História Santa Ajuda! - Não quero falar com você! Mas tenho que falar com você!

— Olha, Baekkie, agora eu não poss...— Antes mesmo do mais velho arranjar qualquer desculpa que fosse, Baekhyun se jogou para dentro da casa do garoto.

— Não me interessa se você está ocupado, só quero me responda simples perguntas: se você é meu anjo da guarda, se você tinha alguma relação com Chen Dajil e se você ficou comigo por todo tempo, o que te fez se separar de mim.

Baekhyun tinha em sua mente que aquele seu amigo era um anjo, era quase certeza, mas mesmo que nada fosse muito bem explicado, pelo menos a pergunta em relação ao Chen deveria ser respondida.

— Não, não sou seu anjo da guarda, não tive relacionamento algum com Chen e nós nos separamos porque eu estou em processo de transformação, para virar humano permanentemente, sem os poderes ou dons. — Respondeu rápido e fácil, fechando sua porta de casa e se apoiando nela.

Baekhyun colocou seu peso em uma perna e cruzou os braços, esperando por mais explicações.

— Eu era um anjo da guarda, mas nunca fui seu. Virei humano e nasci nessa família porque tive curiosidade em como era viver dessa forma. Com a sua família e sua companhia, acabei me apaixonando. — Luhan começou.

JongDae bem que explicou que seres divinos tendem a ser fracos com relação ao mundo humano, até suspeitou que seu marido fizera isso.

— Meu protegido estava tomamdo caminhos muito diferentes da minha ideologia, então uma coisa acarretou na outra. — Deu de ombros, com um olhar meio triste e de culpado.

— Você ficava comigo o tempo todo, quem você observava ficando comigo? — Baekhyun estranhou.

Os dois eram quase irmãos siameses, não havia como o Luhan vigiar alguém que não fosse o próprio Byun.

— Há quanto tempo eu não falo com você, Baekkie?

— Uns dois anos, desde que entrou na faculdade.

— E há quanto tempo seu pai foi embora? — Não queria entrar naquele assunto mas era necessário.

Luham sempre observava o Sr. Byun e mesmo tendo que renascer e crescer junto do filho dele, o pseudochinês sabia qual era sua missão e usava todos os seus dons para conseguir relatar tudo ao seu Deus. Ele era um anjo bom, desde pequeno, mas os cheiros, as sensações e os toques que estava exposto, ficou impossível não querer ter a vontade de viver para sempre daquela forma, ter aulas e ser alguém.

— Você era anjo da guarda dele? — Baekhyun estava assutado e boquiaberto com a revelação.

— Desculpe me afastar de ti, Baek. Eu sei que você sente minha falta mas é a primeira vez que estou vivendo de verdade. Faz uma semana que meus poderes se esvaíram por completo, e agora o Leonardo só é alguém que eu agradeço.

— Leonardo?

— É como eu chamo nosso Deus. — Sorriu.

Mas que mania esses anjos tinham de não escolherem nomes coreanos, Baekhyun tinha dificuldade em pronunciá-los e todos eram aleatórios demais. Será que era alguma regra?

— Então você quis ficar? Não seguir o meu pai? 

O seu amigo assentiu e sorriu bonito, abrindo os braços e o chamando para um abraço.

Agora o Luhan, mesmo não ficando muito consigo, estava livre, principalmente do traste do seu pai. Ele tinha muitas qualidade e era um cara de muito bom humor e que aproveitava bastante dos momentos pai e filho, o Luhan cuidou de um cara gente fina, mas todos tem seus defeitos e talvez o chinês também não tivesse aguentado.

Era a mãe do seu melhor amigo sofrendo, seu amigo lá chorando, não tinha como continuar com aquilo. O Xiao não aguentava aquela pressão e ter que seguir o cara que estragou a família daquele que mais o ajudou, mais lhe mostrou o mundo, não virou um de seus planos.

— Desculpa, eu fui egoísta em não continuar mantendo contato, fiquei muito empolgado. — Luhan desabafou baixinho.

