História Sem Rumo - Perdição

— Não sei o que tanto Itachi demora naquele quarto. – Murmurou despertando risos de Pain.

— Não sabe Konan? – Riu sarcástico. – O que poderia ser? – Perguntou ainda mais sarcástico zoando a garota.

— Não acha que eles estão demorando? – Perguntou Deidara para Pain inocente.

— Acho que as coisas estão boas lá dentro. – Riu Hidan.

— Quer se juntar a eles? – Propôs Sasori também rindo.

— Se estivesse menos barulho dava pra ouvi-la gritando lá dentro. – Riu ignorando a proposta do ruivo.

— Será? – Perguntou curioso.

— Você é muito safado Hidan. – Lamentou Deidara.

— Como se você fosse santo. – Rebateu.

Sempre cheios de correntes e carros tunados, a Akatsuki era vista nas ruas em alta velocidade. Talvez fosse a maior gangue, ao menos mais famosa do Ocidente. Foram conhecidos por sua crueldade em todas as ruas da Sociedade.

Todas as investidas contra a Akatsuki foram mal sucedidas, rumores diziam que alguns estavam no poder da Sociedade pra isso. Mas esses rumores caíram ao chão depois que os mais conservadores, das famílias mais ricas se reuniram para impor leis de conduta, sendo rapidamente aceita pelos cidadãos.

As Fronteiras eram apenas esconderijos para ladrões e foragidos da polícia, mas logo virou outro mundo, jovens revoltados com o novo sistema da Sociedade saíram de casa em busca de um lar e a única porta aberta era as da Fronteira, assim apelidado por eles. E logo ali se tornou um refúgio da Sociedade.

E a partir de ai que as Fronteiras foram conhecidas como centro de drogas, prostituição e marginalidade. Um lugar sem regras ou limites. Onde jovens, faziam o que queriam sem se importar com possíveis consequências.

 E com esses péssimos exemplos, se criou sua má reputação em todo o Ocidente, nomeando todos seus frequentadores de marginais. As famílias mais tradicionais se recusavam até de falar o nome do local. Tinham medo de seus filhos irem para lá, tinham medo de seus filhos virarem um deles.

O que mudou a história daqueles morros foi um garoto de 23 anos, seu nome era Itachi Uchiha. Ele liderou a queda da Akatsuki e tomou conta das duas maiores Fronteiras. Há muitos contos de como o grande Itachi subiu ao poder, mas a história mais famosa é a de que ao lado dos membros que escaparam com ele da gangue, eles subiram com armas e executaram a todos os “rebeldes” da causa. Isso nunca foi confirmado por ele, mas isso sempre foi à cara da Akatsuki.

Seu pulso firme e seu tom superior era a verdadeira arma. Ele inspirava lealdade aos aliados e medo aos inimigos. Quando Sasuke bateu a sua porta com Gaara, foram esses valores que ele passou. Não podiam ser fracos para liderar, afinal a Fronteira é e sempre vai ser refúgio de criminosos e por mais que chamem de lar, jamais será um lugar seguro.

— Vai embora Sasuke. – Uma voz lá de dentro gritou.

— Abre a porta Itachi! – Continuava a bater na porta incessantemente.

— Não. Cai fora. – Disse sem paciência para o irmão mais novo.

— Se não abrir eu vou derrubar essa porta Itachi! – Gritou trazendo cada vez mais a atenção de algumas pessoas, mas que logo o ignorava. Estava bêbado e Sasuke nunca era levado a sério nessas horas.

— Boa sorte então. – Zombou.

— Abre logo Itachi. – Sasuke gritou, sem parar de bater na porta.

— Tá Sasuke o que você quer? – Perguntou saindo do quarto sem a camisa. Sakura estava sentada na cama.

— Com quem está ai? – Perguntou o olhando sério.

— Não interessa. – Respondeu fazendo menção em fechar a porta.

— Fala logo. – Voltou a perguntar chutando a porta fazendo-a abrir novamente.

— Sakura. Satisfeito? Obrigado. – Disse fechando à porta novamente, mas Sakura não deixou.

— Sasuke, vamos conversar – O chamou.

