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História Secreto - Pizza


Escrita por: Bbraettgo

Notas do Autor


Demorei, mas voltei.

:3

Especialmente para a Dri <3

Capítulo 13 - Pizza


Fanfic / Fanfiction Secreto - Pizza

Jungkook estava dentro do quarto de Taehyung, que havia roubado a televisão da sala e naquele exato instante instalava o aparelho de frente para sua cama. O console do precioso videogame jazia ao seu lado na cama de solteiro do mais velho.

Taehyung estava concentrado, mordia o lábio e às vezes a língua, apesar de parecer atrapalhado com o amontoado de fios. Colocara o aparelho televisivo em cima da escrivaninha.  O mais novo admirava o seu amado secreto com atenção. Ele era lindo, mesmo enrolado nos fios.

— Acho que consegui ajeitar tudo — disse sério — Traz o bebê Playstation aqui.

Jungkook riu e pegou o console nas mãos com cuidado. Não queria que nada acontecesse ao videogame, para que não houvesse motivos para o novo amigo ser desgostado pelo irmão.

Taehyung recebeu o aparelho nas mãos com um sorriso animado, que fez Jungkook querer suspirar de alegria. Voltou a sentar-se na cama assim como Taehyung voltou a se concentrar nos fios e conexões. Ouviu o celular tocar, avisando a chegada de uma mensagem. Em reflexo olhou para o mais velho para ver se o mesmo mexia em seu celular, mas ele continuava a mexer nos fios.

Antes de abrir o aplicativo de mensagens, certificou-se de colocar o celular no silencioso, para evitar novos constrangimentos. A mensagem era de sua mãe.

[Omma] Seu pai quer o endereço certinho de vocês, ele não anotou.

[Você] Para que?

[Omma] Ele vai mandar entregar pizza aí, escolham os sabores.

Jungkook sorriu. Era maravilhoso ver seus pais gostando de Taehyung e sendo afetivos e atenciosos com ele. Além de que era muito bom ver que sua família realmente apoiava a amizade dos dois.

— Tae — chamou.

— Hum…

— Meu pai quer o endereço daqui, vai pedir pizza para a gente.

Taehyung largou os fios de maneira abrupta e abriu um sorriso grande e sincero. Levantou em um impulso e caminhou até o mais novo, sentando-se ao seu lado.

— Diga que não precisam se preocupar.

— Não vai adiantar, você não conhece a determinação do meu pai.

— Então tá bom!

Ditou o endereço para o mais novo, que colocou-se a digitar rapidamente. Em seguida discutiram sobre o sabor da pizza.

[Você] Meia calabresa e meia muçarela.

[Omma] Obrigada e divirtam-se.

[Omaa] Não durma muito tarde, e se dormir, diga ao seu pai que dormiu cedo.

Jungkook riu. Acabou descobrindo que tanto sua mãe quanto seu irmão costumavam mentir ou omitir coisinhas de seu pai. Viu Taehyung voltar a se concentrar nos fios do Playstation e decidiu — em um surto de coragem — mandar uma mensagem para Taehyung.

[Você] Oi, está bem? Ficarei fora neste fim de semana, então talvez eu não consiga te dar atenção.

Ouviu o celular do extrovertido tocar e sentiu o coração gelar. O mais velho olhou o celular e sorriu. Olhou para si e voltou até a cama, jogando-se ao seu lado.

— Meu admirador me mandou mensagem.

— O que a pessoa quer?

— Me avisar que estará fora esse fim de semana… aí… o que eu respondo?

— Não sei — sentiu a mão do amado enroscar-se em seu pulso e puxar-lhe para se deitar ao seu lado.

— Hum, acho que vou dizer que estou com você, quem sabe o ciúme faz ele querer me ver — disse em um sorriso traquina — O que acha?

— Já disse, não sei — queria sorrir, mas se conteve. Viu o mais velho digitar rápido e em seguida sentiu o celular vibrar no bolso de sua calça.

