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História Seven - Ato III - Everything Has Changed


Escrita por: athenax

Notas do Autor


Olá, leitores queridos! Bom, eu vou pular as desculpas esfarrapadas e ir direto ao assunto: eu não acho que posso dar uma data certa de postagem para vocês, e sinto muito por isso, mas em compensação, vou tentar dar o melhor de mim em cada capitulo, então espero sinceramente que isto seja o suficiente.
Boa leitura!

Capítulo 4 - Ato III - Everything Has Changed


Seven

  Ato III – Everything Has Changed

 

“Porque tudo o que eu sei é que nós dissemos “Oi", e que seus olhos são como voltar para casa. Tudo o que eu sei é um simples nome e tudo mudou. ”

                                                                              

*

Juvia Lockser

 

 

- Com licença, professor. Posso ir ao banheiro? – Questionei, guardando novamente meu celular na bolsa após ler o conteúdo da mensagem. O professor Freed Justine, de inglês, olhou para seu caríssimo relógio e demorou alguns segundos para responder.

- Você tem exatamente sete minutos, senhorita Lockser. Não tolero atrasos. – Frisou, retornando à correção dos exercícios. Sorri levemente, era bem mais que o suficiente. Me retirei da sala o mais rápido possível, marcando um cronômetro de seis minutos no meu celular e apressei o passo até chegar ao meu destino, olhando cuidadosamente para ambos sentidos em prol de me certificar de que estava sozinha.

Abri a porta velha e barulhenta do armário de casacos lentamente, ouvindo-a ranger alto. Praguejei mentalmente, observando o ambiente ao meu redor para ter certeza de que ninguém tinha escutado e adentrei sem demora no cubículo apertado. Mal tive tempo de me incomodar com o cheiro forte de poeira e naftalina, pois tive meu corpo brutalmente virado e chocado na porta recém-fechada.

- Você não perde tempo mesmo, em? – Resmunguei em um misto de sussurro e gemido que escapou de meus lábios ao sentir seus dedos ágeis apalpando minhas nádegas sem nenhum pudor, enquanto sua boca percorria toda a extensão do meu pescoço. 

- Menos reclamação e mais ação, baby. – Sussurrou o primogênito dos Fullbuster, Lyon, puxando meus cabelos com certa brutalidade, dando-lhe uma visão mais ampla de meu pescoço desnudo, fazendo-o sorrir presunçoso mostrando os dentes brancos e perfeitos antes de ataca-lo novamente, com a selvageria de um animal faminto.

Vocês devem estar se perguntando, “mas essa vadia não estava com o Gray? ”. Bom, meus pequenos gafanhotos, tem uma única coisinha que vocês devem saber sobre a minha pessoa: eu não presto. Simples e direto. Quer dizer, que graça tem prender-me unicamente a uma pessoa, quando eu posso ter todos que quiser? Sem compromissos, sem responsabilidades, sem sentimentos além do desejo carnal ardente que coexistia entre nós.

                Meu relacionamento com Lyon começou um pouco antes de meu envolvimento com seu irmão mais novo, cerca de oito meses atrás. Foi algo aleatório e nem um pouco premeditado, mas acabou sendo mais duradouro do que qualquer outro relacionamento meu. Não envolvia sentimentos amorosos nem nada do tipo, apenas respeito e carinho mútuo. Nossa relação era como uma amizade próxima, porém com o bônus do sexo quando nos era conveniente.

                Embora fossem irmãos, Lyon e Gray divergiam em vários pontos. Eram bastante parecidos fisicamente, com ambos sendo altos e tendo corpos fortes e imponentes. Na fisionomia, as diferenças mais expressivas eram os cabelos temporariamente platinados de Lyon e o formato amendoado dos olhos de Gray, enquanto o mais velho exibia orbes que lembravam o formato asiático, porém menos acentuado. De resto, poderiam ser facilmente confundidos entre si.

