— Nem vem que eu não disse nada. — JongDae entrou na cozinha já se defendendo.
— Você viu a cara que ele fez, Chen? — Baekhyun quase gritou, mas teve que se segurar pelo amigo estar no cômodo ao lado.
Claro que o JongDae tinha que ter soltado suas frases de duplo sentido, deixado seu amigo com problemas em socializar pensando sobre quais eram seus gostos na hora h.
— Vi. — JongDae sorriu muito bonito. — Ele é tão lindo, meu John.
Baekhyun estava muito irritado pelo seu anjo ter violado as regras, mas ver aquela animação toda de gente apaixonada aqueceu seu coração repentinamente, sendo outro bobo sorrindo para o nada na cozinha.
— Eu sei, ele é maravilhoso! — Falou animado.
JongDae assentiu, rindo de felicidade e foi abraçar a sua missão, os dois gritando de excitação e ficando histéricos com as imagens de Minseok rodando em suas mentes.
— 'Pera, você acabou de falar que meu crush é maravilhoso? — Se separou do abraço mas ficou com as mãos nos ombros da sua missão. — Você quer me trair, seu idiota?
Baekhyun tentou retomar seus sentimentos mas tudo que sentia era paixão pelo Minseok.
— Cara, não. Só saiu! — Explicou-se.
— Você me fez parecer dois anos mais novo que vocês só para eu parecer um bebê e você ficar com ele, né? — JongDae perguntou, cerrando os olhos e não acreditando na traição que acabara de acontecer.
— Baekhyunnie? — Antes do humano se defender, os dois escutaram alguém.
Minseok estava meio envergonhado, mas já não se sabia se ainda era pelo comentário ou pela situação que encontrara na cozinha, mas o menino parecia bem retido, ombros meio tensos.
— Fala, hyung. — Byun se separou com raiva de JongDae, que era um paranoico bobão.
— O Chanyeol acabou de te mandar mensagem perguntando se você fará alguma coisa amanhã.
Nesse momento, não havia crush de JongDae em Minseok, não havia constrangimento por parte do humano mais velho, e nem os sentimentos do anjo na sua missão. A única coisa que importava era a mensagem de Chanyeol. O Kim e seu amigo foram correndo para sala, deixando o falso humano boquiaberto na cozinha.
— MEU DEUS! Ele mandou mesmo! — Baekhyun gritou ao se jogar no sofá de qualquer jeito, e seu amigo ficar em cima de si mais desengonçado ainda para ler a conversa.
Seu coração disparou. Não imaginava que realmente se encontraria com o Park, claro que o seu crush havia comentado sobre saírem, mas o garoto apaixonado não levou muito a sério, não gostaria de ser mais iludido que já era.
— Cara, não estou acreditando. — Desbloqueou seu celular e encontrou a mensagem.
Chanyeol:
Oi, Baekkie ^^
Tudo certo? Tem algo para fazer amanhã? Pensei em sairmos para comer alguma besteira.
Poderíamos nos conhecer para quando for na minha casa me ensinar biologia, termos mais conversa, o que acha?
Boa noite :3 <3
— Ele usa emojis, Baekkie!— Minseok constatou, batendo no ombro do amigo de empolgação. — Você ama emojis.
Baekhyun amava emojis. Baekhyun amava mensagens. Baekhyun amava Chanyeol. Como aquele cara podia ser tão fofo? Ele já até pensava no próximo encontro de estudos, era tão observador, carinhoso, atento... Era certo, estava perdidamente apaixonado por aquelas orelhas de abano e sorriso gigante, estava apaixonado pelo pacote inteiro, principalmente os emojis, a mensagem, o convite; tudo. Estava apaixonado por tudo.
JongDae entrou de fininho na sala e se sentou numa espécie de poltrona que tinha ao lado do sofá.
— Quem é esse, hyung?— Perguntou como se fosse um inocente.
Minseok levantou a cabeça e viu o garoto lá, com uma cara confusa, mas também viu que seu amigo estava praticamente paralisado lendo aquela mensagem fofa, então ele se arrumou no sofá e explicou:
— É um cara que o Baekhyun gosta, JongDae, e ele acabou de chamar o Baek para sair.
JongDae fez uma expressão que tinha entendido, dando uma leve risada ao ver sua missão hipnotizado no celular.
— E você vai sair com ele, Baekkie? — Chen perguntou, como se realmente não soubesse da resposta e não fosse participar do encontro de qualquer forma.