— Kookie… você já se apaixonou?

Sentiu o coração apertar e o sorriso que outrora queria surgir, murchar, devido sua ansiedade. Deitado de barriga para cima, fitou os olhos de Taehyung, que estava deitado ao seu lado, de barriga para baixo.

— Já sim, hyung.

— Eu acho que estou apaixonado.

— Por quem? — sentiu a boca do estômago arder em resposta.

— Por essa pessoa — respondeu simples enquanto rolava a conversa entre ele e seu admirador.

— Você nem sabe quem essa pessoa é.

— Eu sei que não sei, mas a gente conversa já tem um tempo.

— Mesmo assim, você nem sabe o sexo dessa pessoa.

— Hum, eu realmente não me importo com o sexo dessa pessoa.

— Mas e se for um garoto?

Taehyung se remexeu na cama, ficando de frente para Jungkook, apoiando sua cabeça na mão.

— Eu disse que eu não me importo.

— Mas…

— Preciso te contar um segredo, já que você cumpriu com sua parte e agora está dormindo aqui em casa — parou um pouco ficando pensativo — Afinal, se isso for um problema para você, temos que interromper nossa amizade aqui mesmo.

Jungkook estava apreensivo. Sentia contrações em seus órgãos internos — se é que isso era possível. Não deixava de fitar os olhos do amigo.

— Eu gosto de pessoas, Kookie. Não importa o sexo delas. Podem ser garotas ou garotos. Eu gosto de me sentir bem com alguém, sabe?!

— Então você é gay? — perguntou vacilante.

— Não gay… talvez bissexual?! Não sei ao certo como nomear isso — fez uma pausa dramática, voltando a se deitar, agora de barriga para cima — Eu só gosto de estar ao lado de alguém que me faça sentir bem.

— Então se fosse um garoto você o beijaria?

— Sem dúvidas — riu gostoso — Mas — interrompeu o riso fácil e olhou para Jeon — Como é isso para você?

— Ah — corou levemente e fitou o teto, evitando o olhar inquisitivo de Taehyung — Por mim tudo bem, não é algo que me incomode.

Ouviu um suspiro do mais velho e voltou a olhar ele.

— Jimin sabe disso?

O mais velho riu e se manteve em silêncio por breves segundos, apenas encarando os olhos escuros de Jungkook.

— Sabe sim.

— E o que ele acha?

— Hum… Jimin foi promovido de cargo por causa disso — agora era Taehyung que fitava o teto.

— Como assim? Que cargo ele ocupa agora?

— De amigo que quase saiu da friendzone — respondeu sério.

Jungkook sentiu uma onda de emoções desconhecidas percorrer seu corpo. Estava confuso. Sentia raiva, ciúme e alívio, e mais um monte de sensações estranhas.

— Como assim… quase — não acreditava na coragem que teve em perguntar isso.

— Não conte a ele que eu te contei, ele não gosta de tocar nesse assunto.

— Tudo bem.

— Foi ano passado, a gente bebeu soju pela primeira vez — riu com a sentença que acabara de proferir — E aí acabamos nos beijando.

Jungkook corou. Não sabia ao certo se de raiva ou de vergonha de imaginar a cena.

— Na hora foi bem legal, mas no dia seguinte foi estranho — ele continuou contando.

— Como assim?

— Ele é um dos meus melhores amigos, ele veio me dar um selinho e eu neguei, acho que fiquei com medo de estragar nossa amizade, não sei.

A informação ao mesmo tempo aquecia seu coração, por saber que Taehyung e Jimin não trocavam mais carícias, mas ao mesmo tempo sentiu-se triste, pois agora ele era um dos amigos dele, o que provavelmente acaba com suas chances de ter um envolvimento amoroso com o dono de seus sonhos mais pecaminosos e românticos.

— E como ele reagiu?

— Foi uma época estranha… a gente se afastou e eu me senti péssimo. Aí um dia chamei ele para conversar e contei que eu o amava, mas como amigo, quase irmão sabe?! Não o amava de um jeito romântico.

