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História Seven - Ato II - We Don't Talk Anymore


Escrita por: athenax

Notas do Autor


Eu tô com pressa aqui, então:
1: Desculpem a demora.
2: Eu cortei bastante coisa porque quero manter o padrão entre 4 e 5 mil palavras, pra não acabar ficando massante. Não se preocupem, continuo tudo no proximo.
3. Boa leitura!

Capítulo 3 - Ato II - We Don't Talk Anymore


Fanfic / Fanfiction Seven - Ato II - We Don't Talk Anymore

Seven

Ato II – We Don’t Talk Anymore

Juvia Lockser

- Você já considerou a ideia de ir até ela e simplesmente falar como se sente? – Questionei, franzindo o cenho. Natsu enrijeceu-se no banco do motorista e fingiu prestar atenção na estrada, me ignorando completamente. – Você é um pé no saco, sabia? – Bufei, cruzando os braços e observando o lado de fora pela janela.

- Não é assim tão simples. Eu ainda tenho meu orgulho. – Respondeu, ainda fingindo estar concentrado na direção. Encarei-o incrédula esperando que ele começasse a rir, mas parecia estar realmente falando sério.

- É, eu retiro o que eu disse. Você não merece o perdão dela.

- Você está exagerando...

- Não estou não, Natsu! – Bradei, perdendo a paciência. Ele me encarou de soslaio, assustado. – Você fala como se a Lucy tivesse a obrigação de vir até você e se humilhar pela sua atenção. Para de agir como um playboy mimado uma maldita vez na sua vida e admita que você está errado, droga!

Ele encolheu-se no assento e baixou o olhar, incapaz de encarar meus olhos. Suspirei, tentando juntar a paciência que eu não tinha. A briguinha besta entre o rosado e a loira já durava quase 6 meses, e no meio disso, era eu que me ferrava, tendo que permanecer neutra e imparcial.

Tudo começou em janeiro, quando ainda estávamos de férias. Natsu conheceu uma garota em uma de suas noitadas em Las Vegas e encantou-se por ela. Coriane Forks, ruiva, magra e alta, no melhor padrão de modelo da Victória Secret’s. Ele ficou tão hipnotizado com sua beleza que acabaram engatando um namoro, que veio a se tornar sério o suficiente para que ela se mudasse de Los Angeles para New York por ele. De início, Coriane se mostrou uma garota doce e gentil com todos, inclusive com Lucy e eu.

Porém, conforme o tempo foi passando, ela começou a ficar deveras incomodada com a ligação entre nós duas e Natsu. Não foram poucas as vezes que ele a deixou plantada com cara de bunda e ficou assistindo filmes conosco até amanhecer. Coriane passou a sentir-se cada vez mais ameaçada por nós, e aos poucos foi revelando suas garras. Ela começou a envenenar Natsu contra nós com mentiras e especulações, e como ele era incrivelmente ingênuo quando se tratava dela, passou a acreditar em sua doce e gentil namorada.

Certa vez, ela insinuou que Lucy era apaixonada por ele, e que a loira tinha supostamente tentado embebedá-la com a intenção de fazer com que a ruiva o traísse. Como o grande bocó que é, Natsu acreditou. Ele foi tirar satisfações com ela, e no calor do momento, lhe disse coisas terríveis e os dois brigaram feio. Depois disso, orgulhosa como é, Lucy parou de falar com o rosado. Ele não demorou muito a se arrepender do que fez, e quando quis reatar os laços com a loira, sua namorada lhe deu um ultimato. Basicamente, ela disse “Ou ela ou eu” e o Natsu, como o jumento cagão que é, acabou ficando com ela.

Recentemente, ele descobriu que Coriane o traía desde o começo de sua relação, e que só estava com ele por dinheiro. Bom, não preciso nem dizer que ele ficou na merda, né? E agora, o idiota quer tentar se resolver com Lucy, mas se recusa a pedir desculpas. E, é claro, ela pretende fazê-lo se ajoelhar aos seus pés e implorar por perdão. Afinal, é de Lucy Heartfillia que estamos falando.

