História Save Me - Family

Eu estava a salvo. Quer dizer, quase. Estávamos indo o mais depressa possível, em silencio. JungKook dirigia enquanto eu estava quase que deitada no banco traseiro por conta das dores. JungKook parou o carro e percebi que estávamos em frente a um galpão antigo. Kook saiu do carro e abriu a porta para mim.

-Venha eu te ajudo! – Ele disse estendendo sua mão e me ajudando a sair do carro.

Ele me pegou no colo e me levou até um outro carro prateado que estava estacionado no local.

-Kook, pode me por no chão, eu consigo sozinha. Obrigada! – Falei e ele me colocou no chão com certa relutância.

Ao entrar no banco traseiro deixei algumas lagrimas involuntárias caírem, mas rapidamente as sequei. Estava com dores e exausta. Ouvi a porta do motorista se abrir e fechar, porém JungKook não havia entrado. A porta ao meu lado esquerdo se abriu e JungKook entrou se sentando ao meu lado, me fazendo arquear uma sobrancelha em duvida. Ele passou um de seus braços delicadamente por meu ombro.

-Pode chorar! – Ele disse e imediatamente permiti que as lagrimas caíssem e o nó em minha garganta sumisse.

Afundei meu rosto em seu peito e agarrei sua camisa. Essas eram as primeiras lagrimas que derramava desde que fui presa, não me permiti chorar em nenhum momento em que me torturavam. Enquanto chorava JungKook acariciava meus cabelos com uma mão enquanto a outra secava minhas lagrimas. A todo momento ele dizia que estava tudo bem e que eu já estava a salvo.

Assim que me acalmei me afastei de JungKook e lhe lancei um leve sorriso. Ele segurou meu rosto com as duas mãos e me olhou nos olhos. Ele começou a se aproximar de modo que sentia a sua respiração em meu rosto. Seu olhar alternava entre meus olhos e lábios, eu estava sem reação. Ele então beijou levemente minha testa antes de se voltar para o banco do motorista. Soltei o ar preso em meus pulmões que nem sabia que estava segurando. JungKook começou a dirigir sentido a minha casa. A todo momento percebia o olhar de JungKook sobre mim pelo retrovisor. O percurso foi feito em total silencio. Eu não sabia o que dizer, muito menos o que pensar. Eu só queria ir para casa.

Ao chegar JungKook abriu a porta do carro para mim e me ajudou a sair. Ele segurou minha cintura me ajudando a caminhar até a porta. Assim que chegamos JungKook estava prestes a virar a maçaneta quando ouvimos uma gritaria vir de lá de dentro.

-VOCÊ É LOUCO NAMJOON?! COMO PODE DEIXAR UM GAROTO SE COLOCAR EM PERIGO?

Sorri de canto só de pensar que eles estavam ali. Eu reconheceria esta voz histérica em qualquer lugar. JungKook me lançou um olhar assustado como se perguntasse se deveria abrir a porta ou não. Sorri para ele o encorajando e o mesmo abriu a porta me ajudando a entrar. Namjoon estava escorado na parede com Bonnie avançando para cima dele e Jered tentando segura-la, a cena era um tanto que engraçada.

-Será que podem diminuir a gritaria? Esta me dando do de cabeça. – Disse atraindo seus olhares para mim.

-Emily?! Sabia que você estava mal, mas não imaginei que estivesse tão ferrada. AIIII. – Namjoon disse e reclamou de dor após Bonnie lhe dar um belo tapa no braço.

JungKook me guiou até o sofá e me sentou no mesmo.

-Você deve ser JungKook, certo? – Jered disse.

-Sim, sou eu.

-É um prazer. Eu sou Jered e aquela é minha parceira Bonnie. – Jered disse e apertando a mão de JungKook e apontando para Bonnie que o cumprimentou.

Jered e Bonnie fazem parte da AMS. E se eu estou viva hoje e sou quem sou devo isso a Jered. Ele quem me ensinou tudo o que sei. De uma forma meio bruta? Talvez, nos treinos eu sempre voltava com algum hematoma ou alguma outra coisa. Mas ele estava me preparando para o mundo, onde as pessoas não teriam dó de mim e me matariam na primeira oportunidade. Jered é como um irmão mais velho para mim, sou muito grata a ele. Bonnie chegou a pouco tempo na AMS, porém neste curto período ela e Jered se tornaram inseparáveis e nós duas nos tornamos muito próximas. Só de pensar que eles largaram sua missão na Itália para vir me ajudar me deixa feliz.

Jered se aproximou de mim e me analisou dos pés a cabeça.

-Você gritou? – Ele perguntou e eu já sabia do que se tratava.

-Apenas a algumas horas antes de JungKook chegar.

Só de lembrar das ondas de choque invadindo meu corpo já me causava calafrios.

-Boa garota! – Ele disse sorrindo e bagunçando de leve meus cabelos emaranhados.

-Você deve ter muitas perguntas, não é garoto?! – Bonnie perguntou se aproximando de JungKook.

-S-sim. – JungKook respondeu cabisbaixo.