— E ele?

— Ah, disse que entendia e que estava confuso. Aí para quebrar o gelo eu o promovi, mas ele não gosta dessa promoção — disse rindo.

Jungkook sentia-se confuso. Tinha muitas dúvidas em sua cabeça, ao mesmo tempo em que não tinha nenhuma.

— E como é?

— O que?

— Beijar outro garoto? — as mãos suavam com a audácia de sua pergunta. Nem ele acreditava na onda de coragem que sua boca se encontrava.

— Ah, é igual beijar uma garota.

— E como é?

— Beijar uma garota? — seu semblante era curioso — Você nunca beijou?

Sentiu o rosto aquecer e podia jurar que estava corado. Queria correr e sumir. Queria ir embora e queria voltar no tempo para nunca ter iniciado aquela conversa.

— É — fitou o teto e entrelaçou os próprios dedos, tentando manter-se calmo — Na verdade não…

— Ah, que fofo — o mais velho sorriu e se levantou, olhando os olhos assustados do mais novo — Beijar é bom, mas é melhor ainda quando tem sentimento, sabe?!

— Parece tão difícil essa coisa de ter sentimento…

— Como assim?

— Sei lá… parece tão improvável acontecer, uma pessoa gostar de alguém que gosta dela também.

— Hum — voltou a se deitar — Na verdade não é tão difícil, não. Essas coisas acontecem o tempo todo. Você disse que já se apaixonou, e ela sabe?

— Não sabe não.

— Por quê? Não gosta mais dela?

— Gosto sim. Mas… sei lá.

— Por que não se declara para ela? Talvez ela sinta o mesmo.

— Com certeza não.

— Você nem sabe. Posso te ajudar, se quiser.

— Não… nem pense nisso.

— Lembra que eu sou seu amigo insistente, não?! — disse sorrindo — Quem é ela?

— Não me sinto confortável para falar.

— Hum… tudo bem, mas… que tal a gente começar a jogar?

Jungkook sorriu e realmente agradeceu por aquele assunto acabar. Recebera muitas informações ao mesmo tempo e ainda precisava digerir todas elas. Nada melhor do que jogar videogame para se distrair mesmo.

Continuaram a jogar o jogo iniciado anteriormente. Taehyung mantinha-se concentrado e Jungkook, apesar de ser ruim com os controles, mantinha-se igualmente focado.

A hiper atenção de ambos foi interrompida pelo despertador de Taehyung. O garoto pediu desculpa e pausou o jogo.

— Preciso dar banho na minha mãe, você me espera aqui?

— Claro.

Viu o mais velho se levantar do chão e caminhar até o amontoado de roupas em cima da cadeira. Observou-o retirar a camiseta, e sentiu uma pontada em seu baixo ventre. O corpo dele era perfeito. Ele colocou uma camiseta encardida e surrada. Jungkook não deixava de fitá-lo.

— Essa é minha camiseta de banho — disse sorrindo — Própria para molhar — retirou a calça verde fazendo Jungkook arregalar os olhos e desviar o olhar — Estou tentando fazer minha mãe ir tomar banho no banheiro, eu estava dando banho nela na cama.

— E ela está conseguindo?

— Ah, ontem conseguimos. Eu desenhei os passos da cama até o banheiro. Consegui deixar os passos em números pares, ai ela consegue seguir os números no chão e fica menos ansiosa.

— E como você faz para lavá-la… sabe… lá embaixo?

— Ah — viu o menino fazer uma careta — É estranho lavar a intimidade de sua mãe, mas fazer o que?! Ou é isso ou ela fica suja.

— Eu não sei se eu conseguiria.

— Eu também achava que não, mas a cada dia que passa fica menos estranho, mas eu não nego… eu evito olhar, é estranho.

— Ela não sente vergonha?

— Minha mãe sofre muito. Acho que deve sentir sim, mas esse é um sofrimento tão ínfimo que acho que passa despercebido perto dos outros.