Passamos o resto do percurso até o colégio em silêncio, e eu conheço Natsu bem o suficiente para saber que ele está com medo de Lucy desprezá-lo. Bem, como eu bem conheço a loira, provavelmente ele está certo, ela o desprezaria. Ele estacionou o carro no amplo estacionamento ainda em silêncio, e não pude evitar de me sentir um pouco mal por Natsu, embora eu ache que ele merece sofrer um pouquinho também.

Senti o peso de seu olhar sobre mim, e fui obrigada a encará-lo, sentindo a pressão emanar dos olhos âmbar. Suspirei, derrotada.

- Olha, eu vou te ajudar, ok? Mesmo que eu tenha quase certeza que vou me arrepender disso... – Sentenciei, massageando as têmporas e imaginando o quanto de problemas isso me traria. O rosto do meu amigo se acendeu e um enorme sorriso surgiu na carranca emburrada. – Mas eu não garanto nada! Você sabe o quanto a Lucy pode ser cruel quando quer. – Tratei de complementar, já que não quero que o idiota crie falsas esperanças e depois quebre a cara. O sorriso alargou-se ainda mais.

- Você é minha pessoa favorita no mundo todo, sabia? – Falou ele, me agarrando de surpresa e fazendo cócegas na minha cintura. Eu estava rindo como uma retardada e me contorcendo feito um avestruz perneta, enquanto tentava em vão socar o maldito. Quando Natsu finalmente se cansou e me soltou, tentei me recompor o máximo que pude, embora a minha chapinha tenha ido para o beleléu.

- É claro que seu sei, rosinha. Sou a rainha dessa porra toda! – Exclamei, pegando meus óculos no porta-luvas do rosado, que soltou uma gargalhada seca.

- Encontrei a humildade por aí dia desses. Ela te mandou lembranças. – Soltou, colocando seus óculos pretos e bagunçando ainda mais os cabelos pintados ridiculamente de rosa. Mais ridículo do que isso só a forma como ele pintou.

A mais ou menos um ano atrás, todos os meninos se reuniram e foram a uma excursão ao Alasca, sabe-se lá porquê. O fato é que Lyon e Natsu, que não tinham nada mais produtivo para fazer, desafiaram Gray a passar 2 horas sentado na neve completamente pelado e sem nenhum aquecimento. Pelo que eu sei, se Gray não conseguisse, ele teria que pegar o primeiro homem que visse na rua e beijá-lo. Se ele cumprisse, os dois desocupados realizariam qualquer desafio do Fullbuster, sem restrições.

Não sei exatamente se foi o medo de beijar outro homem ou a vontade de fazer o irmão e o melhor amigo sofrerem, mas o moreno suportou bravamente o desafio, contrariando a ciência ao sair sem sequela alguma da exposição a uma temperatura de – 4 graus célsius. O resultado de toda essa confusão foi que Natsu foi obrigado a passar um ano com os cabelos pintados de rosa bebê, enquanto Lyon teria que aderir aos fios platinados pelo mesmo período. Sou obrigada a admitir, Gray mandou bem nas punições, já que eu ri por dias da cintada que o tio Igneel deu no Natsu ao vê-lo com os cabelos rosados. Foi impagável.

- Eu tenho sim muita humildade, obrigado, de nada. Apenas estou sendo realista, meu pequeno gafanhoto. – Natsu revirou os olhos e saímos do carro, chamando a atenção das pessoas no estacionamento. Pois é, não é todo dia que se vê uma doida de cabelo azul e um retardado de cabelo rosa juntos. Caminhamos (lê-se desfilamos) calmamente por entre os carros de luxo até o elevador do estacionamento, que nos leva até o térreo. E como nada é tão ruim que não possa piorar, um casal começou a se agarrar descaradamente ao nosso lado no cubículo apertado. Encarei Natsu incrédula, e o idiota prendeu o riso quando o rapaz começou a massagear o seio da garota sem nenhum pudor. Fiquei lá só encarando com cara de bunda, contando os segundos para me livrar daquela imagem patética. Esses jovens de hoje em dia não conhecem motel não?

Que vulgaridade desnecessária!