Puxou o garoto para fora da casa, não queria nenhuma confusão lá dentro, principalmente com o pessoal da Akatsuki vigiando cada passo deles.

— O que estava fazendo com ele naquele quarto? – Perguntou visivelmente irritado.

— O que mais se faz num quarto durante uma festa? – Itachi respondeu com outra pergunta, ele se aproximava dos dois com um olhar provocativo.

— Vai se foder Itachi. Não estou falando com você! – Disse mais irritado. Não estava sóbrio, isso era evidente. – Responde Sakura!

— Está se sentindo bem? – Sakura estava visivelmente preocupada, nunca tinha visto Sasuke daquele jeito.

— Nunca me senti melhor Haruno. Agora responde! – Ele se aproximou e falava agressivo, Sakura sentia o cheiro de álcool vindo dele.

— Quer saber Sasuke, eu não vou responder merda nenhuma. Não sou nada sua, não te devo nenhuma explicação! – Respondeu o afastando, odiava como Sasuke agia, tentava se adequar a ele, mas ele não facilitava. Não quis se envolver com ela, mas não deixava ela se envolver.

— Ótimo. – Disse colocando a mão na testa e fechando os olhos com força. – Sakura, desculpa, mas você tem que voltar comigo. – Pediu mudando drasticamente o humor. A bebida tinha esse efeito sobre Sasuke, seu humor mudava da água para o vinho.

— Ela não vai sair com você nesse estado. – Itachi interrompeu.

— Você vai tomar no cu! – Disse apontando o dedo para o irmão.

— Desculpa Sasuke, mas prometi á Itachi. – Disse olhando nos olhos confusos do Uchiha, via mais do que queria, não sabia se era efeito da bebida, mas enxergava o desespero dele.

— Bem que Karin falou que você cederia ao primeiro cara. Gaara correu atrás da Ino, eu não quis você... Teve que apelar pro meu irmão não é? Me arrependo por não ter acreditado nela. – Cuspiu no chão, Itachi estreitou os olhos e Sakura arregalou os dela.

— Você não sabe o que fiz lá dentro – Disse ofendida. – Ela se sente ameaçada, por isso inventa essas coisas! – Tentou se defender, mas Sasuke ria.

— Você não sabe o que eu fiz lá dentro. – Repetiu. – E depois vem me dizer que não é uma vagabunda. – Riu sem humor. – Pra mim quem vai pra cama com um cara que nem conhece, é isso. – Concluiu. Estava falando em um tom alto, mas por sorte o terraço da Fronteira Norte não havia ninguém além dos três.

— Não acredito que me chamou de vagabunda. – Suas mãos ficaram tremulas, ele estava bêbado, mas ainda assim estava incrédula de como ele podia a ferir.

— Posso te chamar de vadia, puta... No final é tudo a mesma coisa! – Completou. A rosada cerrou os punhos. Não queria fazer nada que se arrependesse depois, mas parecia que era a única que pensava assim.

— Já chega Sasuke. – Itachi interferiu.

— Qual é Itachi? Amanhã já vai estar com outra. – Zombou, mas seu humor acabou com o soco que recebeu de Itachi. – Por que fez isso? Qual seu problema? – Perguntou com a mão na boca. Não sangrou, mas a dor já compensava.

— Porque você é um merda. Está bêbado, e é um viado idiota. – Disse irritado. Ficou há dois passos na frente de Sakura.

— Que porra Itachi, qual o seu problema? – Perguntou depois de levar um empurrão do irmão.

— Você e sua boca de bosta Sasuke. Só isso! Agora vaza daqui. – Disse sério.

— É melhor eu ir mesmo. Ainda não virei cafetão pra ficar nesse puteiro. – Olhou para Sakura e deu as costas para os dois.

Itachi se virou, viu a rosada de cabeça baixa. Pode ter certeza que viu uma lágrima escorrendo de olhos verdes dela. Se aproximou e lhe abraçou. Aquilo era tudo culpa de Sasuke, mas não podia tirar sua parcela de culpa.

— Ele não é nada para falar qualquer coisa de você. – Ele disse depois de se afastar. – Olha, o Sasuke é um otário e vou bater nele depois, mas estou preocupado com você. – Acrescentou.