-JungKook. – O chamei. – Acho melhor conversarmos.

-Não antes de cuidarmos destes ferimentos. – Bonnie disse. – Namjoon e Jered cuidem do garoto nós já voltamos.

Bonnie me guiou até meu quarto. Não estava muito confortável em deixar JungKook sozinho com Namjoon e Jered, aqueles dois podem ser um tanto quanto inconvenientes.

Bonnie me ajudou a tomar um banho e cuidou de meus ferimentos. Ela enfaixava minha perna ferida quando se voltou para mim.

-Aquele garoto gosta de você, não é?! – A encarei mas permaneci em silencio. – Seu silencio me responde. O que você vai fazer?

-Eu não sei. Não consigo pensar nisso sem ficar confusa. Mas eu vou precisar contar quem eu sou, duvido que ele ainda goste de mim depois disso.

Bonnie terminou de me enfaixar e se levantou.

-Ele arriscou a vida por você, não sei o porque de você pensar isso.

Sorri de leve e me levantei com certa dificuldade. Fomos para a sala e os três se encontravam no sofá. Namjoon mexia em seu celular. Jered assistia na televisão um programa sobre baleias, não me pergunte. E JungKook encarava suas mãos como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

Nos aproximamos atraindo a atenção dos três.

-Jered está na hora de irmos. – Bonnie disse se aproximando dele e se virou para mim. – Emily, não estamos longe. Qualquer problema nos ligue. Jered vai logo!

Bonnie cruzou os braços impaciente enquanto esperava Jered levantar.

-HAAAA Bonnie! – Ele reclamou parecendo uma criança mimada.

Bonnie se aproximou e o pegou pela orelha o fazendo levantar e gritar. E assim os dois saíram, com Jered sendo arrastado pela orelha. Me sentei no sofá ao lado de JungKook e suspirei pesadamente.

-Vou deixa-los a sós! – Namjoon disse se levantando e indo para seu quarto.

-Agora eu posso lhe explicar tudo! – Disse e JungKook me encarou com seus olhos curiosos. – Para começar eu não me chamo Alison. – Ele fez menção de falar, porém fiz sinal para que me deixasse terminar. – Meu nome é Emily, eu sou agente de uma empresa de segurança e fui enviada para proteger Jimin...

Lhe contei tudo, quem eu era, porque de eu estar ali e quem eram as pessoas que me pegaram. Apenas não lhe contei os planos da facção, era irrelevante ele saber sobre isso. Ele só me interrompia quando lhe surgia alguma duvida, tirando isso ele permaneceu em silencio prestando atenção em cada palavra que eu pronunciava. Sua expressão não demonstrava nenhuma emoção o que me deixava nervosa.

-Me desculpe ter mentido, eu precisei. Você deve estar com raiva mas...

-Eu não estou com raiva. – Ele me cortou me fazendo encara-lo com os olhos arregalados em duvida. – Estou apenas confuso. Eu devo te chamar de Alison ou Emily?

Arqueei uma sobrancelha com sua pergunta.

-Esse é o motivo de sua confusão?

-Sim!

Não aguentei e comecei a rir o fazendo me olhar confuso. JungKook não existe, achei que ele fosse explodir e sair pela porta me dizendo para nunca mais o procura-lo. Em meio as minhas risadas uma forte dor invadiu minhas costelas me fazendo curvar para frente devido a dor. JungKook se aproximou e segurou meus ombros preocupado.

-Você está bem? – Ele perguntou me ajudando a encostar as costas no sofá.

Respirei fundo e o encarei.

-Estou! Sobre a sua duvida, minha missão ainda não terminou. Então para todos os efeitos eu ainda sou Alison.

JungKook suspirou aliviado me fazendo o olhar confusa. Não que a situação já não fosse confusa o suficiente.

-Que bom. Eu ia me confundir se tivesse que chama-la de Emily. – Ele disse sorrindo e arrancando uma leve risada minha.  – Venha, você precisa descansar.

Fiz menção de me levantar, porém JungKook me pegou no colo.

-Eu consigo andar Kook!

-Eu sei, mas quero te levar!

Tentei varias vezes me soltar, porem todas as tentativas foram falhas por conta das dores. JungKook apenas ria de minha cara então acabei cedendo.  Ele me colocou na cama e deu um beijo em minha testa antes de se virar e começar a caminhar até a porta.

-Aonde você vai? – Perguntei o fazendo se virar.

-Para casa. Por que?

-Você deveria ficar. Está perigoso lá fora, eles devem estar nos procurando.

Ele colocou a mão na nuca e suspirou pensativo, mas acabou assentindo.

-Tudo bem. Eu vou para a sala!

-Fazer?

-Vou dormir no sofá!

Bufei irritada e me sentei na cama.

-Jeon JungKook, você arriscou sua vida para me salvar. Você acha mesmo que eu vou te deixar dormir no sofá sendo que eu tenho uma cama de casal?

Ele cruzou os braços nervoso e desviou seu rosto do meu. Ele ficou tão vermelho que parecia um pimentão, chegava a ser fofo.