Quando o elevador finalmente parou no térreo, agarrei Natsu pela orelha e quase corri de dentro dele. Acho que o casal não se importou muito não, já que continuou se agarrando com a maior naturalidade do mundo. Tem doido para tudo.

O térreo do prédio principal da FTS lembrava muito o de um shopping, ou centro de eventos. É um grande salão oval onde ficam o Centro de Convivência, a Praça de Alimentação e um amplo ambiente reservado para os professores descansarem. Ao meu lado direito, um estirão de lanchonetes e restaurantes de todos os tipos, desde o Starbucks até uma filial do restaurante francês Chagot’s, abriam suas portas para o início do turno matutino. Eram infinidades de opções variadas que abrangem infindáveis cardápios diferenciados. Resumidamente, é o mais perto de Paraíso que existe aqui.

Á minha esquerda, estende-se um ambiente repleto de sofás, banquetas, puffs e as mais variadas mesas de jogos, desde o bilhar até o pôquer, mais conhecido como Centro de Convivência. Àquela altura, o CDC já estava abarrotado de pessoas lendo, fofocando e jogando, como se estivessem realmente em um shopping, e não em uma escola. O grande diferencial do CDC é o fato da parede ao fundo ser completamente feita de vidro, dando uma vista privilegiada do Jardim das Sakuras da FTS.

Avistei meu grupinho no meio da multidão, sem dificuldades. Lucy estava distraída lixando suas unhas jogada em um dos sofás perto do painel de vidro, com os pés nas pernas de Levy que lia um livro despreocupadamente e alheia a tudo ao seu redor. No sofá ao lado, Erza dormia tranquilamente com a cabeça no colo de Mira, que por algum motivo ficava encarando Laxus como se quisesse arrancar as tripas dele e comer com farinha.

O loiro, por sua vez, ignorava completamente os olhares furtivos e nem um pouco discretos da minha amiga, jogando bilhar distraidamente junto à meu irmão, Lyon e Zeref. Os dois últimos provavelmente aguardavam as aulas de seus respectivos cursos começarem. Ambos com 19 anos, o primeiro cursa Direito e o segundo Administração na UFT.

A Fairy Tail é referência no mundo todo, não apenas em ensino, mas também em infraestrutura. Abrange desde o pré-escolar até o ensino superior, tornando-se a maior estrutura de cunho estudantil de toda a América. Ao todo são cinco prédios enfileirados: o primeiro, da esquerda para a direita, é o prédio do pré-escolar e fundamental I, próprio para crianças desde os três até os 10 anos de idade, enquanto o segundo abriga todo o Fundamental II e a parte dos pré-adolescentes.

O terceiro e principal, é onde estamos agora, o prédio do Ensino Médio. É onde fica os estacionamentos subterrâneos, as salas de professores, a diretoria, o auditório e o salão de eventos principal. O prédio é repartido em 5 andares: o térreo, o andar da 1ª série do EM, o segundo da 2ª série, o terceiro da 3ª série e o ultimo da diretoria. O quarto é o bloco da Universidade, o maior. E o quinto é o Centro Esportivo, onde ficam as quadras e salas de treinamento. Resumindo, é gigante.

Enfim, voltando ao assunto, Laxus continuava fingindo que não via Mira fuzilando-o com o olhar, enquanto a albina soltava fogo pelas ventas e Jellal parecia se divertir com a cena. Parece que o apreço por ver o circo pegar fogo está no nosso sangue, afinal. Não vi Gray, Ultear e Wendy em lugar nenhum. Natsu, ainda ao meu lado, encarou Lucy furtivamente, enquanto a loira ignorava-o. Ele suspirou frustrado e caminhou na direção dos meninos, e eu aproximei-me dos sofás das garotas.

- Bom dia, flor do dia. A pontualidade mandou lembranças. – Soltou Lucy, me encarando de soslaio e remexendo nos fios loiros lisos. Levy me olhou brevemente e logo voltou a sua leitura, e Mira finalmente desviou os olhos de Laxus, abrindo um doce sorriso para mim. Depois eu que sou bipolar, né?