Baekhyun olhou para o nada, com os mesmos olhos arregalados e surpreso, levantou-se e sentou direito no sofá, ficando com as costas apoiadas e o celular no colo.
Aquilo estava mesmo acontecendo.
— Vou. Eu vou sair com Park Chanyeol.
*Santa Ajuda!*
As mãos do menino suavam muito e não, não era porque Baekhyun tinha Chanyeol conversando consigo e os dois andavam juntos, mas sim porque Baekhyun tinha Chanyeol conversando consigo e os dois andavam juntos para um encontro. Sim, podia ser como amigos ou pretendentes, mas aquilo ainda sim era um encontro.
E nem fora Baekhyun que propôs, quem diria, ein?
— Eu acho óculos super estiloso. — O maior falava. — Tem uns estilos que a pessoa vira outra quando coloca.
Baekhyun teve de rir daquele assunto, era tão bonitinho quem não usava óculos falando dos mesmos.
— Eles atrapalham bastante, não gosto de usar.— Comentou baixinho.
— Você fica muito bem com os seus. — Soltou na roda sem ao menos avisar antes.
O pobre Baekhyun já queria chorar há um tempo, seu nervosismo estava num nível não recomendado, e de repente vem Park Chanyeol lhe elogiando?
O Byun até pensou se John também dava os anjos o poder de possuir humanos, porque aquilo poderia ser uma pegadinha das boas que JongDae faria em si. E ele pensava mesmo, tudo acontecia e tudo era real, mas Chanyeol parecia tão intocável que a paranoia junto do desespero de algo dar errado lhe davam esses pensamentos.
Mas não, Chanyeol era apenas um garoto mais novo que o principal, bonito e um ótimo jogador de basquete, o que acabou tornando-o conhecido pela escola. Ele não se considerava popular nem nada do tipo, mas ele gostava de socializar e fazer amizade e isso acabou criando uma identidade. Era apenas isso, não tinha nenhuma hierarquia escolar ou coisa do tipo, só Chanyeol querendo se aproximar do seu colega "esquizofrênico" de classe.
— O-obrigado. — Baekhyun sorriu com o elogio mas queria explodir.
Quando chegaram no estabelecimento, fizeram seus pedidos. Chanyeol quis pagar o lanche de Baekhyun mas o mais velho não deixou.
Então é mesmo um encontro, Baekhyun pensou.
Quando os pedidos ficaram prontos, os dois foram para uma mesa e sentaram-se um de frente para o outro.
Isso é definitivamente um encontro, Baekhyun pensou de novo, com a ansiedade a flor da pele.
— Então, você já sabe o que quer fazer quando sair da escola? — Chanyeol puxou assunto.
— Provavelmente algo relacionado à biológicas. — Riu, era mais do que óbvio isso. — Só não pesquisei muito as faculdades e cursos, estou focado mais na escola do que no futuro, estamos no começo ainda. E você? — Apoiou sua cabeça na mão, com o cotovelo na mesa.
Ele parecia um apaixonado bobinho comendo batatinhas enquanto Park falava sobre seus planos para o futuro.
— Acho que educação física, gosto bastante de esportes e adoraria ser professor... Não sei, eu acho que posso ser professor de muitas outras coisas, mas a chance de eu conseguir uma bolsa pelo basquete são grandes, acho que se eu estudar algo parecido também seria legal. — Chanyeol não parecia nervoso e falava com vontade e convicção, enquanto também comia suas batatinhas, alternando o olhar para a comida e o seu novo amigo. — Se eu não receber bolsa, aí já não sei se faria matemática, ou pedagogia e daí eu faço uma faculdade de alguma matéria. Aish, estou confuso. — Riu fraquinho.
— E seus pais apoiam sua ideia de ser professor? — Continuou o assunto, queria que Chanyeol continuasse daquele jeitinho até o resto de seus dias na Terra.
O Park tinha uma das melhores notas da sala, ele e Baekhyun eram exemplares quando se falava no boletim. Considerando a sociedade coreana bem rígida e preconceituosa em relação à profissões, provavelmente Chanyeol sofria por ter escolhido algo tão "simples" visto sua inteligência para ser um médico, engenheiro ou advogado. Claro que Baekhyun não pensava dessa forma, ser professor era algo muito digno e difícil de ser, sem falar que os professores que formam os médicos, engenheiros e advogados; mas muitas pessoas não conseguem enxergar o ofício dessa forma.