— Será que um dia ela vai melhorar?

— Eu espero que sim. Eu acho que ela já está melhorando — aproximou-se do amigo, agora vestido com um short azul — Agora ela já consegue comer comidas com número ímpar de letras.

— Nossa, é grave assim?

— Sim, ela odeia o Jimin, porque são cinco letras… espera — ficou pensativo — Ah, você pode conhecê-la!

— O que?

— Jungkook… oito letras… ela não vai te odiar.

Jungkook ficou confuso e receoso.

— Vamos — sentiu a mão do amigo voltar a rodear seu pulso e puxá-lo.

Caminhou, junto com Taehyung, até o cômodo que era habitado pela mãe de Taehyung. O quarto era escuro e mantinha uma ordem maior do que o resto da casa. Taehyung bateu de leve na porta entreaberta.

— Omma?

— Taehyung?

— Está na hora do banho.

— Não quero ir até o banheiro, filho…

— A gente já vai conversar sobre isso, mas antes, trouxe um amigo para te conhecer.

— Não, por favor, não quero vê-lo — a voz da mulher era quase chorosa.

— Ele se chama Jungkook, oito letras.

— E o sobrenome?

— Jeon, quatro letras.

A mulher se ajeitou na cama. Jungkook a viu tentando se sentar no colchão, contando alto todos os seus movimentos. Na primeira vez, quando se sentou contou três movimentos. Ela murmurou um não e voltou a se deitar.

— Eu te ajudo — soltou o pulso que até aquele momento se aquecia entre os dedos dele e caminhou até a mãe, ajudando-a a se sentar contando os números, até terminarem em um número par — Pronto — sorriu fofo e acolhedor.

— Entre aqui, garoto — a sua voz era mais suave e tranquila.

Jungkook entrou com cuidado e se aproximou da cama da mais velha. Ela era bonita, mas parecia mais velha do que deveria ser, talvez por causa da doença que lhe acometia.

— Não posso dizer-lhe meu nome, sou desgraçada pelos números de meu nome.

— Tudo bem, prazer.

— Ah, filho, ele parece ser um bom rapaz.

— Ele é sim, omma. Hoje ele vai dormir aqui em casa, tudo bem?

— Claro — olhou para Jungkook — Me perdoe por não poder fazer janta para vocês.

— Sem problemas — disse tranquilo — Vamos comer pizza, a senhora gosta?

— Cinco letras.

— Tudo bem, omma, a gente já consegue fazer isso, lembra?

— Sim, e tem mais de um sabor, então são pizzas, seis letras.

Viu a mais velha sorrir para si e lhe tocar o rosto de maneira calma e cuidadosa.

— Vamos, omma, hoje vamos lavar o cabelo — Taehyung disse animado.

A mãe parecia relutante, mas concordou. Jungkook viu o mais velho contar os movimentos em voz alta. Todas as vezes que o movimento terminava em um número ímpar, ela voltava ao estado inicial e eles recomeçavam. Com muito sacrifício, ela conseguiu andar junto ao filho até o banheiro do quarto.

Jungkook assistiu à cena sentindo muita dó. Não apenas da mãe de Taehyung, mas do garoto também, que precisava ajudá-la com essas atividades tão básicas, mas das quais ela estava privada.

Viu a porta se fechar e em seguida o som do chuveiro. Pensou por poucos instantes e pegou seu celular. Ignorou a mensagem de Secreto e abriu a janela de Junghyun.

[Você] Junghyun, por favor não esqueça de mandar o contato do atendimento domiciliar.

[Junghyun] Ah, sim, na verdade o pai já pegou o contato.

[Você] O pai?

[Junghyun] Sim, ele disse que o Tae não deve ter muito dinheiro e ele decidiu pagar. Ele já deve estar combinando tudo com o home care.

Jungkook sorriu largo. Estava feliz. Não podia acreditar que o pai faria isso. Não conseguia acreditar como Taehyung havia conseguido tal proeza de amolecer o coração do mais velho.

