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História Sentimental - Extra 2 de 3 - Too Many Firsts in One Night


Escrita por: yetnotyet

Notas do Autor


Oi, rs.
Eu realmente ACABEI de terminar esse extra. Juro. E estava conversando com uma pessoa que amo muito enquanto escrevia, na real. Apenas dizendo.
Não vou dar nenhuma dica ou spoiler. Apenas leiam, e por favor, não me matem. Vocês irão entender no próximo.
Boa leitura.
- Lara.

Capítulo 3 - Extra 2 de 3 - Too Many Firsts in One Night


Fanfic / Fanfiction Sentimental - Extra 2 de 3 - Too Many Firsts in One Night

Se Tzuyu havia duvidado de alguma coisa, qualquer coisa, havia sido da coragem de certas pessoas. Simplesmente, não havia sentido nenhum, ver aquelas garotas todas com inveja quando ela passava de mãos dadas com Sana pelos corredores até a sua sala.

Ela pensava que tudo iria parar depois da festa. Achava que aquelas garotas iriam deixá-la em paz quando percebessem que não tinham mais chance. Mas a mente de certas pessoas parecia tão pequena a ponto de não existir nenhuma outra palavra além de persistir dentro dela.

Tzuyu queria odiar cada uma delas. Queria deixá-las cuspindo poeira depois que ela arrastasse suas cabeças pelo asfalto. Mas havia algo mais importante, que era a felicidade de Sana. Tzuyu certamente não queria fazê-la se sentir mal pelo seu passado. Ela queria fazê-la se sentir bem por causa de seu presente.

Aquelas garotas não importavam, e nem deveriam.

Mas um pressentimento lhe coçava os pensamentos, de que seus problemas com aquelas garotas se estendiam por mais quilômetros do que inicialmente pensava.

Saiu de seus devaneios apenas quando avistou a porta de sua sala.

"É aqui que nos despedimos," Sana riu, encostando seu braço na soleira da porta, inclinando a cabeça enquanto encarava Tzuyu. "Vai sentir muito a minha falta?"

Ainda possuía o mesmo olhar apaixonado de sempre.

"Você fala como se eu fosse embora do país." Tzuyu balançou a cabeça de maneira reprovadora. "Mas eu vou." Agarrou a mão da japonesa na sua, entrelaçando seus dedos nos dela.

"Eu também vou sentir a sua." Sana sorriu, puxando-a pela mão e envolvendo-a num abraço forte, obviamente não desejando nunca soltá-la.

Tzuyu sentiu o seu coração apertar ainda mais, um medo gigante de que Sana perceberia sua mudança de humor apenas pelo ritmo de seus batimentos cardíacos.

Mas a japonesa não disse nada; largou-se de seus braços e deixou um beijo estalado em sua testa, ainda sorrindo grande.

"Te vejo de novo na saída." Sana acariciou o rosto de Tzuyu e foi embora, um riso deixando sua boca enquanto andava para longe.

A taiwanesa suspirou, assentiu para si mesma como se estivesse tentando se convencer de que tudo daria certo, e entrou em sala, esperando estar pronta para mais um dia.

--

Eram muitos pontos a se considerar. Muitas possibilidades. Mas de longe, o pensamento que mais circulava a cabeça de Chaeyoung era o tempo que ficaria longe de Mina.

Deveria aceitar? Dois dias de oficina? Não parecia excessivo, mas levando em conta a quantidade de horas que havia demorado pensando em sua namorada e não se confessando a ela, ficar longe da japonesa agora por mais de vinte e quatro horas soava para a desenhista como tortura.

Fato era, que se mencionasse a oportunidade para Mina, sabia que ela lhe diria para ir. É claro que diria. No final, sempre sobrava ter uma longa e árdua discussão consigo mesma.

Saiu de sala acompanhada de Tzuyu. Havia descoberto apenas recentemente que a garota era extremamente divertida, fato que haveria passado batido se não houvesse insistido na amizade e eventual romance com Mina. A verdade era que coisas muito boas vinham em sua direção quando se estava apaixonada. Você apenas precisava olhar para cima para vê-las, às vezes.

