O banheiro que Baekhyun escolheu era bem deserto e os corredores por perto também. Logo quando o pátio central chegou e vários grupinhos sociais conversavam, ele parou de dialogar com JongDae, que lhe permitiu chamá-lo de Chen (seu nome Divino).
O garoto andava tranquilamente quando sentiu algo lhe impedindo de continuar, vendo o braço espiritual do JongDae atrapalhando seu caminho. O anjo tinha um semblante assustado e olhava arregalado para uma direção que o Baekhyun descobriu ser Chanyeol.
Estranho, era apenas Chanyeol e seu melhor amigo, Do KyungSoo, conversando tranquilamente.
— Qual o problema? — Murmurou bem baixinho.
— Vamos voltar para o banheiro. — JongDae mandou, desaparecendo.
O Byun ficou meio confuso e pensava seriamente em não seguir as ordens daquele homem, mas suas pernas enfeitiçadas e ligadas ao seu anjo o levaram automaticamente para o mesmo lugar que estava.
— Aquele moleque do lado do Chanyeol, quem é? — JongDae perguntou assim que o mais novo entrou, ele estava sentado na bancada das pias.
— É o melhor amigo do Chanyeol, KyungSoo. — Respondeu indiferente.
— Baekhyun, foi ele quem me cumprimentou. — Rebateu sério.
O menino se assutou e olhou com repreensão para Chen, caso ele estivesse mentindo, mas o alvo não mudou de expressão.
Pera, então o melhor amigo de seu crush era um anjo? E, pelo que parecia, ele tinha uma personalidade de anjo da guarda, já que os dois não se desgrudavam por quase nada.
— E o Chanyeol sabe? — Foi a primeira coisa que conseguiu raciocinar.
Até porque o seu guardião não havia aparecido e dito "e aí? Vou cuidar de você", mas também o mesmo talvez nem tenha realmente aparecido na vida do adolescente. Já KyungSoo era um humano, estava fazendo lições, educação física, e vivendo sua vida ao lado de Chanyeol; será que ele teria a coragem de mentir para sua missão?
— Não sei, mano.— JongDae parecia pensativo. — Tem gente que passa a vida inteira sem saber dessa merda de anjo, e o filho da puta pode ser seu melhor amigo. Tem uns que contam, outros que não... Tipo o seu.
— Então o Minseok pode ser meu anjo e eu não sei? — Riu de nervoso, ficaria muito irritado se seu melhor amigo tivesse mentido.
— Nah, o Minseok não pode ser seu anjo. — Saiu da sua posição e ficou em pé. — Ontem mesmo eu apareci na sua sala do nada, do lado dele, e ele nem se assustou. Sem falar que eu estava pelado na visão dele, o Minseok nem hesitou, só quando você se assustou. — Explicou.
Isso provava que o Kim não tinha visto o Chen pelado, e que ninguém mentia para o Byun.
Mas essa teoria dos anjos da guarda se esconderem era muito confusa, o que só complicava as buscas do seu, e a compreensão do mundo que John havia criado. Era muita droga alucinógena necessária, na sua opinião.
— Como você me segurou lá no pátio? — Lembrou de ter sentido o braço de JongDae no seu peito.
— Eu já te falei disso. O seu cérebro, querendo ou não, é do John: ele acredita na existência dele e respeita seu Deus. Então, se eu te tocar mesmo nesse plano, seu cérebro vai te manipular para que os neurônios sintam minha presença. — Tocou no ombro da missão e o mesmo ficou surpreso por ter sentido aquela mão apoiada lá.
— Eu posso te abraçar, então? Eu vou sentir um abraço? — Questionou curioso, já se aproximando com seus braços ao redor do pescoço de Chen, sentindo-o.
O anjo não respondeu, só rodeou a cintura do garoto e os dois ficaram lá, enquanto um sentia uma sensação muito boa de estar agarrado a alguém, o outro só queria vomitar por ter uma missão tão carente.