— Eu moro com meus avós. Meus pais são engenheiros navais e trabalham no litoral. — Deu de ombros.— Mesmo que eles falassem algo, não escutaria, eles mal me criaram, não possuem direito de opinião. — Declarou.
— Oh, entendo... Desculpa perguntar. — Baekhyun disse, achando que o assunto ficara delicado demais.
— Tudo bem, Baekkie. — Sorriu para o menor. — Eles moram longe de mim faz anos, não me importo mais.
E a conversa continuou. Com o tempo, Baekhyun não se sentia mais nervoso que nem antes, porque Chanyeol sabia muito bem conduzir uma conversa saudável e fazer piadas muito engraçadas, criando um clima confortável. Ele era maravilhoso, isso já estava mais do que claro, o único problema que Baekhyun tinha era a insegurança sobre si. Será que aquele menino que fala sozinho e fica no canto da sala conseguiria chamar a atenção de Chanyeol de outra forma? Ele não conseguia acreditar nessa possibilidade.
Tinha um elogio aqui, acolá, mas Baekhyun pensava que o garoto fazia mais por pena e involuntário do que qualquer outra coisa. Porque, para o garoto principal, sua beleza não chamava muita atenção, seus assuntos não eram dos melhores, e seu senso de humor terrível. Nada ajudava Baekhyun a chamar a atenção de Chanyeol.
Mas uma coisa que o garoto não percebeu, é que os dois conversavam arduamente com o Byun sendo 100% ele mesmo.
Quando seu crush perguntou de sua família, ficou envergonhado em dizer que seu pai fora embora, deixando uma família por outra, e já pensou que todo o encontro tinha se estragado ali... Mas Chanyeol se mostrou um homem muito sábio e conseguiu contornar a situação. Não que o Byun sentisse muita falta de um cara que já não era presente, mas o clima estranho acabou se instalando.
— Desculpa me meter nesse assunto, Baekkie. — Bebeu um gole de seu refrigerante. — Não precisa ficar chateado, hoje é um dia só de felicidade, ok? — Colocou sua mão sobre a do garoto e fez um singelo carinho.
Baekhyun podia perceber pelas observações alheias que Chanyeol era alguém que gostava muito de contato, algo que não podia reclamar, e tinha que admitir que só naquele carinho, o clima triste do abandono foi para o ralo, deixando apenas dois garotos trocando uma singela demonstração de respeito e compreensão.
De repente, alguém magicamente aparece do lado do mais velho e foi captado pela visão periférica do mesmo, estava sentindo falta daquele anjo sumido.
JongDae tinha os braços cruzados e olhava com uma cara julgadora para Chanyeol, que agora falava sobre qualquer besteira enquanto comia seu sanduíche sem encarar Baekhyun. O menino observou rápido aquele semblante do anjo e ficou preocupado, que tipo de análise era aquela? Será que JongDae podia ver se Chanyeol estava sendo falso consigo? O que estava acontecendo?
— Vamos ao banheiro. — Chen se pronunciou sem ao menos olhar para sua missão.
— E então o KyungSoo decidiu que deveríamos... — Chanyeol se preocupou com o olhar preocupado que Baekhyun tinha para o nada e parou tudo que fazia. — Está tudo certo, hyung? Você ficou mal por termos falado de seu pai?
O mais velho acordou e teve que sorrir envergonhado para o crush.
— Não, estou bem, Chanyeol, sério. Só vou ao banheiro rapidinho. — Falou enquanto já se levantava e ia até o lugar marcado com o anjo.
Seu coração já não batia tão forte pelo clima gostoso que estava tendo com Chanyeol, mas o caminho ao banheiro fez aquele órgão se remexer bastante. Sentia que havia algo, não sabia se errado ou não, mas tinha alguma coisa séria.
Quando entrou, JongDae estava em pé mas apoiado numa cabine fechada, mas que aparentemente não tinha ninguém, com um olhar vazio e perdido. Baekhyun odiava aquele olhar mas sempre tinha relação com o Xáo LuRá, seu marido.
— O que aconteceu?— Perguntou delicado, tinha medo do anjo explodir, porque sentia que era delicada a situação.
— Já foi. — Chen ainda não olhava para o Byun.
Estranhou a resposta.
— O que já foi? — Continuou, dessa vez se aproximando do espírito bem devagar.
— Tudo, Baekhyun. A missão já foi. — Finalmente olhou para o humano.
