História Sempre Você... (Camren) - "Feliz"

--- Eu acho que você devia contar pra ela de uma vez.

--- Eu sei! Mas, como? Não quero que ela pense que escondi isso de propósito, assim como não quero vê-la se culpando outra vez!

---Lauren, se ele te procurou, quem garante que não vai atrás dela?

---Epa, quem vai atrás de quem?- pergunta Vero ao sentar em seu lugar de sempre para almoçar.

Inspiro e solto o ar audivelmente para só então responder:

---Alejandro foi até minha casa há alguns dias. Ele queria falar com a Camz, mas eu não deixei e agora Dinah diz que eu devo contar à ela.

Espero até que minha amiga apreenda minhas palavras esperando qualquer que seja sua reação.

--- Concordo com a DJ.

A loira cruza os braços plantando um sorriso arrogante nos lábios.

--- Eu avisei.

Contrariando minha boa educação, apoio meus cotovelos na mesa escondendo o rosto nas mãos desejando ser qualquer outra pessoa nesse momento.

--- Vocês não entendem. Camila... Droga, isso vai deixa-la mal, eu tenho certeza!

--- Lauren, é a família dela, você não tem o direito de esconder nada...

--- Muito menos em se tratando disso. Mila vai ter que encarar essa situação, você não pode assumir o lugar dela. Alejandro tem razão, isso não é responsabilidade sua.

O pior de tudo é que tenho total consciência de que elas estão absolutamente corretas. Se Camila souber que o pai a procurou e eu escondi, vai ficar realmente nervosa comigo e por mais que eu queira, não posso tomar suas dificuldades para mim.

--- Laur, você precisa confiar mais na sua mulher. Mila não é mais uma adolescente pra que você tenha medo de tudo por ela.

Depois do que me pareceu uma eternidade, aceno em concordância e mudo o assunto para tópicos menos angustiantes.

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--- Vamos, vamos, vamos!

Só posso rir de minha esposa saltitando no lugar, quase como uma criança, tentando me convencer a aceitar seu convite.

--- Hummm... Tem certeza que vai ser tranquilo, né? Nenhum imbecil pra ficar te rondando?

-Lo! É uma festa do pessoal da empresa, todos irão acompanhados! Vai, diz que sim, eu quero tanto!

Por não ver essa empolgação todos os dias não consigo dar outra resposta que não um “sim” entediado, o que me rende um beijo estalado na bochecha e uma latina dançando em volta de si mesma.

--- Hey, tô achando isso muito estranho. Porque toda essa animação com uma festa do trabalho?

--- Não tô animada pra festa, mas pelo motivo que nos leva a comemorar! Nós estamos crescendo, Lo, e isso me dá mais visibilidade lá dentro, mostra que realmente sou merecedora da promoção que me deram!

É justamente por saber como é importante para ela provar a si mesma sua capacidade em tudo o que faz que tento entrar no clima eufórico que a tomou.

--- É amanhã mesmo?

--- Sim!

--- Humm... Eu estava pensando em dormir cedo...

Sou firmemente encarada por um par de olhos castanhos que nesse instante poderiam perfurar meu peito, se isso fosse humanamente possível.

--- Ok, foi mal -estendo as mãos em sinal de rendição--- Não tá mais aqui quem falou...

--- Ótimo...

--- E, será que, agora que esse assunto está resolvido, a gente pode aproveitar um pouquinho?

--- Aproveitar? -passo meus braços por sua cintura trazendo seu corpo para mais junto do meu--- É, eu acho que quero isso...

Sem esperar, Camila sela nossas bocas me arrancando um gemido longo, o que a faz sorrir contra meus lábios. Sentir seu gosto depois de um dia todo distante é mais do que posso suportar e quando dou por mim já estamos jogadas no sofá, seu corpo debaixo do meu.

--- Apressada, professora Jauregui?

O que é essa mulher, meu Deus?

Quando quer me provocar, Camila sabe exatamente como fazer!

Levo minhas mãos para seu pescoço mantendo firme no lugar enquanto minha língua passeia por sua boca sentindo seus dedos se enroscarem nos meus cabelos puxando levemente.