- Bom dia, Polly Pocket. Vem cá, vocês não deveriam estar na aula não? – Questionei, vendo o CDC praticamente vazio, com apenas as pessoas da minha turma, alguns poucos universitários, cujas aulas começavam apenas às nove horas, e Mira, Jellal e Laxus, provavelmente matando aula.

- É aula do Gildarts, esqueceu? – Respondeu Levy, revirando os olhos âmbar. Bufei, me jogando na poltrona mais próxima. Gildarts Clive é o nosso querido professor de Geopolítica e Economia que sempre chega meia hora atrasado. Os outros professores vivem dizendo que ele sempre toma um porre antes de entrar na nossa turma, o que eu não duvido nada, já que ele é pai da Cana.

- E você? O que está fazendo aqui? Não deveria estar na aula? – Perguntei para Mira, que me dirigiu um sorriso amarelo.

- É aula do psicopata do Brain. Ninguém merece.  – Respondeu ela, revirando os olhos azuis. Brain é o professor de Bioquímica do terceiro ano, e todos dizem que ele é meio louco, e a aula dele é entediante o suficiente para fazer até o certinho do meu irmão sair de fininho. E olha que o Jellal é nerd para cacete.

- Olá, gente! – Cumprimentou Mavis, brotando do nada. Dei um pulinho de susto quando ela se jogou ao meu lado na grande poltrona, mas não pude evitar de soltar um sorrisinho ao ver a animação da loirinha. Mavis Dreyar é a irmã mais nova de Laxus e segunda neta do diretor, Makarov Dreyar. Ela tem 16 anos e estuda no primeiro ano. É um amor de pessoa, diferente do irmão.

- Você não deveria estar na aula, mocinha? – Questionou Laxus, cruzando os braços musculosos. Como se ele tivesse direito de dar sermão em alguém.

- Quando você tiver alguma moral para me dar bronca a gente conversa, maninho. – Aí, eu amo essa garota. O loiro bufou, levemente corado. TOMA, DISTRAÍDO! Mira encarou Mavis com um sorriso assustador e um brilho estranho nos olhos. Credo.

- O Gildarts já chegou? – Murmurou Erza, acordando de sua soneca e coçando os olhos. Olhando assim até parece inofensiva.

- Ainda não, pimenta. Pode voltar ao seu sono da beleza. Está precisando. – Respondi, reparando nos círculos escuros ao redor dos olhos castanhos. Ela me mandou o dedo do meio e voltou a deitar-se no colo de Mira, que conversava algo sobre bananas mutantes descobertas no Japão com Mavis, que parecia admirada. Oh, Buda!

- Ei, Erza. – Chamou Gray, também brotando do chão. Essa escola precisa ser exorcizada. Ou talvez, eu precise. – Você viu a Ultear por aí? Ela não aparece em casa desde domingo.

- Ela dormiu na minha casa ontem à noite. Deve ir para casa hoje. – A ruiva respondeu, voltando a dormir. Agora eu entendi essas olheiras. Gray reprimiu o suspiro de alívio e agradeceu com um aceno, se dirigindo à mesa dos garotos. Trocamos um breve olhar e ele soltou um sorriso rápido e discreto, desviando o olhar depois.

- Bom dia, pomposos (??) – anunciou Gildarts, surgindo do além com um sorriso amarelo. Está legal, isso está começando a assustar. Ele abriu a boca para falar, mais merda com certeza, mas foi interrompido pelo toque de mensagem que despontou de todos os celulares do recinto ao mesmo tempo, inclusive dos universitários. Verifiquei meu celular apenas para confirmar o que eu já sabia, e apenas um pensamento passou pela minha cabeça ao ver a notificação:

Lá vem merda.

Lucy Heartfillia

Flagrados!

Oh, queridos, parece que o reino do nosso querido Príncipe Gelado ganhou uma nova princesa! Minhas fontes afirmam que a mesma garota visita PG quase todas as noites, sempre disfarçada e escondida na penumbra da madrugada. Nunca fala com ninguém, nunca olha para ninguém, apenas entra e sai discretamente, direto da cobertura, solo sagrado do nosso amado príncipe. Isso me cheira a romance escondido, adoro! Vejam essa foto da nossa nova Cinderela e tirem suas próprias conclusões!