O Byun estava muito nervoso para entender alguma coisa então decidiu prosseguir sua intercepção.
— JongDae, como assim?— Parou de andar, ficando quase meio metro de distância do outro.
— Está no olho do Chanyeol, Baekhyun. Ele gosta de você... Talvez a mais tempo do que parece. A missão foi cumprida. — Ainda tinha um tom irritado.
As coisas se ligaram na cabeça do garoto e seu coração conseguiu pulsar mais forte do que qualquer outra vez na vida.
Chanyeol gostava dele. Chanyeol gostava dele.
Como aquilo era possível? E os dois nem conversaram direito, ele deveria notar Baekhyun há algum tempo para isso acontecer. Chanyeol já notara Baekhyun há muito mais tempo que o outro imaginava.
E agora era oficial, JongDae mesmo que disse: missão cumprida!
Um sorriso quase psicopata nasceu na cara do humano, mas seu anjo não pareceu estar tão feliz quanto.
— Aconteceu? ACONTECEU! — Baekhyun deu uns pulinhos estúpidos e bateu palmas, não contendo sua felicidade.
Ele só precisava de um abraço do seu ajudante nessa missão inteira, mesmo o JongDae não ajudando realmente. Mas quando o menino deu um passo com os braços abertos e viu que o outro não retribuiria, murchou.
— Qual o problema, Dae? Você conseguiu, a gente conseguiu... — Perguntou triste.
— Eu sei, é que... — JongDae cruzou os braços e desviou o olhar. — É que eu não gosto de despedidas.
Despedidas? Baekhyun fez uma cara de confuso por milésimos de segundos, até entender que aquele banheiro, depois da missão cumprida, seria o cenário de despedida entre anjo e missão.
Seria engraçado se alguém visse de fora o quão rápido o semblante do adolescente mudou em questão de segundos. Primeiro ele ficou feliz pela revelação, depois confuso, e depois várias lágrimas brotaram nos seus olhos, junto de um biquinho fofinho mas trágico.
Acabou, aqueles dias com um anjo enxerido enchendo seu saco não aconteceriam mais, e ele não tinha mais motivos para ficar ao lado do humano. A sensação cômica de ter sentimentos dobrados dentro de seu cérebro não seria mais presente e talvez o menino nunca sentisse atração pelo seu amigo Minseok, algo recorrente na convivência com o anjo. Eles não teriam briguinhas bobas e os palavrões consideravelmente reduzidos em sua rotina.
— Dae... — Chamou com a voz embargada, o anjo tinha o rosto virado e os braços cruzados, como se tivesse fazendo birra, mas quando virou seus olhos estavam marejados.
— Você é um viadinho. — JongDae disse, ainda birrento.
— Chen... — Foi se aproximando enquanto liberava as lágrimas e separou os braços cruzados do anjo para poder abraçá-lo, sendo recebido com o choro do outro.— Não precisa ir.
— Preciso sim, criança.
Aquilo quebrava o coração do rapaz... Tudo bem que agora tinha Chanyeol nas suas mãos, mas precisava mesmo se despedir do seu anjo mal criado?
— Por favor... — Pediu, chorando mais no peito imaginário do outro.
O mais velho começou a fazer carinho no cabelo da sua missão, ele já tinha passado por várias missões em milhares de anos, mas o Baekhyun fora sua maior preciosidade, talvez por ter esperança de encontrar seu marido e o garoto ser uma cópia do amado.
E, aproveitando os últimos momentos da conexão, Byun sentiu que o anjo sentia falta do seu amor e começou a chorar mais ainda.
— Você nem achou o Xáo... — Soluçou. — Fica até achar seu marido.
— Não, Baekhyun. Eu vou embora. — Precisou ser forte para declarar, aquilo tinha que acontecer qualquer dia.
O anjo separou o Baekhyun só na cabeça, para que pudessem se olhar. O menino estava inchado e horroroso, provavelmente Chanyeol perderia todo o tesão, na sua opinião, mas como ele não estava por lá e tudo era triste, nem ligou para o catarro saindo, o óculos meio embaçado e o rosto avermelhado.
— Bota o Chanyeol contra a parede e dá um beijão nele, ok? — Fazia carinho nas bochechas molhadas do menino. — Você já o tem, só falta atitude.
O menino só assentia mas, por dentro, queria que o outro ficasse para sempre consigo.
