História Saraba no Tegami - Capítulo único

Ela era minha vida, tudo para mim, mas agora não posso mais ser agraciado por sua doce presença, a qual eu tanto amava.

Tudo culpa minha. Talvez, se eu não tivesse bebido naquela noite... Mas não, eu o fiz. Mesmo que antes de ter saído de casa ela ter me advertido:

“Cuide-se e não beba de mais, certo?”

Aquele sorriso agora permanece guardado junto a minhas mais preciosas lembranças.

Nós éramos tão felizes, nunca tínhamos brigado ou discutido uma vez sequer, mas tudo foi estragado por aquele maldito acidente.

Naquela noite de sábado eu saí com meus amigos, mas demorei mais que o normal para voltar. Ela, estranhando a demora, seguiu até o bar que eu lhe falei que estaria, mas não conseguiu chegar.

Agora, talvez você esteja se perguntando o porquê disso. Eu lhe direi: ela fora atropelada por mim, que estava voltando dirigindo para casa, mesmo tendo consciência de que não poderia o estar fazendo devido ao fato de que tinha bebido além dos limites.

Só tive tempo de descer correndo do carro para ver se a pessoa que eu havia atropelado estava bem. Quando vi que era a minha amada, entrei em desespero e gritei por uma ajuda que não veio, pois àquela hora da noite as ruas de Tokyo ficam praticamente desertas.

A segurei em meus braços, ela estava extremamente machucada e sangrando muito, porém ainda respirava. De repente seus olhos se abriram e ela me encarou, dando um pequeno sorriso fechado. Com lágrimas nos olhos, sorri-lhe de volta:

“Eu te amo.”

Em um sussurro, respondeu-me:

“Eu também.”

Logo após isso, ela lentamente fechou seus olhos. Conferi seu pulso, constatando que naquele corpo já não havia mais vida.

Chorei como nunca havia feito, abraçando aquele cadáver, enquanto uma terrível dor, que até agora me atormenta, consumia minha alma.

Mas é hoje que isso acaba.

Estou escrevendo essa carta de adeus, e quero que todos meus amigos e parentes saibam que eu os amo muito, mas eu não aguento mais viver sem ela.

Se você que está lendo isso ainda não encontrou meu corpo, poderá avistá-lo no quarto á esquerda, provavelmente o veneno já terá surtido efeito em meu organismo e eu terei morrido.

Agora o “até que a morte nos separe” virou um “juntos pela eternidade”.

Assinado, Matsumoto Takanori