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História Sensei - Terceiro


Escrita por: PortugaGirl

Capítulo 3 - Terceiro


Ainda estava difícil de associar tudo, desde aquele aperto no coração e sentir que tinha sofrido o meu primeiro desgosto amoroso até ao momento que entrara sem palavra a dizer no carro do meu professor de Economia e o mais estranho de tudo era eu ter deixado que ele me levasse - É a sua casa? - foram as primeiras palavras que falei após receber aquela boleia do homem.

- Sim. - ele respondeu-me e indicou-me que estivesse à vontade, seguiu-o do hall de entrada e vi como este se havia descalçado e caminhava de um modo silencioso pelo chão em madeira daquele pequeno apartamento, não era uma habitação de luxos ou algo do género, era um apartamento pequeno com salão e cozinha juntos, separados apenas por uma bancada que servia de mesa de cozinha, haviam apenas duas divisões separadas e de momento ocultas pelas suas portas fechadas que deveriam ser casa de banho e quarto.

Observei Takashima ir na direção de uma das portas e quando esta foi aberta eu percebi que ali era a casa de banho, depressa o japonês regressou para junto de mim e me entregou uma toalha mas antes fez questão de tocar uma madeixa molhada de meus cabelos dourados - Preferes tomar um duche, Brennam? - perguntou-me antes de soltar a madeixa do meu cabelo.

- Não precisa, obrigada. - murmurei e então reparei que Takashima havia trazido consigo uma mala negra onde lá deveria ter seus materiais de aulas ou notebook - Obrigada, Takashima. - falei novamente e ele deixou de tomar atenção à sua mala e voltou a me olhar - Não irei incomodar muito, basta saber em que parte da cidade estou e apanhar um transporte a horas certas. - forcei um sorriso e tentava assim passar uma imagem calma.
- Não precisas esforçar-te nesse aspeto à minha frente, Brennam. - ele ditou e eu perdi o forçado sorriso - Se são lagrimas o que tens para mostrar hoje…fá-lo para que amanhã possas estar recuperada.
- Tem me observado corretamente. - comentei e ele encolheu seus ombros.
- Percebo as mudanças em meus alunos, Brennam. Já vi muita coisa e aprendi algumas, inclusive. - vi-o sentar-se no espaçoso sofá de sala e aí eu aproximei-me, não mais me esforçando por sorrir ou parecer bem e acabei sentada a seu lado.

O toque do meu telemóvel fez-se ouvir, alcancei o aparelho e aclarei minha garganta e por fim atendi a chamada de Laura - Olá. - disse - Sim, melhor. - olhei curiosa para meu lado e observei o perfil masculino e aí notei que ele levava um cigarro aos lábios e o acendia - Ah, não, não precisa Laura. Minha irmã viajou então estou por minha conta em casa mas não te preocupes. Eu aviso. - suspirei - Bye. - desliguei a chamada e fiquei de modo idiota a olhar a foto de fundo do telemóvel, Ryan num dos jogos de futebol, afinal ele era jogador na equipa universitária e poderia ter futuro ali - Não vai perguntar o que se passou? - perguntei e Takashima soprou um pouco do fumo do cigarro e olhou-me.

- Tenho que o fazer? - respondeu com uma questão - Observei corretamente, Brennam. - levou o cigarro a seus lábios - Tinhas alguém especial e esse alguém revelou não ser tão especial quanto o imaginado. - deixou de me olhar - Pormenores deixo para a tua melhor amiga, irmã ou quem for.
- Acho que estou demasiado habituada a gente curiosa. - acabei por sorrir ao pensar nisso - Alguma vez foi o passatempo de alguém? - minha pergunta saiu com naturalidade e nem mais me importei que aquele homem fosse um dos meus professores.

Takashima acabou por gargalhar brevemente e soprou novamente fumo entre seus lábios devido ao cigarro, olhou-me ainda com um rasgo daquela gargalhada - Vai agora adoptar uma atitude superior devido ao facto de eu ser aluna e você professor? - aqui provoquei um pouco, usando um discurso mais formal.

- Estamos fora da Universidade, não me recordo de existir normas a cumprir em que sou proibido de ser amigo dos meus alunos. - debruçou-se ligeiramente e foi apagar seu cigarro num cinzeiro prateado - Não lhe chamaria passatempo, Brennam mas já passei por algo como…só de ocasiões. - ele confessou-me.
- Como se sentia? Percebeu que era isso mesmo…apenas de ocasiões?
- Claro que percebi, Brennam…fui eu quem deu a ideia. - admitiu e eu baixei meu olhar - Tanto eu como aquela mulher éramos pessoas ocupadas com nossos estudos portanto nós apenas…estivemos fora daquela pressão toda em algumas ocasiões, juntos.
- Bem eu fui passatempo por ano e meio, julguei que algo acontecia, tudo no seu tempo, tudo com seus momentos especiais…mas no final…apaixonei-me por quem me “titulou” de passatempo.