"Você tem que ir na oficina, Chaeng." Ela falou, sorrindo, o que fez Chaeyoung suspirar e assentir, ainda dividida. "É uma boa oportunidade pra se conseguir uma bolsa. Você poderia entrar em uma faculdade ótima antes de mim!"

"Eu sei disso.." A garota desviou o olhar para baixo. "Mas não é como se fosse em Hongdae ou em outro lugar perto daqui. É na França! São mais de dez horas de voo."

"São dez horas e meia, Chaeng. Com tudo pago! Você vai pra Lyon! Você precisa ir! Se você não for, eu vou ter que contar pra Mina."

Os olhos de Chaeyoung aumentaram bruscamente ao ouvir essa frase.

"Não, Tzuyu! Você não pode contar." Ela agarrou a mão de Tzuyu, praticamente implorando a ela. Só faltava ajoelhar…

"Você tem que ir. Eu como amiga não vou deixar você perder essa oportunidade. A Mina como sua namorada também não vai. E não adianta fazer todos os aegyos do mundo."

Chaeyoung suspirou pela enésima vez.

"Por que os deuses permitem tamanho sofrimento..."

Definitivamente não era a primeira a fazer essa pergunta.

--

Se Sana possuía algum medo, qualquer um, era o de que acabaria quebrando o coração de Tzuyu um dia. E por pior que soasse, nada a faria tirar aquele medo de dentro de sua cabeça, especialmente quando estava convivendo com uma garota tão linda porém enigmática como Tzuyu.

Conseguira disfarçar bem sua insegurança com um sorriso, mas ao esconder os olhos dela  enquanto a abraçava, sua expressão estava tão amarga quanto café preto. E o pior era que, por mais que desejasse não se sentir assim, um pressentimento pequeno e furtivo dentro de sua cabeça sussurrava que o pior ainda estava por vir, como uma doença que começa com os sintomas mais brandos primeiro.

Desceu até o pátio esperando encontrá-la facilmente. Afinal, Tzuyu era uma das mais altas entre todos naquele colégio, e aquilo fazia o trabalho de achá-la muito mais simples. Mas mesmo revirando o local com os olhos múltiplas vezes, Sana não conseguia achar sua namorada.

Uma venda cobriu seus olhos e ela riu. Claro que Tzuyu estava provocando ela, mas é claro…

"Tzuyu-ah, onde você estava?" Perguntou, mas não houve resposta. Aquela não era a primeira vez em que Tzuyu deixava suas ações falarem por si só, então quando a mão lhe puxou, ela apenas permitiu ser puxada por ela sem fazer mais perguntas.

Não fazia ideia de onde estavam indo. Haviam apenas vozes e mais vozes conversando entre si nos corredores, luzes brancas e fortes que lhe cegavam nos pontos em que a venda parecia não ser suficiente.

Andaram e andaram o que pareceu ser uma eternidade, até que finalmente pararam num lugar. Esse, Sana não fazia ideia do que era, apenas de que era quieto e com um único ponto de luz, bem acima.

"Tzuyu-ah, aonde nós estamos? Vai continuar fazendo suspense?" Sorriu, mas não estava achando aquilo tudo tão engraçado como antes.

Mãos pentearam o seu cabelo para trás e uma delas tomou seu queixo entre dedos. Sana conseguia sentir a respiração dela na sua, e geralmente quando a beijava sentia aquele quê de tímida hesitação da parte dela. Mas naquele momento, não havia nada. Nada que poderia identificar.

Lábios tocaram os seus com pressa, num ritmo que Sana não entendia, enquanto aquelas mesmas mãos tocavam-lhe sem medo, espalhando-se pelo seu corpo como bem entendiam. E no mesmo momento que sentiu o perfume forte da garota, sabia que não era Tzuyu.