[Você] Sério?

[Junghyun] Sério. Ele realmente gostou do garoto, e outra, o pai não é um monstro.

Jungkook abriu a aba de conversa com o pai, que quase não continha troca de mensagens.

[Você] Pai, Junghyun me contou sobre você pagar o tratamento da mãe do Taehyung. Só queria agradecer.

[Appa] Fique tranquilo, Jungkook.

[Appa] Daqui a pouco eu peço a pizza para vocês.

[Você] Muito obrigado mesmo!

[Appa] Quero ajudá-lo, inclusive, pedi para seu irmão montar um projeto para organizar a casa do menino. Mas não conte a ele, não quero criar expectativas no moleque.

Jungkook não poderia estar mais feliz. Aquele sem dúvida era o dia mais feliz de sua existência. Era muitas informações, é verdade, mas todas elas bem agradáveis.

— Jungkook — ouviu Taehyung gritar de dentro do banheiro — Ainda está aí?

— Estou, hyung — respondeu falando alto também.

— Pode me trazer a toalha? Está em cima da cadeira, esqueci de pegar.

Jungkook levantou e pegou a toalha azul claro nas mãos. Andou até a porta do banheiro e desferiu pequenas batidas contra a mesma. Taehyung abriu a porta um pouquinho, deixando a mostra seu cabelo e sua roupa molhada.

— Obrigado, me espere na sala, vou trocar minha mãe.

Assentiu com a cabeça e saiu do quarto, deixando um “tchau” audível para a mãe do amigo, que respondeu de maneira fofa.

Chegou à sala e então percebeu que a casa estava muito quieta. Então se deu conta que os irmãos de Taehyung não estavam em casa. Perdeu-se em seus pensamentos acerca do mais velho.

Ninguém na escola devia imaginar a vida que o representante popular levava. Sentia-se honrado por poder conhecê-lo de maneira mais íntima. Nunca, na vida, imaginou que um dia estaria tão próximo da pessoa que mais lhe arranca suspiros apaixonados. Se já gostava dele antes, agora então…

Seus devaneios foram interrompidos pela voz grave do amigo, que adentrava a sala naquele instante.

— Vou me trocar, você quer ir buscar meus irmãos comigo?

— Onde eles estão?

— Na casa de um amigo, duas ruas acima.

— Vou sim.

— Já volto.

O corpo moreno sumiu de sua vista e minutos depois reapareceu, com a mesma calça verde de antes, mas agora usava uma camiseta laranja. Seu senso de moda era muito estranho mesmo.

Saíram de casa juntos, conversando sobre assuntos diversos até chegarem a casa que abrigava os irmãos do mais velho. Taehyung tocou a campainha e aguardou. Uma moça bonita e que aparentava ser mais jovem do que de fato era, abriu a porta e sorriu.

— Olá, Tae — ela disse sorrindo — Já começarei a preparar a janta, querem comer aqui?

— Não precisa, omma — Jungkook ficou triste ao perceber a carência do mais velho que chamava a todas que cuidavam de si e de seus irmãos de omma, e mais triste ainda de descobrir que os três acabam sempre comendo na casa de outras pessoas — O pai do meu amigo vai nos dar pizza hoje!

— Ah, os meninos vão amar saber disso, vou chamá-los… ah, e olá garoto.

— Olá.

A moça entrou e em poucos minutos saiu com os irmãos de Taehyung nas mãos. Os garotos estavam sujos de terra e sorriram ao ver o irmão mais velho.

— Os dois vão para o banho assim que chegarem em casa — disse com um tom falsamente reprovador — Esse é meu amigo, Jungkook, vai dormir lá em casa hoje.

— Oi — o mais alto disse.

— Este é Heechul e este Taemin — disse sorridente.

— Olá — respondeu tranquilo.

