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História Save Me - Capítulo Único - If You


Escrita por: ShininFantasy

Notas do Autor


Bem, aqui estou eu com uma one-shot de novo. Fazer o que? Acho mais legal escrevê-las.
Primeiramente gostaria de agradecer a Gro por ter feito a capa e por ser minha dupla de crime para essa fanfic em especial >:3 Obrigadinha mesmo <3
E eu gostaria de dedicar essa fanfic a alguém, assim como a dar de presente de aniversário a essa pessoa.
Hopie, muito obrigada por tudo o que anda fazendo por mim. Você é uma pessoa incrível, de verdade, e merece tudo de bom que a vida possa te dar. Obrigada por me acolher e ser uma ótima amiga. Te amo demais eonni, não se esqueça disso nunca, viu?
E espero que goste do presente, foi feito com muito amor e carinho <3

Capítulo 1 - Capítulo Único - If You


Aquelas luzes... Elas eram tão fortes e tão coloridas que podia sentir seus olhos doendo pelo piscar frenético delas. Era estranho por demais, como sempre, estar num lugar como aquele. Os corpos se movendo sem nenhum tipo de coordenação, o cheiro forte de bebida que o deixava tonto e as pessoas por todos os cantos se esfregando. Nada mais, nada menos, que mais uma noite em que foi puxado pra uma balada qualquer por seus amigos, que ainda insistiam que “agora que é maior de idade, era o momento de curtir os melhores momentos da vida”.

Mais um final de semana gasto com as “maravilhosas” dores de cabeça que as bebidas lhe proporcionavam, com o sono horrível de uma noite mal dormida por ter que ficar num lugar daqueles até, no mínimo, cinco da manhã... Jeon suspirou quase cansado pelo pensamento. Não era ruim sair com os amigos, muito pelo contrário, adorava ver eles quase morrendo por causa da bebida e as pequenas confissões que rolavam sem querer, que a partir dos próximos dias serviram como uma ótima chantagem. O problema vinha quando metade daquela boate parecia se despencar em cima dele, quando ele simplesmente gostaria de ficar num canto bebendo. Ou talvez dançando. Mas em qualquer uma das opções, ele só não queria que uma menina, escandalosamente, chegasse achando que tinha direito de enfiar a língua em sua boca, somente porque ela queria.

Se recostou no balcão do bar, de onde tinha acabado de retirar um copo com uma bebida qualquer. E olhou mais uma vez pra pista de dança, avistando um dos colegas rebolando como se algo tivesse entrado em suas calças. Não pôde evitar o sorriso debochado se formando em seus lábios. Teria o gosto de contar isso para o garoto no dia seguinte, só pelo prazer de ver seu rosto vermelho e ele tentando dizer que nunca faria aquilo.

Distraído, foi colocar o copo no balcão e, sem querer, acabou derrubando um pouco da bebida em outro rapaz. Ao perceber, tornou seu olhar para ele, mas ficou preso em seus olhos, sem conseguir fazer nada. Não era como se ele tivesse se apaixonado, não era como se ele tivesse tido algum tipo de desejo pelo rapaz. Não inicialmente. Mas aquele olhar... Ele era intenso, quase como mil e uma adagas rasgando seu peito. Tinha algo errado ali, mas Jeon não sabia dizer o que era. E quando finalmente conseguiu retirar seus olhos do outro, sua voz saiu quase que inexistente por causa da música alta.

-Desculpa, não tinha te visto...

-Vai ter que falar mais alto se quer que eu te escute. – Ele tinha a voz firme, gostosa de se ouvir. Também um tom levemente debochado.

-Desculpa por derrubar a bebida em você. – Ele praticamente berrou dessa vez. Conseguiu ver o outro rindo ao seu lado.

-Sem problemas, garoto. – Ele se levantou, ficado de frente com o outro. – Kim Taehyung. E o seu?

-O que? – Não conseguiu evitar de ficar confuso. O outro tinha uma aura... Estranha. Mas boa.

-Seu nome.

-Ah... Jeon Jungkook.