Mas JongDae sabia quem havia feito aquela catástrofe de deixar o outro carente: o anjo da guarda. Era normal esses espíritos sentirem falta da sua forma no céu e completarem esse vazio com muito amor com suas missões, deixando todos bem necessitados de carinho também.
— Você precisa ir lá com o KyungSoo e o Chanyeol, deve falar para seu amorzinho feio que você vai ensiná-lo biologia.
— Não pode ser amanhã?— Baekhyun fez manha.
— Hoje é sexta, idiota.
*Santa Ajuda!*
— O-oi, Chanyeol e KyungSoo! — Baekhyun chegou na dupla que conversava meio alheia.
Os dois prestaram atenção naquele menino todo corado e estranho chegando.
— Oi, Baek! Você foi ao banheiro enquanto conversávamos e... — Chanyeol tentou entender o que tinha acontecido mas foi interrompido.
— Não se preocupa, eu posso te ajudar em biologia, se ainda quiser. — Respondeu rápido.
Bom, era óbvio que o menino estava nervoso. Talvez aquela fosse a primeira conversa no meio do pátio cheio de adolescentes entre os dois: o popular bonitão e gente fina, o louco esquizofrênico. Sem falar que Chanyeol estava com um amigo do grupo dele lá, olhando para si e o julgando muito. Mesmo o KyungSoo, aparentemente, sendo um anjo da guarda, o cara tinha uma personalidade forte e bem racional, sendo bem mal com algumas pessoas às vezes. Não porque ele queria, só não tinha muito aquilo que os humanos tem, sabe? Que bombeia sangue, e costuma ter compaixão pelo proximo, o famoso coração.
Tinha medo sim de ser enxotado daquela conversa, ser humilhado e todos rirem de si. Era apenas um nerd desajeitado e que conversava sozinho, afinal.
— Chanyeol precisa de muita ajuda Byun, será que você dá conta? — KyungSoo comentou divertido, abraçando o amigo de lado e recebendo a cara feia do mesmo.
Não sabia se podia sorrir ou reagir àquela interação.
— Aish, Kyung, não enche, eu sou muito bom em biologia. — Separou-se do amigo.
— Acho que eu consigo sim. — Byun respondeu o menor, tentando entrar na conversa. — Eu vou pegar uns livros hoje na biblioteca bem legais sobre....
— Muito bem, ele vai precisar de muita ajuda. — O anjo falava ainda em tom de deboche, mas com um sorriso muito bonito no rosto, quase que encantador demais para ser verdade.
Os dois amigos começaram a se xingar mas ao mesmo tempo, incluiam Baekhyun na brincadeira, o que deixou confortável naquele grupo. JongDae havia falado que os dois não seriam tão maldosos a ponto de humilhá-lo, mas o garoto ainda se sentia muito inseguro com tudo, era a primeira vez que ele ia atrás de algo que ele queria muito. Sua vida toda era basicamente estudar, sentir falta da sua mãe que trabalhava demais e conversar com o Luhan. Agora as coisas mudaram e ele sentia sim medo, muito dele.
Mas, por enquanto, ele aproveitava das provocações entre Chanyeol e KyungSoo e, internamente, desejou que tivesse uma relação dessa com seu anjo da guarda. Estava mais claro que os dois se conheciam e o Park sabia da situação do Do, mas aquilo não impedia que os dois vivessem juntos e felizes. Ele desejava essa relação saudável com o seu guardião... Mas se nem o próprio John sabia onde o anjo estava...
— Então, domingo depois do almoço? Na minha casa? — Park perguntou quando tocou o intervalo.
Byun assentiu, passando seu número para o maior, a fim de receber o endereço da residência do outro.
Bom, podia ser por fins acadêmicos, mas Byun Baekhyun tinha o telefone de Park Chanyeol.