Algum palpite?

Abaixo do texto tinha uma foto que parecia ter sido tirada do lado de dentro do Palace. Nela, uma garota de aproximadamente 1,70, um corpo muito parecido com o meu (talvez com um pouco mais de bumbum, mas isso não vem ao caso), completamente coberta por um sobretudo vermelho e com um capuz cobrindo os cabelos e boa parte do rosto, revelando apenas um pequeno pedaço da pele extremamente branca. Poderia qualquer uma de nós.

Olhei em volta e todos, até mesmo Gildarts, encaravam vidrados a tela de seus celulares, provavelmente lendo a mensagem dessa desocupada que se auto nomeou “Sereia”. Vi Gray franzir a testa e estreitar os olhos, praguejando baixo, e me dei conta de que todo o CDC estava observando-o, causando um leve rubor nas bochechas pálidas. Ele estava, quase que literalmente, soltando fogo pelas ventas e saiu do prédio ainda mais rápido do que entrou.

Um silêncio arrebatador dominou todo o Centro de Convivência enquanto os passos firmes do moreno ecoavam no assoalho em direção à saída. Todos passaram a encarar uns aos outros, silenciosamente procurando por algum sinal que denunciasse a garota da foto. Para alguém que apenas olhasse por curiosidade como a grande maioria estava fazendo, a foto não revelava absolutamente nada sobre a identidade da moça, mas se parássemos para observar os detalhes, era bem possível criar uma série de possibilidades sobre ela.

Por exemplo, a estatura média-alta e o corpo curvilíneo riscavam da lista de possibilidades a maior parte do 1° ano e das séries anteriores, além de boa parte do 2° e do 3°. A pele extremamente branca e levemente rosada também reduzia boa parte da lista, afunilando ainda mais as possibilidades. As botas pretas, embora tenham sido utilizadas provavelmente com o intuito de não chamar a atenção, erma modelos exclusivos da coleção de inverno da Prada, e com absoluta certeza eram originais, o que revela um pouco mais da classe social da Cinderela. Há muito que se pode dizer de uma garota apenas olhando para os sapatos dela.

Olhei em volta novamente, agora com um perfil a seguir. Apenas com uma simples interpretação da foto, muitos rostos foram descartados por mim, incluindo Mavis, Levy, Ultear e Erza. As duas primeiras por não se enquadrarem nos padrões e as outras duas por motivos óbvios. Em suma, as possibilidades se resumiram a Yukino, Kriss, Hailee e Jenny do segundo ano, Kagura, Sherry e Minerva do 3°, Mira, Juvia e eu. Encarei cada uma das selecionadas, procurando algum sinal de medo ou espanto em seus rostos.

Jenny, Kriss e Hailee fofocavam distraidamente entre si, animadas por terem um novo “babado” para debater. Sherry conversava com seu colega de classe Ren, que para minha decepção, também é seu namorado, riscando-a da lista. Mirajane olhava para o nada, parecendo pensativa, mas não havia rastros de preocupação em seu rosto. Yukino, Kagura, Minerva e Juvia permaneceram ilegíveis, com facetas que não expressavam sentimento algum.

Estendi meu olhar sobre Juvia por um tempo, analisando-a em busca de qualquer emoção, mas ela parecia uma casca vazia. Percebi que Levy também a encarava e logo depois a mim, fazendo com que eu me lembrasse do fato de eu ser uma das maiores possibilidades para qualquer um que observasse de fora. E Levy, com seu raciocínio rápido, provavelmente já havia se dado conta disso também.

- Bom, pirralhos, eu sei que está todo mundo querendo bancar o Sherlock Holmes aqui, mas infelizmente eu só ganho dinheiro se der a minha aula, então levantem seus traseiros ricos daí e vamos fazer algo útil. – Exclamou Gildarts, desfazendo o clima esquisito que pairava no local. Em segundos, o CDC pareceu ganhar vida novamente e fomos obrigados a abandonar nossos confortáveis assentos em prol de nosso futuro. Nossa, como eu sou culta.

