História Sete dias no Paraíso - Quem é essa?

       Para Sasuke o amor podia ser bastante relativo, em uma de nossas conversas ele explicou que não acredita naquele amor idealizado em que um não vive sem o outro ou coisa assim. Para ele o amor podia surgir de várias formas e níveis diferentes... Como o amor platônico onde você se apaixona pelas idéias e pensamentos da pessoa, podia ser o amor carnal onde a única coisa em comum era química dos corpos juntos! E podia ser o mais perigoso de todos que seria a soma desses dois.

       No dia em que ele me contou isso fiquei meio pensativa. Cresci vendo em filmes e livros um tipo de amor avassalador sabe? Onde só existe um para a vida inteira e que depois de achá-lo você seria feliz e pleno para sempre! Anos depois entendi o que ele quis dizer com isso.

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      O ano de 2011 tinha chegado e começou bem, graças ao incentivo dele acabei por entrar em um curso de arte profissional e devo dizer que foi a melhor coisa que fiz! Estava sendo fascinante aprender tanto e trocar idéias com quem partilhava dos mesmos sonhos que eu.

       Eu já não era aquela menina tímida de antes, dessa vez foi algo natural fazer colegas na turma e eu e Sasuke sentávamos lado a lado. O professor bonitão que antes era só do programa de aula de reforço foi efetivado e adivinha em qual turma ele foi parar? Na nossa do 3’ ano! Nem preciso dizer que as meninas passaram a se dedicar mais na aula de matemática e o professor Kakashi foi elogiado pela diretoria por conseguir prender a atenção dos alunos haha.

        No final do mês de março daquele ano Sasuke conseguiu um emprego. Itachi o irmão mais velho trabalhava em dois turnos em um restaurante para ajudar a mãe nas despesas, mas tinha conseguido uma bolsa de estudos para Engenharia e por isso poderia trabalhar só em um.  Sasuke ficou feliz, pois a muito queria ajudar, porém o irmão nunca deixava... A mãe deles não podia trabalhar, tinha adquirido depressão depois que o marido a abandonou deixando ela sozinha para criar as duas crianças.

        Era difícil me encontrar com ele agora, só nos víamos na escola. Eu fazia curso de arte pela tarde e ele trabalhava das 15h até as 22h. Nos dias de folga dele geralmente só dormia.

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         Sentia falta dele, não falava nada porque sabia que ele não tinha culpa...   Na saída do meu curso resolvi andar pela praça em que costumávamos ficar.  Sentei-me sob a mesma árvore e comecei a desenhar enquanto escutava música. Comecei a chorar silenciosamente, sem duvida eu tinha me acostumado mal em ficar com ele todo dia.  Decidi que iria vê-lo essa noite! Inventei para meus pais que tinha um cinema com uma amiga e esperaria ele sair do trabalho às 22h.

        Tinha caprichado na produção, tinha tanto tempo que não tinha um encontro que eu queria estar arrasando corações! Usava um vestido preto levemente rodado, uma sapatilha e uma jaqueta jeans, prendi meus cabelos rosa e eu me sentia um guru da moda.

      Enquanto esperava ficava em devaneios imaginando a reação dele ao me ver. Finalmente a espera acabou quando o vi saindo pela porta dos fundos do restaurante, mas meu sorriso acabou quando percebi que ele não saiu sozinho... Tinha uma garota com ele, provavelmente funcionária do local, eles estavam rindo e pude ver ela se despedindo dele com um abraço que ele não correspondeu, mas também não tinha afastado. Aquilo me deu uma raiva dela e ao mesmo tempo dele!  Droga! Ela era bonita... O cabelo tingido de um vermelho vivido, seios um pouco maiores que o meu, no entanto com um senso de estilo questionável.  Sasuke atravessava a rua quando me viu, sorriu de orelha a orelha e me abraçou forte.

- Parece um anjo... Tão bela, nem acredito que veio me ver!

          Deve ter percebido minha cara de tacho.

- O que foi amor? Aconteceu alguma coisa? Falou preocupado.

Não agüentei e comecei a chorar (sim a bobona aqui era dessas!), ele ainda me abraçava e eu só conseguia pensar no quanto era bom aquele abraço...  Mas decidi afastá-lo e mandar a real!  

- Quem é aquela garota?  Disse no tom mais sério que consegui.

- Quem?

- Aquela Ruiva que saiu com você ali!

       Sasuke ficou em duvida por um momento e depois começou a rir.

- Não estou brincando.

- Está com ciúmes de mim Sra. Sakura Haruno? 

     Ele estava com aquele meio sorriso safado que tem.

- Sabe Sasuke? Faz três meses que começou a trabalhar e não nos vemos mais, sinto sua falta... Sempre vou naquela praça e fico lembrando de você. Sei que não é sua culpa por isso não toco no assunto, mais aí chego aqui e vejo você rindo com essa garota e ela ainda te da um abraço desses... Penso talvez que nem sinta minha falta!

      Eu estava com raiva, dessa vez de mim por ser tão frágil e insegura! Mas que droga!  

- Sakura você não é fácil. Falou sério mais depois começou a rir – Não precisa sentir ciúmes da Karin, Ela é assim com todo mundo. Sinto sua falta a todo o momento e andando aqui no bairro sempre vejo algo que me lembra você. Não quero que duvide dos meus sentimentos por você!

     Já me sentia uma boba insegura nesse momento, Sasuke parecia sempre tão maduro em relação a esses assuntos.