*Santa Ajuda!*
Depois da aula, Baekhyun decidiu passar na biblioteca para procurar alguns exercícios de biologia, com o intuito de ajudar Chanyeol nos seus estudos. Ele entrou despreocupado no lugar, sua carteirinha da biblioteca no bolso. Sua visão periférica mostrava que tinham poucas pessoas habitando aquele espaço, algo que não era muito raro. Só as pessoas que realmente gostavam de estudar ficavam por lá e quem, no auge da sua adolescência, gosta de estudar? Aquilo era uma escola normal, afinal de contas, ninguém gostava de estudar.
JongDae não apareceu pelo resto do dia, mesmo com o Minseok ao seu lado, mas também não estranhou esse acontecimento, por dentro estava tudo certo.
Foi até a área dos livros que queria, pegou alguns mas uma dúvida surgiu na sua cabeça sobre os exercícios que podiam conter lá dentro, então foi até a primeira mesa que encontrou e os apoiou lá, para ler melhor a proposta das apostilas, nem se importando com quem também compartilhava do móvel.
— Oi, Baekhyun. — A pessoa sentada a sua frente disse baixinho, assustando o garoto.
Era a mulher que salvou sua vida por hoje, a maravilhosa Yixing.
— Oi, noona. — Disse educado, mas logo depois fez uma careta ao ver a cena.
A menina que tinha tatuagens, dormia deitada esparramada pelo chão nas aulas, e já tinha repetido de ano estava lotada de livros em sua volta, com cadernos abertos e um óculos meio estranho no seu rosto. Que tipo de mudança era aquela? Byun pensava que ela seria a revolucionária e rebelde sem causa do seu ano, mas aquele cenário não combinava com nada.
— É estranho, né? — Ela perguntou, entendendo a cara confusa do menino. — Eu virei outra pessoa, Byun.— Disse como se fosse uma velha contando suas histórias da juventude. — O amor pode fazer muitas loucuras com alguém.
Amor?
— Como assim?
— Meu namorado, JunMyeon, disse que só namora gente inteligente. — Explicou. — Claro que eu quase dei três cruzados naquela cara e o mandei namorar a puta da mãe dele, mas depois de um tempo ele me ensinou que isso daqui— Apontou para os livros.— pode ser bem legal.
Pera, então Yixing namorava uma cara que queria que ela estudasse... Ela bateu nele (?) e xingou sua mãe, mas agora estuda. Não fazia sentido, mas a mulher em si não fazia.
— JunMyeon? Você namora? — O garoto realmente não consegui absorver muita coisa.
— É, namoro um menino do primeiro ano, não sei se você já o viu. — Pensou um pouco depois de falar.
Provavelmente o Byun já viu sim, a garota andava com vários caras gigantes e cheios de personalidade, algo que a escola em si não gostava muito. A chinesa deveria namorar o maior deles, que deve vender drogas, mas quer que sua namorada tenha um futuro decente. O grupo dela tinha muita gente de várias classes, mas o primeiro ano era novidade.
Essa hierarquia de escola era bem forte na escola do coreano. Ele era do último ano, então nem tinha tanta gente o zoando, até porque só quem zoa veterano, é veterano. Por isso era difícil ver alguém do quarto ano, do grupo dos valentões, namorando alguém do primeiro.
— Não sei se já o vi. — Comentou perdido nas suas reflexões sobre aquele casal inserperado.
— E você e o Chanyeol? Quando vão namorar?— Yixing trocou de assunto rapidamente.
Um assunto muito delicado, para falar a verdade. De repente, o Byun travou inteiro e parou até de respirar, olhando corado e com os olhos arregalados para sua noona.
— Qual é, Baekhyun, eu sento na sua frente. Tu fala alto para caralho com o Minseok, só to dormindo do outro lado da sala porque você dá uns surtos quando o Chanyeol levanta bem barulhentos. — Esclareceu tudo.
Talvez todos da sala soubessem, menos o próprio Chanyeol.
— Ér... — Baekhyun olhou em volta, sem ter coragem ou intimidade de conversar sobre isso com alguém como Yixing.