Mesmo depois de anos e anos, ainda me surpreendo com tamanho desejo que sinto por essa garota. É mais que atração física, é como se meu corpo reconhecesse o dela e quisesse prolongar essa sensação por tempo indefinido.

Sentir sua pulsação acelerar, sua pele ficar úmida e ver seus lábios inchados é quase demais para mim, que, sem pensar, puxo sua camisa com força, espalhando os botões pela sala, e logo estou marcando seu colo enquanto sinto seu peito subir e descer em ritmo inconstante.

Levanto minha perna direita encaixando-a entre as suas e sou recompensada com um forte arranhão em meu braço, que só me incentiva a continuar.

Geralmente ela é quem me domina, em todas as situações, e isso desde que nos conhecemos. Não posso negar que gosto disso, aliás, gosto muito, entretanto, há momentos em que simplesmente me deixo levar e tomo as rédeas.

Sinto suas unhas afundarem na pele dos meus ombros e me pergunto quando foi que minha própria blusa virou história. Estar no controle é quase uma necessidade para ela, então realmente não me importo. Quer dizer, exceto hoje.

--- O que pensa estar fazendo? -pergunto quando suas mãos buscam o zíper da minha calça.

--- O que te parece?

--- Parece que alguém aqui não entende o que é ficar quieta.

--- Lauren...

Logo a silencio com um novo beijo deslizando minhas unhas por sua barriga me deliciando com os arrepios que percorrem sua pele.

Ouvir sua respiração ofegante é o que me basta para me desfazer de seu short sob seu olhar atento, e eu diria, quente e logo a frase dita mais cedo por Dinah ecoa em meus pensamentos.

Mila não é mais uma adolescente...

Ahh sim... Posso ver que minha esposa é mulher no sentido mais pleno da palavra.

--- Lauren, vai...

Sei bem o que ela quer, na verdade estou à beira do meu limite também, mas vê-la tão entregue não é comum, o que só torna a ocasião mais “gostosa”.

--- Ir? Para onde quer que eu vá, Camila?

--- Lauren...

--- Peça... Mostre...

Ela nega com a cabeça, mas sentir minha língua deixando rastros molhados em seu estômago é mais que suficiente para ter minha cabeça empurrada com força para baixo.

--- Não, não. Assim a gente vai ter que parar, meu amor...

Sua calcinha minúscula já não consegue esconder toda sua excitação, o que me obriga a forçar meus olhos a se concentrarem em seu rosto que nesse momento sustenta uma expressão entre ansiedade e fúria.

--- O que? Achou que eu tivesse me esquecido do quanto gosta de brincar?

Tão devagar quanto consigo levo uma de minhas mãos à parte interna de sua coxa vendo-a lançar a cabeça para trás mordendo o lábio inferior até deixa-lo sem cor.

--- Peça, vai... Deixe de ser orgulhosa... Diga logo o que você quer.

--- Você. Eu quero você.

Sorrio do modo mais inocente que posso, dada a situação, e nego outra vez, aproximando mais meus dedos daquele ínfimo pedaço de pano totalmente encharcado.

--- Eu sei que você me quer. Mas, como?

--- Sua boca...

--- Humm...

--- Aqui...

E então segurando meu pulso faz com que eu sinta o quanto está molhada por mim.

--- Sua boca. Aqui. Agora!

Ora, Camila autoritária nunca está longe demais.

--- Como quiser, meu amor...

E acabando com essa dupla tortura sinto seu gosto preencher minha língua ainda observando seu rosto se contorcer de maneira deliciosa ao sentir-se invadida como ambas queríamos desde o início.

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--- Bom dia, bebê...

A luz forte machuca meus olhos, mas a voz animada de minha esposa me leva a força-los a se abrirem.

--- Camz – confiro as horas--- São 7:12 de um sábado! – cubro minha cabeça outra vez e ela volta a insistir.

--- E daí? Vai, Lo, acorde! Eu quero passar o dia todinho com você...

--- Então deite aqui comigo e pronto, ficamos o dia inteiro na cama, juntinhas.