— Não precisa se preocupar comigo. Só foram palavras, e ele estava bêbado, não se lembrara de nada amanhã. – Cruzou os braços.

— Se fosse apenas palavras não estaria chorando. Quero te ajudar Sakura. E a única forma é ficando com você! – Disse inesperadamente.

— Não preciso de ajuda Itachi. – Disse recuando um passo.

— Eu vejo que precisa! E não quero que ninguém mais diga: “você não é nada dela”, como eu mesmo já falei pro Sasuke. Quero ser bem mais que um amigo Sakura. – Se declarou colocando as mãos no bolso.

— Itachi eu...

— Só quero ouvir um sim. – Insistiu.

— …

— Se for um não também não precisa ficar quieta... – Disse descontraindo o clima.

— Não sei Itachi...

— Eu vejo você andando com ele para todos os lados há quanto? Cinco seis meses? Sasuke nunca quis ser nada seu, se não já teria feito. Eu quero ser. – Pediu se aproximando. Não estava apaixonado por ela, mas precisava mostrar o que era ser homem para Sasuke. Ela não o merecia.

— Não consigo ver isso como uma boa ideia.

— Não pensei que diria isso novamente, mas, nunca faria algo que você não quisesse. – Repetiu. Sakura deu um meio sorriso, mas seu semblante ainda era de decepção.

— Não é isso Itachi. – Disse se aproximando do garoto.

— Então qual é a questão? – Perguntou a encarando.

— Acho que não é certo. – Concluiu.

— Eu gosto de você Sakura. Isso não é o bastante para um começo? – Disse sentando em um muro baixo, próximo a eles.

— Já me levou até para o quarto. – Riu. – Mas eu preciso falar com o Sasuke. – Disse dando as costas para o garoto.

— Sakura, eu acho que não é uma boa ideia... – Disse ainda sentado, mas a rosada não deu ouvidos e entrou no beco onde Sasuke havia a pouco entrado também.

Precisava falar com Sasuke. Aquela reação inesperada dele fazia pensar que ele gostava dela, não é? Precisava esclarecer tudo sem Itachi. Foi louca de topar aquela ideia, ou não desmentir na hora. Sua raiva por Konan tinha a cegado. Perderia Sasuke, de todas as maneiras. Ele estava possesso de raiva, mas ele também a perdia depois de dizer todas aquelas coisas, mesmo que por influencia de Karin e do álcool.

— Sasuke? – Sussurrou o nome do garoto ao vê-lo.

Viu Sasuke com as pernas afastavam, e as pernas de Karin envolta da cintura dele, ela estava apoiada contra a parede e gemia tanto  arranhando as costas do Uchiha, enquanto ele fazia movimentos rápidos e violentos.

Se arrependeu de ver aquela cena, agradeceu por estarem ocupados demais para notar sua presença. Subiu correndo para casa de Itachi. Torceu para ele não estar mais lá, mas ele ainda a esperava, como se soubesse o ritual que Sasuke fazia bêbado.

— Você está bem Sakura? – Perguntou a parando.

— Estou Itachi. – Respondeu com as mãos tremendo e os olhos vermelhos, não tinha como disfarçar.

— Não está não. O que aconteceu? – Perguntou novamente, preocupado. A rosada ignorou e entrou na casa.

— Eu estou bem Itachi. – Continuou andando. Itachi lhe puxou para fora.

— Foi o Sasuke não foi?

— …

— Eu vou quebrar a cara dele. – Disse indo em direção ao beco em que Sakura havia acabado de sair, mas ela não deixou.

— Esquece isso Itachi. – Disse o segurando pela mão. – Não vai querer atrapalhar ele com a Karin. – Murmurou e foi como se Itachi visse a dor dela, ele a abraçou.

— Ele não vale nada. – Itachi disse a abraçando. – Eu sou o Uchiha certo. – Sussurrou no ouvido da rosada que o apertou contra si.

— Acho que é o melhor pra mim...

