E caiu mais uma gota d'agua
Comum, igual as outras
Vi seu trajeto curto
rápido
Ate enfim tocar o chão.
A questão era que aquela gota estava acompanhada
Por muitas outras gotas
Todas iguais
A física da um nome para tal fenômeno
o mesmo fenômeno para todas gotas
A química prova seus componentes
São os mesmos em cada gota
Tem tudo para serem iguais
Mas não são.
Nada e igual querido!
Por acaso já vistes alguém como você?
Alguém que andasse como tu, vestisse, pensasse do mesmo modo que tu?
Nada e igual a nada
Há sempre uma relatividade, uma parte diferente Invisível, imperceptível, incolor
Nada foi feito como nada
Não vês como a vida é? Nada e igual
Os dias passam
Correm
Voam
Numa pressa incessante
Como se tivesse um destino a alcançar
Mas não são iguais
Nunca foram
Hoje você é uma borboleta, amanha já és um leão.
Hoje me abraça, talvez amanhã me rejeitará.
Nada e igual
E as gotas de chuva caem
Uma a uma
São iguais
Porem diferentes
Não vê que uma simples gota d'agua pode fazer transbordar um oceano?
Ou trazer de volta a vida a quem estava morrendo de sede?
Apenas uma gota Pode mudar tudo
Um trovão ecoa no céu
E as gotas continuam caindo
Lavando
Destruindo
Curando
Me fazendo analisa-las profundamente
Mostrando que por mais frágil e igual que seja sua vida, ela e única.
Por que estás nesse sofrimento querido?
Não admira mais as estrelas como antes
Não conversa mais com quem te ama
Já não se debruça mais na sua escrivaninha cor de marfim
Para escrever suas poesias Ao som dos Beatles
Seu violão está empoeirado Guardado no sótão
Assim como sua felicidade
Porque cortas os pulsos na hora da dor?
Não seria isso trazer mais dor?
Porque tenta fugir dos seus problemas?
Não sabes meu bem, que assim só está fazendo eles te perseguirem?
Onde está aquela sua risada debochada que eu tanto gosto?
Ou aquele brilho do olhar que parece ter apagado?
Porque não se liberta?
Porque não grita para o mundo seu sofrimento?
Por mais que ele não te ouça
Expulse-o
Você tem direito sobre sí
Saia desse casulo
Abra as asas
O mundo de espera
Não tenhas medo do sol
Ah, se ao menos eu soubesse o que te fere tanto
Se você ao menos chorasse no meu ombro
Talvez eu pudesse te ajudar querido
Não gosto de te ver assim
Atinges a mim como um golpe de espada
Ver meu anjo de cabelos cacheados
Triste e isolado
E a chuva continua a cair
As mesmas gotas que não são iguais
Fazendo o mesmo percurso
Caindo no mesmo chão
Molhando a mesma terra
Que também não e igual
Nada e igual
Debruçada na janela do meu quarto tento inutilmente conta-las
Na esperança de me distrair
E não pensar em você
O que estas fazendo agora? Como esta se sentindo?
Essas dúvidas me crucificando
Me atormentam
Vão me afundando aos poucos
Porque escolheu ser tão misterioso? Tao distante?
Chego ate a pensar que não es o mesmo que conheci
Naquele café em Londres
Numa quarta-feira fria
Você pediu um capuccino á garçonete
E perguntou se podia sentar-se ao meu lado Mesmo havendo varias outras mesas vazias
Mais tarde fiquei sabendo
Voce viu em mim você mesmo
Talvez eu fosse você
Você fosse eu
Passamos a ser um só
Mas você esfriou, Como aquele café
Quero agora reaquecer seu coração
Não percebes que só você me entende?
Só você ouve meus lamentos, mesmo sendo vários os seus?
Quero trazer você de volta
Assim como voce me trouxe naquela tarde fria
O vento estava gelado demais
Havia esquecido meu casaco em casa
E você me emprestou o seu
Quero agora te devolver ele
Venha ao meu encontro
Estou a sua espera
Nao me canso de ficar em pé
Na janela do meu quarto Que tanto conheço
Que tanto me aguenta todas as noites escuras
Se liberte Saia desse sofrimento
E me liberte também
Acenda dentro de nós aquela amizade que parece ter sido apagada
Estou a sua espera
Fiz o café que você ama
Esta chovendo
Do jeito que você sempre gostou
A lareira está acessa
Esta tudo do jeito como você deixou
Venha mesmo com a chuva
Ela não cessará
Deixe que ela lave suas dores
Apague suas más lembranças
Deixe a chuva te libertar
E as gotas de chuva ainda caem
Como o TIC TAC de um relógio
Elas são únicas
Podem mudar tudo
Podem ser o último suspiro
E e elas não cessam
Acompanho elas com os olhos
Conto os minutos
Passo o peso do corpo para a perna esquerda
Estou a sua espera
Eu e as gotas de chuva
Que não param de cair.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.