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História Será o fim? - Lembranças e despedida


Escrita por: pati_1525

Capítulo 2 - Lembranças e despedida


Quando terminei de arrumar as malas e caixas já eram 16h. Liguei para um amigo, que eu sabia que não faria perguntas, e ele foi até lá buscar minhas coisas. Terminei de colocar as minhas coisas no carro dele e voltei para a sala para esperar que Fran e Paola chegassem. As lembranças logo tomaram conta da minha mente

Flashback On

Era a segunda semana de gravações da primeira temporada do MasterChef. Nós ainda estávamos nos conhecendo, mas já tínhamos construído uma amizade. Era incrível como nos demos bem em um espaço tão curto de tempo. Não diria que éramos melhores amigos, mas já tínhamos uma certa liberdade uns com os outros. Não sei se era pelo ritmo intenso de gravações, só sei que a química funcionou rapidamente.

Terminamos de gravar mais um episódio e cada um foi para seu camarim. Estava indo embora e ouvi meu estômago reclamando de fome. Sabia que se fosse para casa acabaria comendo qualquer porcaria pronta, então, decidi ir a algum restaurante. Mas jantar sozinha? Acho melhor não. Pensei um pouco e me dirigi até o camarim de Paola.

Bati na porta e ouvi um “Entra”. Abri a porta e entrei.

- Oi, Paola. Estava pensando em sair para jantar e vim perguntar se você gostaria de ir comigo. – Quando terminei de falar, olhei melhor para Paola e percebi que os olhos dela vermelhos

- Tá tudo bem, Paola? – Perguntei preocupada

- Tá, sim, Ana. Só estou um pouco cansada – Ela me respondeu com a cabeça baixa

- Paola, sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas se você precisar conversar, eu estou aqui

- Obrigada, Ana! Mas não é nada, fique tranquila

- E o que você acha de sair pra jantar comigo, então? Você se distrai um pouco e, se quiser, pode me contar o que é esse “nada aí – Falei dando um sorriso

Paola também sorriu e ficou um tempinho em silêncio

- E então?! – Perguntei novamente

- Vou aceitar seu convite. É bom para me distrair um pouco. Vamos, senhorita Padrão – rimos do jeito que ela me chamou

Fomos para o estacionamento da emissora e de lá seguimos para um restaurante que eu adorava. Como Paola estava sem carro, fomos no meu.

Chegando ao restaurante o garçom nos encaminhou para a mesa que eu costumava sentar quando ía lá. Jantamos, tomamos algumas taças de vinho e engatamos em uma longa conversa. Apesar de estarmos nos divertindo, percebia que, as vezes, Paola se desligava um pouco e ficava pensativa. Então, resolvi perguntar mais uma vez

- E então, dona Carosella, quer me contar o que está distraindo essa cabecinha – Olhei para ela como quem dizia “Pode confiar em mim”

- Ai, Ana... Na verdade, eu preciso dividir isso com alguém mesmo – Ela disse, ainda tímida

- Então aproveite. Sou toda ouvidos – Disse sorrindo e Paola sorriu comigo.

Paola ficou um tempo em silencio e, então, tomou coragem para começar

- Há algum tempo, eu terminei um relacionamento. Foi um período bacana, mas quando ele soube da minha gravidez, preferiu se afastar. Ele dizia não estar preparado.

- Nossa, Paola, que barra.

- Foi difícil e, até hoje, eu fico imaginando como seria ter ele ao nosso lado. Como seria mais fácil ter uma pessoa me ajudando. E... eu acho que ainda gosto dele. Mas eu entendi a situação.  – Ela fez uma pausa -  As vezes eu olho para minha filha e fico me perguntando se eu serei o suficiente para ela. Será que em algum momento ela vai me cobrar a presença desse pai? Eu não quero que ela sofra pelas minhas escolhas. – Paola fala com os olhos marejados

- Paola, você não pode se culpar pela ausência do pai da sua filha. Não foi uma escolha sua. E, pelo pouco que a gente se conhece, eu posso perceber o quanto você se dedica àquela princesinha. O jeito que os seus olhos brilham quando você fala dela, o amor na sua voz. Eu vejo que você faz o melhor que você pode. É sempre perfeito? Provavelmente, não. Mas, mesmo assim, é o melhor que você pode naquele momento. Não cobre de você mesma mais do que você pode dar. Você é uma mãe maravilhosa.

- Ôo, Ana... Obrigada! Você não faz ideia do quanto essas palavras fazem bem para mim.

- Imagina, só disse a verdade. É isso que enxergo quando olho para a Paola mãe. – Sorri e ela sorriu junto comigo

Conversamos mais um pouco e percebemos que já estava na hora de encerrar a noite. Deixei Paola em casa e segui para o meu apartamento. O dia seguinte seria de gravações intensas.

Flashback Off

Hoje, olhando para aquela noite, aquele primeiro jantar, percebo que foi ali que comecei a me encantar por Paola.

Meus pensamentos são interrompidos pela entrada de Fran e Paola. Francesca corre para o meu colo

- Tia Anaaaa

- Oi, minha princesa linda. Como foi na escola? – Fingi que Paola não estava ali

- A mesma coisa de sempre. Eles não são muito criativos – Ela responde com aquela cara sapeca e eu acabo rindo

- Então vai lá trocar de roupa e largar essa mochila e depois volta aqui que a tia Ana quer conversar com você, ok?

- Tá!!! Eu já volto.

Fran saiu correndo para o quarto e eu e Paola ficamos ali, com aquele silêncio. Peguei meu celular e comecei a mexer, para não ter que falar com ela, mas não adiantou

- Ana, você quer que eu fale com ela primeiro?

- Não precisa.