-Hah... Kookie, hm? – A proximidade repentina quase fez com que as pernas de Jeon falhassem. Ele sentiu o sangue esquentando seu rosto. – Belo nome.

Reparou na língua do outro, se passando no canto esquerdo de seus lábios, quase lhe fazendo um convite. Seu olhar intenso continuava o sufocando, mas não era como se ele não gostasse da sensação. Não era como se ele quisesse desviar daquilo, por mais que parte de seus instintos gritassem que aquilo, em si, não era uma boa ideia. Tinha algo errado com aquele rapaz... Algo muito errado.

Foi quando Taehyung se afastou, passando os dedos pelos fios descoloridos. Por incrível que pareça, coisa que Jeon só conseguiu reparar quando o viu se virando para a pista e desaparecendo pelos corpos dançantes. Parecia que estava prestes a ter um infarto e ele se sentia extremamente desconfortável. Ele precisava respirar e, talvez, beber algo que não fosse alcoólico.

Saiu trombando por algumas pessoas, sentindo o leve desconforto em suas calças falando consigo. Alguns o olhavam com desprezo, por ter simplesmente atrapalhado o seu desajeitado movimento, outros... A sua mão trêmula quase alcançou a porta do banheiro, mas antes sentiu o soco, que lhe foi desferido contra a bochecha, o acertando em cheio. Rápido, dolorido e certeiro. Sentiu algo quente escorrer de seu nariz, o cheiro estranho parecido com ferro... Sangue. Por que? Por que tinham batido nele?

-Heh, olha o viadinho aqui. – O homem, bem maior que ele, sorria de um jeito malicioso. – Que tal se a gente brincar de bater no bambi, não é?

Antes mesmo de se defender, de poder no mínimo pensar em uma maneira de retrucar, ou fugir dali, outro soco acertou seu rosto. Aquilo doía como fogo e ele conseguia sentir um inchaço se formando no local. Ninguém pra ajudá-lo, pois o som estava alto e mais da metade das pessoas ali estavam bêbadas. Um chute na altura de seu estômago e ele foi para o chão. Desde quando ele não conseguia se defender desse tipo de coisa? Pensou em chamar alguém, mas ninguém iria o escutar. Seria só ele e o babaca que, no exato momento, desferia outro chute em sua barriga.

Fechou seus olhos logo em seguida, para que pudesse pensar em qualquer outra coisa que não fosse a dor aguda que sentia a cada chute novo. Mas, repentinamente, a agressão parou e o que ele conseguiu escutar, entre as batidas altas, foi o baque surdo de um soco. Ao abrir seus olhos a sua visão foi inundada pelo garoto dos cabelos descoloridos, chutando o bastardo para longe e então lhe estendendo a mão.

Foi tudo tão rápido que o próprio garoto não poderia conseguir pensar detalhadamente em tudo o que tinha acontecido. Ele sabia que Taehyung tinha afastado o outro que lhe agredia de alguma maneira que nunca entenderia. Também sabia que tinha saído para a rua, correndo com um rapaz que tinha acabado de conhecer. Se pudesse classificar aquela noite, de alguma maneira, seria extremamente estranha. Mas não era como se aquilo fosse ruim, muito pelo contrário. Ele se sentia a vontade correndo pelas ruas, agora não tão movimentadas, com o mais velho.

Uma sensação de vazio tomou seu peito quando suas mãos se soltaram. Um buraco de formou em seu estômago quando ele viu o outro indo embora tranquilamente pelas, abanando a mão de forma suave para ele...

 

 

O ar daquele parque, pela tarde, era mil vezes melhor que qualquer outra coisa. Acalmava-lhe, fazendo com que parecesse que as coisas estavam nos eixos corretos. Jeon, com os olhos fechados, deixava que a leve brisa acariciasse seu rosto, que agora mal tinha marcas roxas. Aquele lugar conseguia fazer com um sorriso brotasse em seu rosto, mesmo involuntariamente.

-Imagino no que está pensando, pra ter um sorriso tão grande no rosto. – A voz debochada fez com que, imediatamente, abrisse os olhos.