— Você é um humano agora, não tem o mesmo cheiro de antes.— Baekhyun riu enquanto se separavam. — Desculpa chegar dessa forma, fiquei muito irritado com meu anjo da guarda que sumiu.

— Sem problemas, Baek, espero que você o encontre.

Aquilo era um selo de trégua. O mais velho trabalharia nas suas atividades na faculdade, mas agora não tinha que esconder toda a transformação que passava, sem falar no constrangimento de ter cuidado do pai de seu amigo por quarenta e cinco anos quase. E também o Baekhyun não tinha mais o JongDae para deixá-lo tão paranoico assim com o seu anjo, mesmo ainda querendo encontrá-lo.

*Santa Ajuda!*

O menino se sentia limpo, leve, quase que voando. Conversara a noite inteira com Chanyeol e mesmo suas olheiras marcadas e as pálpebras pesando, o Baekhyun estava com um humor completamente contraditório à aparência.

Sua missão estava completa, JongDae virou uma boa lembrança que o pequeno teve, e ele se sentia completamente satisfeito com o resultado. O Byun, no seu ápice de paranoia e insegurança, pensou que o anjo ficaria com ele até quando Chanyeol o levasse para a cama, ou quando eles fizesse alguma coisa a mais. Imagina que constrangedor ter aquele sujo do Chen lhe observando? Seria muito estranho, mas a missão foi bem mais fácil e rápida do que esperava. Talvez se demorasse um pouquinho mais, até o primeiro beijo, seria perfeito, mas já que a paixão secreta de Chanyeol sobre Baekhyun foi descoberta, não tinha muito o que o anjo poderia fazer.

O adolescente acordou mais cedo para chegar na escola uns quinze minutos antes do horário, só para conseguir contar todos os detalhes de seu encontro para o melhor amigo. Com certeza Minseok surtaria, mesmo sendo todo reservado e contido. Mas tudo foi por água abaixo quando chegou na sala e seu companheiro não sentava naquela carteira do fundo. O mais velho sempre chegava cedo para não encontrar a sala já lotada e ter algum ataque de pânico, então provavelmente se ele não estava presente naquele momento, nem iria para a escola. 

Claro que Baekhyun esperou arduamente seu amigo, batendo os pés e comendo a pelinha do dedão em sinal de nervosismo, mas o sinal bateu e vários alunos entraram na sala, nenhum deles seu colega.

Mas o coração parou quando viu Chanyeol entrar e olhar para si, sorrindo educado. Os dois eram amigos agora, conversariam e sairiam juntos, qual o problema de um sorriso maravilhoso como forma de cumprimento? Baekhyun não via nenhum. O garoto pensou que as surpresas acabariam por ali mas Chanyeol não sentou no seu lugar usual de sempre, e sim foi até o mais velho, no outro canto da sala.

— Bom dia, Baekkie! — Olhou para a carteira vazia ao lado do seu amigo. — Será que eu posso sentar aqui?

Park Chanyeol quer sentar ao lado de Baekhyun, podem anunciar nas rádios e nos jornais. Aquilo era o ápice de sua semana e ainda faltavam três dias para acabar, não que isso importasse, era muito para seu coração. Tudo bem que o Minnie costuma sentar naquela carteira e só por um acaso aquilo aconteceria hoje, mas o Park foi por conta própria até o menor. Por que será mesmo?

Ah, é. Chanyeol gostava dele.

— Acho que o Min não se importaria se você sentasse hoje.— Deu de ombros e sorriu envergonhado.

O crush sentou–se então e o professor começou a fazer a chamada. Era a primeira vez em anos que o Byun escutava seu nome e conseguia falar que estava presente, sempre foi um problema essas chamadas na primeira aula e quando o professor dava a louca e fazia duas vezes ao dia, mais faltas contando no boletim do garoto. Sua mãe até brigou consigo uma vez, mas também sabia que o menino não mataria aulas, só era estranho esse tanto de faltas para alguém que sempre estava presente.