Empurrou-a pelos ombros, puxando a venda com pressa de seus olhos. Olhou para a garota, inicialmente confusa, mas no momento em que viu quem era, tudo instantaneamente clareou.

"Você. Você só pode estar brincando… Eunha?" Sana perguntou retoricamente, se afastando mais e mais dela a cada segundo.

Sentia nojo. Nojo da situação, nojo de ter deixado acontecer, mas principalmente… nojo de si mesma.

"Nunca mais olhe na minha cara. Eu vou fingir que isso não aconteceu. Eu espero que você faça a mesma coisa." E saiu do que finalmente descobriu ser uma pequena sala de zelador.

Correu pelos corredores, perdida. Conhecia bem aquela escola, mas não era por isso que não poderia se perder… estava perdida em pensamentos. A maioria deles, senão todos, ruins.

Tzuyu não poderia saber. A cada respiração falha, a cada momento em que sentia que todas as lágrimas cairiam…

Ela não poderia saber.

E guardar aquele segredo mataria Sana lentamente, com certeza.

--

"Mina unnie, Momo unnie!" Tzuyu acenou para as duas japonesas ao encontrá-las, andando para a mesa em que elas estavam sentadas junto de Chaeyoung.

"Tzuyu." Mina acenou de volta, mas seus olhos estavam colados em uma pessoa apenas.

"Cadê a sua namoradinha?" Momo perguntou para a taiwanesa, estranhando não vê-la junto de Sana. Pensava que era exatamente por isso que não havia conseguido encontrá-la quando estava procurando por ela com Mina.

"Eu não sei.. pensei que ela ia estar com vocês?"

"Não… ah, depois a gente acha ela."

Chaeyoung sorriu para Mina, que sorriu de volta. Sentou-se ao seu lado, deixando que a japonesa tocasse sua covinha com o indicador.

"Ih alá, olha esse casalzinho." Momo moveu suas sobrancelhas para cima e para baixo de forma sugestiva, fazendo Tzuyu rir.

"E cadê a Jeongyeon unnie? Vocês duas não estão juntinhas também?" Ela perguntou, nem se importando com as afeições públicas de Mina e Chaeyoung. Já estava acostumada, afinal.

"Ah, ela está ocupada com o Comitê do Baile de Inverno. Mal tem tempo pra sair comigo..." A japonesa tinha uma expressão triste no rosto, que fez Tzuyu rir ainda mais.

"Jihyo unnie e Nayeon unnie também estão no Comitê. Acho que a Dahyun unnie também, mas é mais pra ficar com a Nayeon."

"Não sei como você consegue se associar com as líderes de torcida desse jeito, Tzuyu. Elas não são meio… topzeira demais?"

"Olha, pior que não? Elas são mais quietas do que parecem ser. Até mesmo depois de bêbadas."

Os olhos de Momo arregalaram ao ouvir isso, e ela tampou os olhos da taiwanesa como se estivesse tentando impedi-la de ver algo muito horrível.

"Eu sinto que os olhos dessa criança viram mais do que deveriam… coisas terríveis..."

É claro que estava falando sozinha, já que Tzuyu escolhera ignorar Momo pelo dia (achava que a falta de Jeongyeon estava fazendo mal para o seu cérebro), e Mina e Chaeyoung estavam ocupadas demais sussurrando entre si para prestar atenção na dançarina.

Seu momento não durou muito tempo, no entanto. Mina recebeu uma mensagem de Sana, e ao ler, instantaneamente soube que era importante.

Mina, eu preciso de você. É urgente.

PS.: Não fale nada pra Tzuyu. Por favor.

A garota suspirou, olhou para Chaeyoung de maneira cúmplice, e travou o celular novamente. Colou os lábios no ouvido dela, e sussurrou.

"Distraia a Tzuyu. De algum jeito." Sorriu e beijou sua bochecha antes de se levantar da mesa. "Te vejo mais tarde lá em casa?"