Enquanto caminhávamos juntos pelos longos corredores do 2° andar, parei um momento, afastando-me do grupo para observar o painel de avisos, do lado da entrada do corredor que levava aos banheiros. Tinha que me informar o quanto antes sobre as datas dos próximos jogos masculinos da FTS, para ensaiar as novas coreografias das Cheenleaders, cujas quais eu era a capitã. De repente, enquanto eu me distraía com as datas dos jogos, fui puxada bruscamente por trás e fui arrastada para dentro do corredor, sendo prensada na parede sem nenhuma delicadeza.

Pensei em gritar, mas uma grande mão encobriu minha boca enquanto a outra prensava minha clavícula, me impedindo de me debater. Reconheci os cabelos rosados da figura na minha frente em segundos e Natsu encostou seu indicador nos lábios em um pedido de silêncio, enquanto observava o movimento cessar nos corredores ao nosso lado.

- Preciso conversar com você, Luce. – Murmurou ele, afrouxando o aperto e me dando mais liberdade. Encarei-o perplexa, procurando qualquer sinal de humor em sua expressão, mas ele parecia extremamente focado, para minha surpresa.

- É Lucy. Com “Y”. Tipo a música dos Beatles. E o que te faz pensar que eu quero falar com você? – Respondi no mesmo tom, cruzando os braços. Ele bufou e revirou os olhos, contrariado.

- Fala sério, loira. Nós temos muito o que conversar e você sabe disso. – Devolveu ele, claramente tentando manter a paciência. Reprimi um sorriso.

- Em primeiro lugar, não me chame mais assim. Nós não temos essa intimidade. E em segundo lugar, você não me respondeu, então vou eu mesmo responder: Não, eu não quero falar com você e eu não vou falar com você. Agora, se me der licença. – Tentei sair, mas ele me encurralou, apoiando os braços dos lados da minha cabeça.

- Ah, mas você vai falar comigo sim. E se não for por bem, vai ser por mal. Posso fazer isso o dia todo. – Maldita Pantera Cor-de-Rosa.

- Você tem exatamente um minuto. Se passar disso, eu grito. – Respondi, vencida pela exaustão.

- Olha, eu sei que você está magoada comigo e sei também que você tem razão e tal...

- Se você vai ficar falando coisas que eu já sei, eu vou embora logo e ...

- Eu ainda tenho 47 segundos, então cala a boca e me escuta, droga! – Bradou, perdendo a paciência e eu me calei, contrariada. – Eu sei que você está brava e tudo mais, e eu realmente sinto muito! Eu sinto falta de você, merda!

- Deveria ter pensado nisso antes, por que agora é um pouco tarde.

- E o que infernos você quer que eu faça? – Explodiu ele, me agarrando pelos ombros. – Você quer que eu peça desculpas e diga que sinto muito? Pois bem, eu sinto muito. Você quer que eu diga que sou um idiota? Tudo bem, eu sou um maldito bastardo e idiota! E se isso não for o suficiente, então me diz o que você quer que eu faça, porque eu não sei mais, droga!

- Que tal você parar de lidar com isso como se fosse só sobre você e seu ego gigante? – Bradei, empurrando-o com força. – 13 Anos, Natsu! Faz 13 malditos anos que nós nos conhecemos, e você jogou tudo isso no lixo pelo primeiro rabo de saia que apareceu na sua frente! Porra, por quantas coisas nós já passamos nessa vida? Eu já chorei com você, eu já ri com você e eu já briguei por você mais vezes do que eu posso contar! Fui sempre eu! Mas nada do que eu já fiz foi o suficiente para você acreditar em mim quando eu jurei que não tinha feito nada. Então, uma vez na sua maldita vida, senhor Natsu Liam Dragneel, se dê conta de que isso não é sobre você!

Encarei-o ofegante, tentando recuperar o fôlego perdido e esperei por uma resposta que não veio. Ele simplesmente baixou a cabeça e liberou a passagem para mim, que saí o mais rápido que pude, e ouvi um “Me desculpe” sussurrado antes de sair sem olhar para trás.