Os quatro voltaram para casa, com os dois meninos contando sobre as aventuras que viveram no quintal do amigo. Taehyung demonstrava um interesse sincero na brincadeira dos mais jovens. Jungkook mantinha-se quieto durante o percurso de volta, no entanto não deixava de sorrir, Taehyung parecia mais criança do que os irmãos.

Entraram de volta na casa e a paz que habitava o lar agora era ausente. Taehyung gritava que eles deviam ir tomar banho e lavar os cabelos, informando ainda que iria vistoriar a limpeza tanto deles quanto do banheiro depois.

— Às vezes Taemin finge que lavou o cabelo, deixando-o somente molhado — justificou-se baixinho enquanto os dois corriam em direção ao banheiro.

Jungkook viu o mais velho recolher os sapatos largados na entrada, guardando-os em seguida. Ele parecia uma dona de casa. Recolheu também as mochilas, igualmente abandonadas no chão da entrada. Mesmo visivelmente cansado, mantinha um sorriso no rosto.

— Você não cansa, não?! — perguntou simples — Eu estou cansado só de te ver.

— Canso e muito! Mas fazer o que? Só tem eu aqui para fazer tudo — riu — Estou pronto para casar — seu tom era divertido.

Taehyung terminou de arrumar as coisas dos irmãos e avisou para si que iria subir para vistoriar o banho, antes que os irmãos transformassem o banheiro em um projeto mal sucedido de piscina. Jungkook riu e continuou sentado no sofá. Abriu o aplicativo de mensagens assim que o corpo do mais velho não se fez mais presente.

[Secreto] Tudo bem, esse fim de semana também estarei ocupado, Jungkook finalmente veio dormir aqui em casa.

Sorriu com a mensagem que lera. Taehyung era realmente adorável, cuidadoso e muito amável. Sua compenetração foi interrompida por uma bronca alta que o mais velho devia estar dando em um de seus irmãos. A bronca veio seguida de um choro.

Jungkook guardou o celular no bolso e decidiu ir ao banheiro. Caminhou com o cenho franzido enquanto ouvia o choro ainda mais alto, devido a aproximação do cômodo.

— Tae? — abriu a porta lentamente.

— Oi, Kookie — ele estava sério, sentado na tampa do vaso sanitário, secando os cabelos do mais novo, Taemin.

— Está tudo bem? Precisa de alguma coisa? — disse preocupado.

— Não, está tudo bem agora — o mais novo começava a cessar o choro — Escuta, Taemin, estará de castigo depois da janta — disse sério.

Heechul mantinha-se quieto e enrolado na toalha, parecia assustado e chateado, mantendo o olhar alternando entre Taehyung e o chão.

Taehyung terminou de secar os cabelos do mais jovem e o embrulhou na toalha novamente.

— Agora vão se trocar, e sem arte, vou lá ver — disse sério. Jungkook viu os meninos passarem por si em direção ao quarto que os mesmo dividiam. Taehyung bufou quando ouviu a porta do quarto deles se fechar — Na verdade, Jungkook, eu estou cansado, cansado de tudo — disse desanimado — Além de entrarem de roupa no banho, ainda gastaram um vidro inteiro de shampoo nas roupas… shampoo está caro.

— São crianças, Tae — entrou de vez no banheiro, fitando o garoto cabisbaixo sentado no vaso — Não fizeram por mal.

— Eu sei que não fizeram por mal, mas, poxa, eu queria só jogar videogame e dormir tarde hoje, mas agora vou ter que esfregar roupa suja na mão, porque nossa máquina quebrou — seu tom continha uma mescla de decepção e raiva e ele tinha todo o direito de se sentir assim.

Jungkook caminhou até o box e pegou um short e uma camiseta nas mãos. Sentiu o olhar do mais velho pesar sob si e abriu um sorriso.

— Aposto que eu lavo mais rápido que você — disse em um tom divertido e desafiador, vendo o mais velho abrir um sorriso tímido.

— Sem chances, eu tenho mais prática — levantou-se e pegou a outra muda de roupa.

— Quer jogar então? Quem perder lava os pratos do jantar.

