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História Sem pistas - Prólogo


Escrita por: Yoongim93

Capítulo 1 - Prólogo


Prólogo 

Um novo espasmo de dor fez Nina erguer sua cabeça com um solavanco. Ela pressionou as cordas que prendia seu corpo, amarradas em torno de seu estômago a um cano vertical que havia sido instalado do piso do teto no meio da pequena sala. Seus pulsos foram amarrados na frente e seus tornozelos estavam atados.

Ela percebeu que havia adormecido e havia foi imediatamente inundada pelo medo. Ela sabia que o homem iria matá-la. Devagar, ferimento por ferimento. Ele não queria sua morte, tampouco queria sexo. Ele queria sua dor. 

Eu preciso ficar acordada, ela pensou. Preciso sair daqui. Se eu cair no sono de novo, vou morrer.

 Apesar do calor da sala, seu corpo nu sentia frio com o suor. Ela olhou para baixo, contorcendo-se , e viu que seus pés estavam nus sobre o piso de madeira. O chão ao redor deles estava coberto com manchas de sangue seco, sinais indiscutíveis de que ela não seria a primeira pessoa a ter sido amarrada ali. Seu pânico agravou. Ele tinha ido a algum lugar. A única porta do quarto estava bem fechada, mas ele voltaria. Ele sempre voltava. E então ele faria qualquer coisa em que pudesse pensar para fazê-lá gritar. As janelas estavam fechadas com tábuas e ela não tinha noção se era noite ou de dia, a única luz vinha do brilho de uma lâmpada pendurada no teto. Onde quer que fosse aquele lugar, parecia ninguém poderia ouvir seus gritos. Perguntou-se se aquele cômodo era de uma menina; era grotescamente rosa, com temas espiralados e motivos de conto de fadas por toda parte. Alguém - ela supôs ser seu raptor - havia destruído a muito tempo aquele lugar, quebrando e derrubando bancos, cadeiras e mesas. No chão havia pedaços desmembrados e torsos de bonecas de criança. Pequenas perucas - perucas de boneca - foram pregadas como escalpos nas paredes a maioria delas tinha tranças elaboradas, todas tinham cores artificiais de brinquedos. A penteadeira rosa ficava bem ao lado de uma parede, seu espelho estava quebrado em pequenos pedaços. A única outra peça da mobília intacta era uma estreita cama de solteiro com um dossel rosa rasgado. Seu sequestrador descansava ali às vezes. 

 O homem a olhava com olhos pequenos e escuros, através de sua máscara de esqui. No início, ela tinha pensando muito no fato de ele sempre estar usando aquela máscara. Se ele não queria que ela visse seu rosto, significava que ele não planejava matá-la, que ele poderia deixá-la ir ? 

  Mas ela logo percebeu que a máscara servia a um propósito diferente. Ela poderia dizer que o rosto por trás dela tinha um queixo recuado e uma testa inclinada, e ela tinha certeza de que as feições do homem eram fracas e simples. Embora ele fosse forte, ele era mais baixo que ela e provavelmente se sentia inseguro sobre isso. Ele usava a máscara, ela imaginou, para parecer mais aterrorizante.

   Ela desistiu de tentar convencê-lo a não machucá-la. No início, ela pensou que conseguiria. Ela sabia que, apesar de tudo ela era bonita. Ou, pelo menos, eu costumava ser, ela pensou tristemente.

  Suor e lágrimas se misturaram em seu rosto machucado, e ela podia sentir o sangue emaranhado em seus longos cabelos loiros. Seus olhos ardiam: ele a fez colocar lentes de contato, tornando mais difícil enxergar.

Só Deus sabe como está minha aparência agora. Ela deixou sua cabeça cair.

  Morra agora, ela implorou a si mesma.

Deveria ser fácil o bastante fazê-lo. Ela estava certa de que outras pessoas haviam morrido ali antes. Mas ela não podia. Só de pensar sobre isso fez seu coração bater mais forte, sua respiração ficou mais pesada, esticando a corda ao redor de seu abdômen. Lentamente, ao se dar conta que estava enfrentando uma morta iminente, um novo sentimento começou a surgir em seu âmago. Não era pânico nem medo agora. Era outra coisa.

 O que eu sinto ? 

E então ela percebeu. Aquilo era raiva. Não em relação ao sequestrador ela já tinha esgotado sua raiva em relação a ele há muito tempo.

Sou eu, ela pensou. Estou fazendo o que ele quer. Quando eu grito, choro, imploro, estou fazendo o que ele quer.

Toda vez que ela bebia aquele caldo frio e ralo que ele lhe oferecia através do canudo, ela estava fazendo o que ele queria.