-Taehyung? – Ele estava surpreso. Porém feliz, por mais que aquela sensação estranha não o deixasse de lado.

-Olha... Ele ainda lembra do meu nome. – Sentou-se no apoio do banco onde Jeon estava, sorrindo para ele. – Os roxos daquela noite quase desapareceram, não é Kookie?

-Sim... E não me chame assim. – Ele olhou para o mais velho, que o encarava. – O que foi?

-Você é uma criança. Te chamo do jeito que eu quiser.

Jeon pensou em retrucar, mas resolveu deixar para lá, voltando a fechar seus olhos para sentir aquela brisa fresquinha em seu rosto de novo. Juntamente com o vento mínimo, ele pode sentir o perfume masculino forte e bom invadir suas narinas, fazendo com que seu sorriso abrisse mais um pouco. A movimentação ao seu lado fez com que abrisse os olhos, para que pudesse ver o outro, talvez, indo embora uma vez mais.

Mas estava enganado. O outro estava simplesmente parado na sua frente, a alguns centímetros de distância, com os olhos que pareciam penetrar sua alma o encarando. Aquela angustia de antes o preencheu, ao mesmo tempo da vontade de simplesmente se jogar para frente, e então tomar os lábios do outro para si. Mas ele estava parado, estático, esperando por algo do loiro. Que o fez.

A mão de Taehyung se posicionou em sua nuca, emaranhando os cabelos do mais novo em seus dedos e o puxando para perto de si, tocando os lábios macios dele com os próprios. O que era somente um selinho se tornou em um beijo com tamanha rapidez e intensidade que o mais velho precisou se segurar com um de seus joelhos contra o banco. Aquilo era, com toda a certeza do mundo, a coisa mais inebriante que ambos provaram.

Quando se afastaram, Jeon tentava compassar novamente sua respiração, que parecia lhe falhar um pouco mais do que o esperado, enquanto Taehyung lhe dava beijinhos e pequenas mordidas em sua bochecha e então queixo. Aquilo era bom, até demais. Pena que logo o mais velho parou o que fazia para olhar em volta, seu semblante foi de feliz para extremamente assustado em um piscar de olhos. Ele voltou o olhar para o mais novo, o puxando para fora daquele lugar.

Ele parecia desesperado, mas algo incomodava Jeon demais... Por mais que seus olhos gritassem de medo, o sorriso em seu rosto não desaparecia. E enquanto estava perdido nos próprios pensamentos das razões dele não deixar aquele sorriso sair de seu rosto, Taehyung tinha os levado para um galpão velho, que ficava perto do parque. Lá, puxou o mais novo para um pequeno espaço embaixo das escadas, cobrindo-lhe a boca e o olhando nos olhos, quase que provocativamente. Será que aquilo não passava de um joguinho do mais velho?

Antes mesmo de poder protestar contra algo, alguns homens entraram ali. Nenhum deles lhe parecia uma pessoa com quem poderia ter uma conversa sociável, muito menos que eram amigáveis e deixariam que eles saíssem dali sem muito machucados. Instintivamente Jeon agarrou a mão do loiro, como um pedido de ajuda, e recebeu um “shhh” em sua orelha como resposta.

-Onde está aquele bastardo? – Um dos homens, que tinha os cabelos nos ombros, estava parado no meio do espaço, vendo os outros continuarem uma espécie de busca. – Aquele filho da puta deve estar escondido por aqui, vamos logo.

-Cara, ele não está aqui. Deve ter fugido por uma das janelas.

-Ele parecia estar com outra pessoa. Tem certeza que era ele?

-Fiquem quietos e procurem... – A voz feminina inundou o ambiente, e Jeon sentiu a mão de Taehyung de apertar contra a sua. – Ele não pode fugir vocês sabem muito bem disso. Eu quero que ele pague.

-Sim senhora, ele não vai mais fugir por tanto tempo...

Os homens demoraram um pouco, mas nem perto dos garotos eles chegaram, por enquanto. Quando as silhuetas pareciam distantes o suficiente, e a mão de Taehyung pareceu perder força em seus lábios, Jeon se preparou para fazer todas as perguntas que se passavam na sua cabeça. Uma por uma. Se a visão do mais velho, chorando copiosamente, não tivesse lhe atrapalhado.