 

Levy McGarden

 

- Os Tigres Asiáticos é a denominação conjunta do grupo de países emergentes do sudeste asiático, que compartilham do mesmo modelo de economia embasado em negociações exteriores. Alguém saberia me dizer qual o nome desse modelo?

- Plataforma de Exportação.

- Perfeito, Levy! Não esperava menos de você! – Exclamou Gildarts, com um sorriso de orelha a orelha que correspondi com meu melhor sorriso amarelo. Ele voltou à sua explicação e eu voltei ao meu dilema interior, montando as mais diversas possibilidades como peças de quebra-cabeças.

Desde o episódio da mensagem, por mais que eu me esforce, minha mente não consegue concentrar-se em outra coisa que não seja montar o quebra-cabeças do enigma que construí. É algo que a tempos eu quero descobrir, mas que agora se tornou praticamente insustentável:

Afinal, quem manda essas mensagens?

Não é de hoje que a tal Sereia vem rasgando os podres e segredos dos estudantes do FTS, e nunca ninguém teve sequer uma pista sobre a verdadeira identidade desta pessoa. E agora, se tornou praticamente questão de honra para mim desmascara-la, seja ela quem for. E para isso, eu estaria disposta a tudo.

Por esse motivo, esperei pacientemente a hora do intervalo para colocar meu plano em prática. Quando o sinal finalmente tocou, esperei calmamente que todos saíssem da classe e dei uma desculpa qualquer para minhas amigas e segui em busca do meu objetivo. E para tal, precisei subir seis lances de escadas, já que não poderia levantar suspeitas subindo pelo elevador. Estou me sentindo muito Sherlock Holmes sim, obrigada.  Agradeci mentalmente pelo bom preparo físico que adquiri no vôlei, já que estava menos ofegante do que imaginei quando cheguei ao terraço do prédio.

Quando eu abri o portão de ferro do local, avistei sem muito esforço meu alvo sentado em uma das muretas de proteção e observando a vista. Ele provavelmente ouvia música, já que não me percebeu chegando. Aproximei-me sorrateiramente, sentindo meus cabelos voarem com o vento forte do local e ele só me percebeu quando cheguei perto o suficiente para entrar em seu campo de visão.

- Gajeel Redfox? – Questionei, quando ele retirou os fones e me olhou de cima a baixo. – Desculpe incomodar, eu sou...

- Eu sei quem você é. – ele me cortou, com uma voz extremamente grave e em um tom debochado. – O que traz a grande Levy McGarden até aqui, afinal?

Gajeel era um cara grande (tipo uns 2 metros de altura) e bem mal-encarado, embora bonito. Tinha cabelos negros quase na mesma altura que os meus que estavam sempre bagunçados, olhos castanhos e um pircing no nariz que dava um ar meio bad boy, além do fato de sempre vestir roupas escuras e estar sempre sozinho. Já tinha dezoito anos e pouco se sabia sobre ele, fora o fato de ser um hacker extraordinário e um bocó em quase todas as matérias.

- Eu preciso da sua ajuda com algo. E só você pode me ajudar. – Respondi, sem parecer intimidada com sua postura irônica. Ele levantou-se, ficando na minha frente e tive que olhar para cima para compensar a diferença de quase 40 centímetros.  

- E o que eu ganharia ajudando você? – Questiona, cruzando os braços malhados. E que braços, devo dizer.  Abro um sorriso de canto, com a conversa indo pelo caminho que eu quero.

- Você conhece a minha fama, certo?

- Claro, você é uma das melhores alunas daqui.

- Eu sou a melhor aluna daqui. – Corrijo, cruzando os braços. – E você é um dos piores. Então, vamos fazer uma troca. Você me ajuda e eu te ajudo também. O que me diz? – Questiono, estendendo a mão. Ele parece pensar bem por alguns segundos, encarando minha mão estendida, e depois do que parecem horas, finalmente a aperta com sua grande e máscula mão, para o meu delírio interior.

- É bom que não faça eu me arrepender disso, baixinha.

 

 

 

 

 

 

 



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