- Cuidado com o que você vai falar, ela só tem 5 anos.

- Eu sei disso, Paola. Jamais falaria qualquer coisa pra machucar a Fran

- Eu vou ficar junto, se você não se importar. Prefiro ouvir a conversa. Você está magoada e...

- Você realmente acha que eu usaria a Fran pra te atingir, Paola? O que está acontecendo com você? Que tipo de pessoa você acha que eu sou?

- Não, eu sei...

- Sabe? – Interrompi novamente – Eu jamais faria qualquer coisa que pudesse magoar a nossa filha – Falei sem pensar e corrigi o mais rápido que consegui – Sua filha...

Antes que pudéssemos continuar com aquela discussão, Fran volta para a sala

- Pronto. Pode conversar comigo, tia Ana – Ela falou animada

Quase não consegui segurar as lágrimas ao olhar para aquela carinha linda. Pensei na saudade que sentiria dela e meu peito doeu forte. Coloquei ela sentada na poltrona e me ajoelhei na frente dela, segurando suas mãozinhas. Paola afastou-se um pouco de onde estávamos e ficou olhando de longe

 - Então, minha princesa – comecei receosa – Você lembra quando nós nos conhecemos?

- Lembro! Por que?

- Você lembra que eu e a sua mamá eramos amigas e que eu não morava aqui com vocês? Que a gente não sei via todos os dias?

- Sim, quando você e a mamá não eram namoradas – Ela responde inocente

- Pois é, meu amor... Eu e a sua mamá conversamos e decidimos que seria melhor que a gente voltasse a ser só amigas. Como era no início – Estava com medo da reação dela

- Mas por que?

- É que as vezes os adultos fazem coisas confusas...

- Isso é verdade! – Acabei rindo da resposta dela

- Mas eu preciso que você entenda uma coisa muito, muito, muito importante – Ela balança a cabeça concordando – Nada disso aqui tem a ver com você. Tudo isso é uma coisa que aconteceu entre mim e a sua mãe. Você entende, Fran?

- Entendo, tia Ana. Vocês brigaram e agora querem ficar um tempo longe uma da outra. Coisas de adulto – Eu fiz uma cara de surpresa com a resposta dela

- Mais ou menos isso... E eu quero que você saiba que eu continuo amando você da mesma forma. Você continua sendo a minha princesa linda e eu quero estar sempre perto de você. – Uma lágrima acabou escapando – Quando você sentir saudade de mim é só me ligar. Ou ir me visitar. Tá bom?

- Tá bom. Mas não precisa ficar triste, tia Ana – Ela diz passando a mãozinha pelo meu rosto, limpando a lágrima que descia – Quando você sentir saudade, também pode me ligar e me visitar... né mamá? – Ela olha em direção a Paola

Paola, que estava em silêncio observando a nossa conversa, manifesta-se pela primeira vez

- Claro, meu amor. Vocês podem se falar sempre que sentirem saudade uma da outra – Paola respondeu, emocionada

- Viu, tia Ana? Não precisa ficar triste.

- Linda! Minha princesa linda! – Falo abraçando Francesca – Eu te amo tanto. Você é a coisinha mais preciosa da minha vida. Eu te amo muito, muito, muito, muito, muito.

- Eu também te amo – Fran continua me abraçando

- Agora a tia Ana precisa ir, tá bom?

- Tá bom, tia. E você tá me apertando muito, eu não to conseguindo respirar – Ela fala, sapeca

Não aguentei e caí na gargalhada. Soltei o abraço e enchi ela de beijos e cócegas. Fran gargalhava

- Para, tia Ana!

Soltei ela e segurei suas mãozinhas mais uma vez

- Então, não esquece que a tia te ama, viu?!

- Não vou esquecer. Mas, agora eu preciso ir brincar. Essa conversa já tá bem longa – Soltei uma gargalhada da espontaneidade de Fran

- Tá bom, minha sapeca. Vai lá brincar – Ela sai correndo como um mini furacão e eu fico lá no meio da sala, ajoelhada. Nesse momento, já não era possível segurar as lágrimas. Perder a Paola estava doendo muito. Mas, ficar longe da minha princesa, isso eu não sabia se seria capaz de suportar.

- Você quer uma água, Ana?

Sou despertada pela voz de Paola e, só então, me lembro que ela estava lá. Tento me recompor rapidamente e me levanto.

- Desculpa! Foi difícil para mim – Olho para Paola e percebo que ela também chorava

- Não tem porque se desculpar – Ela faz uma pausa - Você comeu, hoje? Quer que eu prepare alguma coisa?

- Não precisa. Obrigada!

- Tem certeza? Porque eu poderia...

- Só tem uma coisa que eu quero te pedir – Interrompo e ela fica parada me olhando – Por mais raiva, ou seja lá o que você senti por mim... Promete que não vai me afastar da Francesca? Isso eu não aguentaria.

- Eu não tenho raiva de você – Ela responde com a voz triste – Eu jamais faria isso. Eu sei o quanto vocês se amam e o quanto você é importante para a Fran.

- Fico aliviada ouvindo isso – Falo pegando a bolsa e indo em direção a porta

- Espera, Ana – Me viro em direção a Paola, novamente – Posso te dar um abraço?

- Melhor não, Paola. Melhor não. – Abro a porta e vou embora sem olhar para trás.

 

Entrei no meu carro e fui direto para o meu antigo apartamento. Cheguei e me joguei na cama. Chorei, chorei muito. Coloquei para fora todas as minhas frustrações, tristezas, medos, inseguranças... A dor que eu estava sentindo era tão forte que quase me impedia de respirar. Imaginar como seria minha vida, a partir daquele momento, era impossível. 



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