E o garoto se orgulhou tanto de ter falado um simples "aqui", que decidiu escutar a chamada inteira, vendo todos seus colegas que o zoam respondendo.

Choi SoonYoung

Dong YoungBae

Han SangHyuk

Huang Zittao

Im Jaebum

Jung Hoseok

Jeon SoMi

Jeon TaekWoon

Kang MoYeon

Kim ChanMi

Kim JongIn

Kwon SonYoung

Espera, o professor tinha pulado seu amigo.

— Profess... — Antes que pudesse falar qualquer coisa, escutou Chanyeol chamá-lo baixinho.

— Qual o problema?— Chegou sua vez na chamada.— Presente!

Quando a pergunta foi feita, Baekhyun disse óbvio:

— O professor pulou o Min, Kim Minseok. — Apontou com a mão inteira para o adulto fazendo a chamada.

A menina que sentava na sua frente se virou devagar e olhou sério para Chanyeol, que também tinha um semblante meio preocupado.

— Gente, qual o problema de vocês? — Estranhou muito Yixing alternar seu olhar esbugalhado para Chanyeol e para si. — Aish, vocês estão todos estranhos hoje. — Decidiu se levantar e conversar com o professor sobre o erro.

Na mesma hora que se levantou, já com intuito de seguir reto, Yixing levantou com tudo e parou na sua frente, causando um barulho meio alto e chamando a atenção dos outros alunos.

— Você não pode ir para lá. — Comentou baixinho, tentando não causar mais.

Baekhyun realmente estava muito perdido naquela quarta-feira, desde quando a menina tinha essa intimidade para dizer ou não o que o menino deveria fazer. Sim, devia total respeito à ela, mas ele queria resolver um erro que o professor cometeu.

— Gente, vocês estão engraçados hoje. — Deu um risinho de nervoso e falou num tom bem mais alto, já não tinha mais vergonha dos colegas de classe, escutou Chanyeol murmurando seu nome mas ignorou. — Ô, professor, você esqueceu do Minseok. — Quase gritou para o homem que revia alguns papéis.

Todos da sala estranhamente riram.

— É, senhor Choi, o Minseok faltou hoje. — Sehun debochou, rindo mais.

— Baekhyun, por favor, senta. — Chanyeol pediu, tentando convencer o menino a se acalmar.

— Sehun, vai se foder, maluco. — A Zhang defendeu, muito irritada com o comentário.

Mas qual era o problema, Sehun estava ajudando o Baekhyun a resolver o problema do Minseok.

— Sra. Zhang, Baekhyun e Sehun, para fora da minha sala. Briguem em outro lugar. — O professor de história disse alto e simples, sem ao menos olhar para a brincadeira.

Baekhyun ficou muito irritado com aquela ordem, o que havia feito, afinal? Ele apenas se levantou e uma colega aleatória da classe o defendeu sem que pedisse.

— Eu vou com vocês, vamos. — Chanyeol se levantou e olhou sério para a garota, pegando no braço de Baekhyun e o levando para fora sem ao menos deixar o garoto contestar.

O Byun definitivamente se enraiveceu, logo que saiu da sala, puxou forte seu braço da mão de Chanyeol e olhou muito bravo para o maior, que usou do seu tamanho para que o menino fizesse o que o outro queria. A Yixing estava do lado de Chanyeol, olhando muito preocupada para o menor dos três ali.

— Que gracinha é essa de me segurar? Vocês estão pirados? — Baekhyun vociferou. — Primeiro que você não é nada minha para me impedir de conversar com o professor sobre a falta de Minseok, e você menos ainda, Chanyeol.

A menina respirou fundo e fechou os olhos, cruzando os braços e virando de costas, como se estivesse que lidar com uma situação difícil.

Difícil era você ser expulso da sua sala pelo seu crush e ainda ter que ficar vendo os dois causadores desse auê todo com cara de dó e de impaciência para si.

— Baekhyun, o Minseok não existe. — Chanyeol disse direto.