E se aquilo pudesse ficar mais assustador ainda, o garoto estava entre as lágrima, o sofrimento e as pequenas risadas que saíam por entre os soluços. Ele estava perdido, enlouquecido.

-Mãe... – Ele repetia baixinho, quase uma lamúria. – Por que?

-Tae...

-Minha mãe me odeia... Minha mãe me quer morto...

Não podia fazer nada, a não ser puxar o garoto para perto de si, o abraçando com tanta força, ao ponto que podia imaginar que estava sugando toda a dor dele para si. Aquilo doía, muito. De alguma maneira, ele não sabia qual, ele queria somente protegê-lo daquilo tudo. De tudo e todos. E sem mesmo perceber, começou a sussurrar uma música para o outro, que aos poucos voltou ao seu normal, mas não se desvencilhando do abraço quente de Jeon.

 

 

Taehyung distribuía pequenas mordidas pelo pescoço e ombros do mais novo, que mesmo depois de tudo que tinham feito parecia não estar cansado das pequenas provocações. Entre os gemidos baixinhos e as risadas abafadas, o mais velho tinha encontrado seu pequeno porto seguro, para onde ele sabia que podia fugir e se esconder sempre que precisasse.

Jeon se sentia bem com a presença do mais velho, por mais estranho que fosse admitir isso. Aquela sensação, a tensão, que vinha todas as vezes que o outro desaparecia, ainda o assombrava. Atormentava. Sentia-se impotente toda a vez que pensava que nada sabia sobre o que estava acontecendo, e muito menos tinha a coragem de perguntar. Ele sabia que se perguntasse provavelmente Taehyung teria mais uma crise de pânico. E como odiava elas.

Todas elas. Todas as vezes que ele se tornava o Taehyung insano, enlouquecido... Extremamente triste. Aquele garoto que ele, na maioria das vezes, não sabia mais quem era. Mas lhe doía todas as vezes que ele o via em pânico, entre as risadas e o choro.

-Me promete uma coisa? – A voz do mais velho irrompeu pelo quarto, perturbando seus pensamentos.

-O que? – Ele disse, agora se posicionando no peito nu do outro.

-Que não vai me abandonar... Nunca. – Os olhos de ambos se encontraram. Jeon sentiu cada parte de sua espinha arrepiar-se.

-Não vou... Nunca.

 

 

 

Jeon acordou com o susto súbito. Algo estava completamente errado. O barulho do lado de fora, a falta de alguém ao seu lado... Aquele atípico pressentimento que algo ruim estava acontecendo simplesmente rondava sua cabeça quando saiu da cama do mais velho. Alguma coisa lhe dizia, não, praticamente berrava com ele que não era uma boa ideia sair dali naquele momento.

Antes mesmo de poder pensar no que fazer, ou em até mesmo ir atrás de Taehyung, para que parte de seu coração se acalmasse, algo lhe acertou a cabeça, certeiramente. O baque do corpo contra o chão e o grito que pareceu preencher o local foram as únicas coisas que escutou antes de apagar.

 

...

 

Acordou com os sons secos do que lhe pareciam socos... Não, não somente socos. Pareciam outra coisa, mas de qualquer maneira eram perturbadores. Não cessavam, nem que fosse por um instante sequer, e aquilo estava começando a fazer com que sua cabeça doesse. Jeon acordou com uma dor aguda em sua nuca, provavelmente da pancada... A pancada. O momento em que se lembrou daquilo, do som de seu corpo batendo contra o chão, acompanhado de um grito que, por mais que quisesse mentir para si mesmo, lhe era familiar. Ele pôde sentir cada fio de cabelo em seu corpo se arrepiar ao pensar na possibilidade.

Escorou-se na parede a seu lado, percebendo o quão dolorido era para que pudesse andar. O incomodo não cessava, mas algo na sua cabeça não deixava que parasse por um segundo sequer.

-Mais uma vez.