-Desculpe acho que é ciúmes mesmo. Confessei relutante.

- Essa surpresa que fez foi a melhor parte do dia. Falou ele.

        Sorri com isso.

       Voltamos para casa andando apesar de ser um pouco longe, entramos na rua da minha casa e parei no meio do caminho para me despedir.

       Cheguei a casa levei uma bronca dos meus pais, afinal eles precisam fingir que se importam de vez em quando. E fui para o quarto. 

        Mas quem disse que consegui dormi?  Pensava naquela garota, a tal de Karin. Eles se vêem todo dia e com certeza ela passa muito tempo com ele. Fiquei com um pé atrás sobre o que vi, Sasuke disse que não tem nada a ver, mas achei estranho. Aquela cena dos dois rindo juntos e olhando um pro outro... Affes! Nunca tinha parado para pensar no estilo dele lidar com as garotas, antes de mim ele era o famoso “pegador” da escola, não ligo para essas coisas, pois ele não tinha namorada então ele podia ficar com quem quisesse né?  Mas será que ele tinha deixado esse “estilo” de vida por completo?

        Droga! Eu não conseguia esquecer e o sentimento de insegurança não me deixava.

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     Na escola tentei parecer despreocupada e fingi ter esquecido para Sasuke não perceber. Precisava conversar com alguém sobre isso, alguém que fosse experiente. Meus pais estão fora de questão! E quando aconteceu aquele lance da Ino, eu não consigo confiar em muita gente.

      Estava nesse pensamento quando Kakashi entrou na sala quinze minutos atrasado como sempre, a última aula era dele então naquele momento lembrei-me do ditado “Se não tem cão, casse com que lhe dão”(acho que era assim o ditado kkk). Ele não era aluno então não iria fazer fofoca! E nos tempos de reforço da tarde ele viu minha queda e superação na matemática... Éramos brother!
      Quando o sinal tocou Sasuke saiu correndo para dar tempo de comer e ir pro trabalho e eu fiquei esperando o povo sair da sala.
 
- Professor? Falei me aproximando.
 
Ele já ia pegar um livro para ler, que era sempre o mesmo. O titulo está em francês ou japonês, não consegui ler.
 
-Sim Sakura?
 
- Queria pedir sua opinião sobre uma coisa...
            Silêncio
-É que eu não tenho amigos para responder com maturidade sobre isso e falar com meus pais não é possível.
 
- Agora to preocupado, você esta grávida?! Perguntou ele rindo.
 
-NAAAO! PROFESSOR!  Exclamei com vergonha e rindo também. -Não é nada grave e besteira talvez...
   
       Ele se levantou da cadeira e ficou de frente para mim encostado na mesa dos professores.
 
- Pode falar Sakura
 
-Como saber se estão te traindo ou gostando de outra pessoa?
 
    Caramba eu já me sentia uma idiota por esta falando isso com o professor. Pensei até que ele fosse me zuar sei lá!
 
- O que exatamente está acontecendo Sakura?
 
- É que o Sasuke sabe? Bom ontem eu passei no trabalho dele e esperei ele sair pra fazer uma surpresa, mas vi ele saindo junto com uma funcionária e eles estavam rindo felizes...
 
- Tipo a gente ainda a pouco? Perguntou com um sorriso nos lábios.
 
       Corei com a comparação e o sorriso lindo dele. Esse pessoal que é bonito sabe o quanto um sorriso desses pode fazer você esquecer-se de tudo? Tipo seu próprio nome!   
 
- Não assim... ela abraçou ele e foi embora, ele não correspondeu o abraço mas achei estranho.
 
- E o que ele disse disso? Perguntou serio.
 
- Ele fala que não tem nada a ver e disse também que ela abraça “todo mundo”. Acha que devo preocupar-me?
 
- Bom Sakura você não pode pedir que ele pare de conversar ou rir com alguém, e também ele não a abraçou de volta... Então ele não tem o habito de sair abraçando por ai. Penso que não deve se preocupar ah não ser que ele lhe de algum motivo concreto.
 
   Suspirei desmotivada
 
- Tem razão professor...  Eu que to insegura sei lá. Bom eu vou parar de encher o senhor já deve ter passado os quinze minutos, sei que tem que bater o ponto. Disse sorrindo.
 
- verdade!
 
        Ele começou a guardar as coisas e eu fui andando, na porta eu dei meia volta e perguntei:
 
- Qual o nome desse livro que esta sempre lendo? Desculpa, não quero morrer com essa curiosidade. Brinquei.
 
Ele pareceu envergonhado e respondeu:
 
- Icha Icha Baiorensu... é... Icha Icha violência, é uma trilogia... Esse é o segundo. Falou tímido.
 
- Ah tá.
 
        Percebi que ele ficou com vergonha embora não soubesse por que, pelo titulo parecia ser algo sobre luta talvez? Pesquisaria quando chegasse em casa.
 
- Agora é sério! Já vou, obrigada e desculpa incomodar. Saí sem esperar resposta.
 
       Fui para casa tranqüila, não tinha curso de arte naquela tarde então estava sem pressa. Eu realmente preciso fazer amigos, esse vai ser meu objetivo!
        Chegando fui pesquisar sobre o livro e entendi tudo! Era um romance que tinha umas paradas bem picantes. E ele ler isso na sala com aquela cara de paisagem?  Que safado! haha 
 
      Acabei por seguir o conselho dele e não pensar sobre possíveis traições. Para distrair fui desenhar, não é que estou ficando boa nisso?