – Imediatamente lembrei de Mark, ele ama videogames, e consequentemente lembrei do que JaeBum havia falado.

- Claro. – Respondi encarando friamente JB. – Mark adora jogos.

- “Perfeito. Avisarei seu pai. Até amanhã”. – Disse com seu jeito alegre de sempre que ouvi apenas parcialmente. Me arrependi completamente por ter feito isso, mas não havia mais volta agora. Desliguei o celular e o guardei novamente no bolso ainda o encarando.

- Melhor deixarmos o ensaio para outro dia. – Ele disse antes de sair.

Desabei no banco do piano e deitei minha cabeça sobre ele. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e caiu na madeira envernizada. Eu não sabia porque diabos havia feito aquilo.

- Aish! Você não é assim Kat! – Falei baixinho comigo mesma. Suspirei e me levantei secando o rosto.