A desenhista assentiu, sorriu, e beijou o pulso de Mina, acenando enquanto ela andava para longe.

"Aonde a Mina unnie vai?" Tzuyu perguntou enquanto empurrava Momo para longe.

"A mãe dela quer conversar com ela sobre alguma coisa." Chaeyoung improvisou, sorrindo ao ver que Tzuyu parecia ter caído na mentira.

Pegou a garota pela mão fazendo-a levantar.

"Se quer mesmo que eu vá pra França, vai ter que me ajudar com uma coisa."

"O quê?"

"Vamos, eu te conto no caminho."

E foram embora deixando Momo na mesa falando sozinha.

"Espera, onde vocês vão??? Vão me deixar que nem a Jeongyeon mesmo? Espera!!"

--

Myoui Mina bateu na porta esperando que não encontrasse do outro lado o que sua mente estava imaginando. No entanto, lá estava Sana, as bochechas marcadas de lágrimas e o cabelo castanho bagunçado.

"Sana, o que foi que aconteceu?" Entrou, fechando a porta e seguindo a garota.

A resposta dela foi simplesmente jogar-se em seus braços, soluçando no ombro da bailarina como se andasse segurando todas as emoções que estava sentindo. Bem, não era uma mentira.

"Eu sou uma pessoa horrível, Mina… eu não sei porquê, mas eu sou..."

Mina balançou a cabeça, discordando. "Você não é Sana. Claro que não. Sabe que não é verdade."

"Mas eu sou… hoje, eu pensei que era a- pensei que era a Tzuyu cobrindo os meus olhos e me levando pra algum lugar, mas não.. não era ela. E eu- eu deixei acontecer, eu.."

Esperou que Sana recobrisse o equilíbrio de seus pensamentos pacientemente, enquanto segurava seu frágil ser nos braços para que ela não caísse.

"Eu deixei ela me beijar. E agora, eu… eu me sinto tão suja! Como vou fazer isso? Como pude fazer isso com a Tzuyu?"

A respiração de Mina falhou. Não sabia exatamente o que sua amiga estava sentindo, mas imaginava que não era nada bom. Sabia, no entanto, que não era sua culpa. Tinha certeza de que as intenções de Sana nunca puxavam para o ruim. Pelo contrário, tinha certeza de que se pudesse, ela voltaria no tempo para mudar algo se soubesse que isso fosse provocar um efeito bom no presente.

Infelizmente, nenhuma dela seria capaz de voltar no tempo, mesmo que fosse o que Mina mais desejasse. Mesmo que fosse o que Sana precisasse.

"Não foi culpa sua. Você sabe disso."

"Eu sei, mas… não adianta eu tentar pensar nisso.. não adianta nada." Ela suspirou e lentamente deixou o conforto dos braços de Mina. Não era que estava pronta para encarar a realidade, não estava, mas não podia permanecer na zona segura desse jeito. Apenas se acostumaria mal.

"Você vai contar a ela?" A bailarina perguntou, mesmo que no fundo, já soubesse a resposta. Sana nunca contaria, porque não queria que Tzuyu ficasse chateada.

Mas não seria honesta consigo mesma. E então…

"Eu… eu não sei." Sana olhou para baixo, evitando os olhos de sua amiga. No final das contas, não conseguia nem olhar-se no espelho.

Fingir que estava bem seria uma arte que ela teria de dominar, e sabia muito bem o que aconteceria caso contrário.

--

Hesitou, levantando o punho, para bater à porta. Percebeu, então, que estava tremendo. As pontas de seus dedos estavam vermelhas e queimavam como fogo, mas sua respiração se materializava em fumaça na frente de seus olhos.

Sacudiu as mãos, fechou os olhos por um momento, e finalmente bateu. Seu coração parecia estar a mil por hora e por um segundo considerou sair correndo dali e nunca mais voltar, mas a luz quente que vinha de dentro da casa atingiu seus olhos e uma expressão familiar veio junto com ela.

"Você veio."

