História Save Me - My True Life

-Oi Lee! – Disse tentando lhe passar tranquilidade, o que não funcionou.

Ela me olhava confusa e parecia ter medo, até eu que já entendia um pouco da situação estava com medo. Medo do que poderia descobrir, medo do que poderia não descobrir, medo das reações, de tudo o que me aguardava naquela casa.

-Lee quem é na porta? – Ouvi uma voz feminina dizer.

Uma mulher apareceu atrás de Lee. Seus cabelos era lisos e castanhos, por mais que suas feições fossem coreanas seu olhar me lembrava a mim mesma.

-Emily? – A mulher disse fazendo Lee a encarar confusa.

Me espantei quando seus lábios finos e delicados pronunciaram meu nome. Ela correu em minha direção e me abraçou, fiquei paralisada com seu ato. Não sabia o que fazer ou o que falar, não conseguia retribuir seu abraço e muito menos pronunciar uma única palavra, apenas encarava o nada como se ele fosse me dar alguma resposta. A mulher ao perceber minha reação se afastou.

-Me desculpe. Estou tão feliz. O Sr. Clarke finalmente me deixou vê-la e...

-Calma, como você conhece meu pai?

Como ela sabia o nome de meu pai? Quem era ela? Ela parecia a mulher de meus sonhos, mas será mesmo ela?

-E-ele não te mandou? – Neguei com a cabeça. – Você sabe quem eu sou? – Novamente neguei. – Preciso contar algo para as duas. – Ela disse revezando o olhar entre eu e Lee. – Entre!

Ela me deu passagem e com passos hesitantes entrei em sua casa. Ela fez sinal para eu me sentar no sofá e assim o fiz. O silencio dominou o lugar, era tão grande que chegava a ser ensurdecedor. A mulher, cujo acreditava ser Sayu, suspirou e começou.

-Bom pra começar meu nome é...

-Sayu e o dela é Lee. – As duas me olharam surpresas quando pronunciei seus nomes. – Acho melhor eu começar a explicar primeiro. Talvez você já saiba Sayu, eu sou uma agente de uma empresa de segurança chamada AMS. Fui enviada para proteger um garoto chamado Park Jimin. – Sayu se arrumou no sofá como se estivesse desconfortável ao ouvir o nome de Jimin. – Me infiltrei na escola do garoto, não achei que nenhum grande perigo o ameaçava porem estava enganada. Uma facção poderosa estava atrás dele e queriam me pegar para atrai-lo já que me tornei próxima dele, mas eles pegaram você Lee achando que era eu. Então eu fui lá te resgatar.

Lee que a todo momento permanecia de cabeça baixa a ergueu e me encarou.

-Então era você?

-Sim!

-Então eles te pegaram. Você me mandou fugir e eles te pegaram. Por isso está tão ferida?

-Sim, mas uma pessoa me resgatou de lá.

Sorri boba ao me lembrar de JungKook arriscando sua vida por mim.

-A facção... – Sayu começou e eu a encarei. – Eu... Eu já fiz parte dela!

-O que? – Disse surpresa e com certa raiva.

-Esse é um dos motivos para você ter crescido longe de nós. – Ela suspirou e voltou a falar. – Eu fui criada lá dentro e após um tempo conheci o pai de vocês. – Após essas palavras eu tive certeza, eu estava diante de minha mãe. – Um homem maravilhoso, gentil e companheiro. Muito diferente de todos lá dentro. Harold era simplesmente incrível.

Espera eu ouvi direito? Arregalei meus olhos e a encarei.

-Espera, Harold?

-Sim, esse é o nome do pai de vocês. – Fiquei totalmente surpresa, parando para pensar assim que o vi achei que ele lembrasse alguém, só não esperava que ele lembraria a mim mesma. – Nos apaixonamos e nos casamos. Quando engravidei de vocês descobri que a facção não tinha planos muito bons, então resolvi abandona-los. E para isso teria que pagar uma divida, mas eu não tinha dinheiro, então Harold ficou para trás para me acobertar. Mas no dia do nascimento de vocês Lee teve um pequeno problema respiratório e a enfermeira a levou, neste momento um dos homens da facção entrou no quarto e tirou você de mim e eu não pude fazer nada. – Ela respirou fundo controlando algumas lagrimas que queriam sair. – Quando me recuperei e sai do hospital deixei Lee com uma pessoa de confiança e me juntei ao meu irmão, nós invadimos a facção e a resgatamos. Fugimos para os Estados Unidos para nos esconder, ficamos quatro anos lá até nos encontrarem. Seu tio disse para fugirmos mas...

Senti pontadas em minha cabeça a cada palavra que ela pronunciava, a dor só aumentava a cada segundo.

“Sons de pneus cantando eram possíveis de se ouvir dentro da casa.

-Precisamos ir Sayu!

-Pegue as meninas, te encontro lá fora.

O tio se aproximou rapidamente, segurou minha mão e pegou Lee no colo. Um som muito alto veio da porta me fazendo agarrar a perna do tio. Ele nos levou até a cozinha e nos colocou dentro de um armário grande que tinha lá.

-Não saiam daqui! – Ele disse e eu obedeci.