Porque dizia aquilo eu não sabia mas não me estava a incomodar, sempre contara as minhas coisas a Laura e vice-versa mas agora era Takashima quem ouvia aquela confissão e eu estava tranquila, como se a imagem dele passasse mais confiança e tranquilidade do que o imaginado; no final não era só um professor atraente, ele passava-me uma estranha sensação de confiabilidade - Pergunto-me se terei sido alvo de conversas. - suspirei - Afinal eu era a única que não via a verdade. - descai atrás e aconcheguei-me mais contra o sofá.

- Uma semana passou e já deste sinais evidentes de que foste afetada, Brennam. Até mesmo como professor eu notei a mudança e sabes que não lecciono apenas a tua aula, tenho inúmeros alunos.
- Eu sei, quem não sabe. Porque reparou em mim e na minha mudança? - olhei-o, ou melhor, encarei suas costas visto que ele continuava debruçado e não fizera noção de se recostar ali como eu fazia. Apertei meus lábios, uns curtos segundos de espera por sua resposta pareceram-me longos demais e dei por mim a memorizar aquelas costas, Takashima é um homem de estrutura magra, rosto atraente mas seu corpo magro obrigava-me a fantasiar e sei que não sou a única aluna a faze-lo. Sorri em silêncio ao relembrar que mesmo quando ainda estava com Ryan, Kouyou Takashima fora o único homem com o qual eu fantasiara quando o conheci, aquele ar misterioso e calmo, aquela maneira de ser inconscientemente sedutor e o facto de ele ser um professor incrível era toda uma mistura aliciante.
- Memorizo nomes com facilidade e aqueles alunos que demonstram atitude em aprender a disciplina que ensino e revelam desde o primeiro momento real interesse, memorizo com maior facilidade. - ouvi sua resposta.
- Por isso que falaste comigo, percebeste o que se passou no bar da Universidade e por algum acaso foste tu quem surgiu junto daquela paragem. - comentei e aí ele movimentou sua cabeça e olhou-me por cima de seu ombro - Prefere que o trate por “você”? - inquiri rapidamente.
- Podes continuar a falar informalmente comigo, Brennam. - ele disse.
- Rachel. - ripostei - Não estamos na Universidade, Takashima. - sorri de canto e afastei-me das costas daquela sofá, quebrando aquele excesso de conforto, acabando por ficar sentada mais próxima daquele homem e optando também por inclinar-me para a frente.

Podia distinguir o som da chuva a embater nas amplas janelas daquela sala e cozinha, nem me havia dado conta antes de que continuava a chover; Takashima fixava seu olhar em mim e algo formigava no meu interior, aqueles olhos castanho escuro do homem pareciam ocultar tanto e ao mesmo tempo pareciam perceber tanto de quem fixassem. Era imensamente estranho perceber que tudo naquele professor me atraia, era uma sensação que eu sentia até na minha pele, arrepiando-me constantemente e notando minha boca secar mais que o normal. Porque acontecia aquilo? Porque apenas Kouyou Takashima surtia tal efeito em mim? - Alguma paragem próxima da tua casa, Takashima? - perguntei-lhe por fim, quebrando aquela fixação de olhares.

- Algumas. - ele respondeu e elevou-se, segui-lhe o exemplo - Não sei onde vives mas não deverá ser difícil de ter transporte público para lá. Posso levar-te a casa, se preciso.
- Não, obrigada pela a ajuda. - afastei-me de si e fiz o caminho de regresso para o hall, meus cabelos ainda estavam húmidos mas eu não ia simplesmente sair da casa daquele homem com uma das suas toalhas em mãos.

Rodei em mim e sobressaltei-me quando me deparei com muita proximidade do professor, respirei fundo e num novo reunir de coragem acabei por lhe entregar a toalha. - Estamos no quinto andar. Uma vez no andar térreo e saíres do prédio, poucos metros para a direita e tens uma paragem de Bus. - informou-me. Assenti, ajeitei meu casaco e mala e fiz noção de sair daquele apartamento

-  Novamente te agradeço. - falei antes de colocar meus pés fora da casa.

- De nada. Até amanhã, Rachel. - ele falou naquele tom sedutor que lhe era natural, sorri abertamente pois ouvi-lo pronunciar meu nome próprio fora bonito e assim chamei o elevador, entrei neste e com um aceno despedi-me do meu professor de Economia.



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