"É claro que sim.. achou que eu não viria?"

Uma risada deixou os lábios de Mina e ela balançou a cabeça, um pouco sem graça.

"Se fosse eu, correria bem para longe."

Chaeyoung riu também, e assentiu. "Eu pensei nisso, mas nem deu tempo."

"É, eu imaginei que sim." E a bailarina puxou a desenhista pela mão, ainda sorrindo. "Vem. Eles estão esperando."

Passaram primeiro por uma linda sala de estar, uma mistura de cores creme fácil ao olho. Apenas de ver o modo com que tudo estava organizado, Chaeyoung tinha certeza que o bom gosto de Mina provia de seus pais.

"Querida! Essa é a Chaeyoung de quem você tanto fala?" A mãe de Mina apareceu primeiro, cumprimentando-a com um grande sorriso e um abraço, que fez Mina sorrir, envergonhada, e deixou Chaeyoung um pouco sem graça.

"É ela, mãe. É ela sim."

"Eu acho ótimo você ter vindo. Geralmente a Mina não traz as amigas, eu sempre tenho que chamá-las eu mesma!" A mulher colocou as mãos na cintura, brincando.

Chaeyoung sorriu, e assentiu. "É, é mesmo a Mina." Brincou junto, fazendo com que a garota do seu lado batesse em seu ombro, ainda mais envergonhada.

"Bem, Mina, querida, pode ajudar seu pai a pôr a mesa? Ele deve estar com dificuldade até de carregar os pratos."

Mina concordou com a cabeça, levando Chaeyoung junto de si até a ainda mais graciosa sala de jantar.

"Vem, vamos conhecer meu pai."

E conheceram o pai de Mina; um homem gentil, com óculos deslizando pela ponte de seu nariz que elogiou o aperto de mão de Chaeyoung e disse que via um futuro brilhante em sua frente. Mina lhe explicou que ele gostava de prever o futuro das pessoas, apenas de brincadeira, mas que muitas vezes essas previsões caíam exatamente no rolar das bolas de bilhar (uma frase dele que a desenhista fez questão de anotar).

Sentaram-se à mesa, num silêncio agradável que apenas se quebrava quando Chaeyoung fazia questão de elogiar a comida ou até mesmo a decoração, o que Mina achou extremamente fofo de sua parte.

"Ah, mãe, a Chaeng é uma ótima desenhista." Mina se vangloriou da desenhista, fazendo Chaeyoung ficar extremamente vermelha, negando com a cabeça. "É sim, ela até foi convidada pra uma oficina na França. Acredita nisso?"

Os olhos de Chaeyoung se arregalaram e ela encarou Mina, chocada por ela saber daquilo. Logo quando estava tentando criar coragem de contar a ela? Mas ela já sabia?

Como?

Como se estivesse respondendo à sua pergunta mental, Mina sorriu e seus olhares se cruzaram por bem mais tempo do que o normal. A japonesa sorriu um pouco mais.

Eu sei de tudo que se trata de você.

"Isso é ótimo, querida! Aonde na França, exatamente? Eu adoro a costa de lá." A mãe de Mina sorriu ao ver sua interação, olhando para o seu marido. "Devíamos visitar de novo, não é, meu amor?"

"Claro." O homem sorriu, concordando.

"É em Lyon?" Chaeyoung riu, ainda sem graça, sentindo a nuca queimar. Mina não costumava encará-la desse jeito, principalmente quando seus pais estavam por perto. "Eu não conheço muito sobre o lugar."

"Soa fantástico. Esperamos que você se divirta bastante lá, Chaeyoung." Ele se levantou, esticando os braços. "Sobremesa agora, meninas?"

"Pai, na verdade, a Chae tem que ir.. não pode voltar tarde pra casa."

Chaeyoung assentiu, se levantando. "Eu gostaria muito de ficar, mas meus pais disseram que eu preciso voltar cedo." Deu de ombros como se estivesse dizendo que não podia evitar.