Lee chorava muito e eu a abraçava tentando a deixar calma. Sons muito altos vinham da sala e de repente eles pararam.

-Lee eu vou procurar a mamãe!

-Não vá. O tio disse para ficarmos aqui.

-Vai ficar tudo bem, não saia daqui.

Sai do armário e fui para a sala. A mamãe e o tio estavam caídos no chão e haviam muitos homens em volta deles. Senti uma dor na cabeça e tudo ficou escuro.”

As lembranças me invadiram assim como um tiro acerta o alvo. Senti mãos em meus ombros, ergui a cabeça e Sayu os segurava.

-Está tudo bem?

-Sim. Apenas lembrei de algo. Lembrei de nós!

Elas me olhavam confusas e eu lhes contei de minhas lembranças.

-Foi nesse dia que a facção nos encontrou. Eles nos levaram e mataram seu tio e obrigaram você a assistir. Seu tio antes de sermos pegos havia avisado a AMS. Assim que eles nos resgataram decidiram que era melhor você ficar com eles para sua proteção. Eu fui contra no inicio, mas acabei cedendo para o seu bem. A facção não sabia da existência de Lee então a AMS me permitiu ficar com ela. Eles disseram que iriam garantir nossa proteção, então voltamos para a Coréia.

Tudo estava tão confuso. Lee parecia mais perdida do que eu.

-Então tudo o que você fez, me deixar , foi só para...

-Para te proteger. – Agora entendo porque meu pai não queria que eu encontrasse minha família de sangue, eu poderia colocar todos em perigo. – Mas você disse que estava protegendo Park Jimin?

-Isso mesmo!

-Eu conheci seus pais, soube que eles abandonaram a facção. – Apenas concordei com a cabeça. – Me lembro de quando ele era bem pequeno, vivia brincando com o filho do chefe da facção, acho que seu nome era... – Ela ficou pensativa antes de se pronunciar. – Kim Taehyung.

Agora sim fiquei surpresa. Tae é filho daquele cara? Impossível. Não consigo acreditar. Mas parando para pensar ele sempre esteve por perto quando Jimin era atacado. Mas mesmo assim, ele não seria capaz de trair o amigo ou seria?

-Me desculpe mas... – Disse me levantando com rapidez. – Mas eu preciso ir.

-Espere voc... – Sayu tentou falar, mas a cortei.

-Eu volto assim que possível. Lee... – A chamei atraindo sua atenção. – Você deve estar confusa, mas assim que eu puder vamos conversar.

Ela assentiu e me chamou:

-Emily a chave do carro que eu fugi... – Ela fez menção de ir pegar as chaves mas a parei.

-Considere um presente.

Sayu se aproximou de mim meio relutante e me abraçou, mas dessa vez eu a retribui. Acenei para elas e sai da casa indo para o carro voltando para a minha casa.

Como Taehyung foi capaz de uma coisa dessas? Ele fez mesmo isso? Ele parecia ser tão amigo de Jimin, ter uma amizade tão sincera. Por que ele faria isso?

Ao chegar em casa encontrei Namjoon assistindo algo na TV, me aproximei e me joguei no sofá ao seu lado respirando pesadamente. Muita informação para um dia.

-E ai? Encontrou elas? – Ele perguntou se virando para mim.

Assenti e lhe contei tudo o que descobri detalhadamente, principalmente a suposta traição de Taehyung. Ao terminar Namjoon tinha seu queixo quase que no chão.

-Namjoon você parece que ta com algum problema na mandíbula. – Disse rindo.

-Você já sabe o que fazer? – Ele perguntou voltando ao normal.

-Referente há...?

-Taehyung!

-Sei e vou fazer agora.

Tentei me levantar mas uma grande tontura me invadiu me fazendo cair no sofá de novo.

-Ei ei ei, vai com calma ai. Você teve muita informação pra um dia só. Então aquieta essa raba ai no sofá e espera escurecer.

Tentei protestar mas não adiantou muito. No final acabei ficando o resto do dia assistindo TV com Namjoon. Assim que escureceu fui para o meu quarto e coloquei a roupa de trabalho. Peguei um aparelho celular descartável e mandei uma mensagem para Taehyung.

“Tenho novas ordens para você. Me encontre no beco ao lado do mercado.

Joon-Ho”

Joguei o celular fora e segui para meu destino. Se Taehyung estivesse mesmo traindo Jimin ele iria aparecer no local. Assim que cheguei vi ele se aproximar um tanto quanto ansioso. Então é verdade. Fui em sua direção e assim que cheguei perto o suficiente o joguei na parede o prensando.

-Então você se rebaixa ao nível de trair um amigo! – Disse o colocando meu braço em seu pescoço.

-Q-quem é você? – Ele perguntou com dificuldade. Retirei o capuz e a bandana revelando meu rosto – Então era você o tempo t-todo!

-Antes me responda uma pergunta Taehyung. Por que traiu Jimin? – Ele ficou em silencio e desviou o olhar do meu. – POR QUE O TRAIU? – Gritei trazendo seu olhar assustado para mim novamente.

Ele respirou fundo antes de responder.

-Para proteger minha mãe!