Sentia-se consolada perto do Uchiha. Talvez fosse sua presença marcante, sua altura, ou a maturidade que ele exalava. O que sentia por Sasuke era curiosidade, um desafio... Já com Itachi as coisas eram mais simples. Com ele era sem jogos, isso lhe transmitia conforto e segurança, por hora bastava...

A festa se arrastou por horas e quando ia dando cinco horas da manhã estavam apenas o pessoal do Norte e Sul reunido. Itachi tinha algo a comunicar a eles.

— Tenho uma pessoa para apresentar. – Se levantou Hidan, apontando para uma garota que estava fumando perto da porta.

— Então ela estava com vocês... – Comentou Naruto encarando a garota.

— Por que ela não estava aqui antes? – Perguntou Shikamaru.

— Shiori não se mistura. – Deidara riu observando à garota se aproximar.

— Isso é uma Desert Eagle automática de nove milímetros? – Naruto perguntou admirando a arma que a garota portava na borda de seu shorts preto.

— Na verdade é oito milímetros com porte para calibre 50, 44, 357, e 22. Pontaria perfeita. – Corrigiu piscando para o loiro. Todos a analisavam quando ela pegou a arma e atirou em um dos postes de luz fora da casa.

— Para tudo. Tem muita coisa pra se surpreender. – Ino se manifestou. – Ou nos surpreendemos com a incrível sabedoria do Naruto com o tema armas de fogo... Ou com a garota com pontaria perfeita. Que está com uma ARMA. – Disse confusa e surpreendida, como os demais da Fronteira Sul.

— Está todo mundo armado? – Perguntou Itachi tomando a frente.

— É a vida... – Disse Sasori acompanhado dos demais mostrando suas armas.

— Melhor prevenir do que remediar Uchiha. – Konan respondeu sorrindo para Sakura.

Shiori tinha o cabelo pintado de roxo, que vinha um pouco acima do ombro, seu cabelo era parecido com o de Konan, mas o pigmento era de um roxo ao contrario do de Konan, que era azul. Seus olhos eram de uma cor cinza escuro e ela era muito branca.

Vestia o moletom preto da Akatsuki e uma meia calça preta também. Mas ainda o que chamava atenção era o anel da Akatsuki.

 — Seu erro foi desarmar seu povo. – Hidan murmurou perto de Itachi. – Mas por via de dúvidas Shiori vai passar uns tempos por aqui. – Informou, para a alegria de alguns.

— E em qual Fronteira ela vai ficar? – Perguntou Ino curiosa.

— Aqui mesmo, no Norte.

— Por que não no Sul? – Perguntou Naruto.

— Porque eu a quero no Norte. É essa Fronteira que queremos, logo, ela terá que passar informações daqui, e não da Fronteira vizinha. – Hidan deu um fora no Naruto e o grupo de dissipou.

— Como assim “queremos”? – Ino ainda estava curiosa, mas assim como Naruto, era uma das poucas com a ousadia para isso.

— Vão pra casa. – Itachi pediu. Gaara pegou Ino pela cintura, como pedido para que ela não insistisse e ninguém disse mais nada.

— Não pode deixa-la aqui. – Itachi estava sozinho com a Akatsuki fora de casa.

— Não só podemos como vamos. – Sasori respondeu por Hidan.

— Olha aqui seu traidor. – Ameaçou pegando a gola de Sasori. – Você me deve por sair dessa bosta! Todos vocês! – Rosnou o soltando. – Esses anéis são um insulto pra mim. – Itachi cuspiu no chão. Estavam na varanda na saída da cozinha.

— Você tem que entender que não temos escolha. União ou retaliação. – Pain tentou falar, mas Itachi o interrompeu.

— Essa menina é a prova de que não precisavam de nós. – Se referiu a Shiori.

— Eu não sou menina nenhuma Uchiha, e o traidor aqui é você. – Ela tomou a frente do grupo, Itachi a ignorou, esperava palavras de Deidara, de Hidan.

— O chefe quer assim. – Hidan só disse isso, Itachi deu as costas e só virou para dizer:

— Manda o seu chefe ir à merda. – Mostrou o dedo do meio. – Shiori que volte amanhã quando meu humor melhorar. – Concluiu fechando a porta, os deixando pra fora.

Continua...