Os pais de Mina concordaram com a cabeça, entendendo. Definitivamente deixaram uma boa impressão nos olhos da desenhista.

"Eu te levo até a porta."

Andaram até a porta da frente, duas quietas garotas que sabiam muitas coisas, e ao mesmo tempo, não muito. Primeiro, Mina, que havia se encantado com aquele lado cordial não muito aparente de Chaeyoung. E Chaeyoung, que havia se surpreendido com a percepção de Mina.

A porta se abriu, e a desenhista passou da soleira, se virando e olhando para baixo, subitamente tímida.

"Foi-"

"Como você sabia?"

Ambas riram ao ouvir suas vozes misturadas ao vento gelado da noite.

"Chaeyoung, é uma oficina. Você acha que eu não sei? Principalmente sendo parte das bailarinas."

"Ah… claro. Como pude ser tão cega." A desenhista brincou, fazendo drama, o que fez Mina bater em seu ombro pela segunda vez na noite. "O que você ia dizer?"

"Foi maravilhoso." Os olhos de Mina brilhavam como duas lindas pérolas enquanto ela o dizia. Ideias para poemas passavam na cabeça de Chaeyoung num perfeito redemoinho. Aquilo sempre parecia acontecer quando a olhava, na verdade. Um perfeito redemoinho ao ver uma perfeita garota.

"Não precisa exagerar..." Coçou a nuca, sem graça.

"Exagerar? Eles te amam! Provavelmente pediriam pra você se mudar pra cá em um segundo se eu não estivesse na sala."

Chaeyoung riu, balançando a cabeça.

"Você que é." Sussurrou, fingindo não ter dito nada quando Mina pediu com aqueles lindos olhos e uma expressão convencida, para que ela repetisse. "Você que é maravilhosa." Enfim, fez o que ela queria.

Mina olhou para trás por um breve momento, e então, agarrou-a em seus braços enquanto a beijava, um beijo curto, mas quente, que contrastava com a temperatura que caía a cada minuto.

"Se divirta na França pensando em mim." Mina sussurrou, e mandou-a embora rindo com a expressão de Chaeyoung.

Voltou para dentro de casa, sorrindo e pulando, o coração quase a mil por hora. Deu boa noite para seus pais e se preparou para se retirar, mas seu pai chamou-a por um momento, querendo fazer uma pergunta para ela.

"Filha.. você ama muito essa garota?"

A pergunta fez Mina arregalar os olhos, surpresa. Não fazia ideia de como ele havia percebido.

O pai de Mina balançou a cabeça, rindo.

"É claro que eu sei. É daquele mesmo jeito que eu olho pra sua mãe, e somos casados a anos."

Mina sorriu, e suspirou. "Muito, pai. Eu a amo muito." Se sentia estranha confessando aquilo tão rápido, mas ao mesmo tempo, nem se importava com isso. Porque era a verdade. A mais pura verdade.

"Tudo bem, então. Se for assim, eu aprovo. Mas não conte para a sua mãe. Não ainda."

Assentiu com a cabeça, e deu um abraço de boa noite nele, o sorriso de Chaeyoung flutuando em sua cabeça como um sonho distante.

E quando adormeceu, ainda não havia sumido. Sorriu, então, sem saber.

--

A garota alta bateu na porta, os nervos à flor da pele. Não sabia o porquê de estar fazendo isso tão cedo num sábado, mas sentia que era o que precisava fazer. Por algum motivo, Sana não andava muito comunicativa, uma diferença muito grande do que ela costumava ser, principalmente perto de Tzuyu.

Respirou fundo enquanto a porta abria, e com boa razão, já que o rosto de Sana lhe assaltou os sentidos e a fez se perguntar exatamente o quê estava acontecendo.

E ela não disse nada enquanto isso acontecia. Tentava encará-la nos olhos, sem sucesso. O olhar de Sana estava morto, quase sem vida. Sana apenas piscava, e parecia que piscar era tudo o que sabia fazer.

