História SAVE ME (Vkook - 2 temp.) - 06. plano infalível?

Lá estava eu sentado na cadeira da escrivaninha no quarto mergulhado em puro breu. Encarei a tela do computador onde a imagem do desenho do Jeon descansava, havia escaneado ela para o computador assim que os policiais decidiram leva-lo para analisa-lo.

Meus dedos deslizavam pelo teclado, sem saber ao certo o que estava fazendo. Algumas imagens de borboletas surgiram e eu procurei a mais parecida com a do desenho: Blue Mountain Butterfly.

"Papilio Ulysses, mais conhecida como Blue Mountain, é uma grande borboleta do swallowtail da Austrália. [...]

[...] Ulysses é o nome romano para o herói grego, Odisseu, um personagem da literatura grega antiga, mas que significa em grego "o irritado", "filho da raiva".

Então Jungkook estava irritado com algo? Ou alguém? Ou... alguém estaria irritado com ele?

"Tantas perguntas", pensei agarrando os fios loiros da minha cabeça, frustrado. "Por que tão complicado?" Batidas na porta me atraíram a atenção.

— Posso entrar querido? — Ouvi a voz fraca da minha mãe e murmurei um "sim". A observei por metade do corpo para dentro do quarto. — Como você está?

— Bem, eu acho — deixei meu corpo tenso relaxar na cadeira, mordiscando o lápis que tinha em mãos.

— J-Hope está aqui para vê-lo.

Voltei meu olhar para o notebook e fechei sua tela, suspirando.

— Okay, deixe-o entrar.

Ela desapareceu pelo corredor e pouco tempo depois J-Hope adentrou o quarto, franzido o cenho.

— Por que está tão escuro aqui? — Ligou a luz, fazendo com que eu piscasse repetidas vezes, incomodado com a claridade repentina. — Você as vezes me deixa preocupado. O que está fazendo?

Se jogou em minha cama, se aninhando nos lençóis parecendo sonolento. Desde aquele maldita noite no terreno venho tendo que tomar remédios para dormir, por que senão sempre acordo gritando por conta de algum pesadelo e consequentemente minha mãe tinha que passar a noite inteira comigo tentando me acalmar. Noites difíceis. Mordi o nó do dedo indicador, o encarando sério.

— Precisamos conversar, preciso de um grande favor seu — digo devagar e com cuidado, vendo-o se remexer.

— E o que é? — Me olhou curioso.

— Preciso do celular do Jungkook, Hoseok.

Ele me olhou sem entender.

— Por quê?

— Talvez eu consiga decodificar o número desconhecido que ligou para o celular dele naquela noite no meio da floresta — batuquei os dedos na escrivaninha. — Eu preciso dele o mais rápido possível.

Hoseok se sentou rápido, ereto, ainda sem entender.

— Mas a polícia está com ele.

— Eu sei — ri de leve —, e nós vamos pega-lo.

— Como? Invadir a delegacia não é uma opção — disse como se fosse óbvio.

O olhei divertido e o canto direito do meu lábio se ergueu em um sorriso ladino.

— É exatamente isso o que eu estava pensando. E aí, está dentro? — Ergui uma sobrancelha, mordendo o lábio.

Hoseok se levantou rápido me agarrando pelos ombros e me chacoalhando para frente e para trás.

— Você está maluco Kim Taehyung?! Nós vamos para o xilindró por isso! Invasão?! De onde você tirou essa ideia maluca?! — Praticamente gritou as palavras. — Andou bebendo alguma coisa?! Usou drogas?!

Pus as mãos em sua boca, rindo de seu desespero.

— Calma Hoseok, já está tudo resolvido, Namjoon e Yoongi já aceitaram, só falta você. Não posso fazer isso sem você.

— Eu vou te matar Taehyung! — Segurou a gola de minha camisa, furioso. — Como você conseguiu arrastar o Namjoon e o Yoongi para essa maluquice?! O Jin vai te matar! 

— Só se ele descobrir, e é claro que você não vai contar, não é? — Retirei suas mãos de minha camisa, inclinando a cabeça levemente para o lado. — Vamos lá Hobi, eu sei que você vai aceitar. Pare de enrolação.

Ele começou a andar de um lado para o outro no quarto enquanto esfregava a testa parecendo nervoso e murmurava algumas coisas que eu não conseguia ouvir. O olho por uns minutos até ele resolver dizer algo.

— Isso é loucura, ouviu? Loucura!

— Lembre que nós estamos fazendo isso pelo Jungkook, você quer ele de volta... Não quer?

Parou de andar, voltando a se sentar na cama parecendo derrotado.

— É claro que quero — suspirou cansado.

Pus minha mão em seu ombro apertando-o, inclinei-me em sua direção.

— Por favor Hobi — o olhei nos olhos, suplicante —, eu estou lhe implorando. Pelo Jungkook.

J-Hope pareceu ponderar por alguns instantes, a sua face se tornando cada vez mais triste.

— Se nós formos pegos, eu juro que te mato!

Gargalhei verdadeiramente pela primeira vez em semanas, mas logo voltei a ficar sério.

— A polícia não teve nenhum avanço e já faz semanas que ele desapareceu. Somente eu e você juntos conseguimos mais do que todos eles em todo esse tempo — afaguei seus cabelos. — Nós vamos conseguir, vamos encontrar ele, ou não me chamo Kim Taehyung.

J-Hope olhou nos meus olhos, choroso.

— Vamos encontrá-lo, juntos.