Baekhyun fez uma careta para o maior e não sabia se ria ou chorava.

— Cala a boca, Chanyeol.

— Ele está falando sério, Baekhyun. Eu sou sua noona, me respeite e me entenda. — Yixing finalmente se virou e tinha uma cara de irritada.

Como ele respeitaria e acreditaria naquilo? Primeiro que o Minseok era real, não tinha como aquilo de "não existir" acontecer... E segundo que a menina ingeria mais drogas alucinógenas do que um rave suportaria. Os dois estavam bem sérios mas o assunto era tão absurdo que não dava.

— Pelo amor de Deus, vocês dois decidiram zoar com a minha cara, mas eu não estou gostando. Vocês vão filmar para me humilhar depois? — Sugeriu.

Até que fazia sentido essa ideia, do nada a Yixing tentando se aproximar, Chanyeol o chamando para sair. Talvez JongDae tivesse visto errado nos olhos de Chanyeol e tudo não passou de uma mentira para zoarem o esquizofrênico da sala.

— Baekhyun, o Minseok era o seu anjo da guarda, mas ele nunca apareceu como forma humana. — Yixing jogou na sua cara e, finalmente, quebrou o semblante irritado do menino.

Ela sabia dos anjos. As coisas ficaram mais sérias.

— Olha, eu sou tipo uma médium, eu enxergava seu amigo e nós conversávamos às vezes para te proteger dos idiotas que te zoam, mas ele não existe. — Continuou falando mas viu o menino andando para trás até se encostar numa parede e deixar seu corpo cair no chão.

Esquizofrênico. Ele era o esquizofrênico da sala. Baekhyun conversava sozinho, sozinho desde que conhecera Minseok. 

Aquilo fazia sentido, o pior de tudo era que o discurso da Yixing tinha fundamento e fazia sentido. Ela sabia dos anjos, não mentiria sobre, certo? Ela não faria.

Sem querer e sem realmente se ligar de toda a situação, os olhos de Byun começaram a marejar.

— Baekkie,— Chanyeol se sentou em perna de índio meio que na diagonal do alvo, mas bem grudado a ele. — naquele dia que você me apresentou seu amigo, eu não o vi. Ninguém o vê, só você... Não é que nem o Kyung.

— Mas... Não, é impossível. — Baekhyun negou com a cabeça. — Eu já fui para a casa dele. 

Seu amigo nunca, nunca, faria algo desse tipo consigo. Ele não teria a coragem de deixar todas as pessoas de sua sala o zoarem por quatro anos seguidos.

— É, gente. Impossível, eu tocava nele, a gente se conhece. Não tem como ele ser um anjo. — Baekhyun sorriu mas foi mais para tentar se convencer.

Sua noona suspirou e ficou de joelhos na sua frente, ao lado de Chanyeol. Sentou no seus pés e colocou as mãos no joelho do colega, que estavam erguidos. A menina não podia ficar que nem Park pq sua saia era cortada e ela provavelmente não usava algum shorts por baixo.

A menina não parecia irritada nem nada, ela tinha um ar de pena e Baekhyun odiava isso. Chanyeol e Yixing o olhavam com dó. Ele era o esquizofrênico, que falava sozinho, que foi traído pelo seu anjo por tanto tempo, mas ele não precisava de dó.

— A casa que você foi dele é a minha casa e ele sempre te distraiu para você não responder a chamada. — A chinesa respondeu. — Eu sei que é difícil de acreditar, Baek, mas você tocava nele da mesma forma que aquele estranho do Jong alguma coisa. Olha, você é muito inteligente e provavelmente sabe de tudo que estou falando, só não quer aceitar isso.

Se tinha uma coisa que não queria entrar na cabeça do Baekhyun agora, era que seu melhor amigo tinha o traído dessa forma. Todos os toques não passavam de pequenas manipulações de sua mente, toda aquela besteira de não socializar foram inventadas, a sua vida social fracassava e provavelmente agora estava no fundo do poço. 