— E o Min? Você não quer ficar aqui com o Minseok? — Tentou arranjar outra desculpa.
— Queridão, não tem jeito. O Minseok pode ser a pessoa mais linda e gostosa que eu já vi na vida, eu pertenço ao Xáo. Não dá. — Sorriu triste.— Eu só queria pelo menos ter fodido aquele cara, mas nem deu.
Baekhyun fez uma cara de nojo pelo comentário completamente desnecessário para o momento.
— Não fale essas coisas, Chen. — Ele estava muito triste e chorando, mas ainda sim repreendeu.
JongDae parecia mais conformado com a sua ida, então começou a falar as besteiras de sempre:
— Eu posso te dar um dom ainda, como presente.— Explicou, dando um beijinho na testa pelando da sua missão, sem parar com o carinho intercalado nas bochechas e cabelo. — Que tal eu te dar o dom de falar palavrão? Nossa, tenho certeza que o Chanyeol daria tudo para você dominador e boca suja. — Riu.
— JongDae, era para ser um momento triste, pare de falar essas nojeiras. — Baekhyun acabou chorando mais, nem quando seu anjo tinha que parar de falar coisas sujas, ele ultrapassava as regras.
O outro tentou dar outro beijo mas o mais novo tentou se afastar, mesmo agarrado ao anjo, causando uma risada por ambas as partes.
O menino estava tão envergonhado pelos comentários e pelo seu choro excessivo, que só mantinha seu olhar baixo, no peito do anjo, mesmo recebendo um carinho muito gostoso e seguro, retribuindo com um carinho na cintura do espírito, onde tinha os braços acomodados.
— Então eu posso te dar o dom de não ser mais envergonhado.— Isso chamou a atenção do mais novo. — Aí você pode falar o que bem entender, conversar com mais pessoas... Até ser amigo da garota bizarra lá. — Explicou.
Era uma boa ideia, ter aquele dom o faria ser uma pessoa mais sociável e feliz, quem sabe. Baekhyun não precisaria mais falar sozinho pelos corredores porque Minseok estava escondido em algum lugar.
— É um boa, não? — JongDae continuou o convencimento, sendo muito melhor nisso do que o garoto. — Você pode ficar com o dom e se confessar para o Chanyeol.
O garoto assentiu levemente, completamente entretido naquele papo e o carinho no rosto o deixando tentado a aceitar.
— Beleza, esse é o meu presente de despedida, para você nunca mais se esquecer de mim.
— Eu nunca me esqueceria de você, JongDae... Você é muito chato para se esquecer. — Brincou, mas ficou sério quando o rosto do outro se aproximou bastante do seu.
— E você tem uma força admirável, com uma inteligência descomunal. Vai ser foda esquecer.
Os lábios se colaram no intuito da transferência do dom que JongDae daria para seu garoto, mas o beijo continuou mesmo não precisando de tudo aquilo. Era uma despedida estranha, porque Baekhyun gostava de Chanyeol, Chen gostava de Xáo, mas os dois ficaram em poucos dias compartilhando de tanto sentimentos além da própria missão, que o beijo era mais do que necessário para se desconectarem. Aquela intimidade não existiria mais, então eles aproveitaram para se despedirem de verdade.
Era simples, calmo, lento e as mãos do JongDae não saíram do lugar, ainda fazendo carinho. Não tinha como interpretar aquela cena como traição, um vídeo para maiores de idade ou amor.
— Obrigado, Chen. — Baekhyun disse quando separaram seus rostos.
Os dois se desgrudaram de verdade agora, sem se tocarem ou ficarem muito próximos.
— Obrigado eu, por ter tentado me ajudar mesmo não sendo meu anjo. — JongDae respondeu, pela primeira vez, parecendo envergonhado.
Era tão fodido que sua missão estava resolvendo seus problemas amorosos.
— Eu vou falar com o Luhan hoje. — Baekhyun avisou. — Vou colocar tudo na mesa, já que você tem quase certeza que ele é um anjo.
Jongdae sorriu e acenou feliz, esperando o Byun seguir seu caminho.
O mais novo entendeu o recado, Chen não queria falar sobre e também tinha que continuar sua vida, já que não teria como contatá-lo quando saísse do banheiro. Olhou-se no espelho, tirou o óculos e lavou o rosto para melhorar a cara de destruído. Abriu a porta e, antes de sair, encarou aquele seu amigo de dias pela última vez.
Tudo tinha acabado.