— Ok, você não quer falar, né? — Já cortou o garoto. — Eu entendo que você não deve entender nada, mas se algum dia quiser conversar comigo, pode contar. Algo me diz que seremos grandes amigos...
Beleza, o que tinha acabado de acontecer? A chinesa tentou conversar com o menino mas, pelo que parece, a própria sabe mais do que realmente imagina. Quando que a garota que sentava a sua frente descobriu tantas coisas dele? Como ela conseguiu ler o Baekhyun inteiro em cinco minutos de conversa? Era algum poder do John que as mulheres tinham? Enquanto os homens não entendiam nada, as mulheres sabem de tudo?
Meio injusto isso...
O Byun só assentiu e sorriu sincero para a menina, levantando e indo até o balcão para alugar os livros, mas isso não deixou que o mesmo pensasse muito sobre a menina.
Ela disse coisas muito estranhas e não, não estamos falando sobre aquele namoro bizarro dela, mas sim de como ela conseguiu identificar os pensamentos do Baekhyun fácil, fácil. Talvez o adolescente nunca tivesse passado por essa situação, falar três palavras mas o outro entender tudo... Só com o JongDae, pela ligação entre anjo e miss...
Pera, aquilo significava alguma coisa. Alguma coisa bem cabeluda, mas porque a chinesa só teria amizade com sua missão agora? Não tinha ligação, mesmo sendo um pouco coerente.
Imagina uma punk e valentona que xinga as sogras sendo sua anja da guarda?
Enfim... Baekhyun levou os livros, entregou a carteirinha e assinou quinze milhões de papéis para levá-los, isso que queria ser rápido. Pegou tudo bonitinho e saiu meio correndo da biblioteca, queria ir para casa dormir um pouquinho, visto que sua cabeça fritava com tantas teorias e informações, mas o garoto trombou com tudo num aluno. Os livros voaram para todas as direções, tanto de um quanto do outro, e o gritinho nada hétero que os dois deram denunciaram a surpresa bem aleatoria do dia.
Baekhyun foi o primeiro a se agachar e pegar suas coisas, perto de seu livro tinha uma carteirinha de biblioteca que ele pegou, olhando para cima e vendo o outro garoto. Ele era baixinho, talvez mais do que o principal, e completamente estranho. Já era século XXI e todos os padrões de beleza tinham se distorcido, mas Baekhyun conseguiu encontrar o verdadeiro nerd. O menino desconhecido tinha óculos redondos, suéter brega, calça meio social e um cabelo ridículo num topete. Eram espinhas e um semblante de derrotado, com um biquinho meio bizarro e vergonhoso. Tudo bem que o Byun se considerava um nerd, mas até sentiu que desonrava esse nome, já que o outro era aquele nerd todo esteriotipado e esquisito.
— Desculpa, hyung. — Ele se pronunciou e finalmente agachou para ajudar Baekhyun.
Os dois separaram os livros e levantaram, com o mais velho ainda encarando o nerd num tom julgador. Ele nunca tinha visto essa pessoa na escola, era completamente novo ver alguém tão padrão ali. A Yixing mesmo dizia o contrário dos esteriótipos de mulher na Coréia heterossexual e que namora.
— Essa carteirinha é sua... — Lembrou-se do documento na mão e entregou, mas leu o nome antes.— Kim JunMyeon?— Pronunciou.
— Isso. — Pegou a carteirinha e colocou no bolso. — Muito obrigado, hyung! — Se curvou e entrou na biblioteca.
Baekhyun o acompanhou com os olhos e franziu o cenho. Aquele nome não lhe parecia estranho, e o garoto sabia que ele era do quarto ano, mas não lembrava de onde se conheciam...
Deu de ombros e saiu andando, era apenas um que sofreria nas mãos do valentões, que nem o próprio adolescente da história.
*Santa Ajuda!*
— Então você acha que é a menina gótica? — JongDae perguntou.
