História Secret Desire - O Reinício

[Segunda Feira/06:00AM]P.O.V Alícia

Acordo logo cedo com uma certa pessoa se esguelando na porta do meu quarto, obviamente minha melhor amiga, Valéria, que é considerada minha irmã, principalmente pelo fato de estar sempre comigo, independentemente dos momentos ruins, situações, e problemas, sem falar que é a única que me entende de verdade, e só de lembrar do que fazíamos à um tempo atrás...

Era completamente comum e irrelevante. Apenas duas alunas no pátio da escola, claro, matando aula, mas ninguém se importava com aquela atitude, pois eramos vistas vadiando alí toda segunda feira, que era considerado o pior dia da semana por nós, e por todos os alunos normais, porém só nós tínhamos coragem, realmente somos demais.

- Finalmente acordou hein— fala revirando os olhos— então agora me ajuda! Preso, ou solto?— Valéria pergunta prendendo o cabelo, e em seguida soltando-o.

- Ah tanto faz! Não muda nada— falo com uma cara de estresse, meu humor de manhã não é um dos melhores, todos sabem disso.

Tento me levantar mas como meu corpo ainda não está disposto completamente, sento na beira da cama, com os braços apoiados nas pernas segurando meus cabelos.

- Eu hein, estressada logo cedo— ela entra no banheiro do quarto— sério Alícia, eu não te entendo, você é simplesmente bipolar.— grita baixo.

- Bipolar? Olha, isso não tem nada haver com bipolaridade, você não passou pelo que eu passei, e você não foi motivo de piada pra todos daquela escola! Eu levo isso comigo pra vida toda, mesmo que eu tente esquecer aquilo tudo eu não consigo, NÃO consigo, confesso que ainda tenho 1% de medo, eu não tenho total segurança de realizar a minha vingança, e se tudo der errado? Eu tô desesperada— falo me levantando e encostando minha cabeça na parede.

- Primeiro, eu realmente não passei pela sua situação, mas eu sinto, mesmo que você não queira acreditar, eu sinto o que você sentiu e ainda sente, pois o amor que eu tenho pela sua pessoa faz com que isso aconteça, eu sei que parece ridículo e totalmente brega, nada haver mas isso é a verdade, de alguma forma eu consigo sentir olhando nos seus olhos.

- Olha Val desculpa eu...— fui interrompida por..

- Espera que eu ainda não terminei— fala com a mão erguida pra mim— segundo, deixa esse medo de lado, você não merece passar por isso, aquele cafajeste precisa pagar muito caro pelo que fez, eu aposto que ele não se arrependeu, e mesmo se tivesse, arrependimento não é o suficiente pra pagar esse ato. Essa não é a Alícia que eu conheço. Para de se lamentar e reclamar! Você é forte o suficiente pra fazê-lo pagar muito caro, pelo menos o que é preciso, nada de exagerar ou diminuir a suposta"vingança"— faz aspas com os dedos— auto-estima e confiança em sí mesmo é tudo o que você precisa! Agora levanta daí e vai se vestir, antes que eu perda minha paciência!

- O que eu faria sem você?— pergunto me levantando— obrigada por me incentivar sempre, e desculpa se já cheguei a te magoar alguma vez, você sabe que eu te amo.

- Eu sei, por isso que eu te amo também, eu só faço retribuir os sentimentos para comigo— ela ri de nariz empinado — agora vem cá, dá um abraço— fala abrindo os braços.

- Awn minha vaca— nos abraçamos.

- Vai! Vou te deixar a vontade no quarto pra você se arrumar, vê se arrasa, que eu quero te ver chegando com tudo naquela escola— fala jogando meu cabelo pra direita— vou ficar te esperando lá em baixo.

- Ok então.

- Mas antes...— Fala se segurando na porta— preso ou solto?

- Ah sua boba— jogo o travesseiro e ela joga de volta— preso é melhor.

- Tá, vou usar solto haha bye bye.

- Eu vou te matar!— falo gritando, ela dá uma gargalhada e sai correndo.

Apesar das palavras de incentivo que ela citou, eu não consigo me sentir totalmente segura, é que...sei lá, não sei explicar muito bem, só posso afirmar que isso tá me sufocando de um jeito que nem eu mesma consigo controlar, o motivo? Tá... Eu nunca fui uma pessoa muito sortuda, tudo o que acontece na minha vida de ruim, o principal motivo sou eu, não me dou bem em absolutamente nada, parece que eu carrego o azar de um gato preto, sério mesmo. Esse apartamento aqui que nós vivemos, já quase pegara fogo pelo menos umas 5 vezes, nada de se escandalizar comparado ao que eu passo, e isso parece acontecer com todos da minha família. Por suposições minha mãe está morta, ou sumiu, não sei o que verdadeiramente aconteceu...(e se alguém tá achando que eu não sei de praticamente nada, você acertou)... Meu pai foi obrigado a tomar a triste decisão de se mudar de país e me deixar aqui, nada na minha vida dá certo, muitas vezes eu já pensei em desistir de tudo, mas sempre algo aqui dentro de mim me dá forças pra prosseguir, mesmo que não seja fácil.
Sobre minha vida amorosa...haha nem se fala! A ilusão tomou conta de mim, e eu cheguei a acreditar que alguém realmente me amava, por muitas vezes eu até cheguei a pensar que a vida era um Conto de Fadas; o namorado perfeito, os amigos maravilhosos, e o principal e mais doloroso; que o amor existia. Mas eu abri os olhos e vi que isso não passa de uma lorota que só existe pra machucar as pessoas, por esse motivo e por vários outros...eu já descartei esse tal de amor da minha vida pra nunca mais me magoar.

Entro no banheiro, e faço minhas higienes. Em seguida vou até meu closet enorme, e escolho uma roupa extremamente linda, uma jaqueta jeans clarinha, uma saia da mesma cor, uma blusa preta, uma bota cinza com preto, e faço a make. Pego minha mochila, e saio do quarto.

A cada degrau da escada que eu descia, o nervosismo aumentava mais, porém eu sabia que somente eu poderia fazer isso sumir, então, criei uma coragem que nem eu mesma sabia que tinha, e encarei a realidade de frente.

Vou até a cozinha, pego uma maçã que estava em cima da mesa e vou em direção a porta.

- A madame já tá pronta?— Valéria pergunta de olhos fechados.

- Estou sim, se quiser olhar pra mim já pode— falo me aproximando.

- Ai...Meu...Deus- fala pausadamente.

- O que foi? Tem algo errado comigo? Fala logo pra eu não pagar mico.

- Claro que não, muito pelo contrário, você tá completamente linda.

- Ah obrigada, adorei o seu vestido, esse sapato super combinou, e essa jaqueta...QUERO UMA IGUAL!

- Ain toda blogueirinha, virou estilista de moda?— pergunta com voz de deboche.

- Ah não enche e vamos logo.

- Só não quero que roube o Davi de mim, tem o Paulo pra você, ops...foi sem querer, impulso sabe?

- Você não vale nada— rimos e saímos do apartamento.

Realmente essa criatura me aborrece, as vezes eu tenho vontade de espancar ela, na moral. Mas eu não teria coragem de fazer isso, pois tenho que admitir que sem essa louca, eu não seria nada, foi a mesma quem mais me ajudou, e assim eu percebi, o quanto ela é importante para mim.