A voz feminina era forte, imponente. Ao escutá-la Jeon sentiu suas pernas fraquejarem, algo nele dizia que aquilo não era bom sinal de jeito algum. E enquanto ele pensava nisso, um grito atingiu seus ouvidos como um soco.

-Cale a boca dele. Que irritante.

Jeon ajoelhou-se perto da esquina daquele corredor, apoiando-se contra a parede para que conseguisse ter uma visão da situação ali. Não conseguia ver a pessoa que estava no meio de todos ali, mas tinha sangue para todos os lados. Um... Dois... Quantos mesmo? Ele não podia pensar no tanto de vezes que todos ali o bateram.

-Sabe que está pagando pelo que fez, não?

A mulher disse uma vez mais, aproximando-se lentamente do outro. Aqueles que estavam a sua volta se afastaram, agora deixando a figura machucada de Taehyung exposta. As costas, costelas, peito... Todos marcados com as cores que variavam entre roxo, verde e até mesmo vermelho. Cortes pareciam percorrer seu corpo inteiro, deixando a pele levemente morena agora praticamente encoberta de uma violência da qual ele não podia se defender. Jeon sentiu seu estomago se revirar com a cena, e mesmo sem perceber lágrimas frias desciam por seu rosto.

-Fale comigo. – O tapa que ela desferiu contra seu rosto, com toda a certeza do mundo, era a coisa mais dolorosa que havia recebido.

-O que eu fiz, mãe? – A voz dele estava embargada, mas não perdia o tom irritantemente debochado.

-Você não sabe? Hm? – A aura dela era assustadora, ainda mais com o olhar ameaçador. Perdido...

-O que? Que eu o matei? – E mesmo que parecesse que ele estava chorando, a risada preencheu a sala, num tom alto e debochado. – Ele merecia morrer.

Outro tapa, outra risada... Jeon sentia seus dedos esfriando e parecia que existia um grande vazio no lugar de seu estomago... A palavra “assassino” não parava de vir a sua cabeça. Ele não queria acreditar na possibilidade, muito menos queria acreditar que Taehyung tinha mentido para ele por todo aquele tempo. Mas tinha algo muito errado ali, ele sabia disso.

-Ele te batia mãe... Ele te batia todos os dias... – Outro tapa. Ele parecia somente aceitá-los agora. – Ele tentou te matar mãe... – Mais um. Agora ele voltou o olhar para a mãe, algo assombroso o envolvia.

-Isso não te dava o direito de matar o homem que eu amava, Kim Taehyung. – A mulher estava se preparando para desferir um tapa mais contra o próprio filho.

-Ah é? Não vai me dizer que você não escutava ele me batendo também. – O silêncio que seguiu essa frase era uma quase tortura para a cabeça de Jeon. – ELE ME ESTUPRAVA MÃE. TODOS OS DIAS. ELE ERA UM PORCO NOJENTO E ME...

-VOCÊ É UM DESGRAÇADO!

-ELE QUE ERA UM DESGRAÇADO! – Taehyung abaixou a cabeça. A mulher somente o olhava, estática. – Agora sei que você é uma desgraçada igual ele. Você é uma porca imunda sem nenhum tipo de pudor ou vergonha do que faz. Vocês se mereciam. Você merecia cada surra que ele te deu, cada vez que ele te traiu com uma prostituta qualquer de esquina. Ele devia ter te matado logo, assim eu não teria o trabalho de sofrer tanto logo depois que eu o matei. Você deveria estar morta. Assim como ele. Você é uma desgraçada...

Foi quando Jeon desviou o olhar. Não queria ver, não queria ter aquela imagem para sempre em sua mente. Os baques surdos tomaram conta de sua cabeça, um atrás do outro. Tampou os ouvidos, trazendo seus joelhos para perto de seu peito. Ele tentava não chorar alto, mas aquilo era demais. E prosseguiu por um bom tempo, por tanto tempo que pareceu que se passaram dias, semanas... Anos. Tudo dentro dos poucos minutos em que a violência prosseguia.

Até que o silêncio veio, seguido dos passos apressados e então o som de algo caindo no chão.