Já era tarde da noite, Baekhyun tinha acabado sua partida de LoL no computador e agora se trocava para dormir um pouco. Claro que ele alternava xingar sua equipe, e contar a bizarrice que lhe aconteceu com sua colega de classe. O menino falava todo atrapalhado e descontraído, o que despertou uma curiosidade no anjo por ver um cara completamente diferente do que Baekhyun é na escola. Então, enquanto o adolescente jogava, ele ria e o encarava com muito orgulho... Se fosse assim com Chanyeol, o crush iria notá-lo rapidinho.
Era um menino tímido, mas muito forte e de ouro, para Chen. Isso deixava mais que marcado em sua mente que seu marido estava cuidando do outro, os dois eram parecidos e com certeza aquilo era criação de quem amava.
— Não sei, mas foi estranho. — Tirou a calça e jogou em qualquer lugar, vestindo uma de moletom para usar como pijama.
Se fosse alguém diferente de JongDae naquela cama, ele nunca se trocaria sem corar e mandar esse alguém virar de costas, mas lá só era seu anjo, que provavelmente já o viu pelado (não duvidava dele acompanhar seu banho enquanto ficava invisível) e estava conectado sentimentalmente.
Depois de estar com uma camiseta larga e fina, sua calça, Baekhyun se jogou na cama, em cima de JongDae, e ficou deitado em cima do seu anjo.
Aquilo era um pouco além da ligação, o mais novo tinha descoberto que o espírito sabia da sua grande carência, então nada melhor que ter um anjo de verdade para consolá-lo. Aquilo não ajudaria na missão, aquilo não era para acontecer, mas os dois não ligavam e já se sentiam íntimos o suficiente para ficarem juntos daquela forma. Sim, fazia apenas dois dias, Baekhyun o odiava no primeiro e metade do segundo, mas ele entendeu o que aquele mente suja fazia lá e o que estava disposto a fazer (que era bem mais do que o pedido).
— Então meu marido é aquela menina estranha? — Chen não se importou em ter o peso de Baekhyun sobre si, e aquele corpinho aninhado ao seu, na verdade, até começou a fazer carinho nos seus cabelos.— Até que faz sentido eu namorar alguém assim.
— É verdade, ela é tão boca suja quanto você. — Disse divertido, mesmo não gostando muito dessa característica.
— Você a acha bonita? Cheirosa? — De repente, Chen perguntou.
Baekhyun levantou o rosto para olhar JongDae, franzindo o cenho.
— Que tipo de pergunta é essa? Eu gosto do Chanyeol.
O mais velho revirou os olhos e bufou.
— Não é sobre você gostar dela! Os anjos em forma de humano costumam ter um feitiço, onde eles ficam muito mais bonitos e encantadores, o cheiro deles é muito gostoso também. — Explicou.— O KyungSoo, por exemplo, eu vi que quando ele abriu um sorriso você quase babou... É normal isso acontecer?
O garoto pensou sobre o comentário do outro e teve que concordar. Esse feitiço era bem forte, porque o KyungSoo era a pessoa mais cheirosa da escola inteira, o próprio Byun admitia isso, mesmo prefirindo o perfume do Chanyeol. Mas se isso fosse verdade, Yixing não poderia ser um anjo em forma de humano, porque a mesma nunca se destacou tanto por sua beleza, e sim rebeldia.
— Por isso que você é tão pegajoso. — Chen continuou. — Se as minhas teorias estiverem corretas e o Luhan é o seu anjo, ele que te fez gostar de carinho e abraços, e você aprendeu a ser assim com uma pessoa que já te atraía pelo feitiço. Tudo isso misturou em algum outro elemento... — Sugeriu.— E saiu você.
— Provavelmente esse outro elemento é a falta que eu sinto da minha mãe... — Completou o raciocínio do outro, levando sua mão até o peito de Chen e fazendo um carinho. — Eu sinto muita falta dela.
— Qual o problema entre vocês?