Sempre que ela soluçava pateticamente que ela era mãe de duas crianças que precisavam dela, ela o deleitava infinitamente. Sua mente aclarou com esta nova resolução e ela finalmente parou de se contorcer. Talvez ela precisasse tentar uma nova tática diferente. Ela esteve lutando arduamente com as cordas todos aqueles dias. Talvez esta tenha sido a abordagem errada. Elas eram como aqueles pequenos brinquedos de bambu - as armadilhas de dedo chinesa, onde você coloca os dedos em cada extremidade do tubo e, quanto mais você puxa, mais presos seus dedos ficam. Talvez o truque fosse relaxa deliberar e completamente. Talvez este fosse o jeito de se libertar.

  Músculos por músculos ela deixou seu corpo relaxar, sentindo cada ferida, cada machucado onde sua carne tocava as cordas. E lentamente, ela percebeu onde a tensão da corda estava. Finalmente, ela encontrou o que precisava. Havia apenas uma pequena folga em torno de seu tornozelo direito. Mas não adiantaria puxar, pelo menos não ainda. Não, ela tinha que manter seus músculos flexíveis. Ela mexeu seu tornozelo com muito cuidado e, em seguida, com mais forca à medida que a corda se soltava.

  Por fim, para sua alegria, e surpresa, seu calcanhar estava solto, e ela conseguiu retirar todo o pé direito. Ela imediatamente analisou o chão. Apenas a um pé de distância, em meio às peças de bonecas espalhadas, estava a sua faca de caça. Ele sempre ria quando a colocava ali. Tentadoramente perto. A lâmina, incrustada com sangue, brilhava desdenhosamente sob a luz. Ela balançou o pé livre em direção à faca. Ela balançou alto demais, errando. Ela deixou seu corpo relaxar novamente. E deslizou apenas algumas polegadas para baixo, ao longo do cano, então esticou seu pé até que a faca estivesse até seu alcance. Ela agarrou a lâmina suja entre os dedos dos pés, arrastou-a pelo chão e a levantou-a cuidadosamente com o pé até que o cabo alcançasse sua mão. Ela agarrou firmemente o cabo com os dedos dormentes e a girou, serrando lentamente a corda que prendia seus pulsos. O tempo parecia ter parado enquanto ela prendia a respiração, torcendo, rezando, para que ela não deixasse a faca cair. Para que ele não entrasse. 

  Então ela ouviu um estalo e, para sua surpresa, suas mãos estavam livres. Imediatamente, com o coração batendo rápido, ela cortou a corda em volta de sua cintura. Livre. Ela mal podia acreditar. 

   Por um momento, tudo o que conseguiu fazer foi agachar-se lá, suas mãos e pés formigavam com o retorno da circulação total. Ela cutucou as lentes de contato sobre seus olhos, resistindo a vontade de arrancá-las. Ela cuidadosamente as deslizou para um lado, deu um pequeno beliscão nelas e as retirou. Seus olhos doeram terrivelmente, foi um alívio não utilizá-las mais. Quando ela olhou para os dois discos de plástico que encontravam-se na palma de sua mão, sua cor a deixou enojada. As lentes eram de azul brilhante, artifical. Ela as descartou. Com o coração acelerado, Nina se levantou e foi mancando até a porta. Ela pegou a maçaneta, mas não girou.

  E se ele estiver lá fora ?

Ela não tinha escolha. Nina girou a maçaneta e puxou a porta, que se abriu sem fazer ruído. Ela olhou para um longo corredor vazio, iluminado apenas por uma abertura em arco à direita. Ela se arrastou, nua, descalça e em silencio, e viu que o arco se abria para uma sala mal iluminada. Ela parou e examinou. Era uma sala de jantar simples, com uma mesa e cadeiras, tudo completamente normal, como se uma família pudesse em breve voltar para casa e jantar. Cortinas de renda antigas estavam pendurados nas janelas. Um novo horror subiu por sua garganta. A própria simplicidade do lugar a perturbava de uma forma que nem uma masmorra seria capaz. Através das cortinas, ela podia ver que estava escuro lá fora. Seus sentidos se intensificaram com o pensamento de que a escuridão tornaria sua fuga mais fácil. Ela voltou para o corredor. Ele terminava em uma porta - uma porta que simplesmente tinha que se abrir para o exterior. Ela manco e apertou a trava de bronze frio a porta se mexeu pesadamente em direção a ela para revelar a noite lá fora. 

  Ela viu uma pequena varanda com um quintal atrás. O céu noturno estava sem lua e estrelado. Não havia nenhuma outra luz em lugar nenhum - nenhum sinal de casas próximas. Ela andou lentamente para a varanda e para o quintal, que estava seco e sem grama. Ar fresco inundou seus pulmões doloridos. Misturado com seu pânico, ela se sentiu eufórica. A alegria da liberdade. 

  Nina deu seu primeiro passo, preparando-se para correr - quando, de repente, sentiu o aperto duro de uma mão em seu pulso. Depois veio a risada familiar e feia. 

  A última coisa que ela sentiu foi um objeto duro -talvez metal - batendo em sua cabeça e, no momento seguinte, ela estava girando nas profundezas da escuridão.



















 













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