Era sozinho o tempo todo, e agora seria completamente. Não queria olhar para a cara do Minseok, e ninguém queria alguém estranho como Baekhyun por perto.

— Eu sou um idiota. — Baekhyun começou a chorar de verdade.

Chanyeol, preocupado com o choro do garoto, se moveu e ficou apoiado na parede ao lado dele, passando o braço pelo seus ombros, deixando o Byun se apoiar no seu direito.

— Baekhyun, não faz isso.— Yixing disse com o tom triste, como se fosse chorar também.

Ter o ombro de Chanyeol e seu apoio, junto daquele cheirinho gostoso característico, foi bom até porque ele não teria ninguém se não fosse os dois ali. Ele chorava com vontade, sem nem aceitar direito tudo em sua mente, era meio que fora do real entender que seu amigo, na verdade, não era seu amigo.

— Desculpa. — O principal soluçava mas conseguiu dizer alguma coisa.

— Sem problemas, Baek. — Chanyeol começou a fazer carinho no cabelo bem preto do outro. — Nós somos amigos agora, eu vou te ajudar em qualquer coisa, a Yixing mesmo está aqui te ajudando... Eu sei que por muito tempo você ficou só com o Min, mas agora, veja por esse lado, olha a chance que ele te deu de "largar do pé" dele e ficar com nós. 

Aquilo com certeza era a visão mais otimista de toda catástrofe que aconteceu. Fez Baekhyun pensar, o que aqueles dois faziam lá mesmo? Eles poderiam muito bem ter falado toda a verdade, e saído de longe daquele maluco, mas não, o menino recebia um carinho contido nos joelhos da sua colega e um meio abraço com cafuné do crush. Era estranho, mas era confortável e ele não se sentia tão perdido com aquele consolo. 

Não sabia como seria o dia de amanhã, se eles ainda estariam lá, mas por agora... Era bom.

— Como você se aproximou de mim, mesmo sabendo que eu era um louco? — Baekhyun se afastou para ver o seu crush.

Chanyeol sorriu sem mostrar os dentes.

— Eu tenho o KyungSoo comigo, além dele conseguir enxergar o Min, eu entendo como esses anjos podem ser idiotas. — Riu e os outros dois acompanharam.

— Ele está aqui, Baek. — Yixing disse, recebendo a atenção do outro. — Ele sempre está, e com certeza a culpa deve estar tomando-o por inteiro, eu mesma que ajudei com a mentira me sinto mal. Mas entenda o lado dele... É muito difícil de você ver algum anjo forte que nem o Kyung, que fica humano e ainda exerce o cargo de anjo.

Lembrou-se de Luhan, que não aguentou toda a situação.

— Exato. — Chanyeol confirmou. — É que o KyungSoo não tem coração nem na Terra, nem no céu, não tem como ele amar alguém. 

Baekhyun riu contido de novo, e apoiou a cabeça no ombro de Chanyeol, aproveitando do carinho. Minseok também estava lá consigo, só não aparecendo, e não tinha como ele se sentir triste. Estava irritado pela mentira, provavelmente mataria alguém se ficasse sozinho, mas ele tinha boas energias de pessoas que gostavam dele lá, aquilo o completava e quase que inebriava seus sentidos. 

Chanyeol falou com Baekhyun mesmo ele sendo um louco, ele foi atrás do garoto, estudou com ele, tocou nele e agora o abraçava. Sem falar no fato de que o Park gostava de si, mesmo ele falando sozinho na sala por anos e sendo o esquizofrênico estranho do 4ºA. Yixing era popular e agressiva, não devia nada para ninguém e mostrava a bunda como protesto para qualquer um que lhe atrapalhasse, mas a menina o defendeu, via os dois juntos e– mesmo que parecendo errado por agora– ajudava o Baekhyun a acreditar no seu anjo, ser cuidado por ele. 