                Já na personalidade, aí sim estavam as diferenças gritantes. Lyon é ganancioso, calculista e um líder nato, além de ser extremamente persuasivo e vencer qualquer um apenas com argumentação. Já Gray é mais emotivo, porém reservado, age impulsivamente e tem bons instintos. O primeiro é maquiavélico, no bom sentido da palavra, e pensa nas mais remotas possibilidades antes de tomar qualquer decisão, enquanto o mais novo confia cegamente em seus instintos e impulsos, tendo a coragem necessária para segui-los. Lyon é razão, Gray é coração. Ambos são pessoas completamente diferentes, mas que possuem peculiaridades extremamente atraentes aos meus olhos.

                - Eu vi o que a tal blogueira postou hoje mais cedo. Não tem medo de que seu segredo não mais tão secreto assim? – Questionou com o tom de voz divertido, cansando-se de brincar com meu corpo e passando a enrolar as pontas do meu cabelo distraidamente, enquanto eu tentava regular minha respiração com meus hormônios fervendo em êxtase.

                Este é um outro ponto a ser debatido: Lyon sabe de Gray, mas Gray não sabe de Lyon. Não é uma questão de confiança ou de preferência por um dos dois, é uma questão de personalidade. O mais velho tem uma visão mais ampla sobre tudo e é mais racional do que passional, ou seja, tem maturidade o suficiente para compreender o tipo de relacionamento que compartilhamos, mesmo quando se trata de um membro de sua família.

Já seu irmão mais novo, embora também estenda nossa relação apenas a uma amizade colorida, nutre uma grande rivalidade completamente unilateral com Lyon, transformando tudo entre eles em uma competição. E tudo que eu não quero é ser pega no fogo cruzado no meio de dois irmãos.

                - Isso já está me dando nos nervos. – Respondi, soltando um longo suspiro de cansaço. – Agora eu vou ter que ser ainda mais cuidadosa por causa de uma bisbilhoteirazinha de meia tigela. Ah, mas se eu ponho as minhas mãos nessa intrometida...

                - Não se estresse tanto, pequena. – Interrompeu-me, afagando minha cabeça com delicadeza e divertindo-se com minha revolta. Torci a cara com o apelido e fiz um bico em protesto, que ele fez questão de apertar como se eu fosse um bebê. – Você é muito fofa, sabia?

                - Vem aqui que eu te mostro a fofa. – Respondi em um sussurro, certificando-me de fazer a minha melhor voz sensual. Ele sorriu malicioso e enlaçou minha cintura, colando parcialmente nossos corpos. Fechei os olhos esperando o beijo que não veio, pois, meu celular começou a apitar descontroladamente, sinalizando que meu tempo estava acabando. Lyon soltou um suspiro frustrado e afastou-se rapidamente, entendendo o recado.

                - Tenho que ir. – Conclui, saindo do estado de transe que me encontrava. Depositei um selinho demorado no canto de seus lábios e sai rapidamente, sem despedir-me verbalmente. Caminhei rapidamente pelos corredores vazios, tentando organizar meus cabelos desarrumados pelo afago de Lyon e pela ligeira corrida que fui obrigada a dar até chegar na classe a tempo.

Coloquei minhas mãos na maçaneta da porta no exato momento que meu tempo acabava e não pude deixar de sorrir voluntariamente ao constatar que quando se tratava de Lyon Fullbuster, todo aquele esforço sempre valia a pena.

               

*

Erza Scarlet

 

                - Eu realmente não acredito que você me chamou aqui apenas para algo tão irrelevante, Rogue. – Exclamei, suspirando cansada ao sentar-me na única e nenhum pouco confortável cadeira de madeira daquele lugar.

                - Irrelevante, Erza? Sério mesmo? Porque não parece nem um pouco irrelevante para mim! – Bradou, jogando com brutalidade o objeto, que estava em suas mãos, na pequena mesinha também de madeira que se encontra bem na minha frente. Encolhi-me um pouco com o baque que causou e com o tom extremamente raivoso da voz de Rogue.

                Bom, deixa eu explicar direito o que exatamente está acontecendo. Estava eu saindo tranquilamente do colégio após o término das aulas do dia, dirigindo-me ao prédio onde aconteceria o treino diário de vôlei e mexendo aleatoriamente em meu celular quando chega uma mensagem de meu querido namorado pedindo que eu me encontrasse com ele com urgência. Estranhei, mas automaticamente me animei com a ideia de que ele estivesse me chamando para fazer, hum, coisas do meu interesse, se é que me entendem.