-M-mas v-voc...

-Eu vou precisar te trazer a força?

Ele caminhou a passos lentos e se sentou na cama.

-Tem certeza? Eu não ligo de...

-Apenas deite-se e durma. – Disse me deitando e me virando de costas para ele.

Senti ele se deitar e se encolher ao meu lado como se quisesse manter distancia de mim.

-JungKook.

-Sim?!

-É...Obrigada! Não queria ficar sozinha. – Percebi que ele iria responder, mas o cortei. – Não responda, apenas durma.

Ouvi ele dar risada e se remexer na cama. Nem tive tempo de pensar em nada, apenas dormi.

O sol da manhã adentrou o quarto e começou a violar meu corpo. Senti meu corpo ser protegido por algo. Abri lentamente os olhos e percebi que estava com a cabeça apoiada no peito de JungKook enquanto o mesmo me abraçava. Instantaneamente fiquei vermelha da cor do sangue que corre em minhas veias. Tentei achar uma forma de sair sem acorda-lo, mas não havia uma boa alternativa. Ele começou a se mexer e por instinto fechei os olhos e fingi dormir. Percebi que ele havia acordado, mas ao invés de me soltar ele me puxou mais para si, porém de forma delicada para não me machucar. Não tinha alternativa se não “acordar”. Abri meus olhos e o encarei, o mesmo sorriu de forma delicada me causando aquela sensação de borboletas no estomago. Como ele pode ser tão lindo de manhã?

-Bom dia! – Ele disse com a voz levemente rouca o que me fez arrepiar.

-B-bom dia! – Disse com certa dificuldade lhe lançando um sorriso.

Tentei me levantar, mas ele me puxou de volta.

-Fica mais um pouco, por favor! – Ele disse fazendo bico.

-Falou a pessoa que queria dormir no sofá!

Ele deu risada e me soltou se levantado e me ajudando logo em seguida. Me coloquei de pé apoiando o peso de meu corpo na perna direita. Ele beijou minha testa e se retirou do quarto.

Fui para o banheiro, tomei banho e fiz minha higiene. Me troquei e fui para a cozinha, encontrando um JungKook colocando a mesa do café.

-Não precisava ter feito isso! – Disse atraindo sua atenção para mim.

-O que? O café? – Assenti. – Eu sei, mas eu quis. Venha sente-se e coma, você precisa.

Me sentei e senti uma dor agonizante dominar meu corpo, me curvei para frente e fechei meus olhos com força. Senti mãos em meus ombros que começaram a massageá-los. Senti algo ser colocado em minhas mãos, abri os olhos e vi Namjoon me estendo um copo de agua e em minhas mãos havia alguns comprimidos.

-São analgésicos, vão ajudar com a dor!

Peguei o copo das mãos de Namjoon e engoli os comprimidos. JungKook ainda massageava meus ombros enquanto Namjoon já se sentava e começava a comer. Toquei as mãos de JungKook mostrando que já estava bem. Ele se sentou e começamos a comer. O tempo todo permanecemos em silencio. Ao terminar Namjoon e JungKook retiraram a mesa.

-JungKook, já está seguro lá fora. Se quiser pode ir para casa, os meninos devem estar preocupados. – Me virei para Namjoon. – Você pode leva-lo?

Namjoon assentiu e saiu da cozinha. Jungkook se aproximou e pegou minhas mãos.

-Vai ficar bem?

Assenti e ele depositou um selar demorado em minha bochecha antes de sair da casa junto de Namjoon. Fui até o quarto de Namjoon e liguei seus computadores e comecei a procurar por Lee Ryu. Precisava a encontrar. Procurei por um bom tempo e nada. Já estava desistindo quando a porta do quarto se abriu.

-O que está fazendo? – A voz de Namjoon dominou o lugar.

-Procurando Lee Ryu.

Ele se aproximou e suspirou.

-Você está procurando nos lugares errados. Saia e deixe o mestre trabalhar.

Dei risada e me levantei dando espaço para Namjoon trabalhar. Me sentei em sua cama e suspirei enquanto esperava, logo ele se posicionou a minha frente me entregando um papel.

-Toda a informação que precisa está ai!

-Rápido assim?

-Quando a pessoa é um gênio ela simplesmente é! – Ele disse me lançando uma piscada.

-Obrigada Namjoon! – Disse me levantando e pegando as chaves do carro.

-Aonde pensa que vai?

-Resolver isso logo.

-Mas...

-Namjoon, estou indo!

Ele bufou impaciente mas acabou cedendo.

-Tome cuidado Emy, e tente não se machucar mais!

Acenei para ele e sai da casa indo em direção ao carro. O liguei e comecei a dirigi em direção ao endereço. Meu corpo estava dolorido, mas nada que me impedisse de continuar. Ao chegar em meu destino senti meu coração acelerar, era agora ou nunca.

Caminhei em passos lentos até a porta da casa e respirei fundo antes de tocar a campainha. Em poucos segundos a porta foi aberta revelando uma garota idêntica a mim.

-Quem é você? – Ela disse com os olhos arregalados. Lee.