Aquilo podia ser um recomeço, Baekhyun precisava conversar bem sério com Minseok e não teria essa calma, certeza. Ele precisava escolher se ainda queria o anjo por lá, ou se continuaria com essa mentira idiota, se o anjo viraria humano...

Mas, mesmo que qualquer uma dessas escolhas fosse feita, ele tinha um recomeço ali, com aqueles dois.

*Santa Ajuda!*

Baekhyun escutou sua campainha tocar. A vontade de atender quem quer que fosse era mínima, mas o menino não ia ser mal educado. 

Chanyeol e Yixing passaram o dia inteiro consigo, KyungSoo também conversou um pouco com ele mas mesmo o clima sendo harmonioso, o Byun não estava no seus melhores dias, definitivamente. 

Quando chegara em seu lar, não tinha mais ninguém para distraí-lo, ou um crush para se apaixonar a cada sorriso ou piada. Então seu momento de reflexão nessas horas foi muito maior e com resultados frustrantes. A revelação do dia destruiu com todo seu emocional, ele só queria deitar na cama e chorar por horas seguidas. Todos os apelidos, os olhares estranhos... Sempre pensou que fosse algum tipo de perseguição mas não, ele era louco mesmo. Esquizofrênico desde o começo do ensino médio.

Mesmo todo destruído e cansado, Baekhyun abriu um sorriso educado e abriu a porta, querendo receber a pessoa da melhor maneira possível. Mas tudo foi por água abaixo quando ele encontrou seu anjo da guarda lá.

Como pôde ser tão idiota? Aquele cheiro maravilhoso saindo das roupas do outro, a pele era mais bronzeada, mais humana. Aqueles cabelos eram todos detalhados e escurinhos, os olhos, a boca, o sorriso gengival... Como seu cérebro pôde acreditar que aquilo fora uma miragem por quatro anos seguidos. Agora, vendo-o pessoalmente, saberia distinguir, já que essa versão do Minseok era a coisa mais linda que viu na vida.

— Eu estou apaixonado. — Baekhyun murmurou com os olhos marejados. 

— É o feitiço, Baek. Já passa. — Minseok entrou na casa e pode respirar aquele ar que sempre quis experimentar. 

Os dois se sentaram no sofá, um silêncio muito incômodo (diferente dos de antes) e um clima pesado. Minseok não estava feliz, Baekhyun estava muito decepcionado e desiludido, mas ambos tinham que se resolver para as engrenagens de John funcionarem, e o Kim sairia de lá resolvido com sua missão, sendo anjo ou não.

— Acho que te devo desculpas... — Comentou o mais velho.

— Acha? — Baekhyun riu de nervoso. — Que bom que você acha.— Continuava sério.

— Olha, Baek... Eu sei que eu não deveria ter feito tudo isso. 

— Ainda bem que você sabe. Porque, não sei, né, só para ser muito burro em pensar que estragar a vida social de um adolescente, fazê-lo acreditar em algo que você não era, fingir que estava aqui para todos os momentos é o certo a se fazer.— Minseok ia responder mas Baekhyun continuou.— Cara, você não merece um "eu te amo" que já te falei, você tem noção do quanto eu acreditei em tudo? Na sua vida, nas suas fobias, no seu toque. E você estava mentindo esse tempo todo, fugindo das pessoas que não te enxergavam. — Começou a ligar seus estudo com JongDae à situação atual. — Por isso você só falava com o Luhan, a Yixing e aceitou ver JongDae... Eu sou muito inocente mesmo. — Olhou para o chão e deixou uma lágrima cair.

Baekhyun tinha muito entalado na sua garganta, ele queria que o anjo se sentisse tão mal quanto estava no momento. Afinal, os anjos da guarda sabiam de tudo, o garoto precisava deixar bem claro o quão desolado ficou com a notícia.

— Eu deveria me matar só para o John ficar irritado com você. — Se levantou e olhou seu anjo de cima.

Baekhyun agora tinha o dom de falar o que bem pensava, dado por JongDae.

— Não fale besteiras, Baekhyun. — Minseok exclamou, ficando preocupado.