                Porém, eis me aqui neste cubículo quente que chamamos de “Sala do Zelador”, mas que não passa de um lugar apertado cheio de tralhas que não cabem no depósito do colégio, com toda a minha animação indo pelo ralo ao me dar conta de que tinha desistido do meu tão amado vôlei apenas para entrar em mais uma discussão cansativa e monótona gerada pelos ciúmes gigantescos do meu namorado.

                - São fotos, Rogue. – Exclamei, erguendo-me e entrando de vez na discussão. – São só algumas malditas fotos.  O que tem de tão errado com isso?

                - Talvez o fato de terem minha namorada seminua nelas! – Apontou para a edição especial da Saturn Weekly Magazine que trazia uma entrevista minha juntamente a uma seção se fotos na praia que mostravam um dos meus maiores hobbies, o surf. Eu tinha feito toda a matéria a quase um mês atrás, mas só foi publicada hoje.

                - Menos Rogue, bem menos. Primeiramente, eu não estou nem de longe seminua nessas fotos. Acho que você que precisa de óculos. – Apontei para a revista e depois para o moreno, sendo propositalmente ignorante para ver se ele se toca. – E mesmo que estivesse, você sabe muito bem e sempre soube que isso é o meu trabalho, e se está comigo mesmo assim é porque quer. Eu já estou cansada de ouvir as suas reclamações sobre algo que nem sequer é da sua conta.

                - Não é da minha conta? – Ele soltou uma risada amarga, fechando a cara logo em seguida. – Não é da minha conta se tem um punhado de marmanjos por aí batendo punheta para a porcaria dessas fotos da minha garota? E não me venha com essa de que é o seu trabalho, porque você não precisa de disso e sabe muito bem.

                - Você disse certo, eu não preciso, mas faço porque gosto. É algo que me dá prazer e você sabe muito bem disso! – Apontei, suspirando com os nervos à flor da pele. – Por favor, Rogue, não seja extremista. Você sabe muito bem que eu só tenho olhos para você! – Aproximei-me calmamente, tocando seus ombros largos com leveza e carinho, tentando contornar a situação. Por um segundo pensei ter conseguido, antes dele tirar minhas mãos de seu corpo com delicadeza, olhando-me com os olhos castanhos parecendo exaustos.

                - Eu sinto muito por isso, Erza, mas a situação já se tornou insuportável para mim.

                - O que você quer dizer com isso?

                - Eu quero dizer que eu não posso mais tolerar as coisas como estão. Eu não quero e eu não vou. Me desculpe, Erza, mas é hora de darmos um fim nisso de uma vez por todas. – Afirmou, com um tom pesaroso na voz denunciando que ele não queria realmente falar aquilo. Senti meus olhos marejarem, entendendo enfim o que Rogue queria dizer com aquilo.

                - Se eu realmente entendi direito, você está me pedindo para escolher entre meu trabalho, a coisa que eu mais amo fazer na vida, e você? – Questionei, sentindo uma lágrima quente correr solitária por meu rosto.

                - Não, claro que não. Eu não acho certo fazer algo assim.- garantiu, entrelaçando seus dedos nos meus com força. – Acho que essa é uma escolha minha, afinal. Uma escolha que eu realmente não queria fazer, mas que eu preciso.              

                - Por favor, não faça isso...

                - Você é a garota mais extraordinariamente bela que eu já tive a oportunidade de conhecer, em todos os sentidos da palavra. – Continuou ignorando meus pedidos e acariciando delicadamente meu rosto. – Você merece ter tudo o que deseja, e eu digo isso do fundo do coração. Você merece alguém que possa te oferecer o melhor e que ame você do jeito que você é. Infelizmente, eu acho que essa pessoa não sou eu.

                - Pare, por favor...