— Depois que o papai foi embora, ela trabalho muito para sustentar-nos. — Disse triste, mas não incomodado por compartilhar tal sentimento com seu ajudante. — Sei lá, ela é a mulher mais forte que já vi em minha vida, mas acho que fingir que nada aconteceu, que ele sumiu, não é a melhor forma, e ela age como se trabalhar compulsivamente fosse apenas um probleminha que apareceu... — Desabafou. — Ela não precisa trabalhar dessa forma, a gente não precisa ter o mesmo estilo de vida, eu não me importo em me mudar de escola, de casa, desde que ela fique bem.
JongDae só conseguiu se apaixonar mais pelo seu pequeno, visto a inteligência que esse menino tinha. Sua vida não era legal, ele foi abandonado direta e indiretamente pelo seus pais, pelo seu melhor amigo e pelo seu anjo da guarda; mas era engraçado o quanto ele continuava sendo educado, sem falar palavrões e todo apaixonadinho pelo menino da sua sala. Aquela situação exigia uma força psicológica descomunal, e ele conseguia sem problemas nenhum, analisando os problemas, sabendo o que está errado mas não se afetando com isso.
JongDae podia não achar seu anjo da guarda, mas que o cara fez um trabalho maravilhoso, ele fez.
— Mas por enquanto eu tenho você para abraçar, até o Luhan se ligar que eu preciso dele. — Sorriu e abraçou forte seu anjo.
— Que nojo, mas é isso mesmo... Acho que mesmo se o Luhan não for seu anjo da guarda, ele é um anjo, talvez de alguma missão. — Comentou Chen.
Mas o descendente de chinês o conhece desde sempre, só se houvesse uma missão na vida de Baekhyun que durasse quase que a vida toda do mesmo, mas não é a de anjo da guarda.
— E se o Chanyeol for meu anjo? — Baekhyun riu, brincando. — Seria muito ridículo.
O mais velho de risada, mas logo rebateu:
— Eu nunca me casaria com um bicho feio daqueles, me respeita, Baekhyun.
Isso acarretou num tapa onde recebia carinho e uma risada alta do Byun.
— Ele não é tão feio assim...
JongDae teve que pegar no queixo do garoto e fazê-lo olhá-lo.
— Baekhyun, ele é feio para uma porra.
O mais novo fez uma careta.
— Aish, você fala muito palavrão, JongDae! — Soltou-se dele e voltou a deitar nele. — Sei que a gente tem esse negócio de feitiço e carência, mas tem que ter regras a nossa relação.
— E eu não posso falar palavrão?!— Quase gritou. — Aí você me fode, Baekkie! — Mesmo com o palavreado, tinha um tom de manha.
Baekhyun decidiu fazer birra e ficou quieto. Aquela situação era muito engraçada mas reconfortante para si, só teve oportunidade de ficar assim com alguém na época que era próximo do Luhan, agora era tudo diferente e ele estava agarrado a um anjo bizarro. E, o pior, é que não tinha nada de ruim para si, só era engraçado esses novos sentimentos e experiências.
— Como você é lá com o John? — Puxou assunto, quem sabe o sono vinha e evitaria mais discussões com o anjo.
— Nós somos monstros horrendos com vinte e sete olhos. — Chen respondeu normal.
É, ele não conseguria ficar sem discutir com o espírito.
— Pelo amor de Deus, JongDae. Para de zoar! — Baekhyun estava exausto.
— 'Tá! Calma, eu falo... — Levantou as mãos em sinal de rendição e riu da irritação do outro. — É como se fôssemos uns cabos, ou o ar...Sei lá, às vezes a gente toma forma de humano, mas na maioria das vezes somos invisíveis.
— Isso é estranho. — Concluiu.
— Sim, principalmente quando você é casado, porque eu sinto o Xáo lá, mas a gente não se vê, não se toca... Só se... Só se ama.
Baekhyun já estava sentindo vontade de dormir, e escutar os problemas amorosos do seu anjo era muito bom, tanto para rir quanto para dormir. E ele queria estar mais acordado para recordar-se bem de que o JongDae podia ser bem fofinho de vez em quando.
