Puxei as bordas do cobertor para mais perto ainda desolado. O que tinha acabado de acontecer?
As luzes dos carros de polícia e da ambulância onde eu estava preenchiam meu campo de visão, me deixando tonto e nauseado.
— Ai! — Resmunguei quando a paramédica terminava de cuidar do meu corte na testa.
Logo ela se afastou e eu pude ficar sozinho. Apoiei a cabeça na parede fria da ambulância suspirado e fechando os olhos. Tudo o que eu queria era dormir... Dormir e nunca mais acordar.
— Taehyung? — Ouço a voz desesperada da minha mãe. — Taehyung!
Seus braços se fecham ao meu redor com força, deixando-me sem ar por alguns instantes.
— Eu fiquei tão preocupada! Cheguei em casa e você não estava lá! — Arfou espremendo meu rosto entre suas mãos. — Você se machucou. Nunca mais faça isso Taehyung! — Outra vez fui puxado para um abraço. — Eu fiquei com tanto medo.
— Eu estou bem mãe.
J-Hope lentamente se aproximou de onde estávamos e se sentou ao meu lado deixando a cabeça pender para trás, suspirando cansado.
— E você Hoseok — minha mãe se virou para ele. Reviro os olhos, já não bastava eu ela também iria dar uma bronca no Hobi? — Onde é que você estava com a cabeça quando seguiu o Taehyung? E se algo tivesse acontecido? Já pensou como ficaria seus pais e...
Parei de ouvir o que ela dizia quando um carro conhecido adentrou o terreno baldio. Jin pulou do mesmo seguido por Namjoon, Yoongi e Jimin.
— Taehyung! — Jin praticamente gritou ao por os olhos nos cortes em minhas mãos e na testa. Se agachou em minha frente. — Meu Deus, o que aconteceu? O J-Hope me ligou desesperado!
Fitei o Hobi com olhos semi-cerrados como se dissesse "você ligou para ele, idiota?". Um bico culpado se formou nos meus lábios, baixei o olhar ficando quieto. Minha mãe vendo que eu não iria abrir a boca com ela ali se afastou resmungando baixo, indo conversar com o detetive.
— Eu rastreei o celular do Jungkook até aqui e... Achamos o carro dele. Mas ele não estava lá — crispo os lábios em decepção.
— E porque você não ligou para nós?! — Yoongi colocou as mãos nos ombros de seu namorado, puxando-o para um abraço por conta do frio. Jimin sorriu agradecido e se aconchegou em seu peito.
— Não queríamos dar falsas esperanças a vocês. Sinto muito.
— Você ainda tem muito o que explicar — Jin cerrou os dentes. — Vocês são simplesmente inacreditáveis!
O detetive se aproximou de nós junto à minha mãe.
— Nós iremos para a delegacia, vocês serão interrogados — disse minha mãe com a expressão cansada.
Aquele dia tinha como piorar?
{...}
Eu tremia. Minhas mãos ainda estavam sujas de terra, assim como meu rosto e roupas. Eu estava cansado.
Uma pasta amarela foi jogada na mesa da sala de interrogatório onde eu me encontrava, pulei de susto sem perceber a aproximação do policial. J-Hope me olhou cabisbaixo.
— Kim Taehyung e Jung Hoseok... — o policial se sentou em uma cadeira defronte à nós. —... Vocês andaram aprontando demais. O que pensaram que estavam fazendo quando descobriram aquilo? Deveriam ter ligado para a polícia de imediato. E se algo tivesse acontecido? Já não basta o amigo de vocês...
Mordo o lábio inferior tentando inutilmente conter algumas lágrimas.
— Ele não estava lá... Por que ele não estava lá? — Sussurro. — Ele prometeu.
— Tae... — Hobi sussurrou entrelaçando os dedos nos meus.
— Bom, podem começar a falar o que aconteceu — as palavras do policial saíram de forma dura. — Desde o começo.
Passamos horas naquela sala sendo interrogados com todos os tipos de perguntas possíveis como se fôssemos criminosos, algumas até não tinham nada a ver com a situação. Eu mal conseguia ficar de olhos abertos, o cansaço consumia todo o meu corpo como um parasita, resultado de todas as noites mal dormidas.
— Tae... — Hobi deu batidinhas em meu ombro. — Você tem que ficar acordado, aqui, trouxeram-lhe café.
Olho para os lados surpreso por estarmos sozinhos ali. Um copo de café foi posto na minha frente.
— Obrigado — agradeço e pego o copo, aproximando-o de meus lábios. O vapor quente se chocou contra meu rosto, fazendo com que todo o meu corpo relaxasse. Eu estava tão cansado.
Deixei o café cair no chão.
— Taehyung? — Ouvi a voz do J-Hope, longínqua como se tudo fosse um simples sonho.
Minha visão ficou embaçada e eu cai para frente, vendo tudo a minha volta se tornar um mar de escuridão.
Eu estava tão cansado de tudo.
{...}
Estava tão frio. Abro os olhos e um clarão me cegou por uns instantes até que me acostumasse com toda a claridade repentina. Encaro o teto branco. Onde eu estava?
Lentamente desço meu olhar para o quarto. Tudo ali era branco, até as flores que enfeitavam o criado-mudo ao meu lado.
Eu estava em um hospital?
— Tae? — A voz da minha mãe se faz presente ao meu lado.
A encaro.
— O que aconteceu? — Me remexo. Incrivelmente me sentia descansado.
— Você desmaiou de cansaço no meio do interrogatório, estamos no hospital.
Olho a agulha de soro em meu braço.
— Por quanto tempo eu apaguei?
— Umas quatorze horas — respondeu ajeitando o meu travesseiro atrás da cabeça. — Você não tem comido, não é?
Desvio o olhar envergonhado.
— Eu não tinha fome.
Ela ficou em silêncio e me encarando com um olhar sôfrego.
— Eu vou chamar o médico e depois você vai comer alguma coisa, nem que eu tenha que enfiar comida em sua boca a pulso, ouviu?
Se levantou e saiu pela porta, deixando-me sozinho ali naquele quarto frio. Fechei os olhos sem querer pensar no Jungkook, o que foi praticamente impossível, Jeon Jungkook habitava meus pensamentos em todas as horas de todos os dias. Sentia meu coração apertar toda vez que piscava e a imagem de um Jungkook sorridente se projetava atrás dos meus olhos.
Eu tinha que parar com aquilo, eu tinha mas… Eu não conseguia, e não queria. Pensar nos momentos felizes em tivemos era a única coisa que acalmava minha mente e meu coração. Por que coisas como estas tinham de acontecer justo a mim?
Suspirei voltando a abrir os olhos.
Que vida miserável a minha.
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