-Tae? – A voz de Jeon parecia tão solitária ao ecoar pelo lugar. – Tae...

O corpo do outro estava jogado no chão, no próprio sangue. Jeon tinha medo de tocá-lo e sentir que sua pele não emanava mais calor algum. A única coisa que sentia agora era dor e o quão gélidas eram suas lagrimas. Ele sentia cada parte de seu corpo doer, fazendo com que a cor lhe fugisse do rosto. Seu coração parecia não existir mais, as batidas eram tão fracas e desoladas que podia jurar que ele pararia a qualquer momento. Talvez não fosse fazer diferença. Ajoelhou-se perto do outro, finalmente o tocando e o puxando para seu colo, colocando sua cabeça sobre suas pernas. Foi quando o mais velho abriu os olhos, o encarando.

-Kookie...? – A sua voz era fraca, mas ele sorriu. – Você está...

-Você está vivo... – As lágrimas que caiam de seu rosto tocavam a pele machucada do outro.

-Jeon... – A mão fraca do outro subiu de encontro ao rosto do outro. – Eu estou com tanto sono...

-Não durma! – Os olhos de Jeon se preencheram com desespero. – Por favor não dorme...

-Mas... Eu quero tanto... – Ele tinha o semblante triste, por mais que aquele sorriso não saísse de seu rosto.

E então algo pareceu soar como um “click” na cabeça de Jeon. Ao sentir sua ficha caindo, ele não pôde fazer mais nada do que deixar com que algumas lágrimas mais caíssem de seu rosto. Então aquele era o fim, não é? Não tinha jeito. Taehyung morreria ali, em seus braços, não é? Ele sentiu cada parte de seu coração se quebrar, e aquela sensação de que o mundo tinha escorrido por entre seus dedos parecia cada vez mais realista. O rosto ferido do mais velho parecia já estar ficando sem vida e, por mais que tentasse não pensar nisso, algo lhe dizia que não podia fazer nada para ele. Não agora. E isso doía tanto que sentia em seus ossos, em cada parte de seu corpo.

E mesmo assim ele não parava de sorrir. Nem por um minuto ou segundo. E ele parecia brilhante toda a vez que colocava aquele sorriso no rosto, e agora aquele brilho todo parecia estar fugindo aos poucos.

Ele está indo embora

E eu não posso fazer nada

O amor está indo embora

E como um idiota, eu estou inexpressivamente parado aqui

A voz de Jeon preencheu o local, de uma forma calma e quase angelical. Ele cantava para o mais velho, na vaga esperança de mantê-lo acordado, nem que fosse por alguns minutos mais.

Eu estou olhando para ele, que está ficando mais longe

Ele se torna um pequeno ponto e então desaparece

Isso irá embora depois que o tempo passar?

Eu me lembro dos outros tempos. Eu me lembro de você.

Taehyung sorria para a voz do outro, sentindo ela com cada parte de seu corpo. Ele se sentia dormente, nada mais doía. No fundo, ele tinha esperanças de que aquilo fosse somente um pesadelo.

Foi quando ele fechou os olhos...

 

 

 

 

Diante de Jeon estava aquela cama vazia. Na sua mente ele ainda tinha o retrato perfeito do outro ali, com o sorriso e atitude debochada. A risada dele ainda parecia ecoar pelo vazio daquele lugar, quase uma assombração que fazia com que seus nervos entrassem em colapso. Ali, mesmo depois de meses, ainda estava o seu perfume, que era como a mais doce de todas as torturas de sua vida. Levantou-se, limpando as lagrimas que se formaram em seu rosto e, por uma vez mais, deu adeus àquele lugar. O local em que prometeu para ele que nunca o abandonaria, porém não cumpriu o que tinha se prometido. Ele não pôde o salvar.


Notas Finais


Então, o que acharam?
De preferência não me espanquem antes de qualquer coisa, tanto pela fanfic enorme quanto pelo angst sem fim que são todas as histórias que escrevo.
Espero que tenham gostado, principalmente a senhorita para quem essa fanfic foi dedicada~ :3
Kissus
Até a próxima~


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