— Saiba que vou usar um prato para cada pedaço que eu comer — sua fala já era mais brincalhona e divertida.

— Eu vou usar vários copos e garfos — retrucou.

Saíram do banheiro se provocando sobre quem lavaria os pratos e sobre como sujariam mais louça do que o habitual para prejudicar o perdedor. Riram juntos.

Começaram a esfregar as roupas sujas de terra, lama e shampoo em uma ultra velocidade. Taehyung jogava água no rosto de Jungkook, a fim de atrasá-lo. Jungkook, por sua vez, desperdiçou um pouco mais de sabão, jogando na roupa que Taehyung enxaguava. A lavanderia era preenchida por xingos, risadas e provocações.

Taehyung roubou o pote de pregadores e Jungkook o levantou pelas pernas, balançando-o para que os objetos de madeira caíssem no chão. Pegou alguns e sentiu o mais velho se jogar em suas costas, tentando evitar que ele se levantasse para pendurar as roupas.

As risadas foram cortadas pelo som da campainha. Os dois se olharam divertidos. Estavam praticamente enganchados, um no corpo do outro, ofegantes pelas risadas.

— Vai atender, Tae, é sua casa e eu sou visita — disse quase sem fôlego.

— E você fica aqui e pendura sua parte? Nem em sonho, você vai comigo — se levantou, puxando a si pelo braço. Jungkook tentou resistir, mas se permitiu ser arrastado pelo mais velho até a entrada da casa.

O extrovertido não soltou de seu pulso em nenhum segundo e recebeu as pizzas. Sim, no plural. O pai de Jungkook mandou entregar três pizzas, de seis sabores diferentes.

Levou as caixas para a cozinha, ainda com o punho rodeado pelos dedos amorenados. O calor que emanava da mão alheia era quentinha e confortável e Jungkook não podia se sentir mais feliz e completo.

— Heechul, Taemin, venham comer — gritou pelos irmãos — Vamos comer e antes de lavar a louça a gente volta lá para pendurar e ver quem ganhar — disse em um tom mais baixo.

— Você sabe que vai perder — ouviu o barulho das crianças se aproximando.

Taehyung soltou seu braço e começou a servir os meninos que quase explodiram em excitação quando as caixas de pizza foram abertas. Depois de servi-los, serviu dois pedaços em um prato e serviu refrigerante em um copo.

— Vou levar para a mãe, pelo menos uma vez na vida não sejam tão selvagens.

Jungkook viu o corpo do outro sumir da cozinha. Sentiu um frio na espinha ao se perceber sozinho com duas crianças que o olhavam intensamente.

— Não sei como você é amigo dele, ele é chato — Heechul disse formando um bico reprovador nos lábios.

— Ele é legal — respondeu, tentando disfarçar a timidez.

— Vai deixar a gente de castigo — o mais novo reclamou.

— E qual é o castigo?

— Ele sempre manda a gente ficar brincando em cima da cama — Heechul continuou.

Jungkook riu discreto. Que raios de castigo era aquele? Quem dera seu pai lhe desse esses castigos na infância. Não que tenha ficado muitas vezes, mas nas poucas que ficou foi obrigado a montar a tabuada do dois até o 50  à mão em uma folha de papel almaço.

— A gente só pode descer para ir no banheiro — continuava com uma voz chorosa.

— É que vocês fizeram muita bagunça no banheiro e gastaram todo o shampoo.

— A gente só queria ajudar e lavar a roupa.

Jungkook sorriu. Eram adoráveis. Até Taemin que já havia esquecido que estava bravo e comia a pizza com as mãos, sujando-se por completo.

— Eu sei que queriam ajudar, mas roupas não podem ser lavadas com shampoo.

O mais velho dos dois irmãos não teve tempo de responder porque Taehyung entrou na cozinha. Servindo-se em seguida. Jungkook havia o esperado para começar a comer.