— Obrigado por me ajudar, Chen. — Baekhyun bocejou depois de falar. — Pelo Xáo, pelo Chanyeol, pela minha mãe... Sei lá. Só obrigado.
*Santa Ajuda!*
— Então, a alternativa mais certa seria a A? — Chanyeol olhou para Baekhyun aflito, como se aquela resposta dependesse da sua existência na Terra.
Baekhyun olhou para o livro e os desenhos de Chanyeol, explicando se raciocínio.
— A criança tem 50% de chance de ser daltônica. Está certo, Chanyeol! — Baekhyun sorriu para o maior.
Os dois estavam estudando já fazia algum tempinho na casa do Park, e o nervosismo de Baekhyun ficou a flor da pele, mas seu anjo o acompanhou até começarem a falar de matéria, deixando o menino mais calmo.
Chanyeol atingiu todas as expectativas do Byun, ele era educado e muito gentil. Sua mãe apareceu, esta sendo a versão feminina e mais velha do crush, e ofereceu sanduíches muito gostosos. Baekhyun sentia seu coração acelerando e batendo com muita intensidade enquanto andava naquela casa. O cheiro de lá o deixava nervoso, ter Chanyeol tão perto de si o deixava suando e querendo chorar.
Ele era maravilhoso, não importava as brincadeiras do JongDae. O Park tinha um sorriso grande e lindo, Baekhyun escutava sua risada e explodia milhares de vezes por dentro. Sua carinha de confuso, sua felicidade quando acertava um exercício, era tudo muito perfeito para o menor... Ele se sentia num sonho, só que real.
— Aish, Baekkie. Estou cansado já, a prova será na quarta, não precisamos estudar mais por hoje. — Chanyeol fez uma careta e se deitou na sua cama.
O menor ficou observando o outro jogado sem jeito na cama de casal, quem só visse o rosto do Byun, parecia que ele encarava uma obra prima das caras na França, porque aquilo era arte ao seus olhos.
— E você vai fazer o que? — Perguntou.
— A questão é o que a gente vai fazer. — Se levantou e começou a arrumar os livros.
— A gente? — Ficou confuso.
De repente o Chanyeol parou o que estava fazendo e olhou com uma careta para Baekhyun.
— Você já vai embora?
O clima ficou meio estranho, o mais velho pensou que os dois só estudariam e, quem sabe, conversassem sobre qualquer besteira, mas não por muito tempo. O Park mal conhecia o nerd da sua sala, porque ficaria mais de quinze minutos conversando com o mesmo?
— Ah, eu pensei que só estudaríamos... — O menor corou e desviou sua atenção para qualquer outro lugar da casa.
— Bom... Se você quiser ficar aqui mais um pouco... — Chanyeol respondeu baixinho.— Na verdade, vamos fazer isso direito, vamos sair qualquer dia!— Disse animado.
— Sair?!— Baekhyun arregalou os olhos e ficou mais nervoso do que qualquer vez em sua vida.
— É? Sim, sair?! Quer dizer, é? — Chanyeol se assustou.— Você não é gay?
— Gay?— Baekhyun conseguiu abrir ainda mais os olhos.
— Não, não. Nada de gay, espera... — Chanyeol riu de nervoso.
O menor não estava entendendo quase nada, que tipo de conversa Chanyeol desencadeou? Quem era gay? Será que ele sabia de alguma coisa sobre si?
O coração estava mais acelerado do que nunca, e ele tinha medo de interpretar alguma coisa errado. Park havia o convidado para sair, mas depois perguntou se o Byun era gay, e ocorreu algum constrangimento no meio. Era muito difícil de raciocinar por agora, que estava na cama de Chanyeol, na frente dele, corado e com vontade de chorar um pouquinho mais.
Não era tempo de tirar conclusões, mas que Chanyeol queria alguma coisa, ele queria.
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