*Santa Ajuda!*
— Baekhyun do céu, o que você fez? — Chanyeol se levantou e foi até o garoto, que estava com a maior cara de choro do mundo.
O mais velho teve que rir sobre a preocupação do outro.
— Não é nada, Chanyeol. — Colocou a armação de seu óculos.— Entrou sabonete no meu olho e, dramático que sou, chorei muito. Só. — Inventou.
Quando Byun saiu do banheiro, uma parede mágica e imaginária foi atravessada pelo humano e ele não se sentia mais mal. Querendo ou não, Baekhyun estava feliz pela oportunidade que teve de conhecer JongDae, gostou muito das suas ajudas desnecessárias– menos quando machucou o nariz do outro– e sentiu que tiveram uma despedida boa, digna. Não era mais saudades que o garoto sentia, era apenas felicidade.
Chanyeol gostava dele. Chanyeol gostava dele.
— Tem certeza? — O seu crush estava tão perto de si que ele ficaria mais vermelho que já ficara pelo choro.— Você vai ficar cego? — Mesmo a pergunta sendo absurda, Chanyeol estava sério e preocupado.
— Não, Chanyeol. — Baekhyun riu de novo e se sentou, deixando o maior em pé e assustado ao seu lado. — Estou enxergando, pode deixar.
Park foi se sentar na frente do menino, mas ainda estava cauteloso e prestando atenção nas ações do Byun, como se colocar um óculos fosse machucá-lo mais.
— Você quer tomar sorvete? — O mais novo deu sua última abocanhada em seu hambúrguer, acabando com seu lanche.
— Eu estou satisfeito já, obrigado. — Sorriu educado.
Até que seria legal ficar mai um tempo com Chanyeol, mas uma cadeia de pensamentos foram liberados e tudo que o menor queria era beijá-lo. Era melhor deixar para o próximo encontro.
Não sabia se o efeito do dom que JongDae lhe passou podia ser forte, mas sua vontade de falar o quão Chanyeol era atraente estava no seu ápice. Com certeza se abrisse a boca, diria algo bem no estilo de JongDae: inconveniente e sexual.
— Então vamos, amanhã temos aula e prova de biologia.— Chanyeol se levantou e pegou sua bandeja, sendo acompanhado pelo Byun. — Eu gostei muito desse passeio, Baekkie, mesmo essa sua cara de choro me deixando chateado. — Jogou os papéis fora e manteve a alavanca do lixo para o outro também jogar os restos.
Depois de estarem com as mãos limpas e vazias, Baekhyum olhou bem nos olhos de Chanyeol e falou direto:
— Se tem um coisa que eu não estou hoje, Channie, é triste. — Piscou.— Não se preocupe.
*Santa ajuda!*
Baekhyun andava todo distraído até sua casa, Chanyeol se ofereceu para acompanhá-lo mas ele recusou, realmente tinha medo de agarrar seu crush e assustá-lo, porque agora a coragem de fazer isso era bem presente.
Tudo deu certo, ele conseguiu conversar com alguém que gostava, se despediu de uma pessoa muito importante mas não se sentia mal por isso. Baekhyun até sentiu que não precisava de um anjo da guarda, se sua felicidade nunca vinha do mesmo. Claro, ele pode estar aqui, em qualquer lugar, mas o anjo não podia simplesmente aparecer? Dar um "oi" que fosse.
Quando entrou na sua rua, viu aquela casa que tanto conhecia e ficava na frente da sua: a casa dos Xiao. Sentiu um pouco de raiva por toda situação que Luhan colocou tanto o garoto quanto seu antigo anjo, se fosse verdade o fato dos dois serem casados, Baekhyun ficaria muito decepcionado, da mesma forma que JongDae ficou quando suspeitou.
Nossa, Baekhyun ficaria irado de raiva, mas também não aceitaria que seu próprio anjo o abandonaria. E aí voltamos ao papo: por que o anjo não se revelava? Tudo seria mais fácil.
Sem ao menos perceber, o menino foi até a casa do amigo e, quase que involuntariamente, tocou a campainha, sendo atendido pelo alvo.
O menino estava irritado e agora não tinha papas nas línguas que o seguraria, poderia ficar sem anjo da guarda e o JongDae solteiro, mas Luhan escutaria algumas.
— Eu sei que você é um anjo. — Esclareceu e viu o chinês arregalar os olhos. — Não adianta. Comece a se explicar.
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