“Taemin pare de comer como um desesperado, depois vai passar mal”; “Heechul use os talheres, pare de engordurar o copo”; “Vocês dois parem de brigar na mesa”; “Taemin use o guardanapo e não a barra da camiseta”; Taemin não brinque com a azeitona”; “Eu corto para você, põe a cebola no meu prato”; levantou-se para limpar a boca do caçula; “Chega de refrigerante Heechul, você fica mal, você sabe”; serviu mais um pedaço ao mais novo, depois de cortá-lo em pequenos quadradinhos.

Taehyung quase não conseguia comer. Parecia um pai e era muito fofo sendo responsável. Jungkook sentiu dó mais uma vez. Viu-o limpar a boca dos irmãos novamente e manda-los colocar o prato na pia.

— Já para o quarto, estão de castigo até amanhã, fiquem na cama.

— Ah… hyung — Taemin reclamou quase começando a chorar.

— Sem choro e vai, já já eu subo para contar uma história, vão.

Os dois saíram contrariados, deixando os dois a sós novamente. Taehyung bufou mais uma vez e finalmente começou a comer direito.

— Espero que esteja leve para correr até a lavanderia — disse com um sorriso cansado.

— Na verdade, eu pensei em você ir estender as roupas enquanto eu dou um jeito aqui na cozinha.

— Nada disso.

— É sério, assim você pode ir ver seus irmãos e colocá-los para dormir.

— Tudo bem, mas só porque quanto mais cedo eles dormirem, melhor para a gente.

E assim foi feito. Continuaram a comer e conversar. Jungkook lavou os pratos enquanto Taehyung terminava de estender as roupas e colocava os irmãos na cama. Subiram ao quarto de Taehyung, que estava visivelmente exausto.

— Hyung?

— Hum — respondeu, procurando uma roupa no guarda roupa.

— E se dormíssemos mais cedo?

— E a noite de jogos?

— Podemos acordar mais cedo, descansados e antes de seus irmãos levantarem — disse calmo — Você parece cansado, e eu vou vir aqui outros dias também.

Taehyung sentou-se ao seu lado na cama, soltando o ar preso nos pulmões. Fitou seus olhos.

— Tudo bem, mas só porque eu odeio o dia de lavar o cabelo da minha mãe.

— Claro — sorriu cheio de compaixão.

— Vou pegar o colchão, espera aí.

Viu o mais velho sair mais uma vez. Para mais uma vez trabalhar. Tudo bem que era só buscar um colchão, mas ainda assim precisaria trazê-lo e colocar lençol, fronha, por mais que Jungkook soubesse que o ajudaria nisso.

Voltou com o colchão e com roupa de cama. Arrumaram — o mais velho não queria ajuda, mas foi em vão — o colchão no chão, ao lado da cama de Taehyung.

— Você pode dormir na minha cama.

— Nem em sonho, sua cama, você dorme nela, eu fico no colchão.

— Mas…

— Mas nada — deitou-se e se cobriu rapidamente com o lençol — Já estou até quentinho aqui. Taehyung riu e se jogou em sua cama.

— Pode usar o banheiro para se trocar, ou pode se trocar aqui mesmo.

— Acho que não.

Levantou-se e foi se trocar no banheiro. Ao sair do cômodo encontrou o mais velho já de pijama, que entrou no banheiro e começou a escovar os dentes.

Voltaram juntos para o quarto. Jungkook se deitou no colchão no chão e Taehyung em sua cama. Um virado para o outro. Trocavam olhares, sorrisos e assuntos. Viu o mais velho começar a vacilar de sono e pescar em algumas conversas. Sabia que ele não diria que estava com sono para não parecer desagradável.

— Hyung, melhor dormirmos, estou caindo de sono — mentiu e viu o outro menear a cabeça e em poucos minutos estava adormecido.

Pegou o celular debaixo do travesseiro e abriu o chat com Secreto.

[Você] Eu te amo. Boa noite.


Notas Finais


Soft? Amém Taekook? Ai meu coração?
Aqui embaixo óh...


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