                - Você fez minha vida mais bonita, Erza. E tudo o que eu posso fazer é agradecer. E, por isso, eu me recuso totalmente a tentar mudar quem você é. Então, por você e por mim, é hora de eu deixar você ir. – Arfei, apertando mais forte nossas mãos juntas antes dele quebrar o contato, afastando-se cautelosamente. Sem falar mais nada, o moreno depositou um casto beijo em minha testa e saiu com passos firmes em direção à saída da sala.

                - Rogue. – Chamei firmemente, mesmo com a voz levemente embargada pelo choro. Ouvi quando seus passos cessaram e me vi sem coragem de encará-lo, permanecendo de costas. – Obrigado. Por tudo. 

*

Wendy Dragneel

      - Mãe, eu posso explicar tudinho, eu juro. – Afirmei, fazendo minha melhor performance dramática, enquanto minha mãe me encarava com sua melhor cara de “Eu te coloquei no mundo e posso te tirar dele. ”

      - Pois bem, então. Explique. – Disse ela, sentando-se de pernas cruzadas no enorme sofá vermelho e voltando a me encarar com a sobrancelha negra arqueada. Engoli em seco e me aproximei vagarosamente evitando fazer movimentos bruscos e sentei-me na poltrona branca do outro lado da sala, frente a frente com minha mãe. – Eu não tenho o dia todo, Wendy. Anda logo, desembucha.

      - Então,né... – dei um risinho nervoso e comecei a mexer compulsivamente no cabelo, um tique que eu tenho quando fico nervosa. – Bom, na verdade.... Ah, droga! Eu dormi com o Eve! Pronto, falei. – Soltei, me embolando toda com as palavras.

         Minha mãe se engasgou com o nada e me encarou alarmada com os olhos âmbar saltando de tão arregalados. Foi só então que eu me dei conta do duplo sentido absurdo que minha sentença mostrava e dei um salto da poltrona que quase a derrubou. 

       - Não foi isso que eu quis dizer, mãe. Ai, meu Deus! Não é isso que você está pensando!

       - E o que é então? – Indagou ela, se recompondo, embora ainda estivesse mais pálida do que o normal.

       - Eu dormi com ele, mas eu não.... Dormi realmente com ele, entendeu?

       - Não! Eu não estou entendendo mais nada! Você dormiu ou não dormiu com seu namorado?

      - Sim! Quer dizer, não! Ah, eu não sei mais de nada! – Exclamei, me jogando novamente na poltrona e escondendo o rosto com minhas mãos.

- Ok, deixa eu reformular minha pergunta. Você fez sexo com ele?

- Mãe! – Berrei, com o rosto em brasa de tanta vergonha. Minha mãe deu de ombros como perguntasse o porquê de eu ter me sobressaltado. Respirei fundo tentando controlar minha respiração e querendo enfiar minha cabeça na privada. – Nós não fizemos sexo, mãe. A festa terminou tarde ontem à noite e ele me convidou para dormir na casa dele, já que seus pais estão viajando. Eu pensei em ligar, mas meu celular descarregou.

- E na casa desse garoto não tem telefone não?

- Claro que sim, mãe. Mas nós estávamos ocupados fazendo.... Outras coisas. – Finalizei, ficando vermelha novamente ao lembrar de detalhes picantes da noite anterior.

- Espera aí, mocinha. – Sentenciou minha mãe, cruzando os braços. – Você não acabou de dizer que não fez sexo com ele?

- E eu não fiz. – Respondi amarga, massageando as têmporas. – Mas não foi por falta de oportunidade, ou de vontade. Eu não consegui, mãe. Eu não sei porquê, mas eu não consegui. O que tem de errado comigo, afinal? – Passei meus braços ao redor das minhas pernas e segurei-as em posição fetal, de cabeça baixa. Ouvi minha mãe suspirar e se aproximar de mim, ajoelhando-se na minha frente da mesma forma que Eve tinha feito hoje mais cedo.

- Querida, não tem nada de errado com você. – Começou ela, erguendo meu rosto carinhosamente. – Não tem problema nenhum em você não estar preparada. Pelo contrário, isso significa que você tem maturidade o suficiente para saber que a primeira vez é um passo longo e difícil para qualquer mulher. Se você quiser forçar a si mesma, ou se sentir forçada por alguém, vai acabar se arrependendo depois.