— Eu não mereço um anjo como você. Já basta o meu pai, o Luhan, minha mãe. Eu não te quero comigo. Eu quero que você saia da merda da minha vida.

Minseok arregalou os olhos com o palavreado do garoto. Realmente, deixar a criança com o JongDae o transformaria em alguém com uma personalidade muito diferente da sua, conhecia a peça. Enquanto ele se esforçou para deixar o adolescente inteligente, educado, não rancoroso e gentil, JongDae só pensava em sexo e palavrões.

Era a primeira vez em dezoito anos que o garoto falava um palavrão.

— Baekhyun, por favor, deixa eu te explicar... — Pediu com calma e hipnotizando sua missão para ficar mais relaxada.

— Vai explicar como a gente fazia os trabalhos em grupo? Como eu ia na sua casa? Minseok, olha o tamanho dessa mentira e você quer que eu tenha calma? 

O Kim se levantou e seu cheiro foi para o cérebro de Baekhyun, o deixando meio bêbado pelo encanto do anjos e mais calmo.

— Olha, o Chen é um anta de oito cabeças que não sabe te explicar as coisas direito. A divisão de anjos não é hierárquica, nós só somos anjos da guarda e temos outra missão de vida porque a nossa formação é a mais parecida com vocês. Então nós entendemos os sentimentos melhor, nós sabemos dividir o que é na Terra, o que é no céu. O JongDae mesmo te encheu de sentimentos confusos que não deveriam acontecer aqui; ele só sente e pronto.— Minseok viu que o garoto o escutava e voltou a se sentar, com a missão sentando ao seu lado.— Desde sempre eu gostei de você, Baek, eu sou apaixonado por esses seus olhinhos desde que você nasceu. Eu queria ser seu amigo, eu queria chegar perto de você e te tocar, mas sabia que se virasse humano as coisas ficariam feias para o meu lado porque eu deixaria o céu com quase toda certeza e meu amor mora lá. Cara, só de sentar nesse sofá sendo humano, eu já sinto um milhão de coisas que me fazem ficar. Não tinha como eu crescer com você sem ser dessa forma de espírito. Ou eu era seu anjo disfarçado, ou eu caía e virava seu amigo.— Deu de ombros.

A explicação era algo que Baekhyun entendia, o JongDae disse que os anjos sentiam algo fora do normal quando viravam humanos, claro que ele não sabia explicar, mas o Minseok sabia porque entendia. 

— Eu sei que errei e vou entender caso não me queira como anjo. — Disse, sorrindo triste.

Baekhyun não chorava mas estava bem sensível, ficou analisando aquele homem sentado no seu sofá. Ele aceitaria as desculpas do anjo, ainda era Minseok, seu amigo, e não tinha como não perdoar, mas se os dois continuariam a ter relações com ele era outra história. O Byun não sentia nada duplicado, que nem com JongDae, mas sabia que o Minseok queria conversar consigo ainda.

Ele não teve muito tempo de raciocinar as coisas, mas agora que estavam em silêncio se tocou de algumas partes da conversa e ligou uma coisa na outra.

— Você conhece o Chen como Chen? — Perguntou.

— Eu sou o Xáo LuRá, Baek. — Respondeu envergonhado, desviando seu olhar.

Baekhyun ficou assustado com a notícia, mesmo sendo provável que seu anjo da guarda tinha algo com JongDae. O garoto ficou muito feliz e achou engraçado a situação que passou: O Chen completamente apaixonado por um aluno que na verdade era seu marido.

Que ridículo de fofo.

— Você ainda foi um idiota com o Dae. — Cruzou os braços e fez uma cara de birra.

— Eu sei, eu sei, mas a gente já se resolveu, por isso eu faltei hoje. Perdi noção do tempo, como sempre. — Minseok não olhava para o Byun mas o humano podia jurar que seu anjo estava vermelho de vergonha.

— Quando ele apareceu na sala aquele dia, ele apareceu pelado? — Baekhyun quis tirar essa dúvida.