--- Nãooo! Não quero!

Tiro o edredom do meu rosto para encontrar uma latina de pé, braços cruzados e um bico gigante nos lábios.

--- Mas o que é isso? Camila Cabello fazendo manha? É isso mesmo produção?

--- Não. E é Jauregui, Camila Jauregui.

Vira-se de costas me impedindo de ver um sorriso teimoso que eu sei estar refreando.

Levanto então e passo meus braços por sua cintura beijando inúmeras vezes seu rosto e pescoço, o que lhe arranca risadas que para mim, têm o som mais bonito de todos.

--- Já falei como amo essa sua risadinha de bebê?

--- Humm – leva o dedo ao queixo como se estivesse pensando--- Hoje ainda não. Eu acho.

--- Pois eu amo. Amo muito, muito, muito...

Não dá pra explicar a satisfação que inunda meu peito ao ver minha garota assim, leve, feliz...

--- E eu amo você, professora...

--- Ahh você gosta disso não é?

Inclina a cabeça deixando uma mordida em meu maxilar.

--- Mais do que pode imaginar, amor... Agora, deixe de moleza, eu quero sair com você, aproveitar o dia...

Recomendando que eu me apresse para tomar o café e sem ver o sorriso bobo e apaixonado que tenho nesse instante, Camila deixa nosso quarto para atender o telefone que tocava insistente.

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Levo um pouco mais de tempo para me arrumar, tomo o comprimido que o doutor me receitou e pouco depois chego à cozinha e sem nem mesmo precisar fazer qualquer pergunta, noto que o clima de mais cedo mudara completamente.

--- O que aconteceu?

Camila está sentada com a cabeça entre as mãos numa postura rígida.

Percebo os ombros caídos e uma sensação estranha, quase gelada se instala em alguma parte dentro de mim.

--- Camz?

Seus olhos então encontram os meus e todo o brilho se esvaíra. É assim que eu sei exatamente o que se passou.

--- Quem era no telefone?

Mantém seus olhos fixos em meu rosto por um tempo que me pareceu longo demais para responder:

--- Meu pai...

Solto o ar que inconsciente eu prendia e me sento na cadeira ao seu lado estendendo minhas mãos segurando as suas.

--- Porque não me disse que ele veio aqui?

--- Eu só queria evitar algum... Não sei, alguma discussão ou mal entendido. Nós estávamos bem naquela noite, felizes porque tivemos o sinal verde do médico, não queria que nada atrapalhasse.

--- Esse nada é minha família, Lauren. E você podia ter me contado depois.

--- Eu sei, amor, eu sei. E peço desculpas por isso. Eu ia te contar ontem, mas, bom, não encontrei a oportunidade, o momento, sei lá. Não fique chateada comigo, por favor...

Depois de um longo suspiro ela diz não estar chateada nem nada parecido, mas cancela quaisquer que fossem seus planos para hoje.

--- Não! Camila, você queria tanto que a gente ficasse juntas, não vamos deixar que isso atrapalhe, ok?

--- Não tenho opção, Lauren. Ele está certo, não posso fugir para sempre.

--- Mas você não está fazendo isso! Amor, você só precisava de um tempo, só isso!

--- Bom, acho que tá na hora desse tempo acabar, então. Eu vou vê-la.

A determinação férrea que enxergo em seus olhos escuros faz-me calar.

--- Então eu vou com você.

Começa a negar quando digo firme:

--- Ou eu vou com você. Ou você não vai. Escolha.

--- Você não manda em mim, Lauren.

--- Eu me preocupo com você, é diferente.

Pesa minhas palavras até que acaba por concordar e em pouco minutos estamos no carro seguindo para fora da cidade. Mesmo que ela esteja ali, a centímetros do meu toque, sei que já a perdi.

É assim sempre que vamos visitar sua mãe e não posso dizer que a julgo por isso.

Não posso imaginar como é ter a mulher que lhe deu a vida ao seu alcance, poder ver, sentir e ainda assim, não ser reconhecida.

Ainda mais quando se carrega a culpa de ser a única responsável por isso.