- Mas porque parece tão fácil para todos os outros? Todo mundo já passou por isso, menos eu. Isso é tão frustrante! – Exclamei, com a voz levemente embargada

- Wendy, eu já te disse isso milhares de vezes e vou dizer novamente: Você não é todo mundo! Ninguém tem o direito de te forçar a nada, você não é inferior a ninguém por causa disso. Se seu namorado realmente se importar com você, ele vai entender e vai esperar até você estar pronta, eu garanto.

- Mas e se eu nunca estiver preparada? – Questionei, com a insegurança me consumindo. Minha mãe abriu seu melhor sorriso Colgate e afagou meus cabelos bagunçados.

- Você vai estar, querida. E quando o momento certo chegar, você saberá. – Finalizou, levantando-se e limpando os joelhos por cima da calça preta. Levantei-me também, animada com o que minha mãe dissera e dei-lhe um estalado beijo na bochecha.

- Obrigada, mamãe. Me ajudou muito. – Bocejei alto e me espreguicei, sentindo meus músculos atrofiados. – Eu preciso urgentemente de um banho.            

*

Mirajane Strauss

- Como assim vocês não têm mesas disponíveis? Eu esperei o dia todo por isso! – Reclamei, apoiando meus cotovelos no balcão de mármore branco enquanto ouvia os clientes atrás de mim pedindo que eu me apressasse.

- Sinto muito mesmo, Mira. – Desculpou-se Karen Lilica, a atendente e garçonete do Imperial Coffee, meu lugar favorito da cidade. – Nós estamos sobrecarregados por causa da Comic Con  e nossas mesas estão todas lotadas. Estamos aceitando apenas pedidos para viagem.

- Tinha me esquecido completamente da Comic Con. – Resmunguei, observando o ambiente abarrotado de pessoas fantasiadas e caracterizadas dos mais diversos personagens de quadrinhos e animes. Ouvi minha barriga roncar alto lembrando-me que eu ainda não tinha comido nada hoje.

Claro, eu poderia muito bem ir a outro lugar e comer, mesmo contra minha vontade, se não fosse por um pequeno probleminha: eu não tenho dinheiro. Já que como eu sempre faço minhas refeições aqui, tenho minha própria conta para desfrutar. Ou seja, eu não posso ir a outro lugar sem retornar todo o meu trajeto e pegar dinheiro em casa.

- Ei, Mira. – Karen chamou minha atenção, me tirando dos meus devaneios. – Aquele garoto ali não estuda no mesmo colégio que você? – Questionou, apontando discretamente com o queixo para o fundo do lugar. Acompanhei seu olhar e dei de cara com o filhote de Pikachu tomando tranquilamente seu café enquanto – inacreditavelmente – lia um livro.

- Sim, infelizmente. Mas o que isso tem a ver com minha comida? – Perguntei, sem entender onde ela queria chegar.

- Ele é o único que está ocupando uma mesa sozinho, e você o conhece. Porque não pede para sentar com ele?

- Não mesmo, nem pensar! – Tratei de responder, mordendo os lábios com força ao lembrar do episódio de hoje de manhã. – Eu prefiro comer no banheiro!

- Ele é tão ruim assim? – Questionou Karen, assustada. Assenti, bufando. – Ah, Mira, eu não sei o porquê desse seu ódio pelo rapaz, mas são só 30 minutos. Vocês nem precisam conversar!

Analisei a proposta de Karen com cautela, revendo as minhas opções. Eu poderia voltar para o meu carro estacionado a uns 150 metros daqui, dirigir 20 minutos até em casa, pegar o maldito dinheiro e dirigir mais 20 minutos até encontrar outra lanchonete, ou posso passar por cima do meu orgulho e passar 30 minutos sentada na mesma confortável mesa de Laxus, que continuava lendo despreocupadamente mesmo com toda a bagunça feita pelas pessoas vestidas de personagens de Naruto na mesa ao seu lado.