O JongDae lhe disse uma vez que quando os anjos estavam de roupa branca, na verdade estavam pelados mas John colocava as roupas, e só os humanos viam assim.

O anjo ficou mais vermelho que já estavam, levantando e arrumando suas roupas meio desconfortável.

— Essa não é a questão, Baekhyun.— Riu nervoso. — A gente precisa resolver como que as coisas ficarão. Depois de ter resolvido minhas coisas com o JongDae, tive certeza que eu quero ficar no céu, com ele, mas você precisa se decidir se ainda gosta de mim e quer ficar comigo aqui, lhe ajudando. 

O menino apoiou suas costas no sofá com os braços cruzando e pensava bastante.

— Eu estou irritado por você ter mentido mas não consigo não ficar feliz pelo JongDae. — Minseok riu com o comentário. — Ele gosta muito de você, tanto humano quanto anjo, não consigo responder agora porque quero chorar de felicidade.

O Kim riu mais ainda, era tão fofinho sua missão não segurando suas opiniões e perguntando, comentando coisas que nunca falaria. Tudo bem que o anjo ficaria envergonhado por quase tudo, porque essa característica do garoto, na verdade, era do anjo, mas ficou feliz pela evolução do seu protegido.

— Eu vou te dar um tempo para pensar, então. Posso pedir uma coisa antes de tudo? — Viu o Byun assentir. — Deixa eu te abraçar, por favor... Eu quero te sentir de verdade.

Baekhyun não queria realizar esse pedido, só para sacanear aquele que o sacaneou, mas aquela carinha linda e perfeita estava o chamando, sem falar que ele deveria agradecer o idiota por ter ficado ao seu lado a vida inteira até aquele momento.

— Não posso ficar muito tempo te abraçando. — O Byun levantou e ficou de frente para Minseok.

— Não precisa. 

Minseok começou levando as mãos até o cabelo do seu protegido. O garoto achou que não tinha nada demais nele tocá-lo, com o JongDae mesmo foi normal, mas o olhar que o anjo tinha sobre seu rosto, seu cabelo, seu nariz.

Era como se o Minseok estivesse hipnotizado naquele garoto, aquele menino que tanto ajudou, criou, encheu o saco com suas mentiras. Finalmente ele estava lá, como sempre quis, tocando nos cabelos macios que tanto imaginou sentir. Sem querer, os olhos do Kim começaram a se encher de lágrimas, era o seu pequeno orgulho lá, todo bonitão e que conquistaria o mundo se tivesse a oportunidade– algo que Minseok daria sem pensar duas vezes.

Baekhyun também sentiu seu emocional abalado, talvez por ver seu anjo quase chorando, mas não teve muito tempo de falar alguma coisa porque o mais velho o abraçou com força, se deixando chorar de verdade.

Mesmo o anjo tendo um feitiço, era o Minseok que estava completamente de quatro pelo outro. 

— Relaxa, Min. Nada de ruim vai acontecer. — Riu.

— Eu sei, é só que... — Se separou e olhou para Baekhyun. — Você é a coisa mais linda que eu já vi.

— JongDae vai ficar com ciúmes, ein?— Deu um tapinha no ombro do anjo.

— Vai nada. — Ele foi andando até a porta com o mais novo em seu encalço.— Eu quem deveria sentir, vocês se beijaram duas vezes, se eu não soubesse que ele é um cafajeste, ficaria chateado.

Baekhyun corou, abrindo a porta com o olhar para o chão de vergonha.

— Aish, não fale desses beijos. — Minseok saiu da casa e ficou do lado de fora.

— Deixe-me saber quando decidir, ok? Vou estar aqui sempre, nem precisa chamar. — Minseok sorriu sem mostrar os dentes.

Agora Baekhyun tinha que decidir se abandonava seu anjo ou ficava com aquele traidor bonito...

Talvez ele pedisse alguns conselhos para seus novos amigos, porque agora Baekhyun não estava mais sozinho.