Nem mesmo tomar seu rosto entre as mãos a fez ter alguma reação digna de resposta.

"Sana? Sana… você está bem?"

A garota não respondeu, apenas tomou Tzuyu pela mão e levou-a para dentro de seu apartamento.

"Tudo bem, pergunta idiota..."

"Eu preciso conversar com você."

Foi a primeira frase de Sana, e a primeira frase que conseguiu a assustar suficientemente a ponto de Tzuyu precisar sentar.

As luzes do apartamento estavam fracas e falhavam intermitentemente. Tzuyu achava, mas não ousava dizer em voz alta, que o ambiente parecia um cenário de filme de terror. Além disso, o apartamento não estava exatamente em boas condições.

Sana suspirou, e arrastou um banco para perto de Tzuyu, ao invés de sentar ao seu lado no sofá. É claro que aquilo fazia parte de sua irritação. Sempre haviam os inícios de relacionamento em que o físico reinava sobre o psicológico, e com Sana e Tzuyu não era diferente. Exceto que, a japonesa começara a ficar estranhamente distante desde o dia em que havia desaparecido e deixado Tzuyu para voltar sozinha para casa.

"Sana… que suspense é esse? O que está acontecendo com você... o que está acontecendo com nós?"

O coração de Tzuyu doía enquanto falava isso, e seus olhos lacrimejavam. Mas ela não queria chorar, porque chorar concretizava que algo estava errado.

"Tzuyu, eu… eu não posso. Eu tenho que te contar, mas se eu te contar você vai me odiar, e se você me odiar eu nunca vou me perdoar.." Sana levantou do banco, andando para um lado e para o outro, seus cabelos negros bagunçados e indo em toda direção. Não conseguia ficar um segundo parada, e isso estava realmente assustando Tzuyu.

"Sana, o que é? O que está acontecendo??" A garota mais alta perguntou com urgência. Não havia motivos para ficar tão alarmada assim, haviam? Não poderiam haver.

"Eu… eu não posso- eu não posso, não posso, AAHH! EU NÃO POSSO! TZUYU, EU NÃO POSSO!"

"Sana, calma-"

"Eu não consigo! Tzuyu, eu… me desculpe, eu não consigo mais..."

Os joelhos de Sana foram ao chão, e por mais que doesse vê-la daquele jeito, Tzuyu não conseguia se mover para ir ajudá-la. Nem ao mesmo mexer um músculo de sua mão.

Deixava as lágrimas correrem livremente agora. Aquilo era real? Parecia tão real, a voz rasgante de Sana ecoando em seus ouvidos, matando toda a sua esperança que antes tinha de consertar o que estava quebrado.

E olha que Tzuyu não fazia ideia do que seria. Talvez… talvez ela era o problema. Talvez todo aquele tempo, Sana estivesse fingindo-

"Eu não consigo."

amá-la, fingindo que sua adoração era real. Talvez Tzuyu fosse apenas mais uma peça em seu jogo, e o coração fragmentado-

"Precisamos acabar com isso."

de Tzuyu começou a acreditar nisso. Seus olhos se fecharam-

"Precisamos terminar antes que isso nos machuque mais."

mais uma vez, mas eram lágrimas de raiva que desciam por suas bochechas. Sim, sentia raiva. Muita dela. Não seria capaz de descontá-la na garota ajoelhada em sua frente-

"Me desculpe. Por tudo."

no exato momento, mas as peças clicavam e seu ressentimento estava apenas sendo guardado. Levantou-se, cruzando os braços e esfregando os olhos, e olhou para o minúsculo corpo ajoelhado em sua frente.

"Não precisa se desculpar." Falou, em voz alta e clara, e saiu, fingindo que estava tudo bem, fingindo que nada estava errado.

Mas profundamente dentro de seu peito, Tzuyu ouvia o seu próprio coração quebrar em mil pedaços.


Notas Finais


por favor.

comentem. mesmo se for ameaça de morte.


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