Estava quase me convencendo a ir buscar o dinheiro quando meu estômago traidor roncou novamente, dessa vez alto o suficiente para as pessoas ao meu lado ouvirem e ficarem me olhando com cara de bosta. Não pude evitar a vermelhidão no meu rosto, e Karen soltou uma risadinha anasalada, como se dissesse “Eu te avisei. ”

- Não seja teimosa Mira, vai lá. Você pode até não querer, mas sua barriga quer. – Brincou ela, me deixando ainda mais vermelha. Fechei os olhos e suspirei fundo, tendo absoluta certeza de que eu iria me arrepender. Me aproximei sorrateiramente, vez ou outra esbarrando em alguém vestido de super-herói ou de personagens icônicos do mundo nerd.

 Mesmo estando bem próxima da fatídica mesa, o loiro não pareceu me notar, tampouco parecia incomodado com o insistente barulho nas mesas ao lado e parecia bem distraído com sua leitura. Finalmente parei ao lado da mesa, colocando minha melhor cara de indiferente e cruzando os braços, esperando ser notada.

Acho que o Dreyar estava realmente aprofundado na leitura, pois passei uns bons segundos parada com cara de bunda esperando ele me notar. Tive que pigarrear três vezes, e na terceira tenho certeza que as mesas ao lado pensaram que tinha uma foca engasgada dentro do restaurante, para finalmente conseguir a atenção de Laxus, que ergueu os olhos verdes cheios de sarcasmo em minha direção, arqueando levemente a sobrancelha direita.

Quando percebi, estava parada feito uma porta encarando-o com cara de retardada, então tratei de recuperar minha postura e pigarrear novamente, para disfarçar.

 - Quer alguma coisa, docinho? – Questionou ele, com a voz banhada de malicia e diversão, depositando o livro – agora fechado – na mesa e cruzando os braços – definidos para caralho – em frente ao seu tórax – também definido para caralho.

  Foco, Mirajane. Até parece que está com fogo no rabo, menina.

- Será que eu poderia sentar-me aqui? – Perguntei, na defensiva sentindo alguma coisa rachar dentro de mim – seria meu orgulho? – É porque o restaurante está meio lotado, sabe. E a única pessoa que eu conheço aqui é você, então... – não terminei minha sentença a fim de que ele compreendesse nas entrelinhas que eu realmente não tinha outra opção melhor.

- Tem certeza de que não está esquecendo de nada? – Questionou, com um sorrisinho irritante nos lábios carnudos – droga, seria mais fácil de discutir com o infeliz se ele não fosse tão bonito.

 - Desculpe por hoje de manhã. – Resmunguei entredentes em um tom extremamente baixo, mas que tenho certeza ser alto o suficiente para que ele ouvisse. A expressão do loiro se ascendeu e sorrisinho irritante em seus lábios cresceu, me dando um certo receio de que não tivesse sido o suficiente. – Posso sentar agora? – Arrisquei perguntar, já que a merda maior já estava feita mesmo. Ele me encarou brevemente, se divertindo com a situação e afirmou lentamente com a cabeça. Quase me ajoelhei e rezei um pai nosso ali mesmo, mas controlei minha mona interior e com o pouco de dignidade que me restava sentei-me lentamente, sem demonstrar alegria.

Ouvi uma risada baixa e ergui meu olhar, que até então estava muito ocupado observando minhas unhas pintadas de azul, e dei de cara com o loiro me encarando com – podem acreditar – sorriso aberto, mostrando os dentes perfeitos e um par de covinhas que achei fofas.

- O que foi? – Perguntei, levemente envergonhada por seu olhar penetrante sobre mim, e segurei meus impulsos de olhar no visor do celular se tinha alface no meu dente.

 - Você é engraçada, branquela... – afirmou em um tom brincalhão, que me fez corar levemente com o apelido.

 - E isso é ruim? – Não resisti à vontade de perguntar, não me perguntem porquê.

 - Na verdade, eu costumo gostar de pessoas assim. 


Notas Finais


Então gente, tinham mais três povs na minha ideia original desse capitulo, mas eu achei que ficaria muito massante, então deixei ele assim e os outros três (Ultear, Levy e Lucy) vem no proximo que NÃO vai demorar tanto quanto este, ok?
ps: A formatação do capitulo ficou meio bugada, o que está me incomodando pra cacete, mas é culpa do site, então relevem


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